O irmão de Erpídio
Eugênio Magno
– Cadê o homem
das pedras?
– Ele é meio abilolado. O povo anda caçoando dele, por conta das coisas que ele fala.
– Eu não acho
que ele é doido não.
– O juízo dele é
fraco mesmo. Eu sou mais novo que ele e desde quando eu me entendo por gente
que escuto o pessoal dizer que ele não bate muito bem da cabeça.
– Tem muito
tempo que eu não encontro com ele.
– Ah, ele
levanta cedo, monta na égua e sai por aí. Vai p’a manga do Rodrigo. Tem dia que
ele sai de bicicleta e vai fazer algum biscate. Outra hora some por essas
grotas aí, que ninguém acha ele.
– Será que ele
está por aí hoje? Vamos lá na casa dele ver se ele está por lá?
– Ele hoje saiu
foi cedo. Quando eu estava indo p’a roça, de manhãzinha, eu cruzei com ele,
montado na égua. O sol não tinha nem saído ainda e ele lá ia campear.
– Fala com ele
que eu quero conversar com ele.
– O senhor não
deve se iludir com as histórias dele não.
– Eu gosto muito
dele.
– Ele não regula
bem, não. E aquelas pedras não valem nada. É tudo cascalho.
– Mas a prosa é
boa. Avisa a ele que domingo eu venho cá pra nós prosear.
(Inédito, 2011)