Tanto nessa matéria quanto em outra (cuja chamada está postada aqui, mais abaixo), realizada pelo jornal Hoje em Dia, para as quais fui entrevistado, os editores omitiram falas importantes. Por exemplo: que a lei era muito bem-vinda e deveria ser celebrada tanto por cineastas, quanto pelas escolas, alunos e educadores. Falei que sentia muito o fato de que, muitas das vezes, determinados ganhos, no Brasil, terem que surgir por força de leis, como é o caso da lei das cotas nas universidades. Mas que o fato de ser através de lei não tirava o seu mérito.
Eu não sou candidato a nenhum cargo político e não entendi o enfoque dado ao assunto, tanto pelo Jornal Hoje em Dia, quanto pela TV Canção Nova que se posicionaram claramente contra a lei numa atitude que, ao meu ver, soa como partidarista, com interesses eleitoreiros, de oposição ao governo federal.
Ao fazer a defesa da lei, chamei a atenção para alguns pontos de análise que julgo importante e me posicionei pelo "Partido da Escola e do Cinema". Entre outras coisas, disse que não podemos cinematizar a escola, assim como não podemos escolarizar o cinema. Que o cinema deve ser recebido como uma alteridade na escola. Falei da importância das escolas se aparelharem e dos educadores se prepararem para receber o cinema nas escolas. Mas disse que isso já está acontecendo, através da capacitação e especialização de muitos profissionais que estão se dedicando ao assunto. Citei a KINO: Rede Latino-americana de educação, cinema e audiovisual, da qual fazem parte diversos profissionais e pesquisadores de vários países e de diversas regiões do Brasil que estão se empenhando para oferecer formação e capacitação aos professores. Perguntado se o cinema brasileiro dava conta de responder com uma cinematografia à altura dessa exigência, eu disse que sim, mas que os bons filmes, de qualquer nacionalidade, desde que de qualidade e de formação, seriam bem-vindos. E, destaquei que nos casos em que não tenhamos filmes que cubram determinados temas, com o enfoque que o professor deseje, poderiam ser usados outros filmes, pois a exigência da lei é que o cinema nacional ocupe, no mínimo, duas horas mensais, de exibição nas escolas. Assim, sobra tempo mais do que suficiente para que outras cinematografias sejam incluídas, como já vem sendo feito livremente pelos educadores.
A Canção Nova teve a ousadia de colocar na boca do apresentador e da repórter que a lei sofreu críticas de alunos, professores e especialistas. Quanto aos professores e alunos, eu não sei quantos eles entrevistaram, quais foram os excluídos e o teor de suas respostas. Todavia, no que diz respeito a mim, o especialista, sei muito bem o que disse. E me senti desrespeitado, até porque sou comunicólogo, jornalista e ficou claro que fui usado, como especialista no assunto, em uma edição irresponsável de um trecho da minha fala, tirada do contexto geral, para reiterar seus interesses. Acesse também a matéria do Jornal Hoje em Dia, clicando aqui.