Padre Leomar Antonio Montagna, de Maringá, cidade de Sergio Moro, voltou a usar o Facebook para explicar por que decidiu se manifestar sobre o o ato de apoio ao juiz, realizado por uma pequena parcela da população. “Quanto aos grupos de ideologias diferentes, penso que é um direito de todos se manifestarem, mas considero se quisermos ver a justiça florescer, esta não poderá ser partidária: investigar e julgar com todo rigor só um lado e absolver e nem sequer investigar o outro lado, senão as estruturas da corrupção continuarão proeminentes, seria como quebrar o termômetro para eliminar a febre”, escreveu. Ele disse que conversou com o bispo da cidade, para explicar suas razões. Algumas pessoas se sentiram ofendidas e reclamaram ao bispo, por conta da expressão que usou: “patos idiotas”.
“Usei uma linguagem coloquial, própria das redes sociais, jamais desmerecendo as pessoas que se manifestaram, me ative ao debate de ideias, usei a palavra mentalidade, isto é, discordo da mentalidade de como muitas pessoas encaram essas manifestações, mas não duvido das retas intenções de algumas pessoas que lá estiveram, neste sentido peço humildemente desculpas se ofendi alguém. O intuito é de sempre colaborar e somar forças para promover a justiça social. Dialoguei com meu bispo Dom Anuar Battisti, no sentido de seguir e ser sempre fiel às orientações da Igreja, mas que dentro do meu livre direito à manifestação, mantenho o meu pensamento de que devemos ser contra a qualquer tipo de corrupção, apoiar um judiciário que não seja parcial e lutar por cidadania e dignidade das pessoas.”
Abaixo, a nota do padre:
QUESTÕES POLÍTICAS
Quanto a postagem que fiz em 14/01/18, sobre as manifestações políticas em Maringá, devido à grande repercussão, venho aqui fazer alguns esclarecimentos:
1) O campo da Política partidária é próprio dos leigos. O altar do leigo são as realidades temporais, ali ele deve fazer Jesus acontecer, isto é, fazer acontecer os valores do reino pregado por Jesus: “Os fiéis leigos são ao mesmo tempo cristãos e cidadãos. São Igreja fazendo o mundo e são cidadãos do mundo que edificam a Igreja (Documento de Puebla, 786). Para todos os cristãos, é urgente buscar a união entre fé e vida, isto é, fidelidade a Cristo, tanto na vida quotidiana, quanto nas relações sociais e na participação política. Um dos erros mais graves de nosso tempo é a falta de coerência, ou seja, o divórcio entre fé e ação social-política dos cristãos: “Ao negligenciar os seus deveres temporais, o cristão negligencia os seus deveres para o próximo e o próprio Deus e coloca em perigo a sua salvação eterna” (Gaudium et Spes, 43).
2) Quanto aos grupos de ideologias diferentes, penso que é um direito de todos se manifestarem, mas considero se quisermos ver a justiça florescer, esta não poderá ser partidária: investigar e julgar com todo rigor só um lado e absolver e nem sequer investigar o outro lado, senão as estruturas da corrupção continuarão proeminentes, seria como quebrar o termômetro para eliminar a febre.
3) Política é exercer o poder em vista do bem comum, portanto, quem governa não pode governar para interesses particulares e muito menos praticar a corrupção. Se queremos um Brasil passado à limpo não podemos selecionar somente uma parte da denúncia contra a corrupção e nos calar diante de outros grupos e pessoas.
4) Sabemos que hoje há grupos políticos com enormes redes de computadores para fabricar falsos perfis (fakes) nas redes sociais, pagando algumas pessoas que administram e controlam esses fakes, então diante de algumas postagens que vão contra seus interesses, disparam enormes quantidade de mensagens para deturpar ou desmoralizar o conteúdo ou a pessoa que enviou tal conteúdo, assim dão a impressão que estão certos e possuem a verdade da situação.
5) Quanto ao post citado acima, usei uma linguagem coloquial, própria das redes sociais, jamais desmerecendo as pessoas que se manifestaram, me ative ao debate de ideias, usei a palavra mentalidade, isto é, discordo da mentalidade de como muitas pessoas encaram essas manifestações, mas não duvido das retas intenções de algumas pessoas que lá estiveram, neste sentido peço humildemente desculpas se ofendi alguém. O intuito é de sempre colaborar e somar forças para promover a justiça social. Dialoguei com meu bispo Dom Anuar Battisti, no sentido de seguir e ser sempre fiel às orientações da Igreja, mas que dentro do meu livre direito à manifestação, mantenho o meu pensamento de que devemos ser contra a qualquer tipo de corrupção, apoiar um judiciário que não seja parcial e lutar por cidadania e dignidade das pessoas.
Encerro este post dizendo que temos que nos mobilizar em vista de um projeto para o Brasil do futuro: “socialmente justo; economicamente forte; ambientalmente sustentável; democraticamente estável e eticamente respeitável”.
Que Deus nos ajude nestes objetivos e que com sua graça e sabedoria vençamos todo mal que nos aflige e assola nosso país.
Pe. Leomar Antonio Montagna
Maringá – PR
(Fonte: Site DCM)