sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

FELIZ NATAL!

Hoje, na cidade de David, nasceu-vos um Salvador
Evangelho segundo S. Lucas 2,1-14.
Por aqueles dias, saiu um édito da parte de César Augusto para ser recenseada toda a terra. Este recenseamento foi o primeiro que se fez, sendo Quirino governador da Síria. Todos iam recensear-se, cada qual à sua própria cidade. Também José, deixando a cidade de Nazaré, na Galileia, subiu até à Judeia, à cidade de David, chamada Belém, por ser da casa e linhagem de David, a fim de se recensear com Maria, sua esposa, que se encontrava grávida. E, quando eles ali se encontravam, completaram-se os dias de ela dar à luz e teve o seu filho primogénito, que envolveu em panos e recostou numa manjedoura, por não haver lugar para eles na hospedaria. Na mesma região encontravam-se uns pastores que pernoitavam nos campos, guardando os seus rebanhos durante a noite. Um anjo do Senhor apareceu-lhes, e a glória do Senhor refulgiu em volta deles; e tiveram muito medo. O anjo disse-lhes: Não temais, pois anuncio-vos uma grande alegria, que o será para todo o povo: Hoje, na cidade de David, nasceu-vos um Salvador, que é o Messias Senhor. Isto vos servirá de sinal: encontrareis um menino envolto em panos e deitado numa manjedoura. De repente, juntou-se ao anjo uma multidão do exército celeste, louvando a Deus e dizendo: Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens do seu agrado.
(Da Bíblia Sagrada)

Comentário ao Evangelho do dia feito por São Gregório de Nissa (c. 335-395), monge e bispo
Sermão sobre o Natal, passim; PG 46, 1128 (a partir da trad. coll. Icthus, vol. 8, pp. 163ss.):

"Irmãos, informados do milagre, vamos como Moisés ver esta coisa extraordinária (Ex 3, 3): em Maria, o arbusto em chamas não se consome. A Virgem dá ao mundo a Luz mantendo a sua virgindade. [...] Corramos pois a Belém, a cidade da Boa Nova! Se formos verdadeiramente pastores, se permanecermos despertos em guarda, ouviremos a voz dos anjos que anunciam uma grande alegria: [...] «Glória a Deus nas alturas, porque a paz desceu à terra!» Aonde ontem apenas havia maldição, teatros de guerra e exílio, a terra recebe a paz, porque hoje «da terra brotará a lealdade, desde o céu há-de olhar a justiça» (Sl 84, 12). Eis o fruto que a terra dá aos homens, em recompensa pela boa vontade que reina entre eles (Lc 2, 14). Deus une-Se ao homem para elevar o homem às alturas de Deus.
Ao ouvirmos esta novidade, irmãos, partamos para Belém, a fim de contemplarmos [...] o mistério do presépio: uma criança envolta em panos repousa numa manjedoura. Virgem após o parto, a Mãe incorruptível abraça o Filho. Com os pastores, repitamos a palavra do profeta: «Como nos contaram, assim nós vimos na cidade do Senhor dos exércitos» (Sl 47, 9).
Mas por que procura o Senhor refúgio nesta gruta de Belém? Por que dorme numa manjedoura? Por que Se sujeita ao recenseamento de Israel? Irmãos, Aquele que traz a libertação ao mundo vem nascer na nossa submissão à morte. Ele nasce nesta gruta para Se mostrar aos homens, mergulhados nas trevas e na sombra da morte. Está deitado numa manjedoura porque é Aquele que faz crescer a erva para o gado (Sl 103, 14), porque é o Pão da Vida que alimenta o homem com um alimento espiritual, para que também ele viva pelo Espírito. [...] Haverá festa mais feliz que a de hoje? Cristo, o Sol da Justiça (Mal 3, 20), vem iluminar a nossa noite. Aquele que tinha caído torna a levantar-se, aquele que fora vencido é libertado [...], aquele que tinha morrido regressa à vida. [...] Hoje, cantemos todos a uma só voz em toda a terra: «Por um homem, Adão, veio a morte; por este Homem, vem-nos hoje a salvação» (cf Rom 5, 17)."

domingo, 19 de dezembro de 2010

MORRE, AOS 91 ANOS, A EREMITA ADRIANA ZARRI

''A prece não serve para nada. Assim, como
não serve para nada o amor'', afirma eremita

No dia 20 de novembro, morreu, aos 91 anos, Adriana Zarri, eremita e teóloga. Sua voz era com freqüência fortemente crítica na Igreja católica, mas sua fé era indubitável, tanto que até mesmo Avvenire, jornal católico da Itália, não falhou em recordá-la.
Um blog dedicado aos novos eremitas contém uma sua entrevista a Rodolfo Signifredi, da qual reproduzo uma parte, abaixo.

Por que os eremitas se isolam?
O interesse do eremita é solidão, não isolamento. E o silêncio contemplativo é denso de palavras e de presença. O eremita é um homem entre os homens e a solidão permite um emergir todo particular do mal do mundo que, em perspectiva, pode ser analisado com maior lucidez e combatido com uma contestação interior. A prece é a contestação mais profunda deste mundo utilitário enquanto coloca em crise o modelo antropocultural que o exprime.

Mas, permanecendo apartados tão longamente não se acaba sendo ursos ou misantropos?
Em cada um de nós existe uma validez monástica. O eremita é quem faz emergir esta validez sobre os outros componentes. Um ermitão não é uma concha de lesma na qual o indivíduo se encerra, mas é tão somente a escolha de viver a fraternidade em solidão. O isolamento é um cortar-se fora, a solidão é um viver dentro. O isolamento é uma solidão vazia, a solidão, ao invés, é plena cordial, cálida, percorrida por vozes e animada por presenças. Esta solidão é a forma eremítica do encontro. E o calor humano se reaviva continuamente.

Para que serve rezar tão intensamente?
A quem pede “para que serve” a prece, é preciso dizer escandalosamente que não serve para nada, como não serve para nada o amor, a arte, a beleza. Na acepção consumista a prece não serve; é um belo ramalhete de flores que colocamos sobre a mesa. Poderemos deixar de fazê-lo, se come da mesma forma. Porém não se almoça, não se janta. Nem mesmo sorrir serve. A boca se abre utilmente para comer e para comandar; o sorriso é um extra. Como certas pessoas se tornam eremitas? È uma escolha radical, como aquela dos autênticos ‘clochard’ [vagabundos] de outrora. Mas, diversamente de todas as formas associas, a do eremita é uma forma totalmente empenhada. Um retiro, uma retirada de tudo para encontrar-se a si mesmos e para ser ainda mais de ajuda a esta humanidade. O eremita nós o encontramos em todas as religiões, encontramo-lo no santão indiano que está nas grutas do Himalaia ou no monge ermitão do Monte Athos. No nosso Ocidente o movimento eremítico começa ainda antes de Constantino com a fuga para o deserto ou sobre as montanhas de solitários em luta com leões e serpentes, e também com diabos tentadores. Mas, quando a fama dos seus jejuns, das preces incessantes, do silêncio ininterrupto atrai discípulos e inquietudes existenciais, a vida eremítica se interrompe para transformar-se em comunidade. A ermida se torna convento. Tem sido assim também para o eremita Bento de Núrsia, constrangido por sua própria fama de santidade a improvisar-se como mestre de noviços, e a passar de uma solidão sem hierarquias ao ora et labora de um claustro. (Fonte: Site do IHU - Instituto Humanitas Unisinos)

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

NOTAS DA CATALUNHA

Os textos abaixo são do meu amigo, Paulo Roberto Barbosa, cartunista, mestre e doutorando em cinema, pela Escola de Belas Artes, UFMG, que está residindo temporariamente na Espanha.

Espanha profunda
"Não me perguntem o que é Espanha Profunda. Trata-se mais de um sentimento do que de um conceito facilmente formulável. Este sentimento surge de vez em quando e quando menos se espera. No metrô, por exemplo. Outro dia, no caminho para a Plaza Catalunha, pintou uma senhora cega cantando uma mistura de flamenco com cantochão árabe. Ela dizia repetidamente “no tengo dinero, no tengo casa, por favor, señor, por favor señora, gracias, señor, gracias, señora, no tengo para comer, etc…” Era um canto horrível, mas tão triste e sentido que muita gente se dispôs a dar-lhe uns vinténs. E alguns ainda olharam em volta para os que não deram esmola, com cara de reprovação. Este súbito vislumbre do que seria a Espanha sem as tintas da modernidade high-tech aplicada a este país há coisa de vinte anos, em face da sua incorporação à Comunidade Européia, está nas ruas, todos os dias. Nos velhinhos de boné e bengala dando comida aos pombos, no mendigo filósofo com suas conversas de alto nível com os transeuntes que têm a paciência de ouvi-lo, nos vendedores de castanhas torradas e batatas doces em ruas de circulação burguesa, na voz rouca e pré-cancerosa das mulheres neuróticas e tabagistas inveteradas, no jamón que os homens cortam com prazer sensual nos restaurantes, nos garçons parecidos com toureiros prestes a gritar Venga!, no sujeito imensamente gordo que passa o dia bebendo uísque e cerveja serenamente, apenas trocando de bar, e até nas crianças, que falam em nota e timbre diferentes, como seres de outro mundo. É nos restaurantes, porém, onde esta Espanha Profunda surge com maior frequência. Ouvi de soslaio um sujeito no balcão contar, orgulhoso, como seu irmão devorava uma paella inteira, sozinho. Um outro camarada contou piada infame, inventada na hora, a uma senhora à espera do café. Disse algo como: “sabe qual é a frase filosófica da batata? La salsa me pone a bailar…”

In vino veritas

"A Catalunha tem misteriosas tradições, como o curioso “caganer” (foto), de origem medieval. Próximo do Natal, os catalães costumam colocar, nos presépios, um boneco de barrete vermelho e calças arriadas, entre a Virgem Maria e o Menino Jesus. É para dar sorte, segundo dizem. O que um sujeito de barrete exercendo suas funções vitais num presépio de Natal tem a ver com sorte, nem Deus saberia explicar. Em rápida visita à simpática cidade de Stiges, fui parar numa certa Granja (leiteria, em castelhano) Candelária, onde pude conhecer um lado menos escatológico, e não menos interessante, das tradições etílico-culinárias catalãs. O bar era especializado em vinhos e comidas típicas (isto é, comidas rápidas de se fazer, com todas as facilidades da cozinha moderna). Na parede externa desta “granja” – onde se vendia de tudo, menos leite –, o dono teve o cuidado de instalar uma série de azulejos coloridos, com ótimos desenhos populares, acompanhados de frases jocosas, à maneira de antigos provérbios. Comprei lápis e papel e anotei alguns desses rifões, de saborosíssima leitura para os aficionados do vinho e do bom prato, conforme se confere a seguir.
Dice el señor Codina, más vale beber mal vino que buena medicina.
Vino de viñas viejas, que bien te tomo, que mal me dejas!

El buen mosto sale al rostro.
Quien bien come y bien bebe solo de viejo se muere.
El vino para los reyes, el agua para los bueyes.
La mujer y el vino sacan al hombre el tino.
El dueño del mundo es el bebedor, porque bebe vino que es lo mejor.
Quien bien come y bien bebe bien hace lo que debe.
Dijo el sabio Salomon que el buen vino alegra el corazón.
Vayan entrando, vayan bebiendo, vayan pagando y vayan saliendo!"

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

REFLEXÕES DE THOMAS MERTON

Não pode haver contemplação
onde não houver segredo

"Que haja algum lugar onde se possa respirar tranqüila e naturalmente, sem ter de arquejar continuamente. Um lugar onde nossa mente possa estar em repouso, esquecer as preocupações, mergulhar no silêncio e adorar o Pai em segredo."
(Fonte: Novas Sementes de Contemplação, Thomas Merton, Rio de Janeiro: Fissus, 2001. p. 85)

10 de dezembro de 2010 (10.12.1968): 42º aniversário de falecimento de Thomas Merton.

domingo, 5 de dezembro de 2010

MAIS UM MINISTRO INDICADO POR DILMA

Ninguém engana a Dilma nem põe faca no pescoço dela
"Testemunha privilegiada dos bastidores do Palácio do Planalto, o ex-seminarista Gilberto Carvalho sempre atuou longe dos holofotes, como chefe de gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Há quatro dias, Dilma Rousseff deu-lhe uma ordem sem direito a réplica: Gilbertinho, passe um Gumex no cabelo e ponha um terno bem bonitinho porque vou anunciá-lo na sexta-feira como ministro da Secretaria-Geral da Presidência.
As horas se passavam e nada de anúncio. Até que, muito tempo depois de ter lido um salmo do Evangelho de Cada Dia - prática adotada desde 2003, antes de iniciar o expediente -, Carvalho telefonou para a presidente eleita. Você me deve um vidro de Gumex, cobrou ele, rindo. Foi quando Dilma leu para o futuro ministro a nota, que acabara de ser redigida, oficializando sua indicação. Eu tardo, mas não falho, disse ela.
Na noite de sexta, Carvalho recebeu o Estado em seu gabinete no Planalto, decorado com fotos de seus cinco filhos - dos quais duas meninas adotivas - e imagens de São Francisco e do Espírito Santo. O homem que será ouvidor dos movimentos sociais ficou com os olhos marejados ao falar do apoio dado a ele por Lula quando teve de depor na CPI dos Bingos, em 2005, e garantiu que Dilma não será refém de partidos.
Diante das cotoveladas entre o PT, o PMDB e outros aliados por cargos no primeiro escalão, Carvalho pediu que todos mantenham a calma. Ninguém engana a Dilma nem deve achar que na base do grito vai levar alguma coisa, avisou. A pior coisa que tem é botar a faca no pescoço dela." A entrevista com o novo, futuro ministro foi realizada pela jornalista Vera Rosa e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 05-12-2010.
(Fonte: Site do IHU - Instituto Humanitas Unisinos)

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

A TEIMOSIA DA ESPERANÇA


Outras terras à vista


Eugênio Magno


Com este belo e sugestivo título, Aracy Alves Martins, Inês Assunção de Castro Teixeira, Mônica Castagna Molina e Rafael Letvin Villas Bôas, organizaram mais uma publicação da coleção Caminhos da Educação do Campo, da Editora Autêntica.
O livro, no dizer de seus organizadores se articula, partindo, em princípio, de olhares cuja experiência é incontestável, em primeiro lugar, sobre Educação e sobre o Campo e seus sujeitos; em segundo lugar, sobre Cinema e Educação. São olhares diferenciados, tangenciando várias dimensões: históricas, políticas, ecológicas, poético-literárias, educacionais; tendo sempre como foco os sujeitos do campo, seus textos e contextos trazidos da terra às telas.
Vidas Secas, Deus e o diabo na terra do sol, Narradores de Javé, Cabra marcado para morrer e Nas terras do bem-virá, estão entre os dez filmes analisados em Outras terras à vista. Além de textos dos organizadores, o livro tem prefácio e posfácio dos professores eméritos da FAE / UFMG, Carlos Roberto Jamil Cury e Miguel González Arroyo, respectivamente. E, conta com a participação dos pesquisadores Ana Lúcia Azevedo e Ataídes Braga, entre outros; inclusive, do autor deste artigo.
Para mim, foi uma grande honra participar dessa publicação, não só pela importância de sua destinação, como pela satisfação em poder afirmar A teimosia da esperança: “Nas terras do bem-virá”, juntamente com os autores e personagens do filme que analisei. No capítulo 11, o último do livro, eu acompanho Alexandre Rampazzo, Tatiana Polastri e Fernando Dourado que, contando apenas com uma pequena ajuda de custo para cobrir os gastos com transporte, alimentação e manutenção da base de produção, empreenderam uma jornada de 26 meses entre pesquisa, produção e finalização do documentário.
Nas terras do bem-virá aborda o modelo de colonização da Amazônia, o massacre de Eldorado do Carajás, o assassinato da missionária Dorothy Stang e o ciclo do trabalho escravo. Histórias de um povo que cansou de migrar em busca da sobrevivência e decidiu lutar para conseguir um pedaço de terra, deixar de ser escravo e manter viva a última grande floresta tropical do planeta. Com uma equipe super-reduzida e uma câmera digital portátil, o diretor, a produtora e o cinegrafista, entrevistaram cerca de 200 pessoas em 29 cidades dos estados do Maranhão, Mato Grosso, Minas Gerais, Pará, Piauí, Rio de Janeiro, São Paulo e Tocantins.
O filme é um ato de amor de um povo que não perdeu a esperança e sonha com a terra prometida, além de ser mais um ato de fé de seus obstinados realizadores (o premiado documentário Ato de fé, 2004, também foi realizado por eles).
O livro, Outras terras à vista: cinema e educação do campo, Belo Horizonte: Autêntica, 2010, está sendo lançado em vários eventos da área de educação. Ele tem despertado a atenção não só dos educadores do campo, como também de interessados pela questão da terra e pelo cinema.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

FESTIVAL DE CURTAS COMEÇA AMANHÃ

Entre 30 de novembro e 07 de dezembro a capital mineira recebe um dos mais importantes eventos na área das artes visuais no Brasil: o 12º Festival Internacional de Curtas de Belo Horizonte. O Cine Humberto Mauro e a Sala Juvenal Dias, no Palácio das Artes, e o espaço Cento e Quatro serão palco de diversas atividades, como cursos, mostras especiais e competitivas, além de eventos paralelos, que formam a programação do Festival.
As exibições do festival têm entrada gratuita e os ingressos são distribuídos 15 minutos antes das sessões, nas bilheterias de cada local.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

O DRAMA DO HAITI

Haitiano transporta um homem, atingido pela cólera, para um centro médico em Porto Príncipe. Falta pouco menos de uma semana para as eleições legislativas e presidencial e o clima é extremamente tenso num país que foi acometido por esta doença depois dela ter sido erradicada a mais de um século.


(Foto: Eduardo Munoz/Reuters)

domingo, 21 de novembro de 2010

TRÂNSITO CAÓTICO

Engarrafado
Eugênio Magno
Apertado no trânsito
obrou ali mesmo
em fluxo lento
Atendeu ao apito do guarda
pedindo para evacuar
(do livro INGÊ NU(A) IDA DE - versos e prosa, 2005)

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

UM POUCO DO INHOTIM


O jardim de Yaoi Kusama

A obra de Edgard de Souza

A Galeira Miguel Rio Branco


A obra de Hélio Oiticia

Uma obra da natureza, um pássaro, cuja espécie desconheço, que posou pra mim.

sábado, 13 de novembro de 2010

Religião e Política

O filósofo Rodrigo Marcos de Jesus, acaba de lançar o livro, Cristianismo Libertador: religião e política em Leonardo Boff. A publickação faz parte da coleção FAJE, da Editora Loyola.
Cristianismo Libertador analisa a religião como articulação entre fé e política na obra de Leonardo Boff. Dois enfoques orientam o estudo: a questão filosófica da imagem de Deus e a função da Igreja no contexto latino-americano, especialmente brasileiro, dos anos 1970-80.
Um questionamento é feito no decorrer de todo o texto: afinal, a religião é ópio ou libertação do povo? A obra está dividida em três capítulos. No primeiro, é apresentado o contexto histórico-cultural e o contexto filosófico brasileiro da consciência de libertação. Álvaro Vieira Pinto, Henrique Lima Vaz e Paulo Freire aparecem como filósofos-chave para a constituição da ideia-força de libertação. No segundo capítulo é debatida a concepção filosófico-teológica de Deus em Leonardo Boff, extraindo-se suas consequências críticas. O último capítulo discute as implicações ético-políticas da concepção de Deus no cristianismo libertador e o papel que caberia à Igreja no contexto de opressão da sociedade latino-americana e brasileira. O livro conta ainda com um glossário dos principais conceitos utilizados e uma entrevista inédita com Leonardo Boff.
Cristianismo Libertador: religião e política em Leonardo Boff aborda temas de filosofia da religião, de filosofia brasileira e de pensamento político-social.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

CRISTO NA POLÔNIA

Na terça-feira, dia 09-11-2010, a maior estátua no mundo de Jesus Cristo foi concluída na Polônia. Os trabalhadores terminaram-na colocando a cabeça. Com 52 metros de altura, ela é maior que a estátua do Cristo Redentor, no Rio de Janeiro.

(Foto: Janek Skarzynski / AFP)

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

O JORNALISMO ESTÁ EM CRISE


Para Ramonet, jornalismo enfrenta uma grave crise de identidade


"Ao receber o prêmio Antonio Asensio, jornalista criticou aqueles que fazem entretenimento domesticado, ao invés de jornalismo. A imprensa escrita vive um dos momentos mais difíceis, e o jornalismo atravessa uma grave crise de identidade. O importante se dilui no trivial e o sensacionalismo substitui a explicação. Para ele, ainda há muitas injustiças no mundo que justificam um concepção do jornalismo a favor de mais liberdade e democracia."

Leia o texto na íntegra clicando aqui.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

DILMA, A PRIMEIRA MULHER PRESIDENTE DO BRASIL

"Presidente se tornou o primeiro na história do país a fazer seu sucessor em uma eleição realmente livre", escreve Vladimir Safatle, professor do departamento de filosofia da USP, em artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo, 01-11-2010.

Lula venceu

Vladimir Safatle

"Alguns fatos devem ser analisados em sua enunciação bruta, sem mas, entretanto, mesmo assim ou condicionantes do gênero.
O resultado destas eleições é um destes casos. Lula venceu. Como se não bastasse, transformou-se no primeiro presidente da história brasileira a conseguir fazer seu sucessor em uma eleição realmente livre.
O nível de acirramento social, infelizmente, dificulta reflexões isentas sobre o que foi a era Lula, quais seus maiores legados e desafios. Esta é uma tarefa para a qual será necessário tempo.
Por enquanto, fica óbvio que ao menos duas características fundamentais do governo Lula foram decisivas para seu sucesso eleitoral.
Primeiro, Lula compreendeu claramente que programas de assistência social não são apenas programas de assistência social. Vinculado ao aumento efetivo dos salários, eles têm função decisiva na dinamização econômica de realidades sociais pauperizadas. Tal processo baseado na transferência direta de renda é, de fato, a maneira mais rápida e eficaz de provocar recuo da miséria e da pobreza, além de garantir bases para o desenvolvimento de economias locais. Por outro lado, ele permitiu a Lula ser uma espécie de Mata Hari do capitalismo global, modificando a situação de pauperização social sem colocar em risco os ganhos do sistema financeiro.
Segundo, Lula conseguiu, de uma certa forma, transplantar os conflitos sociais para dentro do Estado. O conflito entre o agronegócio e a reforma agrária virou um embate entre o Ministério da Agricultura e o Ministério da Reforma Agrária. O conflito entre os grupos de defesa dos direitos humanos e as viúvas da ditadura militar, um embate entre o Ministério da Defesa e a Secretaria dos Direitos Humanos; entre desenvolvimentistas e monetaristas, um embate entre Ministério da Fazenda e Banco Central.
O máximo desta lógica de transposição de conflitos ocorreu quando George W. Bush veio ao Brasil. Enquanto fazia um discurso, ao lado de Lula, saudando-o como grande amigo dos EUA, manifestações contra sua presença ocorriam no Brasil... organizadas pelo PT.
Desta forma, havia um reconhecimento das demandas de setores classicamente associados à esquerda, mesmo que esse reconhecimento fosse, em vários casos, muito mais simbólico do que realmente efetivo.
Essa forma de acolhimento conseguiu, no entanto, esvaziar qualquer oposição à esquerda do governo. Basta lembrar do resultado minúsculo de um partido como o PSOL no primeiro turno.
Assim, quando José Serra encampou de vez a agenda conservadora, toda ela centrada em: segurança, defesa dos valores e crenças nacionais, defesa da vida, denúncias contra a república sindicalista, contra o terrorismo (das Farcs) etc., ficou fácil para o governo recompor a base de mobilização do antigo PT nas classes médias, acrescida agora do desenvolvimento do lulismo nas classes mais pobres.
Restou, ao menos a essa oposição, ser porta voz de uma agenda conservadora mundialmente presente e que demonstrou ter forte apelo eleitoral. Uma reconfiguração de discursos se anuncia."


(Fonte: Site do IHU - Instituto Humanitas Unisinos)

terça-feira, 26 de outubro de 2010

OLHOS POR OUVIDOS



Habbeas corpus

Eugênio Magno

Então, certa vez, o poeta me disse: Estou voltando para o lugar de onde vim. Tentei brincar de deus, criar lugares, pessoas, situações, mas descobri que a minha vocação não é a de manipulador de marionetes e carcereiro de cenários. Sou um homem de palavra que usa a voz, aprecia a melodia, gosta de silêncio, mas prefere o som. Não quero enclausurar imagens. As paisagens também devem ser livres e terem a cor que escolher a imaginação de quem escuta com os olhos ou os ouvidos, apenas palavras. O cristalino dos meus olhos não é mais o original e não posso confiar tanto assim na minha visão, nem na dos outros. As lentes são estreitas, focadas demais e só apontam para o outro. Não confio no que vejo, muito menos no que me mostram. Minha tarefa é descobrir a mim mesmo. Só assim posso chegar ao outro. Não para desnudá-lo ou vendê-lo na feira de arte (moderna?). Mas para abraçá-lo e cobrir a sua alma nua.

(do livro "Minas em mim", 2005)

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

CONTRIBUIÇÃO DOS LEITORES

Cidadania e Democracia Participativa
José Zanetti e Ronaldo Motta
Ativistas de Fé e Política
No período que antecedeu o primeiro turno das eleições de 2010, diversas vezes, convidamos o povo, em nossas paórquias e comunidades, para exercerem a cidadania, se organizarem e participar da vida social e política do bairro, do município e do estado.
Hoje os convidamos a observar e refletir como alguns órgãos da mídia agem e o quanto a ação desses veículos contribuem para desestimular a organização social e política e a participação popular. Quando a democracia participativa não é exercida e valorizada se dá oportunidade para que poucos, em nome de uma coletividade decidam - muitas das vezes -, em prejuízo da coletividade.
É comum os cidadãos recorrerem aos apresentadores dos programas de rádios e TVs para que eles sejam intermediários e solicitem das administrações públicas municipais ou estaduais ou de órgãos governamentais estaduais providências no sentido de se resolver ora uma, ora outra falta de atendimento de políticas públicas.
Com o avanço tecnológico, um cidadão que dispõem de um aparelho celular que permita filmar, registra situações de esgoto a céu aberto correndo pelas ruas do bairro, ou filmam cenas de ruas intransitáveis por falta de calçamento, unidades de saúde que não oferecem o atendimento necessário e correto por falta de profissionais e/ou de medicamentos, etc.
Também, individualmente ou através de grupos, recorrem a um vereador para que ele exerça a função de corretor de obras e solicite da administração municipal o atendimento de uma determinada política pública. Isto acontece porque os cidadãos desconhecem a real atribuição do vereador, que é a de apresentar projeto de lei, aprová-las e fiscalizar o executivo municipal.
Os exemplos citados anteriormente são freqüentes e acontecem porque ainda não fomos capazes de nos organizar e constituir associações de moradores para discutir e reivindicar nossos direitos e cumprir nossos deveres de cidadãos e contribuintes. Entre eles o de organizadamente exigir dos administradores públicos que cumpram seus deveres, isto é, o de aplicar os recursos públicos, frutos dos impostos que os cidadãos contribuintes pagam para que eles disponham ao município as condições necessárias de atendimento às políticas públicas de educação, saúde, saneamento básico, transporte, lazer, etc.
Reflita, deixe o comodismo e o individualismo de lado. Procure seu vizinho, parente e amigos e participe de uma associação de moradores.
Se no seu bairro ainda não tem uma, procure formar uma associação de moradores e crie o habito de reunirem-se para discutir e agir organizadamente na defesa dos seus direitos de cidadãos.
Vamos resgatar a solidariedade, a partir da nossa rua, do nosso bairro, e construir juntos uma cidade mais digna e humana para todos.
E Lembre-se:
“Quem não gosta de política é governado por quem gosta!”
"A inércia dos bons fomenta a audácia dos maus" (Papa Pio XII).

domingo, 17 de outubro de 2010

INDEPENDÊNCIA É A PALAVRA DE ORDEM

Marina anunciará ''independência''
no segundo turno, dizem aliados
Após duas semanas de queda de braço, aliados da ex-presidenciável Marina Silva dizem que ela fechou acordo com a cúpula do PV para se declarar neutra no segundo turno e evitar um apoio formal do partido ao candidato José Serra (PSDB).
O rumo dos verdes será anunciado hoje, em São Paulo. A votação terá caráter simbólico, já que os filiados serão liberados para aderir ao tucano ou a Dilma Rousseff (PT).
Dois ex-dirigentes da campanha de Marina disseram que ela não pedirá votos para Serra ou Dilma "em hipótese alguma". Pelo combinado, o PV endossaria a opção pela neutralidade, embora uma ala da direção esteja pronta a se engajar na campanha tucana.
A aliados Marina sugeriu trocar o termo "neutralidade" por "independência", numa estratégia para escapar da eventual acusação de que se omitiu no segundo turno.
(Fonte: Site do IHU - Instituto Humanitas Unisinos)

terça-feira, 12 de outubro de 2010

E POR FALAR EM POLÍTICA...

Coronelismo e patrulhamento
Eugênio Magno

As considerações sobre as eleições são tantas que fica difícil saber o que priorizar.
Vejamos o fenômeno Tiririca, deputado federal mais votado do país, eleito pelo PR de São Paulo. Nada contra (e muito menos a favor) Francisco Oliveira. Seria legítimo se fosse ele, Francisco, o candidato. É seu direito, como cidadão. Mas o eleito foi o personagem que, usando o slogan “Vote Tiririca, pior que está não fica”, arrebanhou 1.353.820 votos. Por irresponsabilidade do partido e dos eleitores paulistas que elegeram um personagem para representar não somente a eles, mas a todos nós brasileiros. O pior de tudo é que outros Tiriricas foram eleitos. Vários candidatos sem capital político conseguiram se eleger a custa do capital financeiro de seus padrinhos e do prestígio de “chefes políticos”, numa clara demonstração de que o coronelismo grassa no Brasil do século XXI.
Não compreendo a lógica de certos candidatos que insistem em fazer comunicação de campanha regional, com diretores, redatores, locutores e apresentadores de outras plagas. Por falar em comunicação, o publicitário Almir Sales, em um programa de TV, fez algumas colocações dignas de nota. Falou que todo mundo acha as campanhas políticas muito caras. “Mas é claro que são caras”, afirmou. “Os candidatos não tem programas, nem propostas. Os publicitários é que criam os conteúdos das campanhas”. Disse ainda que, se uma pessoa de um país distante que não conhecesse a realidade brasileira assistisse aos debates entre os presidenciáveis, acharia que vivemos no melhor país do mundo, pois os candidatos não discutem os problemas do país, que são inúmeros. “Dilma afirma que todos os problemas foram resolvidos e Serra garante que, em São Paulo, tudo está na mais perfeita ordem”, ironizou Sales.
Contudo, os brasileiros terão que escolher mesmo é entre Dilma e Serra, quem será o/a presidente do país. Os outros candidatos, juntos, não passaram de 1,30% dos votos válidos. Plínio, com 0,90%, beirou o cômico, não fosse pela seriedade das questões que levantou. Ele conquistou a simpatia dos jovens, mas encerrou a campanha totalmente sem gás.
Apesar de pouco convincente em propostas e, com uma campanha fraca, Marina Silva, fez a diferença e pode fazer muito mais, se souber administrar o prestígio conquistado nessas eleições. Cortejada pelos dois partidos, há quem acredite que o melhor para a ambientalista é não apoiar ninguém no segundo turno. E caso venha a apoiar, é mais natural que apóie o PT, seu partido de origem. Mas com patrulhamentos e insinuações do tipo “Marina, você se pintou...” é querer forçar a barra demais. Até porque, nessa festa à fantasia Marina e Plínio foram os únicos que se apresentaram de cara limpa. À exceção dos que foram barrados no baile. E com os seus quase 20 milhões de votos – a grande maioria de desiludidos com as políticas do PSDB e do PT –, Marina só deve satisfação aos seus eleitores.
(Este artigo também foi publicado nas edições impressa e on-line, de 13.10.2010, do jornal O Tempo, com o título Coronéis e patrulhas e também nas edições impressa e on-line do jornal O Norte de Minas, de 14.10.2010)

terça-feira, 5 de outubro de 2010

CARISMÁTICO APÓIA DILMA

Chalita ajudará PT a avançar entre religiosos


Eleito deputado federal com a segunda maior votação do Estado, Gabriel Chalita (PSB), ex-secretário de Educação de Geraldo Alckmin (PSDB), tornou-se aliado de primeira hora da candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff. Ex-tucano, diz que não admira José Serra (PSDB).
Com 560 mil votos e forte ligação com a ala carismática da Igreja Católica, será uma das armas do PT para avançar entre os religiosos. "Vou me empenhar pessoalmente nisso", afirmou.

A entrevista de Daniela Lima foi publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, 05-10-2010.



O sr. ganhou espaço na campanha de Dilma Rousseff. Como é a sua relação com ela?
Eu respeito muito a Dilma e outros nomes do PT. Dei a ela o que pude de sugestões, principalmente na área da educação. Por outro lado, tenho amizades no PSDB. Torci pela vitória do Antonio Anastasia, em Minas, e creio que o Geraldo Alckmin fará grande governo. Política é construir pontes, e eu fiz isso.


O sr. não falou de José Serra. Qual a sua opinião sobre ele?
O Serra tem qualidades. Mas, pessoalmente, não é um político que eu admire.


Como o sr. avalia a polêmica em torno da posição de Dilma Rousseff sobre o aborto?
A crítica é boa quando baseada em fatos. Mas essa tentativa de desconstruir pessoas com boatos é muito ruim. Dilma nunca disse ser a favor do aborto. Ela se posicionou, abordando o tema como uma questão de saúde pública. Eu particularmente sou contra. Mas a questão central nesse caso é a boataria. Isso aconteceu com o Lula, em 2002. Diziam que ele ia mudar as cores da bandeira e fechar igrejas.


O sr. tem uma relação muito forte com a ala carismática da Igreja Católica. Vai se empenhar para desmentir esses boatos entre os religiosos?
Me empenharei pessoalmente nisso. Não é só uma defesa da Dilma, mas da maturidade no debate político.


O sr. acha que a Igreja contribui para o debate político?
Contribui, mas quando não usa a instituição para influenciar o voto. É importante que a igreja promova o debate, para que os fiéis saibam como pensam os candidatos. Mas o Estado é laico e acho que ele tem que ser laico. Ninguém ouviu o cardeal de São Paulo [dom Odilo Scherer] ou o arcebispo do Rio de Janeiro [dom Orani João Tempesta], declarando votos. Eles foram prudentes.


O sr. é candidato a assumir o Ministério da Educação?
Sou candidato a fazer a lei de responsabilidade da educação, que é uma lei que estabelece sanções a quem não cumpre metas. O que falta no Brasil é continuidade. Temos bons projetos.


Mas o sr. sonha em assumir a pasta?
Não. Não penso nisso. E acho que nem ela [Dilma Rousseff] pensa nisso. Seria indelicado começar a pensar no governo sem estar eleita.
(Fonte: IHU - Instituo Humanitas Unisinos)

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

TENTATIVA DE GOLPE NO EQUADOR

Unasul 'condena energicamente'
a tentativa de golpe contra Correa
(Foto: EPA)

"Os líderes dos países da Unasul - União de Nações Sul-americanas, reunidos em Buenos Aires, aprovaram uma declaração que condena energicamente a tentativa de golpe de Estado e posterior sequestro de Rafael Correa e ressalta a necessidade de que os responsáveis do levante golpista sejam julgados e condenados.
Além disso, o documento adverte que os governos da região não tolerarão sob nenhuma hipótese qualquer novo desafio à autoridade constitucional ou tentativa de golpe ao poder civil legitimamente eleito.
Em caso de novos levantes, serão adotadas medidas concretas e imediatas, tais como fechamentos de fronteiras, suspensão do comércio, tráfego aéreo, fornecimento de energia e serviços, acrescentou a declaração.
Além disso, os líderes decidiram que a agenda da próxima cúpula ordinária da Unasul, prevista para 26 de novembro em Guiana, vai prever a inclusão de uma cláusula democrática ao tratado constitutivo da União.
A reunião de Buenos Aires, convocada com urgência pela presidente argentina, Cristina Fernández, e seu marido, o ex-presidente e atualmente secretário-geral da Unasul, Néstor Kirchner, contou com a presidência dos presidentes da Bolívia, Evo Morales; Uruguai, José Mujica; Venezuela, Hugo Chávez; Peru, Alan García; Colômbia, Juan Manuel Santos, e Chile, Sebastián Piñera.
Os grandes ausentes foram os líderes do Paraguai, Fernando Lugo, internado por uma intoxicação, e Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, envolvido no encerramento da campanha eleitoral."

(Foto: AFP)
(Fonte: Site do IHU - Instituto Humanitas Unisinos)

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

ELEIÇÕES 2010: A LUTA CONTINUA...

A utopia e as mediações
Marcelo Barros, OSB
Monge beneditino
"Faltam poucos dias para as eleições que darão ao Brasil novos/as gestores no Governo Federal, Estados e no Legislativo. Há muitas promessas de solução para os grandes problemas nacionais e a maioria dos brasileiros votará na esperança de um futuro melhor. Muitas discussões políticas incidem sobre o projeto de sociedade que nos é oferecido. Este coincide ou não com aquele que muitas pessoas cultivam na mente e no coração. De um modo ou de outro, estas eleições brasileiras e estas discussões sobre o projeto político tem a ver com o processo dos fóruns sociais mundiais. Ainda hoje, dez anos depois, quem acompanha este processo se recorda do refrão cantado por todos desde 2001: Aqui, um outro mundo é possível, se a gente quiser!. Este grito, lançado em todos os continentes, provocou diversas conferências temáticas e muitos fóruns regionais. Alguns criticaram que aquelas discussões aparentemente não levavam a nada. Talvez, hoje, não possam dizer isso ao ver que a Bolívia tem, pela primeira vez em sua história, um índio como presidente da República e vários países do continente têm novas constituições cidadãs e um caminho político novo e mais popular.
Em um de seus livros, Eduardo Galeano faz um de seus personagens perguntar a um companheiro: - Para que me serve a esperança (a utopia) se quando dou um passo em sua direção, percebo que ela se afasta mais um passo?
O companheiro respondeu: - Serve para fazer você caminhar.
Neste caminho para um mundo de paz, justiça e igualdade social, é importante de um lado termos sempre sob os olhos a meta que queremos atingir, mas, ao mesmo tempo, saber que isso só se dará se assumirmos as dificuldades e etapas necessárias do caminho. Não existe utopia sem mediações. Tanto no plano social e político, como mesmo no caminho da fé, é importante termos claro a sociedade nova que desejamos construir, mas, ao mesmo tempo, não descuidar das etapas necessárias para nos aproximar da meta. Sem mediações, nossa luta social e política se tornaria não histórica e sim messiânica, no sentido negativo do termo. No caminho da fé, todos os dias os cristãos oram Venha a nós o vosso reino, ou seja, realize-se aqui no mundo em que vivemos o projeto divino para a humanidade e o planeta. Mas, é preciso ter em vista como este reino ou projeto divino poderá se concretizar em nosso dia a dia.
As mediações são, em geral, limitadas, incompletas e até ambíguas, como tudo o que é humano. No entanto, rejeitá-las ou simplesmente ignorar a sua necessidade é cair na arrogância. É preciso sempre apontar o que se almeja como ideal, mas, ao mesmo tempo, ter a humildade de assumir o que é possível na realidade do aqui e agora. Na sua regra para os monges, São Bento fala da humildade como a capacidade de ter os pés na terra e viver a fragilidade de cada dia. É claro que isso poderia nos levar a uma acomodação conservadora ou pouco profética. Não cairemos nisso se soubermos articular bem a utopia (o que almejamos) e as mediações ou etapas do caminho.
Concretamente, no Brasil atual, esta humildade social e política nos faz reconhecer as conquistas sociais e o caminho positivo já percorrido nos últimos anos. Este ganho acumulado se deve, sem dúvida, a um governo competente e que governou o Brasil com nova sensibilidade social. Entretanto, estas conquistas sociais representam, sobretudo, uma conquista dos movimentos populares e de toda a sociedade civil que, nos últimos anos, amadureceu em sua consciência social e política. É preciso salvaguardar as conquistas feitas. Apesar da guerra suja, deflagrada pelos maiores meios de comunicação social do país contra o caminho até aqui percorrido, a população mais pobre tem sabido distinguir as coisas e mostra sua independência no julgamento. Não apenas porque recebe uma ajuda social que é direito de todos, mas porque se sente envolvido neste processo como um povo de cidadãos e não de mendigos aos quais se jogam apenas migalhas do que sobra às classes altas do país. A internet e a multiplicação de blogs democratizam mais esta discussão e permitem uma forma de comunicação mais horizontal e justa.
Neste caminho para a utopia, não há receitas ou regras estabelecidas para as mediações. Entretanto, alguns princípios podem ser úteis: 1º - a palavra de Gandhi: comece por você mesmo a mudança que propõe ao mundo. 2º - sozinho, ninguém transforma nada. Não se sinta acima e independente do caminho comum. Aceite a mediação do grupo e da comunidade. 3º - Não adianta pensar que vamos para o leste, caminhando para o oeste. Mesmo que seja em passos pequenos ou curtos, a utopia se faz caminhando na direção correta. Podemos corrigir estratégias e rever etapas, mas sempre no mesmo rumo.
Antoine de St. Exupéry, autor de O Pequeno Príncipe dizia: Um viajante que sobe uma montanha guiado por uma estrela, se se deixar absorver demais pelos problemas e dificuldades da escalada, se arrisca a perder de vista a estrela que o guia."

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

SOTERRADOS NO CHILE












Na cova das serpentes

Eugênio Magno

Gustave Flaubert escreveu um romance sobre o perigo de ler romances. Advertia que, de tanto crermos neles acabamos perdendo o pé no nosso tempo. Assim também é com o cinema e com a mídia.
Um dos maiores expoentes do cinema de entretenimento, Billy Wilder, que o diga. E “disse” muito bem quando filmou A Montanha dos Sete Abutres. Com um enredo, direto e corajoso, é um exemplo do poder de manipulação dos meios de comunicação em nossas vidas. Rejeitado pela imprensa, na época, o filme acabou se transformando em um grande clássico.
Kirk Douglas, como o jornalista Charles Tatum, é o personagem principal. A viagem que ele faz para cobrir uma caça às cascavéis leva-o a um outro fato: um homem, Leo Minosa, personagem do ator Richard Benedict, ficou preso numa mina; e a reportagem passa a ser sobre ele. O foco narrativo do filme gira em torno da manipulação jornalística própria da imprensa sensacionalista. Através da montagem paralela testemunhamos à situação claustrofóbica de Leo e a paisagem aberta e ampla, porém desolada e árida – quase desértica –, do Novo México.
Amante dos trocadilhos – marca registrada em sua cinematografia – e, usuário contumaz das simbologias, Wilder trabalha com a metáfora da cascavel para atingir o efeito crítico que pretende. João B. de Brito, em Imagens Amadas (Ateliê Editorial, 1995), ao analisar esse expediente diz: O que Tatum vai encontrar na ‘montanha dos sete abutres’ é um ser humano sendo, circunstancialmente, obrigado a levar uma vida subterrânea, como a de uma cascavel, mas evidentemente, ‘cascavéis’ (sentido figurado) são aqueles que fora da caverna, se empenham em mantê-lo no subsolo para disso tirar o lucro possível.
Todos, no filme, são biltres e, rastejam como as cascavéis em busca dos seus objetivos.
As semelhanças entre o filme e as matérias sobre os 33 mineradores soterrados na jazida San Jose, no norte do Chile, desde o dia 30 de agosto último, são evidentes. Não é demais dizer que o povo tem um interesse voraz pelas catástrofes e uma credulidade absurda na imprensa. Por isso usei a advertência de Flaubert. É preciso estar sempre alerta para as relações mediadas pela imprensa, pelo cinema e/ou pela literatura.
O filme, embora seja de 1951, já nos mostra os ingredientes do que veio a se configurar como “showrnalismo”. Tatum, com o pedantismo peculiar dos colonizadores, sempre com um ar de superioridade professoral, arrogantemente tenta convencer a todos da sua astúcia, em demonstrações recorrentes de auto-afirmação. Mas diferentemente dos espetáculos midiáticos contemporâneos, o filme não deixa o espectador na condição passiva de voyeur. Ele mostra, em contra-plano, a situação de soterramento de Leo e, nos coloca, também, na incômoda situação de soterrados. De cúmplices do desespero, à espera de alguém que nos ame, diga a verdade, e seja capaz de nos dar a mão e nos retirar do buraco, no qual nos metemos.
Este artigo também foi publicado, em 23.09.2010, nas versões impressa e on-line, da Editoria de Opinião, do jornal O Tempo.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

HIGIENIZAÇÃO COMPLETA

Por detrás de sua aparência que assusta, este animal africano se deixa afagar com deleite e alívio, pelos mangustos que se comportam como verdadeiros esteticistas. Eles fazem tudo: manicure, pedicure, alisamento e ... limpeza dos piolhos. Melhor que um banho, nada como uma passagem no salão de estética dos mangustos. Carnívoros, estes pequenos mamíferos não desprezam os parasitas nem os pequenos insetos, mas uma tal cena entre diferentes espécies é pouco comum.
(Foto: OSF / Biosphoto)

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

COMO PENSAM OS ATEUS

Um texto útil para compreender
a mentalidade dos não crentes
"A recusa de Deus se baseia particularmente na presença do mal no mundo, mas isso não justifica a nossa recusa de Deus." A opinião é do cardeal italiano e arcebispo emérito de Milão, Carlo Maria Martini, em artigo para o jornal Corriere della Sera, 15-09-2010. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

"Não compartilho as opções de fundo do autor, mas acredito que ler este livro, intitulado Senza Dio [Sem Deus], pode ser útil para entender a mentalidade de um ateu. É um ensaio que se deixa ler à vontade, também por causa das muitas referências filosóficas, literárias, científicas etc.
Toca também pelo fato de que, acima de tudo, o autor não apresenta raciocínios abstratos, mas sim uma escolha emotiva. Ele cita muitos episódios negativos retirados da história do cristianismo e das outras religiões, mas há, em dois milênios de vida da Igreja, muitos elementos positivos, que seria preciso considerar para ter claro o quadro geral da vida concreta das comunidades religiosas.
O livro é, portanto, muito útil para se entender qual é o modo de pensar de um ateu. A recusa de Deus aqui apresentada parece ser mais o fruto de uma inclinação afetiva do que do raciocínio. Ela é escolhida mais em base às próprias opiniões do que a partir das provas da inexistência de Deus. São compreensíveis e compartilháveis muitos pensamentos do autor. Também em uma visão evangélica, o homem é chamado a não levar em conta os títulos honoríficos, a não se resignar ao mal e a rejeitar as proibições imoderadas, mas não é necessário levar esses sentimentos às extremas consequências. A recusa de Deus se baseia particularmente na presença do mal no mundo, mas isso não justifica a nossa recusa de Deus."

POESIA ARGENTINA NO PALÁCIO DAS ARTES

Uma boa pedida para esta terça-feira, dia 21.09.10 é assistir a palestra sobre a Poesia Argentina do Agora, às 15:00hs, na Sala Juvenal Dias, do Palácio das Artes e na sequência, prestigiar mais uma edição das Terças Poéticas, nos jardins internos (Palácio das Artes), que contará com a presença dos poetas argentinos Cristina De Nápoli, Violeta Caggianelli e Javier Galarza.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

A IGREJA TRAIU JESUS

Jon Sobrino denuncia que o poder eclesiástico ''traiu Jesus''
Jesus, o fundador cristão, levantou-se contra a casta sacerdotal de seu tempo. Os teólogos da Associação João XXIII o fazem agora contra o poder episcopal. Confirmaram-no ontem com um manifesto no qual lançam “um desafio” aos fiéis no nazareno crucificado junto a Jerusalém há mais de dois mil anos. “Acabou-se o tempo dos silêncios.
A reportagem é de Juan G. Bedoya, publicada no jornal El País, 13-09-2010. A tradução feita por Benno Dischinger foi publicada no site do IHU - Instituto Humanitas Unisinos. Para ler a matéria na íntegra clique aqui.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

É PRECISO INVENTAR UM NOVO MODELO POLÍTICO-ECONÔMICO

Fidel Castro, ao responder à pergunta sobre se ainda valia exportar o modelo cubano, afirmou: "o modelo cubano já não funciona nem para nós mesmos". Na segunda parte de uma entrevista concedida a Jeffrey Goldberg, correspondente da revista The Atlantic, Castro surpreende ao jornalista com essa afirmação, e também com um convite para acompanhá-lo a ver os golfinhos no aquário, entre outras coisas. Goldberg convidou a uma das mais reconhecidas especialistas sobre Cuba e sobre a América Latina, Julia Sweig, do Conselho de Relações Exteriores, para acompanhá-lo à entrevista com Castro, e conta que lhe pediu que interpretasse essa afirmação.
A reportagem é de David Brooks, publicada pelo jornal mexicano La Jornada e traduzida por Adital, 09-09-2010.
(Fonte: Site do IHU - Instituto Humanitas Unisinos)

sábado, 4 de setembro de 2010

OS ENSINAMENTOS DE PAULO APÓSTOLO

Paulo de Tarso (9 - 64 dc) foi um apóstolo diferente dos demais, por ter dado ênfase aos ensinamentos para gentios (pagãos, não israelitas, não “civilizados”). Paulo acreditava que sua missão era destinada a eles, que estavam espalhados pelo mundo.
Assim comos os outros Apóstolos, também teria visto Jesus na famosa aparição em que o mestre lhe disse: “Paulo, porque me persegues?”. Paulo era um homem bastante culto, seguidor do rabi Gamaliel. Destacou-se dos outros apóstolos, exatamente, por sua cultura, considerando-se que eram pescadores, na maioria. A língua de Paulo era o grego. É provavel que também dominasse o aramaico.
Educado em duas culturas (grega e judaica), Paulo realizou um grande trabalho pela difusão do Cristianismo e é considerado uma das principais fontes da doutrina da Igreja. Suas Epístolas formam uma secção fundamental do Novo Testamento e seus ensinamentos são fontes inesgotáveis de fé na realidade divina, além de possuirem uma profunda convicção moral e ética.


ENSINAMENTOS

“Não te deixes vencer pelo mal, mas vence o mal pelo bem ”


"Já é chegada a hora de vos erguerdes do sono; nossa salvação está agora mais perto do que quando abraçamos a fé. A noite vai avançada e o dia vem chegando. Despojemo-nos, pois, das obras das trevas e revistamo-nos das armas da luz. Vivamos honestamente, como em pleno dia, não em glutonerias e bebedeiras, não em mancebias e licenciosidades, não em contendas e inveja. Revistamo-nos de Jesus Cristo e não regalemos a carne para excitar os apetites desordenados"


"Não vos conformeis com este mundo, mas, transformai-vos pela renovação do espírito, para chegardes a conhecer qual seja a vontade de Deus; o que seja bom, agradável e perfeito."


"Ainda que eu fale as línguas dos homens e anjos, se eu não tiver amor sou como o bronze que soa ou o sino que retine... mesmo que tivesse toda a fé a ponto de transportar montanhas, se eu não tiver amor, não serei nada..."


"Amor tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta, o amor jamais acaba..."


"Todos os que são guiados pelo Espírito de Deus, são filhos de Deus. Não recebestes, com efeito, o espírito da escravidão, para ainda viverdes com temor, mas recebestes o Espírito de filiação que nos faz clamar: Abba! (Pai)!"


"Tenho por certo que os padecimentos do tempo presente não têm proporção com a glória futura que em vós se há de manifestar. (...) Bem sabemos que a criação inteira geme, suspirando, transida de dor, por novo nascimento. Mas também nós mesmos, que possuímos as primícias do Espírito, gememos em nosso interior, esperando a filiação adotiva, a redenção do nosso corpo."


"Exorto a cada um de vós que não presuma mais de si do que convém, mas sinta de si com modéstia, conforme a medida da fé que Deus repartiu a cada um. Porque, como em só um corpo temos muitos membros, sem exercerem todos os a mesma função, do mesmo modo, embora sejamos muitos, somos um só corpo, sendo todos membros uns dos outros. Temos carismas diversos, conforme a graça que nos foi dada. Quem tiver o dom da profecia, use-o em harmonia com a fé. Quem tem o dom do ensino, dedique-se ao ministério. Quem tem o dom da pregação, pregue. Quem distribui esmola, distribua-a com liberalidade; se é superior, seja-se superior com solicitude; exercendo misericórdia, exerça-se com alegria."

(Fonte: Site do Jornal Século XXI)

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

ETERNA PAIXÃO PELO TREM DE FERRO


De Volta aos trilhos
Eugênio Magno
Eu tenho estado trabalhando na rua Sapucahy, esquina com av. Assis Chateaubriand, na Floresta, em Belo Horizonte, num antigo prédio da Central do Brasil, hoje tombado pelo patrimônio histórico. De quase todas as janelas vejo a linha do trem e a imponente Estação da Central. Dia desses, ensimesmado, me perdi em pensamentos, olhando fixamente pela janela.

Tu veio dos trilhos e aos trilhos retornará. Esta frase mágica soou como uma profecia, que embora não pronunciada, estava se cumprindo naquele instante.
Trilhos sobre os quais andei, balançando com o ta-tac... ta-tac da composição. Trilhos ao lado dos quais pedalei em aventurosos passeios de bicicleta. Trilhos em cima dos quais equilibrei de mãos dadas com o meu primeiro amor, trocando juras e fazendo pactos – até de sangue.
Os velhos trilhos que atravessei, durante 23 anos, nas minhas idas e vindas de casa, me foram devolvidos. O tremor instantâneo de terra, o barulho da máquina e o apito do trem voltaram a fazer parte dos meus dias.
Minha tristeza é não poder mais ir de trem a Montes Claros, nem tampouco a Monte Azul, no velho “Misto” que rasgava o sertão e enchia de vida Burarama, Caçarema, Quem-Quem, Catuti (ou Catitu?), Pai Pedro, Tocandira e outras paragens. Não atravesso mais a linha da Melo Viana. Agora atravesso viadutos e vejo a linha e o trem presos, como bichos ferozes, em jaulas. Ando a 80, 100 kilometros por hora, em um trem de superfície, chamado metrô e vou do Calafate à Estação Central, da Central à Estação Calafate. Em alguns dias, da Estação Central ou da Calafate a Santa Tereza e, de vez em quando, a Eldorado. Fui recolocado nos trilhos, mas só embarco para trafegar pequenas distâncias.
Já começo a me cansar de ver o trem (mesmo os cargueiros e o trem de Vitória) partir e chegar. Quero ir também. Não mais do Calafate à Santa Tereza, ao Eldorado ou à Estação Central. Quero que o trem me leve para o Rio, para Vitória ou Santa Cruz de la Sierra. Quero ir de trem prá Montes Claros (visse, Charles Boa Vista), ou pra Monte Azul (viu, seu Alisson). Baldear na antiga Tremedal e pegar o trem da leste, rumo ao nordeste.
A saudade está me levando pela antiga E.F.C.B. e pela R.F.F.S.A., empresas em que meu pai ganhou a vida e o pão, que sustentou a mim, minha mãe e meus irmãos.
Agora estou sendo transportado pelo trem, sentado no vagão-restaurante, tomando cachaça, cerveja e cantando com meus bons amigos, Gilson, no violão, Cesão, no pandeiro, Reginauro, na caixinha de fósforos e o coro de Boca, Celsão, Duardo Brasil, Reco, Mauro, Aroldo, Elthomar, Jojô, Peré, João Grandão,Tadeu, Tcham Peba, Zezinho, ceo Élcio, Gerinha, Flávia, Soninha, Zana, Cidinha, Agostinha, Aída, Katião, Rosana, Vilminha, Guia e outras garotas, cujos nomes sempre variavam. É madrugada de lua clara, com direito a sereno. Da janela vem um gostoso cheiro de mato – que enganado – se assanha, achando que é a chuva, que pouco visita a minha imensa pátria, o sertão.
Eu fui tocado pelos pensamentos e lá estou. Nem sei se quero voltar (para cá). Prefiro estar no lugar de onde vim, para onde fui e, lá na estação, me encontrar com os outros que não estavam no trem.


(Texto de 2002, inédito)



quinta-feira, 26 de agosto de 2010

SEXTA-FEIRA É DIA DE POESIA NA PRAÇA 7



Poesia na Praça Sete

Rogério Salgado &
Virgilene Araújo

Palavras jorram nas calçadas
desviam-se dos ralos e
escorrem para a história.

Na boca do povoa comunhão verbal
servida numa ceia
regada a vinho e democracia.

O poeta Rogério Salgado (foto - de Brenda Marques Pena) e sua pareceira, Virgilene Araújo, promovem a quarta edição do Poesia na Praça Sete. A estréia do projeto acontece nesta sexta-feira, dia 27 de agosto de 2010, a partir das 15:00hs, no quarteirão fechado da Praça Sete, no centro de Belo Horizonte. Os poetas Eugênio Magno e Ricardo Evangelista estarão se apresentando na abertura do projeto. Vale a pena conferir. A programação completa está no folder abaixo.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

PROTESTOS CONTRA AS CORRIDAS DE TOUROS NA ESPANHA

No mesmo dia em que um grupo de pessoas contrárias às corridas de touros se manifestava na frente do museu Guggenheim, em Bilbao, em muitos lugares da Espanha continuavam as celebraçõesdo final de verão com as corridas. Na foto, ativistas contrários às corridas de touros protestam formando um touro com os corpos humanos.

Abaixo, detalhe dos ativistas que no sábado, 21-08-2010, protestaram em Bilbao contra as corridas de touros.

(Fonte / Fotos: Luis Alberto García - El País, 21-08-2010 e Reuters)

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

SOMOS UM NADA DIANTE DOS FENÔMENOS NATURAIS

Em Sidnei, na Austrália, no dia 14 de agosto, ondas gigantes quebram na praia de Bondi. Um jovem corajoso e imprudente as afronta.

(Fonte: Sipa)

domingo, 15 de agosto de 2010

OBJETOS VOADORES NÃO IDENTIFICADOS NO CÉU DO BRASIL


Aeronáutica libera documentos sobre aparição de óvnis
As fotos, depoimentos e desenhos das aparições serão o principal tema do 16º Encontro Diálogo com o Universo, reunião de ufólogos que acontecerá em setembro, em Curitiba.
Responsável pelo acervo, Vivien Ishaq, supervisora do Núcleo do Acervo do Regime Militar, não esperava tanta repercussão com a liberação dos documentos, que registram aparições de óvnis de 1952 até 1999. "O que também chama a atenção é a quantidade de notícias da época do regime militar", avalia.
Ufólogos apontam que os principais papéis liberados são sobre episódios antes negados pela Força Aérea Brasileira (FAB). Um destaque é o relatório da Operação Prato, organizada em 1977 na cidade de Colares, no Pará. Moradores relatavam que eram vítimas de queimaduras vindas de luzes do céu. "A operação sempre foi negada", disse o ufólogo Marco Antonio Petit.
A FAB também liberou transcrições dos diálogos da cabine de comando do voo 169 da Vasp, de Fortaleza a São Paulo. Na noite de 8 de fevereiro de 1982, a tripulação e os passageiros do avião viram um óvni de diversas cores acompanhar a aeronave. "A aeronáutica investigava as pessoas que relatavam as aparições para checar a credibilidade das histórias", explicou o pesquisador do Arquivo Nacional Pablo Endrigo Franco.
Em outro caso, de 1986, radares registraram pelo menos 21 óvnis em Goiânia e São José dos Campos. As aparições saturaram os radares e interromperam o tráfego aéreo. Dois jatos tentaram checar o que aconteceu. O resultado da investigação foi inconclusivo.
Portaria publicada pelo governo na terça-feira define que novos relatos de aparições de óvnis devem ser catalogados e encaminhados para o Comando da Aeronáutica e o Arquivo Nacional.
(Fonte: Site do IHU - Instituto Humanitas Unisinos)

terça-feira, 10 de agosto de 2010

SIMPLESMENTE ASSIM

Divagação
Eugênio Magno

Viagem...
morada de sonhos
encantos descobertos
reluzente clarão
paixão ardente
calmaria e mansidão
verso e reverso da utopia
de duas vidas
em um livro
ou numa canção

(do livro IN GÊ NU(A) IDA DE - versos e prosa, 2005)