Não existem dois extremos
Eugênio Magno
É forçar muito a barra vender
para a população brasileira a ideia de que nestas eleições existe uma
polarização entre a extrema direita e a extrema esquerda. Nada mais falacioso.
Na verdade, o que temos é a
disputa entre um projeto que pretende recuperar conquistas sociais e recolocar
a classe trabalhadora entre as prioridades de governo contra uma proposta de
ampliação dos cortes das políticas sociais, em nome de uma ordem subjetiva e do
capital. De um lado, a extrema direita, representada militarmente, inclusive,
por um capitão que tem como vice um general. Do outro lado, um grupo político
que já esteve no poder e que, ao longo de 14 anos de governo, jamais adotou
qualquer agenda extremista.
O PT, embora tachado pelas elites como partido
radical, se comporta de forma bastante moderada, muito mais próximo da chamada
centro esquerda. A escolha, portanto, não é entre dois extremos, mas entre um
grupo cuja orientação é claramente radical e um campo democrático – com acento
no social – que defende a soberania popular, o funcionamento republicano das
instituições e o estado democrático de direito.
É importante que o eleitorado
se dê conta do medo que está sendo imposto à população por uma fatia mínima da
sociedade que controla a mídia e o capital e é formada pelos setores mais
conservadores e atrasados do país.
A sensatez, o equilíbrio e o
reposicionamento do Brasil entre os países mais importantes do mundo,
assegurando dignidade aos mais pobres e garantias democráticas, não depende de
nenhuma terceira via. Até porque essa maluquice de que “o Brasil poderá se
tornar uma Venezuela ou Cuba” é uma estupidez. A grande imprensa tem que parar
com essa orquestração desafinada e não esconder a real: o maior risco que
corremos é de nos tornar uma Argentina, de Macri, se o país cair em mãos
erradas e as reformas neoliberais se aprofundarem por aqui.
Recolocar o país nos trilhos
do desenvolvimento e avançar nas reformas que garantam à população o direito a
ter direitos, regule as relações comerciais, incentive a geração de trabalho e
renda e salvaguarde a dignidade da vida humana é dever de Estado e obrigação
dos governantes.
Haddad não representa nenhum
risco à institucionalidade do país e, dentre os presidenciáveis, é o único com
chances reais de fazer parar a força reacionária que semeia o ódio, tem
promovido grande estrago nas relações humanas e sociais e pode levar o Brasil
do caos às trevas.
Não acredito que pessoas de
bem, com um mínimo de informação, cometerão o voto envergonhado, de cidadão
acuado, refém do medo. Elas sabem que a pátria pode sangrar e que suas
consciências irão gritar.
Diante do quadro eleitoral que
se formou, quero crer que as lideranças mais sensatas do país terão lucidez
suficiente para contribuir com Fernando Haddad para que ele possa ser
bem-sucedido na repactuação da democracia e em seu projeto de retomada do
desenvolvimento e crescimento econômico com justiça social.
Apesar do terrorismo de
mercado e da ação nefasta das aves agourentas da mídia hegemônica e do
reacionarismo da classe política conservadora, o bom senso prevalecerá.