domingo, 28 de abril de 2013

O CINEMA E A TEOLOGIA NEGRA


A cruz e a árvore do linchamento

Rosino Gibellini*
Tradução: Moisés Sbardelotto


O cinema está propondo  – com dimensão internacional – o tema da escravidão praticada em particular nos Estados do sul dos Estados Unidos antes da Guerra Civil (1860-1865) com dois filmes.
O duro filme de Tarantino, Django Livre, que, através da ficção de um célebre escravo, ao qual são removidas as correntes, permite uma revisitação dos campos de trabalho de algodão e tabaco, e das fazendas, onde os escravos trabalhavam, submetidos também a práticas de extrema e perversa desumanidade, reconstruídas no filme com realismo.
Continua sendo um documento contra o racismo cruel da América branca. Um historiador escreveu: "Um reino de terror prevalecia em muitas partes do Sul" (cf. alguns livros que retornaram à atualidade historiográfica, do dossiê sobre a Teologia Negra, Giornale de Teologia, 109, 1978).
O douto filme de Spielberg – quase um contraponto ao filme de Tarantino –, de seco título Lincoln, reconstrói todo o processo, até mesmo tortuoso, para chegar, no fim da Guerra Civil, à aprovação da famosa 13ª Emenda à Constituição norte-americana, que abole a escravidão (1865) em todos os Estados Unidos, incluindo os 13 Estados norte-americanos secessionistas do Sul (Alabama, Arkansas, Carolina do Norte, Carolina do Sul, Flórida, Geórgia, Louisiana, Mississippi, Tennessee, Texas, Virgínia).
O filme termina com o som dos sinos, pela dupla vitória anunciada – fim da guerra (600 mil mortos) e abolição da escravidão –, mas também com a morte do presidente Lincoln, três dias depois da vitória.
Certamente, outros cadáveres seguirão no tempo – em conexão com a causa dos negros –, Martin Luther King, Malcolm X, o presidente Kennedy.
A luta pela dignidade dos negros nos EUA da arrogante supremacia dos brancos também é um capítulo da teologia do século XX – a Black Theology – que eu ilustrei em um capítulo escrito na biblioteca especializada em Black Studies, do International Theological Center, de Atlanta (Geórgia), para a Teologia do Século XX (1992, 2007, 6, 411-445).
A teologia negra está agora comprometida, culturalmente, com o estudo das slave narratives, os relatos do tempo da escravidão, que contêm uma teologia, em que a fé em Deus e em Cristo é expressada pela comunidade negra com a linguagem ancestral da cosmovisão africana.
Entre os textos recentes da black theology deve-se incluir o livro de James Cone, dedicado a uma sofrida comparação, A Cruz e a Árvore do Linchamento (New York, 2011).
O linchamento era uma forma de bárbaro suplício para os escravos, que, por punição (fora de qualquer regulamentação de lei), eram mortos enforcados em uma árvore, para o escárnio dos brancos. Os historiadores da escravidão enumeram em alguns milhares os casos de prática do linchamento de negros.
Agora, James Cone, o principal representante da teologia negra, autor de Uma Teologia Negra da Libertação (1970) e de O Deus dos Oprimidos (Queriniana, 1978), desenvolve no seu novo livro a história do linchamento, com ampla documentação histórica, acompanhada de uma intensa reflexão teológica.

* Teólogo, doutor em teologia pela Universidade Gregoriana de Roma e em filosofia pela Universidade Católica de Milão.

(Fonte: Site do Instituto Humanitas Unisinos)

quinta-feira, 25 de abril de 2013

SEMANA DE AÇÃO GLOBAL PELA EDUCAÇÃO


Más y mejores docentes para todos


Pablo Gentili

1.700.000 nuevos docentes serían necesarios para atender a los 61.000.000 de niños y niñas que no reciben educación primaria en todo el mundo. Aunque la falta de maestros se concentra fundamentalmente en el continente africano, donde el déficit es de más de 1.000.000 de docentes, el problema también se extiende a las naciones más ricas y opulentas del planeta.
La situación se torna mucho más grave cuando se observa que los maestros y maestras en ejercicio, tanto en el Norte como en el Sur, ven deteriorarse sus condiciones de trabajo, mientras sus perspectivas de estabilidad en los cargos se vuelven inciertas y su reconocimiento social se desvanecerse bajo una lluvia de acusaciones que, sin demasiadas pruebas, les imputan la responsabilidad plena sobre todos los males que se ciernen en el futuro de nuestras naciones.
Casi todas los países del mundo están de una forma u otra en crisis, sea por dirigirse de manera certera al abismo económico y social o, contrariamente, por estar en una expansiva onda de crecimiento. Aquí y allá, cuando se pretende explicar por qué una nación está en problemas, la causa fundacional suele atribuírsele a la educación y, dentro de ella, a los docentes, quienes, por su falta de visión estratégica, de formación académica, por su alta politización o, simplemente, por su defensa de los derechos laborales que deberían protegerlos, son incriminados como uno de los factores más estructurales de las crisis existentes. Nada de lo que hace un maestro parecería merecer reconocimiento público. Una simple revisión de las noticias de educación que aparecen en cualquier periódico del mundo podría comprobarlo. El ataque a los maestros se realiza hoy con munición pesada, desmoralizando a los que ejercen la docencia y, naturalmente, desalentando a los que podrían animarse a ejercerla.
Estamos, pues, en problemas. Faltan maestros y maestras en todo el mundo. Y los que tenemos no parecen estar a la altura de los desafíos con que nos interpela el futuro.
Estos son algunos de los asuntos abordados en las numerosas actividades que componen la Semana de Acción Global “Todo niño y niña necesita un maestro", promovida por la Campaña Mundial por la Educación (CME)y replicada en los diversos continentes por diversas organizaciones de defensa de la escuela pública.
Para ler o texto na íntegra, clique aqui.

segunda-feira, 22 de abril de 2013

AMÉRICA LATINA LIVRE E DEMOCRÁTICA

A ‘escalada democrática’


Episódios recentes na vida política da América Latina indicam que estamos diante de uma ‘escalada democrática’ . Em junho de 2012, numa sexta-feira, deu-se o golpe democrático’ contra Fernando Lugo, presidente eleito do Paraguai. Processado e derrubado pelo Congresso em 33 horas, seu afastamento consolidou-se na eleição deste domingo, que devolveu o poder à direita paraguaia. Três anos antes, a modalidade já havia sido testada em Honduras.
O Presidente Manuel Zelaya foi ‘impedido legalmente' em 29 de junho de 2009. Seis meses depois, uma nova eleição dava sua vaga ao conservador Porfírio Lobo, derrotado por Zelaya em 2005. Enfim, se você perde nas urnas o jeito é afastar quem ganha para liberar o caminho.
Isso lembra alguma coisa chamado 'mensalão'? Deflagrado em 2005 com o objetivo de levar Lula ao impeachment e impedir sua reeleição no ano seguinte, a AP 470 mantém sua 'funcionalidade eleitoral' e é assim que entra em fase decisiva de recursos esta semana (leia o editorial de Carta Maior: "Mais 250 dias ou Fux vai matar no peito?").
A contrapelo do cerco conservador, Lula foi reeleito em 2006 e repeliu o golpe contra Zelaya, em 2009. A embaixada brasileira em Honduras concedeu asilo ao presidente deposto.
O conjunto foi duramente criticado pelo dispositivo midiático. No caso de Lugo, as emissões conservadoras se alvoroçaram de maneira ainda mais ostensiva. A frente pró-golpe manifestar-se-ia, primeiro, no Congresso brasileiro.Expoentes tucanos e emissários do agronegócio brasileiro, que anexou extensões escandalosas de terras do país vizinho, em prejuízo dos camponeses locais, desfraldariam o lobby. Queriam o ‘reconhecimento imediato do novo governo amigável’ por parte da Presidenta Dilma. Rechaçados, entrou em campo a cavalaria midiática.
A Folha disparou um editorial sugestivamente intitulado ‘Paraguai soberano’(26-06). Curioso que não tenha produzido título equivalente no caso recente da Venezuela.
O texto esbravejava antecipadamente contra a reunião do Mercosul que ocorreria em Mendoza, três dias depois, para examinar a crise. O jornal da família Frias recomendava , quer dizer, ordenava: ‘o melhor que o Itamaraty tem a fazer é calar-se e respeitar a soberania do vizinho’.
Como os presidentes do Brasil, Argentina e Uruguai não se pautaram pelos editoriais e, ademais de suspender o Paraguai golpista, incorporaram a Venezuela ao bloco, as cepas e esporões direitistas passaram a reproduzir-se com furor lacerdista no noticiário. A política externa brasileira foi reduzida à posição de linha auxiliar do chavismo e do kichnerismo.
No caso recente da eleição venezuelana, o diapasão conservador arremeteu direto contra as urnas A margem estreita que marcou a vitória de Nicolas Maduro contra o direitista Enrique Capriles foi a senha para a contestação do processo democrático.
A ordem unida veio dos EUA: não legitimar Maduro enquanto uma recontagem não ‘esclarecesse melhor o quadro’. Para continuar lendo a matéria de Saul Leblon, clique aqui.

quinta-feira, 18 de abril de 2013

SÓ FILMES BRASILEIROS


Cineclube da Casa de Cultura de Mateus Leme
divulga programação do mês de abril 
Em dezembro do ano passado, 60 filmes brasileiros aguardavam uma vaga para estrear nas salas de cinema do país. Mas 80% delas estavam ocupadas por filmes estrangeiros, sendo 60% por apenas três, “O Hobbit”, uma parte da saga “Crepúsculo” e o último James Bond. Em consequência, a fatia de público para o filme nacional caiu de 13,5% para 9,2% em 2012 e filmes como o novo “A Hora e a Vez de Augusto Matraga”, baseado em Guimarães Rosa, pronto desde setembro de 2011, até hoje não foi lançado nos cinemas.
O Brasil tem 2.528 cinemas em 500 municípios. E 1.620 pontos de cinema, como cineclubes, CEUs e Sescs, em 850 municípios. Nesses espaços, o cinema brasileiro é a base da programação, fornecida por uma distribuidora do Ministério da Cultura, a Programadora Brasil. Aí, muitos filmes têm um desempenho igual ao dos cinemas. Um exemplo é o documentário “Um Chamado de Deus”, de 2001: nos cinemas, ele só conseguiu fazer 4.535 espectadores; nos pontos de exibição, ele foi visto por mais 3.341 espectadores.
Por causa disso, o cineclube da Casa de Cultura Cássia Afonso de Almeida, de Mateus Leme, decidiu que, a partir deste ano, só vai exibir filmes brasileiros. A programação começou no último final de semana com o filme “Uma Vida em Segredo”, de Suzana Amaral, baseado em livro do escritor mineiro Autran Dourado, sobre a incapacidade de adaptação de uma jovem do interior ao meio social de uma cidade.
Dias 20 e 21, também às 17 horas, passam o longa-metragem “São Paulo SA”, de Luiz Sérgio Person, com Walmor Chagas, Darlene Glória, Eva Wilma e Otelo Zeloni, e o curta-metragem “O Cinegrafista de Rondon”, de Jurandyr Noronha. Produzido em 1965, “São Paulo SA” faz um contraponto vigoroso com o nascente Cinema Novo, em especial com os rurais “Deus e o Diabo na Terra do Sol”, “Vidas Secas” e “Os Fuzis”. Filme urbano, aborda a crise existencial de um jovem trabalhador que é recrutado pela indústria automobilística e se perde entre as exigências de uma vida massacrante e sem sentido. O filme curto registra a vida e o trabalho de Luiz Thomaz Reis, cinegrafista que acompanhou as expedições de Rondon pelo interior do Brasil a partir de 1915.
Nos dias 27 e 28, no mesmo horário, serão exibidos o documentário “Edifício Master”, de Eduardo Coutinho, e o curta-metragem “José Medina”, de Julio Heilbron. A matéria de “Edifício Master” são as vidas de 37 moradores do edifício Master, situado numa das esquinas do bairro de Copacabana, no Rio de Janeiro. Como é do seu estilo, Coutinho não “mente” para seus personagens e seus espectadores: os primeiros sabem que estão sendo filmados e se autoconstroem diante da câmera. O resultado é um concentrado de substância humana raramente visto no cinema brasileiro. O curta aborda aspectos da obra cinematográfica de José Medina, um dos pioneiros do cinema mudo no Brasil.
Os filmes são apresentados com projeção e som digital em tela de 75 polegadas. A sala tem 30 lugares. Os ingressos são distribuídos com 30 minutos de antecedência.
O Cineclube da Casa de Cultura Cássia Afonso de Almeida, um projeto do Instituto Humberto Mauro, é dirigido pelo cineasta e jornalista, Victor de Almeida. A Casa de Cultura  fica na rua Meyer, 105. Vila Suzana (Reta), em Mateus Leme, M.G. Maiores informações no site www.casadecassia.blogspot.com, ou pelos telefones(31)3535-1721 e 9247-6574.

domingo, 14 de abril de 2013

. . . À PRIMEIRA VISTA


Num clic

Eugênio Magno


Ela passou à minha frente:

largas ancas revestidas de setim

Sorriso de aeromoça cheiro matreiro

e olhos de querubim

A cor do seu passo

me envermelhou a face

Fogo pegou dentro de mim

(Do livro IN GÊ NU(A) IDA DE - versos e prosa, 2005)

REFORMA POLÍTICA NÃO ANDA


Falta de acordo entre partidos impede
votações da reforma política


Por falta de acordo entre os partidos, o Plenário da Câmara Federal não votou a Proposta de Emenda à Constituição 3/99, que prevê a coincidência dos mandatos e das eleições gerais e municipais. Por decisão dos líderes partidários, esse foi o único ponto incluído na pauta de (PT-RS).
A proposta de Fontana é mais ampla: além da coincidência das eleições, trata do financiamento público exclusivo de campanhas (PL 1538/07); do fim das coligações para eleições proporcionais (PEC 10/95); da instituição de uma lista flexível de candidatos; e da simplificação do processo de apresentação dos projetos de iniciativa popular.
(Fonte: Agência Câmara)

quarta-feira, 10 de abril de 2013

ÍNDIOS FAZEM OCUPAÇÃO NA BAHIA


Tupinambá ocupam hotel-fazenda
e denunciam crimes ambientais

Um grupo composto por cerca de 70 índios Tupinambá de Olivença ocuparam o Hotel Fazenda da Lagoa, no município de Una, localizado na rodovia BA-001, altura do km 18. O hotel possui como um dos sócios o ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga.
Segundo as lideranças, a ocupação se deve ao fato do hotel ser alvo de denúncia dos indígenas de crime ambiental. Segundo o cacique Valdenilson existe um interdito do Ibama a ampliação do empreendimento. “Fizemos esta ação para barrar a destruição que eles vêm fazendo dentro do nosso território, matando o nosso manguezal”, disse o cacique Val.
Outros motivos explicitados pelo cacique são da necessidade de sensibilizar as autoridades para a celeridade do processo de regularização do território Tupinambá de Olivença: a demora tem feito com que muitos atos de violência e discriminação ocorram contra a comunidade Tupinambá, relata o cacique.
As lideranças desmentiram a informação de que ocorreu cárcere privado e depredação do local. A Polícia Federal se dirigiu ao local acompanhada por representantes da Funai de Ilhéus e o chefe de posto do CLT/Ilhéus, Nicolas Melgaço.
Valdenilson informou ainda que outros caciques e lideranças Tupinambá se dirigem ao local para oferecer apoio. Toda a repercussão causada, inclusive com inserção imediata no programa Fantástico, da Rede Globo, pela ação se deve ao fato do hotel ter como um dos sócios o ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga.
A área está em processo de demarcação territorial. No entanto, o procedimento é barrado pela existência de dezenas de resorts localizados entre a rodovia e o mar, cujas praias serviram de cenário para um dos maiores massacres praticados pela colonização, quando nove quilômetros de corpos indígenas foram deixados pelos homens de Mem de Sá, em 1567.
(Fonte: Equipe do CIMI de Itabuna Extremo Sul)

domingo, 7 de abril de 2013

AS MINAS TERRESTRES CONTINUAM A FAZER VÍTIMAS


Em El-Fasher, no Darfur, no Sudão, um rapaz chamado Harum Ali, 17 anos, originário de Mellit, no Darfur do Norte, se recupera da explosão de um pedaço de artilharia com que brincava. A explosão, que ocorreu no dia 26 de janeiro, feriu Harum nas pernas e nos braços e matou seus dois irmãos menores. Este tipo de artefato, que ainda não explodiu e, portanto, ainda pode detonar, são muito numerosos há decadas. O dia 4 de abril é quando se celebra a Jornada Internacional da luta contra as minas.
A foto foi difundida pela Missões da ONU e da União Africana no Darfur - UNAMID.


(Foto: Albert Gonzalez Farran, EPA/Unamid/Ha)




quinta-feira, 4 de abril de 2013

O SUCESSO DOS CELULARES


Acesso a celular supera audiência de TV


Um cruzamento de diferentes pesquisas realizado pela agência We Are Social aponta que hoje há mais gente conectada a celulares do que telespectadores. Cerca de 4,4 bilhões de pessoas pagam por serviços de operadoras de telefonia móvel, enquanto se estima que existam 4,2 bilhões de pessoas com acesso a televisores.
O estudo se utilizou dos números divulgados em fevereiro pelo Mobility Report da Ericsson e projeções da International Telecommunication Union, da ONU, para posse e penetração de TV em 2012. “É uma grande mudança”, diz Simon Kemp, diretor executivo da We Are Social em Cingapura, em artigo para o blog inglês The Wall, do Brand Republic Group. “Além do que a adesão global ao celular está crescendo num ritmo de 140 milhões de novos pagantes por trimestre.”
Para Kemp, esses dados são mais um indicativo de que os investimentos em mídia não seguem as tendências em telecomunicação. Citando dados da World Advertising Research Center para a Ásia e o Pacífico, 39% das marcas na região consideram dispositivos móveis uma plataforma de marketing muito importante, enquanto só 29% dessas empresas têm, de fato, estratégias de mídia para esse setor.
“O Google já apontou que mais pessoas hoje possuem um celular que uma escova de dentes; enquanto a ONU acabou de revelar que mais pessoas tem acesso a esses dispositivos do que a saneamento básico”, descreve Kemp. Ainda que a maioria dos celulares sejam simples, sem conexão com internet, o executivo registra que a taxa de crescimento de adesão a smartphones aumenta em cerca de 30% por trimestre, segundo dados da Ericsson. Na América Latina em especial, a taxa de penetração de celulares – entre todos os tipos de dispositivos – é de 112% no mesmo período.
(Fonte: Meio & Mensagem online)

POR UM MUNDO MELHOR (?)


Afinal, quais são as necessidades do público mesmo?

Philippe Bertrand
Publicitário


Lembro do meu primeiro conflito pessoal com a propaganda na primeira semana de aula da faculdade, quando um lendário professor ensinava que 'não criamos necessidades'. O conceito é que o 'mkt e a propaganda identificam necessidades para que produtos/serviços atendam a elas, melhorando a vida das pessoas'. Vindo de uma família de classe média trabalhadora que gastava toda sua grana com escola particular, tive uma formação não-consumista. Simplesmente porque não existia o dinheiro para ser consumista. Consumir pra mim não era uma necessidade, nem possibilidade. A mim, parecia estranho e extremamente excludente associar um jeans a necessidades existenciais de status, superioridade, identidade. Estaríamos afinal, atendendo a essas necessidades vendendo às pessoas um jeans? E os 87% da população que não podem ter esse jeans (na época as classes CDE), fica simplesmente excluído dessa promessa social de identidade? Não temos responsabilidade sobre isso? O professor, assumidamente publicitário e Marxista, teve que dar o debate por encerrado dizendo que estava trabalhando para que o sistema capitalista sucumbisse, como disse Marx. Ninguém mais me aguentava falar então deixei o assunto passar e passei a também trabalhar para o sistema, tentando “identificar e atender necessidades, pra melhorar a vida das pessoas” - como dizia a teoria.
De repente, passam 16 anos. Como previu o professor, o sistema econômico (ao menos do 1o mundo) sucumbiu graças à especulação desenfreada de ganhar sempre mais. O Brasil se salvou da crise graças à ascensão econômica de quase metade da população que finalmente passou a ser valorizada nas pesquisas de marketing. Passamos grande parte da vida congestionados sob o conforto de carros bacanas, ou não. Aliás, a desigualdade e exclusão social faz das ruas de SP um ambiente potencialmente inóspito e inseguro. O mundo sofre com a indigestão de nossos dejetos de plástico, petróleo, computadores e celulares que viram lixo tóxico tão rapidamente. A individualidade parece ser um conceito muito triste, e novas gerações nos ensinam sobre sharing e colaboração. Redes de pessoas em todo o mundo reinventam a cultura, economia.. Inventam softwares, hardwares e universidades livres e abertas na Internet. E é aí que me pergunto.

Quais são as necessidades desse novo mundo?
E afinal, como elas deveriam ser atendidas?

Prefiro deixar a resposta pra quem ler as perguntas. Tenho certeza que surgirão melhores ideias que as minhas. Cada vez mais vemos propostas de posicionamento com conceitos “por um mundo melhor”. Cada vez mais marcas adotam ações em pról do coletivo (seja promovendo a locomoção por bicicleta, seja inspirando a tolerância e o sorriso, seja promovendo a doação de livros). Cannes, por sua vez, tem celebrado cada vez mais propostas que oferecem uma 'solução social' inovadora para as pessoas.
(Fonte; Meio & Mensagem online)

segunda-feira, 1 de abril de 2013

A LUTA CONTINUA...

 
Gramsci e as lutas políticas
 

“Gramsci coloca que se a hegemonia é um dos elementos-chave para a luta política, para a de classes, ou seja, a classe que quer se tornar dirigente precisa alcançar hegemonia. Então, ela tem diferentes batalhas a serem travadas que não se limitam à esfera econômica, mas que se ampliam para a esfera política. Nesse sentido, existe uma batalha cultural a ser travada”, afirma Cristina Bezerra, professora da Universidade Federal de Juiz de Fora e especialista na obra do revolucionário italiano Antonio Gramsci (1891-1937). Para ler na íntegra a entrevista da especialista na obra do revolucionário italiano a Pedro Carrano, clique aqui.