terça-feira, 23 de janeiro de 2024

"PARALELOS DISTÓPICOS" NA CASA DO JORNALISTA

 

Nesta quarta-feira, 24 de janeiro de 2024, às 19 horas, na Casa Matriz, anexo da Casa do Jornalista, acontece o evento PARALELOS DISTÓPICOS, instalação participativa da multiartista brasileira radicada no Uruguai, Eliane Velozo, do Colectivo de Escritura Migrante @escrituramigrante, onde os presentes participarão de uma roda de conversas com apresentação de poesia e  música. 



Os primeiros trinta minutos do evento serão reservados a uma visitação individual da instalação, "O ruído e o tempo", de Eliane Velozo.
Na sequência, haverá uma roda de conversa mediada pela coordenadora do evento, Brenda Marques Pena, com os convidados: Cícero Christófaro, Eugênio Magno, José Antônio Vieira, Maria do Socorro Coelho, Rita Silva, Ronaldo Zenha e Tibério França.
Paralelos Distópicos trabalha a temática do tempo, baseando-se nas distopias que enfrentamos em nosso dia a dia, numa concepção de evento em que o público também poderá interagir.
A entrada é franca e o endereço é: Casa do Jornalista, Av. Álvares Cabral, nº 400, entrada pelos fundos (rua Espírito Santo), no espaço Casa Matriz.



sábado, 20 de janeiro de 2024

CHOQUE ELÉTRICO

A Cemig “compra” dos pobres, a preço irrisório, a energia que revende a todos, a peso de ouro. 


(Capas de Folders da Cemig distribuídos na reunião)

Transferência de Energia: de pobres Para ricos



Eugênio Magno*

Ao participar recentemente de uma reunião da Cemig com a Comunidade Quilombola de Pinhões, no município de Santa Luzia, Minas Gerais, foi possível testemunhar o lado obscuro das chamadas políticas sociais praticadas pelas grandes empresas.

O projeto Cemig nas Comunidades, incrementado em 2019 e anunciado com pompa e circunstância pela empresa, embora bem embalado, não consegue esconder seu lado perverso. É evidente que a jogada, uma espécie de Robim Hood às avessas, toma dos pobres para entregar aos ricos e vender novamente aos pobres a mercadoria reciclada, a terceira linha do produto. É a lógica de reprodução das desigualdades da forma mais matreira possível.

O staff mobilizado pela empresa para essa reunião, foi enorme. No início, havia mais representantes da empresa do que da própria comunidade. Ao final da reunião a empresa, inclusive, formou maioria porque grande parte dos integrantes da comunidade deixaram a quadra onde aconteceu o encontro por não suportarem a desfaçatez com que os tais programas e “benefícios” eram apresentados.

A malfadada reunião, depois de breve saudação de uma representante da comunidade, foi seguida pela apresentação pessoal de algo em torno de uma dúzia de funcionários e terceirizados da Cemig. Os trabalhos foram iniciados por uma agente do projeto com o tradicional “Bom dia”. Como o cumprimento foi respondido pela comunidade de forma quase monocórdica, a palestrante fez aquela tradicional provocação de animadores de auditório: “como é mesmo que se fala, pessoal? – Booom diiia!!!”, na expectativa de uma repetição efusiva da sua mesura, o que não ocorreu.

Numa atitude típica de quem lida com incautos a “animadora” discorreu sobre a necessidade de todos fazerem a sua parte para economizar energia. Usou daquele discurso que conhecemos e concordamos até o ponto em que a economia de eletricidade seja bom para o bolso do consumidor, para o bem do planeta e não para precarizar a vida da população, privatizar estatais e encher as burras de uma minoria de abastados exploradores do povo e das riquezas naturais do país. A coisa foi se tornando insuportável à medida que a didática da agente foi se encaminhando para seu verdadeiro propósito, uma pedagogia prescritiva e autoritária. Não faltaram recomendações de não deixar luzes acesas, tomar menos banho (claro que me lembrei do ex-presidente da república, rifado nas últimas eleições). A palestrante empolgou e falou que tomássemos cuidado com o ferro elétrico, com esse negócio de passar roupa e receitou: “a moda agora é andar amassadinho”. Depois veio a história de trocar lâmpadas tradicionais por lâmpadas de led, para economizar na conta de luz. O discurso é conhecido: “a Cemig vai trocar essas lâmpadas fluorescentes e incandescentes por lâmpadas de led, sem custos – até sete lâmpadas por residência. Boquilha sem lâmpada não tem direito a reposição e a lâmpada antiga será levada para ser reciclada”.

Realmente a substituição das lâmpadas e as orientações para sermos parcimoniosos na utilização da energia faz sentido, gera economia. Mas essa é só a metade da história. A outra metade é que a economia vai para o chamado mercado livre de energia e para os acionistas. Com a economia de energia contabilizada, a empresa passará a fornecer uma menor carga energética a essas microrregiões, e continuará entregando energia de péssima qualidade com manutenção deficitária nas localidades periféricas, para com isso garantir às indústrias, ao agronegócio e aos bairros nobres um fornecimento energético de excelência.

Embora nunca tenha me prestado a serviços comunicacionais de natureza tão vil, senti uma pontinha de constrangimento ao ver o produto final de um trabalho de comunicação e relações públicas, diga-se de passagem, muito bem elaborado, “comprado” pelo pessoal da casa como verdade absoluta e “vendido” para a população sob a aura de bênçãos do alto, com o beneplácito da diretoria da associação que representa a comunidade. E essa é a pior parte. Das megaempresas e do capital, nada podemos esperar. No entanto, passividade e até mesmo leniência dos nossos pares com seus usurpadores traz muita indignação.

Já é a segunda vez que a empresa visita a comunidade com o mesmo propósito: fazer catequese sobre economia de energia, incentivar a troca de lâmpadas e o cadastro para a tarifa social. Acontece que a comunidade tem muitas outras demandas, mais graves e urgentes. A microrregião sofre com variações constantes de tensão na rede e picos de energia diários, independentemente das condições climáticas. Quando ocorre qualquer pane residencial ou acidente na rede elétrica pública, a manutenção é extremamente morosa, pois falta logística. Segundo os trabalhadores – terceirizados (vale frisar) –, a base do plantão fica em outra cidade, cuja localização é diametralmente oposta a Santa Luzia. Se tudo isso não bastasse, pelo menos duas vezes por mês falta energia por cinco, seis horas seguidas. Ao longo do ano acontecem muitas interrupções prolongadas de energia. Algumas duram até 24 horas. E energia é a base de tudo. Se falta energia, falta luz, falta água; fica-se sem telefone e internet. Sem contar que queima equipamentos, estraga alimentos e impede os moradores de trabalhar. Além dos inúmeros transtornos, a baixa qualidade da energia fornecida causa também grandes prejuízos financeiros que nunca são ressarcidos.

Será essa é a Eficiência Energética que a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), órgão criado com a finalidade de regular e fiscalizar a produção, transmissão, distribuição e comercialização de energia, quer para o Brasil?

O livro “Power Play”, que trata da luta pelo controle da eletricidade do mundo, da ambientalista australiana, Sharon Beder, denuncia o jogo orquestrado pelas companhias de eletricidade em todo o mundo, inundando escolas e comunidades com livros didáticos e presentinhos para conquistar simpatia. A obra de Beder é uma referência para quem deseja aprofundar e compreender melhor essa questão.

E por falar em livro, o coordenador do projeto da Cemig na região carregava debaixo do braço um livro grosso durante toda a reunião. Disse que o livro contava a história dessa e de outras comunidades, bairros, aglomerados e favelas de Minas Gerais. Pelo que entrevi era um livro grande (pelo menos 21 X 30 cm), de capa dura, colorido, e o miolo parecia ser de papel couché. Ora, a Cemig não é editora, nem instituição de ensino. Então, qual é o verdadeiro interesse da companhia em contar histórias de comunidades? Não sei que fim teve o bendito livro: se foi dado de presente a quem estendeu o tapete vermelho para a empresa ou se voltaram com ele para exibi-lo em outras pregações.

A estratégia dessas grandes organizações é pavimentar a estrada para retirar o controle da eletricidade das mãos do Estado e submeter a população ao vale tudo do mercado e aos interesses meramente lucrativos dos acionistas, jogadores profissionais, sempre à caça do mais novo cassino para fazer suas apostas. E a ironia é que no Brasil privatiza-se empresas estatais para grupos que em seus países de origem são controlados por governos, ou seja, são estatais. Veja o caso da Enel. Basta entrar no Google e digitar: <enel é uma empresa>... que vai aparecer lá pra você: “A Enel é uma empresa com parte do controle estatal. Seu maior acionista é o Ministério de Economia e Finança da Itália. É a maior empresa da Europa em valor de mercado e está presente em 35 países. Seu faturamento em todo o ano passado foi de € 74,6 bilhões”, o equivalente a 399,8 bilhões de reais.

No território brasileiro, a tal da Enel Brasil, que de brasileira não tem nada, já domina os mercados de energia dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Ceará.

Em Minas Gerais o governador, Romeu Zema, quer seguir a mesma trilha de outros estados e privatizar de vez a Cemig, ainda com 51% de ações do Estado, mas que apesar do controle acionário estatal vem operando como se fosse empresa privada.

Vamos colocar as barbas de molho. Se perdermos o controle acionário, o que já é ruim pode ficar muito pior. Será o caos, como o que a Enel deixou acontecer recentemente em São Paulo. A maior cidade do país e uma das maiores do mundo ficou no escuro e sem energia por quase três dias.

É bom lembrar que, antes da Cemig, quem fornecia energia em Minas Gerais eram empresas privadas. Foi Juscelino Kubitschek de Oliveira, quando governador do nosso estado quem criou a Cemig, em 1952, denominada em seu nascimento de Centrais Elétricas de Minas Gerais. Os primeiros trâmites para sua viabilização foram realizados pelo seu Secretário de Viação e Obras Públicas, José Esteves Rodrigues.

Conheci José Esteves de perto. Era casado com a minha prima, Ana (Nenzinha) Lopes Esteves. Imagino que ele deve estar se revirando em seu túmulo, como certamente revira também JK, juntamente com a primeira diretoria da Cemig, Lucas Lopes, Pedro Laborne Tavares, John Reginald Cotrim, Mario Penna Bhering e Mauro Thibau, por conta do desmantelo que fazem dessa empresa que tanto orgulho deu aos mineiros.

 * Eugênio Magno é Jornalista e Radialista Profissional. Doutor em Educação. Autor de vários textos publicados em livros, jornais, revistas e portais. Assessor do Centro Nacional de Fé e Política Dom Helder Câmara (CEFEP-DF). Produtor e apresentador do podcast Mediações e Editor deste blog. 


terça-feira, 16 de janeiro de 2024

A FILOSOFIA JAPONESA CHAMADA IKIGAI

 # 0015 - IKIGAI: Oncotô


Se você não conhece a filosofia japonesa chamada Ikigai, poderá conhecê-la no episódio #0015 - IKIGAI: ONCOTÔ, do podcast Mediações.
Conhecedores ou não dessa filosofia, interessados em encontrar um sentido maior para a vida, serão brindados nessa edição de Mediações com um passo a passo facílimo de seguir para iniciar a jornada em busca do seu Ikigai.
Para ouvir o episódio, clique aqui.

quinta-feira, 11 de janeiro de 2024

LEWANDOWSKI É O NOVO MINISTRO DA JUSTIÇA

 

(Foto: Rosinei Coutinho/SCO/STF)


O ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, informou ontem, após reunião com o presidente Lula, no Palácio da Alvorada, que assumirá a pasta da justiça.
Avisou aos aliados: "Estou indo para uma nova missão".
Lewandowski substitui Flávio Dino que vai para o STF.

terça-feira, 2 de janeiro de 2024

O TREM NÃO É TÃO BÃO QUANTO QUEREM QUE PAREÇA SER

 

(Imagem: Site Uol Notícias)


Balanço do primeiro ano 

do terceiro Governo Lula

O primeiro ano de um governo – qualquer governo –, é um período de créditos e crendices. Dá-se crédito para que o novo governante tome pé da situação, estruture a governança, trace a rota, abasteça a máquina e coloque o trem para andar na direção traçada e esperada. A população põe fé, acredita. Cruza os dedos, cada um reza para o seu santo e aguarda a partida. No nosso caso, a arrancada foi tumultuada, lenta e obstaculizada.
Embora muitos tenham ficado na plataforma e outros nem tenham chegado à estação, o trem partiu, apinhado de gente e com uma parte da tripulação nada confiável. A paisagem não era e continua não sendo das mais agradáveis de se ver. São muitos túneis e precipícios. E o trem parece se mover em slow motion.
O economista que exerceu a função de porta-voz da presidência da república no primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva, André Singer, professor titular do Departamento de Ciência Política da USP e autor do livro, O lulismo em crise e Fernando Rugistsky, professor de economia da University of the West of England, em Bristol, onde também é codiretor de pesquisa em economia, fizeram um balanço do primeiro ano do Governo Lula, no site A Terra é Redonda.

Eles analisam a situação por dentro e assim também procedo na leitura do artigo e dessa nossa realidade sofrível. Abaixo, um breve trecho do artigo, escrito por dois progressistas (reitero), setor com o qual também estou alinhado, que nos ajuda a compreender a situação:


Após ter vencido à frente de um heterogêneo ajuntamento de salvação democrática, o presidente decidiu entoar a melodia lulista clássica: fazer, no atacado, concessões à burguesia e, no varejo, buscar as brechas por meio das quais consiga beneficiar, em alguma medida, os segmentos populares. Só que o tema vem se desenvolvendo em andamento lentíssimo, tornando duvidosos os movimentos previstos para os períodos eleitorais de 2024 e 2026.*

Nunca é demais lembrar que, apesar de uma breve descontinuidade medonha, este é o terceiro mandato de Lula e lá se vão 15 anos de PT no comando do país. Portanto, falta de experiência política não é. Será que nada foi apreendido ou teremos que “esperar momento mais propício”, mais uma eleição geral para elegermos um parlamento comprometido com as urgentes reformas pelas quais o país grita? Como dizia o doutor Ulysses Guimarães, “se acham esse parlamento ruim, espere para ver o próximo”.
No primeiro mandato de Lula não era tão diferente. Lembram do mensalão? Pois é, ele vem de anos, com nomes diferentes.
Se Lula em 1993 denunciou o toma lá dá cá do congresso que virou até música dos Paralamas do Sucesso – “Luíz Inácio (300 picaretas)”, do LP Vamo batê lata / 1995  –, a maracutaia já era braba imagine agora com 513 e entre eles representantes de milicos e milícias, tráfico, setor financeiro, fisiologismos, populismos e bancadas do boi, da bala e da bíblia?
Em 2024 o governo necessita de apoio irrestrito da população, mas também de muitas críticas, cobranças e povo na rua.

* Clique aqui e leia também a íntegra do artigo de André Singer e Fernando Rugistsky para entender as estratégias que estão sendo adotadas pelo governo.