Brasil quer mudança urgentemente
Eugênio Magno
Falta apenas um dia para que essa terrível página da nossa história
recente seja virada. Neste domingo, dia 2 de outubro de 2022, o povo terá nas
mãos o poder de dar um novo rumo ao Brasil.
Nunca, na história desse país, houve uma tragédia de tão grandes
proporções, em um espaço de tempo tão curto – menos de quatro anos. Décadas de
lutas sangrentas e conquistas suadas foram ignoradas e o patrimônio público
dilapidado. A porteira foi aberta e a boiada passou. O mais grave é que a
tragédia foi previamente anunciada, patrocinada pelo capital, regida por um dos
poderes da república, orquestrada pela grande mídia e chancelada pelos votos de
milhões de eleitores de perfis variados. Se somaram aos votos dos extremistas
radicais convictos outros, de protesto e ainda os dos liberais, dos antissistema,
dos anarcocapitalistas e aqueles da grande massa de enganados pelas fake news e
pelo cerco armado a partir da república de Curitiba.
A preocupação mais urgente de todas as cidadãs e cidadãos brasileiros de
bom senso neste momento é impedir já qualquer chance de continuação do atual
governante no poder. A disputa presidencial não pode ser arrastada para o
segundo turno, se não quisermos ver e viver mais distopias, violência,
perseguição e a agressão por parte dos ressentidos envergonhados que por
teimosia não admitem que erraram e insistem em permanecer no erro e a defender
seus mitos. Os atuais mandatários da nação e a família do presidente estão
ameaçados de várias condenações em tribunais nacionais e internacionais, inclusive,
por crimes contra a humanidade. Por essas e outras, usam de todos os
expedientes – a maioria deles ilegais – para permanecer no poder e não perder
suas prerrogativas de imunidade.
Desde o chamado impeachment que derrubou a presidenta Dilma Rousseff,
agora mais do que nunca provado que foi golpe, em razão dela ter sido julgada
inocente diante da acusação de pedaladas fiscais que o capital e a extrema
direita mundial articulada pelo trumpismo e pelo seu estrategista-mor, Steve
Bannon, vem articulando esse assalto ao poder em nosso país. A fragilidade de
nossas instituições, a mão invisível do mercado, a trava do parlamento,
comandado pelo centrão – à época sob a égide de Eduardo Cunha –, a crise econômica
mundial e o fim da exportação de nossas commodities, pavimentaram o caminho
para que fosse inaugurado o desmantelo do Estado brasileiro e a implosão da
república.
O governo Bolsonaro aparelhou os principais órgãos de Estado. Segundo
relatório da Controladoria-Geral da União (CGU), foram empregados milhares de
militares, da reserva e da ativa, em cargos civis. Entre os problemas identificados pelo levantamento estão remunerações que
extrapolam o teto constitucional e a falta de amparo legal
para exercer cargo de agente civil, além do acúmulo de funções. Várias
estatais brasileiras foram entregues à inciativa privada, na bacia das almas, e
o dinheiro utilizado para atender ao orçamento secreto administrado pelo
centrão, de quem o executivo se tornou refém. Este governo que aí está e joga
com todas as cartas para permanecer impôs a Lei do Sigilo de 100 Anos para 65
casos, dentre os quais as visitas que a primeira-dama, Michele Bolsonaro,
recebeu no Palácio da Alvorada. Dois dos ministros do Supremo Tribunal Federal
(STF), foram escolhidos com base na fé que professam – são “terrivelmente
evangélicos”. A Procuradoria Geral da República perde credibilidade a cada dia.
Investigações de corrupção e de malversação dos recursos públicos estão sendo
obstruídas e vários mecanismos de controle foram destruídos. A família do
presidente é acusada de comprar 51 imóveis com dinheiro vivo e entra com
recurso para tirar de circulação a matéria jornalística que denuncia o
escândalo. O preço dos combustíveis foram manipulados ao sabor das alterações
nas pesquisas de intenção de voto. Legislações de proteção ao meio ambiente
foram quebradas. As funções das Forças Armadas vêm sendo desviadas, de aparato
de Estado, para servir ao governo e à sua candidatura, sem falar do sequestro
dos símbolos e datas nacionais. A estupidez negacionista deixa um saldo de 686
mil mortos durante a pandemia de covid-19 no país. O Brasil ocupa o vexatório
segundo lugar em letalidade por covid, entre todos os países do mundo. Milhões
de doentes ficaram sem vários remédios da Farmácia Popular. Reajuste do auxílio
emergencial e ajuda para taxistas e caminhoneiros vêm sendo apontados como o
maior crime eleitoral praticado no país.
E tem mais, muito mais. Num dos últimos debates, o presidente-candidato contou
até com a linha-auxiliar de um falso-padre, já desmascarado. São inúmeros os
abusos cometidos pelo candidato Bolsonaro e por esse governo que insiste em se
manter no poder para liquidar o que resta de nossas riquezas e destruir as
instituições republicanas. Sua política é de disseminação do ódio e de
mentiras, truculência no trato com opositores e misoginia explícita, dentre
tantos outros descalabros.
O que mais é necessário para convencer quem não tem vocação para
extremista, mas que, por razões de acreditar mais no dogmatismo de pastores e
padres sectários, do que em Cristo e em seu Evangelho, repete e cumpre cegamente
os ditames e as palavras de ordem de impostores?
Um presidente eleito em clima de judicialização da política e politização
da justiça, com as bênçãos da boa-fé do povo simples, aviltada por interesses econômicos
de setores religiosos inescrupulosos, estribados em fake news, não tinha nenhuma chance de dar
certo, como está provado que não deu.
Qualquer um dos candidatos à presidência da república é melhor para o
Brasil do que Bolsonaro, mas só um é capaz de vencê-lo e já, no primeiro turno.
A sociedade civil organizada e as principais lideranças de vários setores do
país já declararam o voto a Lula. A eleição ainda não está ganha, mas se uma
parcela dos eleitores de Ciro e Tebet optar pelo voto útil a fatura poderá ser
liquidada neste domingo e é para isso que quem tem juízo e responsabilidade
está trabalhando e torcendo.