segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

SER HUMANO, O EXTERMINADOR DE SUA PRÓPRIA CIVILIZAÇÃO



Como enfrentar a sexta extinção em massa


Leonardo Boff

teólogo e filósofo


Referimos-nos anteriormente ao fato de o ser humano, nos últimos tempos, ter inaugurado uma nova era geológica – o antropoceno - era em que ele comparece como a grande ameaça à biosfera e o eventual exterminador de sua própria civilização. Há muito que biólogos e cosmólogos estão advertindo a humanidade de que o nível de nossa agressiva intervenção nos processos naturais está acelerando enormemente a sexta extinção em massa de espécies de seres vivos. Ela já está em curso há alguns milhares de anos. Estas extinções, misteriosamente, pertencem ao processo cosmogênico da Terra. Nos últimos 540 milhões de anos ela conheceu cinco grandes extinções em massa, praticamente uma em cada milhão de anos, exterminando grande parte da vida no mar e na terra. A última ocorreu há 65 milhões de anos quando foram dizimados os dinossauros entre outros.
Até agora todas as extinções eram ocasionadas pelas forças do próprio universo e da Terra a exemplo da queda de meteoros rasantes ou de convulsões climáticas. A sétima está sendo acelerada pelo próprio ser humano. Sem a presença dele, uma espécie desaparecia a cada cinco anos. Agora, por causa de nossa agressividade industrialista e consumista, multiplicamos a extinção em cem mil vezes, diz-nos o cosmólogo Brian Swimme em entrevista recente no Enlighten Next Magazin, n.19. Os dados são estarrecedores: Paul Ehrlich, professor de ecologia em Standford calcula em 250.000 espécies exerminadas por ano, enquanto Edward O. Wilson de Harvard dá números mais baixos, entre 27.000 e 1000.000 espécies por ano (R Barbault, Ecologia geral 2011, p.318).
O ecólogo E. Goldsmith da Universidade da Georgia afirma que a humanidade ao tornar o mundo cada vez mais empobrecido, degradado e menos capaz de sustentar a vida, tem revertido em três milhões de anos o processo da evolução. O pior é que não nos damos conta desta prática devastadora nem estamos preparados para avaliar o que significa uma extinção em massa. Ela significa simplesmente a destruição das bases ecológicas da vida na Terra e a eventual interrupção de nosso ensaio civilizatório e quiçá até de nossa própria espécie. Thomas Berry, o pai da ecologia americana, escreveu: ”Nossas tradições éticas sabem lidar com o suicídio, o homicídio e mesmo com o genocídio mas não sabem lidar com o biocídio e o geocídio” (Our Way into the Future, 1990 p.104).
Podemos desacelerar a sétima extinção em massa já que somos seus principais causadores? Podemos e devemos. Um bom sinal é que estamos despertando a consciência de nossas origens há 13,7 bilhões de anos e de nossa responsabilidade pelo futuro da vida. É o universo que suscita tudo isso em nós porque está a nosso favor e não contra nós. Mas ele pede a nossa cooperação já que somos os maiores causadores de tantos danos. Agora é a hora de despertar enquanto há tempo.
O primeiro que importa fazer é renovar o pacto natural entre Terra e Humanidade. A Terra nos dá tudo o que precisamos. No pacto, a nossa retribuição deve ser o cuidado e o respeito pelos limites da Terra. Mas, ingratos, lhe devolvemos com chutes, facadas, bombas e práticas ecocidas e biocidas.
O segundo é reforçar a reciprocidade ou a mutualidade: buscar aquela relação pela qual entramos em sintonia com os dinamismos dos ecosistemas, usando-os racionalmente, devolvendo-lhe a vitalidade e garantindo-lhe sustentabilidade. Para isso necessitamos nos reinventar como espécie que se preocupa com as demais espécies e aprende a conviver com toda a comunidade de vida. Devemos ser mais cooperativos que competitivos, ter mais cuidado que vontade de submeter e reconhecer e respeitar o valor intrínseco de cada ser.
O terceiro é viver a compaixão não só entre os humanos mas para com todos os seres, compaixão como forma de amor e cuidado. A partir de agora eles dependem de nós se vão continuar a viver ou se serão condenados a desaparecer. Precisamos deixar para trás o paradigma de dominação que reforça a extinção em massa e viver aquele do cuidado e do respeito que preserva e prolonga a vida. No meio do antropoceno, urge inaugurar a era ecozóica que coloca o ecológico no centro. Só assim há esperança de salvar nossa civilização e de permitir a continuidade de nosso planeta vivo.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

CRISE GLOBAL


Recessão mundial: o Brasil que se cuide

"Os dados mais favoráveis exibidos pela economia norte-americana facilitam a vida eleitoral de Obama mas não podem ser confundidos com o fim da crise mundial. Levantamentos da Comissão da UE, divulgados nesta 5ª feira, mostram que na Europa, ao contrário, a dinâmica recessiva predomina e já não se restringe à agonia de países pobres, casos da Grécia e Portugal, tendo se instalado também no coração das maiores potencias do euro, a exemplo da França, Itália e Espanha.
A previsão para este ano é de uma queda de 0,3% no PIB europeu. A maré recessiva, observa Nouriel Roubini, acossa ainda os costados da Ásia, dobrando a espinha dorsal de seu eixo ordenador, a China. O mercado imobiliário chinês está em desaquecimento. Os preços das casas começaram a cair. O investimento do país em infraestrutura perde fôlego. Grandes projetos, a exemplo dos trens de alta velocidade, estão sendo engavetados.
O lento dobrar-se chinês gera ondas que arrebanham o restante do bloco asiático: Singapura teve queda de atividade no último trimestre de 2011; Taiwan entrou em recessão no mesmo período; a economia da Coréia do Sul, segundo Roubini, exibe o ritmo mais lento dos últimos dois anos; o PIB do Japão caiu mais que o esperado em 2011. Diante de tanta fragilidade, os novos picos nos preços do petróleo - US$ 123,2 o barril, nesta 4ª feira - decorrentes da tensão entre Irã/Israel, no Oriente Médio, tendem a restringir o espaço para uma efetiva retomada do crescimento.
Graças à preservação da Petrobrás como instrumento do Estado brasileiro, o mercado nacional mantém-se, há anos, relativamente imune às turbulências originárias do Oriente Médio, blindagem reforçada pela regulação soberana das reservas do pré-sal. Há flancos, porém, e um deles remete a eventual desaceleração das exportações aos mercados asiáticos. Mas não só.
Cada vez mais, o gigantesco mercado interno brasileiro, um dos poucos em expansão no mundo torna-se o alvo cobiçado da ociosidade existente em parques fabris de todas as latitudes. Medidas protecionistas,associadas à maior rapidez no corte dos juros, para desvalorizar o câmbio e inibir as importações, ganham assim contornos de prioridade emergencial.
A demanda de massa, robustecida pelo ganho real do salário mínimo e das aposentadorias - a contrapelo da ladainha ortodoxa - deve ser preservada à produção nacional. Mas se as importações continuarem mais atraentes que o produto local esse trunfo se perderá: em 2011 o varejo brasileiro cresceu quase 7% enquanto a produção industrial avançou 0,3% . Em janeiro de 2012 veio o ajuste: o emprego com registro em carteira caiu 21,8% em relação ao mesmo período de 2011.
É a fatura da ortodoxia monetária só flexibilizada recentemente pelo BC. Se a política econômica se guiasse integralmente por ela não teríamos tampouco o colchão de investimentos públicos do PAC, do pré-sal e das obras associadas à Copa de 2014, com o qual o país afronta a contração mundial. Dados da Abimaq indicam que o investimento em bens de capital no governo Dilma passará de R$ 3 trilhões. Significa que o Brasil hoje está aplicando mais de 11% do PIB em grandes máquinas e equipamentos, constituindo-se no 3º maior investidor do mundo numa área estratégica que gera novas fábricas e obras.
O acerto da estratégia heterodoxa em tantas frentes argui a persistência da bola de chumbo monetária que ainda penaliza áreas essenciais, como a da saúde pública, por exemplo, vítima de corte de gastos para pagar juros aos rentistas do Estado brasileiro. O Brasil tem trunfos para enfrentar a recessão mundial mas, sobretudo, tem lições a aprender com a sua própria experiência. A ver."
(Fonte: Site Carta Maior)

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

REINADO DE MOMO


É tempo de carnaval. No Brasil, são cinco dias de festa, de alegria.


(Foto: Vanderlei Almeida / AFP)

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

O CARNAVAL NO CINEMA



É Carnaval e o cineclube da Casa de Cultura de Mateus Leme

exibe "Orfeu do Carnaval"


Em 1959, o Brasil ganhou projeção internacional por conta de um filme: "Orfeu do Carnaval" (Orphée Noir), de Marcel Camus, um filme francês falado em português que contava uma história brasileira e universal - uma adaptação do mito de Orfeu e Eurídice do teatro grego, vividos por Breno Mello e Marpessa Dawn.
É inquestionável o valor histórico desse filme. Com a Palma de Ouro de Cannes e o Oscar de filme estrangeiro, ele mostrou ao público internacional o Rio de Janeiro, seu povo, o Carnaval carioca, a música de Tom Jobim e Luiz Bonfá e a poesia de Vinícius de Moraes e Antônio Maria. O curta é "Braxília", de Danyelle Proença, um dos favoritos do público do 22º Festival Internacional de Curtas Metragens de São Paulo (2011).

Os filmes serão apresentados em DVD, com projeção digital em tela de 75 polegadas, neste sábado, dia 18 de fevereiro, às 17 horas, na Casa de Cultura Cássia Afonso de Almeida, na rua Meyer, número 105, na Vila Suzana (Reta), em Mateus Leme, MG.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

ATENAS QUEIMA


O protesto das ruas

Os manifestantes começaram a afluir na praça Syntagma no começo da tarde de domingo, dia 12 último. A capital grega viveu uma noite de guerrilha urbana provocada pela revolta contra os novos sacrifícios aprovados pelo parlamento obedecendo às imposições do BCE, FMI e UE. Nas ruas que circundam a praça Syntagma, grupos de manifestantes jogavam pedras contra as forças policiais. Além dos habituais coquetéis Molotov, os manifestantes usaram, pela primeira vez, pistolas lança-chamas e bombas incendiárias artesanais.

(Foto: Louisa Gouliamaki / AFP)

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

VERSOS SANGRADOS


Amor e sangue

Eugênio Magno


Sangrando sílabas

choro palavras

sorrindo frases

Amando

encanto

enquanto canto

versos quebrados


(Do livro IN GÊ NU(A) IDA DE - versos e prosa, 2005)

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

AS CIDADES PRECISAM SER SUSTENTÁVEIS


Um novo modelo de desenvolvimento é o que se busca


"As cidades, abrigando 85% da população brasileira e mais de 50% da global, são os locais mais apropriados para discutir e construir um novo paradigma para a sociedade alcançar o verdadeiro desenvolvimento sustentável e superar as crises atuais.
O Fórum Social Temático (FST), realizado na cidade de Porto Alegre, recebeu o seminário Cidades Sustentáveis e congregou um grupo seleto de palestrantes que se entregou à discussão do que é de fato a sustentabilidade." Para ler a matéria na íntegra, clique aqui.

sábado, 4 de fevereiro de 2012

BOMBRIL É VAI-VAI NO CARNAVAL



Bombril e suas “mulheres evoluídas” no Carnaval


"Patrocinadora do carnaval da escola de samba paulistana Vai-Vai, a Bombril lança uma campanha para homenagear as mulheres, em consonância com o enredo Mulheres que Brilham – A força feminina no progresso social e cultural do país.
Criado pela DPZ, o anúncio traz o garoto-propaganda Carlinhos Moreno acompanhado da atriz Marisa Orth, que assume o papel de sambista. A surpresa é que o próprio Moreno entra no clima e aparece vestido de passista.
O mote explica a intenção do filme, fazendo referência ao conceito institucional lançado no ano passado: Mulheres Evoluídas são assim: brilham no trabalho, brilham em casa e ainda sobra tempo pra brilhar na avenida. Marisa é uma das três mulheres evoluídas da campanha original, ao lado de Monica Iozzi e Dani Calabresa, e ajuda a marca em sua missão de rejuvenescimento, visando conversar com mulheres entre 20 e 30 anos.
A escolha do Carnaval como estratégia para a Bombril ocorre pelo terceiro ano. Esta iniciativa soma-se às diferentes formas criadas pela Bombril com o intuito de resgatar a essência e os valores femininos, estabelecendo uma nova relação de carinho e proximidade com as mulheres através de incentivos à cultura, projetos sociais e patrocínio esportivo, declara Marcos Scaldelai, diretor de marketing da Bombril."


(Fonte: Site Meio & Mensagem)

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

THE DESCENDANTS: A FAMÍLIA NA BERLINDA



Os Descendentes


"Alexander Payne parece ser um daqueles diretores de quem sempre podemos esperar algo muito bom. O cineasta americano de 50 anos tem apenas seis longas-metragens no currículo em 27 anos de carreira. Sem dúvida, Payne dá muito mais valor à qualidade do que à quantidade. Seus maiores sucessos são os excelentes Eleição (1999), As Confissões de Shmidt (2002), Sideways - Entre Umas e Outras (2004) e o seu mais novo projeto Os descendentes (2011). Grande parte da filmografia do diretor se caracteriza pela sua habilidade em contar histórias simples sobre pessoas comuns que se vêem obrigadas pelas circunstâncias a encarar um acontecimento que mudará as suas vidas. Uma das grandes qualidades do diretor é que ele sabe dosar como poucos a comédia e o drama, o trágico e o cômico. E por mais que seus filmes sejam, por vezes, extremamente tristes, eles são também reconfortantes e otimistas. Payne que, além de dirigir, se incumbe dos roteiros de seus filmes, é um cineasta que veicula uma visão bastante afetiva do ser humano e a sensibilidade com a qual ele constrói cada personagem é uma prova disso." Para ler a crítica completa, excrita por Leonardo Alexander, em seu blog Clube do Filme, clique aqui.