domingo, 26 de abril de 2015

PAULO FREIRE, PATRONO DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA

 

Carta aberta: educadores brasileiros
se opõem aos ataques contra Paulo Freire

Ana Maria Saul

O Programa de Pós-Graduação em Educação: Currículo da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, no qual Paulo Freire atuou como docente, pelo período de 17 anos, desde sua volta do exílio a que foi forçado, tem discutido, com indignação, os fatos que ocorreram nos meses de março e abril, no Brasil, que visavam a atacar e deturpar a obra desse educador, Patrono da Educação Brasileira.
Os educadores desse Programa repudiam as manifestações ideológicas que se insurgiram contra Freire e que evidenciam que sua presença incomoda. Suas ideias foram consideradas “perigosas”, no Brasil, durante a ditadura militar, porque desafiavam o autoritarismo. Hoje elas continuam a incomodar e fustigar grupos que, equivocada e deliberadamente, buscam impor e legitimar propostas autoritárias e conservadoras. 
Freire é reconhecido em muitos países do mundo por ser autor de uma pedagogia que tem compromisso com a humanização, e que se opõe a todo tipo de opressão, comprometendo-se com a construção de uma sociedade mais justa e mais democrática.
Por defender uma pedagogia que afirma a não neutralidade da educação, denuncia a cumplicidade do sistema educativo com a desigualdade socioeconômica e política e anuncia compromissos com a dialogicidade, a solidariedade e a justiça social, Paulo Freire será sempre questionado por aqueles que se opõem a essa opção político-educativa.
Para Freire, o ensino-aprendizado se faz com diálogo crítico entre educadores e educandos, mediados por objetos de conhecimento, com os objetivos de ampliar a consciência sobre as razões da opressão que limita o potencial de “ser mais” dos seres humanos e desencadear processos de mobilização que permitam a superação desses limites. Ao propor o diálogo, como conceito fundante e radical de sua pedagogia, ele rejeita qualquer possibilidade de doutrinação por meio da educação. Sua pedagogia demonstra o valor de educadores e educandos desenvolverem um pensamento autônomo que lhes permita uma leitura cada vez mais crítica da realidade.
Freire continua sendo, hoje, uma alternativa ao fatalismo e ao dogmatismo. Sua filosofia advoga a não passividade diante das injustiças e da opressão e assume que a realidade pode ser transformada.
Diante do exposto entendemos que é hora de organizar, novamente, a resistência, em busca da garantia de uma educação democrática, com qualidade social. Isso implica  lutar pelo acesso e permanência de crianças, jovens e adultos em  escolas dignas e bem equipadas; respeitar o saber e a cultura dos educandos, como ponto de partida da prática educativa;  produzir conhecimentos com rigorosidade metódica, jamais separando o ensino dos conteúdos do desvelamento  da realidade;  garantir a formação permanente dos educadores  e a estrutura da carreira docente e opor-se aos processos que causam desigualdades e opressão, trabalhando com práticas solidárias e humanizadoras.
Enfim, urge retomar a proposta de escola defendida por Freire, uma escola séria, competente, justa e curiosa, onde os educandos tenham condições de aprender e de criar, com alegria e sejam estimulados a se arriscar para crescer. Uma escola na qual se pratique uma pedagogia da pergunta, garantindo a todos o direito de voz e a participação das famílias na educação de seus filhos.
Professores do Programa de Pós-Graduação em Educação:Currículo da PUC-SP.
Apoie e divulgue essa carta, expressando sua indignação com os ataques a Paulo Freire e a necessidade de valorizar a pedagogia desse importante educador brasileiro.
CARTA DIRIGIDA AO MINISTRO DA EDUCAÇÃO / PRESIDENTE DO CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO.
(Fonte: Boletim do Projeto "Pensar a Educação, Pensar o Brasil")

domingo, 19 de abril de 2015

HOJE É DIA DO ÍNDIO



Todo dia era Dia de Índio

Composição: 
Jorge Ben Jor

Curumim,chama Cunhatã
Que eu vou contar

Curumim,chama Cunhatã
Que eu vou contar

Todo dia era dia de índio
Todo dia era dia de índio

Curumim,Cunhatã
Cunhatã,Curumim

Antes que o homem aqui chegasse
Às Terras Brasileiras
Eram habitadas e amadas
Por mais de 3 milhões de índios
Proprietários felizes
Da Terra Brasilis

Pois todo dia era dia de índio
Todo dia era dia de índio

Mas agora eles só tem
O dia 19 de Abril

Mas agora eles só tem
O dia 19 de Abril

Amantes da natureza
Eles são incapazes
Com certeza
De maltratar uma fêmea
Ou de poluir o rio e o mar

Preservando o equilíbrio ecológico
Da terra,fauna e flora

Pois em sua glória,o índio
É o exemplo puro e perfeito
Próximo da harmonia
Da fraternidade e da alegria

Da alegria de viver!
Da alegria de viver!

E no entanto,hoje
O seu canto triste
É o lamento de uma raça que já foi muito feliz
Pois antigamente

Todo dia era dia de índio
Todo dia era dia de índio

Curumim,Cunhatã
Cunhatã,Curumim

Terêrê,oh yeah!
Terêreê,oh!

Para ver o clipe da música TODO DIA ERA DIA DE ÍNDIO, com Baby Consuelo (Baby do Brasil), acompanhada por Jorge Ben Jor na guitarra, clique aqui.


quarta-feira, 15 de abril de 2015

NOVOS HORÁRIOS DE FILMES NA CASA DE CULTURA DE MATEUS LEME


Cineclube em novo horário

O cineclube da Casa de Cultura está funcionando, neste mês de abril, com sessões que começam às 19 horas dos sábados, e não mais às 17 horas, como antes. A programação dos próximos finais de semana são as seguintes:
Dia 18:  Coincidindo com a presença do músico Tavinho Moura na Casa de Cultura, onde inaugurará uma exposição de fotos e participará de uma roda de leitura, o cineclube apresentará o média-metragem “Castelar e Nelson Dantas no País dos Generais” (2007), de Carlos Alberto Prates Correia, com Tavinho Moura e, em imagens de arquivo, os cineastas Schubert Magalhães, Joaquim Pedro de Andrade, Alberto Graça, Humberto Mauro, Andrea Tonnacci e o próprio Carlos, realizador de “Cabaré Mineiro” e “Noites do Sertão”. O filme trata dos filmes feitos em Minas durante os anos da ditadura como se fosse um musical coreografado pela câmera e iluminado por imagens cinematográficas do passado. Premiado como melhor filme em Gramado.
Dia 25: “Sanã” (2013), de Marcos Pimentel, e “Estômago” (2007), de Marcos Jorge, com João Miguel e Paulo Miklos. O curta foca num menino e suas buscas na imensidão da paisagem no interior do Maranhão. O longa é uma fábula sobre poder, sexo e comida, vivida por um migrante nordestino que descobre que tem mão boa para a cozinha, praticada num boteco, num restaurante chique e numa prisão, onde ele aprende que quem não devora, é devorado.
Entrada franca. Sala de exibição com projeção e som digital e tela de 75 polegadas. Com 23 lugares, os ingressos são distribuídos 30 minutos antes da sessão.
O Cineclube da Casa de Cássia, fica na rua Meyer, 105. Vila Suzana (Reta). 35670-000 – Mateus Leme, M.G. Maiores informações no site www.casadecassia.com/ ou pelos telefones: (31)3535-1721, 9247-6574 e 9786-4465.

O SI, NO SER




Unidade


Eugênio Magno


eu

                    sou vários

Eu

                 sou 1 no

                                            [{Todo}]


(Do livro IN GÊ NU(A) IDA DE - Versos e prosa, 2005)

O PENSAMENTO LATINO-AMERICANO ESTÁ MAIS POBRE


Morreu Eduardo Galeano


"O escritor e jornalista uruguaio, Eduardo Germán Hughes Galeano, autor de livros emblemáticos como As veias abertas da América Latina, Memória do Fogo, e O Livro dos Abraços, faleceu na última segunda-feira, 13 de abril, em Montevidéu, aos 74 anos. O juri que lhe entregou o doutorado honoris causa da Universidade de Havana, em 2001, o definiu como um recuperador da memória real e coletiva sul-americana e um cronista do seu tempo.
Sua visão foi refletida em sua narrativa de uma América Latina unida e da busca de um mundo onde não imperasse os valores do capital." Para ler, na íntegra, matéria sobre a morte de Gaelano, clique aqui.

quinta-feira, 9 de abril de 2015

A INFLUÊNCIA DA PUBLICIDADE NO JORNALISMO


No jornalismo, mentira não tem vez

Peter OborneCrédito: Christ's College Cambridge/Divulgação

"O que não se pode na regra do bom jornalismo é mentir. Londres foi abalada pelas declarações do ex-colunista político Peter Oborne, que deixou o The Daily Telegraph em janeiro. Oborne alega ter pedido contas por interferência direta da direção do jornal britâncio para proteger o HSBC. A direção orientou a redação a 'pegar leve' nas reportagens sobre o banco, apesar das denúncias de contas secretas na Suíça e na Ilha Jersey - notícia em toda a mídia internacional. O HSBC, vale dizer, é um dos maiores anunciantes do Telegraph". Para ler, na íntegra, o aretigo de Eduardo Tessler, sobre o assunto, clique aqui.

sábado, 4 de abril de 2015

O SAL DA TERRA


A epifania da criação



Vou indicar aqui no blog, um filme que está em cartaz e que é co-dirigido e co-produzido por um dos cineastas vivos que eu mais admiro, o alemão, Wim Wenders um dos ícones do Novo Cinema alemão, ao lado de Werner Herzog e Fassbinder. Wenders realizou vários clássicos do cinema como “Paris, Texas”, “O amigo americano”, “Estrela Solitária”, “Asas do desejo”, “Tão longe, tão perto” e tantos mais, entre documentários, ficções e filmes minimalistas, sempre deixando sua marca de gênio criativo e pensador atento aos movimentos da vida. Seus filmes são belos e profundos e, ao mesmo tempo leves, uma vez que não carregam nenhum tipo de afetação típica de várias produções de cineastas ególatras.
Se o cineasta é Wim Wenders e o filme, eu disse que está em cartaz, fica fácil saber que eu estou falando de “O Sal da terra”, uma produção de 2014, que recebeu um Prêmio Especial na mostra Un Certain Regard em Cannes 2014 e foi o filme de abertura do Festival do Rio do ano passado e é o filme brasileiro indicado ao Oscar de 2015, como melhor documentário.
O filme é um retrato, ou melhor, são retratos da obra e da vida desse grande fotógrafo brasileiro, conhecido em todo o mundo, Sebastião Salgado, nascido em Aimoré, Minas Gerais, que lutou pelas liberdades democráticas no Brasil, nos anos de chumbo e acabou tendo que abandonar o país com sua esposa Lélia, com quem fixou residência na França e de lá viajou para várias partes do mundo, como economista, a serviço do Banco Mundial. Sua esposa, que era artista, passou a se interessar por arquitetura e para tanto comprou uma máquina fotográfica da qual Sebastião se apropriou, tomou gosto e resolveu abandonar o emprego tecnocrata-burguês, no Banco Mundial, para se aventurar na fotografia. O filme revela que no início da carreira como fotógrafo, Salgado fez fotos esportivas, propaganda, moda, casamento e até mesmo nus, para conhecer o ofício e sobreviver. Mas foi somente com o início dos projetos de correr o mundo para retratar o social que ele encontrou definitivamente o seu caminho e se celebrizou no mundo da fotografia. No documentário, contemplamos na telona, as imagens que Salgado eternizou com sua câmera fotográfica e que, os que visitaram sua exposição que tem percorrido várias galerias, teve oportunidade de ver. Tudo o que se viu nessa sua exposição está no filme: Comunidades e tribos latino-americanas, indígenas da Nova Guiné, Campos de Refugiados na Etiópia, África, Amazônia, Garimpo de Serra Pelada... E as belezas naturais retratadas em seu último projeto “Gêneses”, que revela a exuberância da criação: pássaros, animais terrestres e marinhos, e os santuários sagrados de água pura e mata virgem. Soberbos personagens desse projeto que tem ingredientes de catarse, ou obra testamentária, do fotógrafo que parece ter acalmado o seu espírito atormentado pelas imagens da degradação humana e do planeta, com este último trabalho, cujo nome “Gênesis” homenageia a epifania da criação.
 O filme foi conduzido com maestria por Wim Wenders e pelo seu co-diretor, o estreante Juliano Ribeiro Salgado, filho de Sebastião.
Senti falta das fotografias de mendigos brasileiros, feitas por Salgado e tão criticadas por moradores de rua e agentes de pastorais sociais de São Paulo, no filme “À margem da imagem”, do diretor brasileiro Evaldo Mocarzel. Outra ausência sentida em “O Sal da Terra”, foi a das fotos tiradas por Sebastião no atentado sofrido pelo presidente norte-americano, Ronald Reagan, em 1981. Mas, essa história do Reagan, segundo Juliano “é muito factual, e qualquer pessoa poderia ter tirado essa foto”.
E, por falar em Juliano, ele também revela em entrevista, que tem dificuldades de relacionamento com o pai. Parte dessas dificuldades, ao assistir o filme, inferimos que tenha sido fruto das grandes ausências de Sebastião Salgado. Outros motivos só a família Salgado poderá nos revelar. Tem mais curiosidades no filme: mais uma revelação do jovem Juliano Salgado - que diz ter tido dificuldades também com Wim Wenders, ao dirigirem o filme a 4 mãos. Como espectadores, no entanto, não vemos isso traduzido no filme. E, se houve tensão entre os co-diretores, ela só colaborou, no sentido de que encontrassem as melhores soluções. Assim como a dificuldade de Juliano com o seu pai, Sebastião, ao meu ver, só ajudou os realizadores a buscar compreender, de forma menos passional, o ofício e a alma desse homem e artista, chamado Sebastião Salgado. 
Fica aí então a dica do longa-metragem documental, de 110 minutos, realizado em 2014, uma co-produção França-Brasil sobre o fotógrafo brasileiro, Sebastião Salgado, dirigido por Wim Wenders e Juliano Ribeiro Salgado. Não deixe de ver “O Sal da Terra”, em cartaz nos cinemas do país.


Juliano Ribeiro Salgado, Sebastião Salgado e Wim Wenders

UM NOVO MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO (???)


Educação Brasileira: os desafios do novo Ministro

A escolha do prof. Renato Janine Ribeiro para comandar o Ministério da Educação foi uma grata surpresa que ultrapassa em muito o campo educacional. Observador arguto da realidade brasileira, teórico refinado e de reconhecida erudição, Renato Janine transfere ao ministério Dilma certa aura de idoneidade e permite pensar que a época da balcanização da educação pode ter sido superada neste governo.
Indicado, certamente o novo Ministro já começou a mapear os seus grandes desafios na pasta. E estes, como sabemos, não são poucos.  Em primeiro lugar, há que se reconhecer que o próprio Ministro precisa aprender mais sobre a educação brasileira, sobretudo a básica, se quiser governar com os professores e com os movimentos sociais que disputam o sentido da educação no espaço público. A sua competência no campo da filosofia, do pensamento social brasileiro e, mesmo sobre ensino superior e sobre pós graduação, não o capacita, por si só, para dirigir o mais amplo e complexo serviço público do estado brasileiro: a educação básica.
Em segundo lugar, já falando de seu plano de governo da educação, nele não pode faltar um compromisso inarredável com a execução do Plano Nacional da Educação. Nesse terreno, não há que se inventar nada. O grande desafio é mobilizar as estruturas de Estado e a sociedade civil brasileira para implementação do Plano, de suas Metas e Estratégias. Em terceiro lugar, e na mesma direção posta acima, é preciso que o MEC deixe para traz a tradição, já quase centenária, de campanhas e planos pontuais e mirabolantes e articule políticas contínuas e bem estruturadas que visem o enfrentamento dos obstáculos estruturais que impedem a elevação da qualidade da escola pública básica no Brasil.
Qualquer plano de governo da educação fracassará se não foi ancorado, se não tiver como prioridade absoluta, a valorização dos professores e professoras da escola básica brasileira. E, obviamente, não estamos falando que devemos intensificar ainda mais os inúmeros programas de formação de professores, por mais que estes sejam importantes. Estamos falando, isso sim, de construirmos carreiras, de pagarmos salários e criarmos condições de trabalho dignas do e para o professorado brasileiro. Professor da mais importante universidade brasileira que é, o Ministro bem sabe que essas três condições são primordiais para manter a USP entre as melhores do mundo, e, certamente, sabe também que o mesmo se aplica à escola básica.
Em quinto lgar, o novo Ministro não poderá descuidar do sistema federal de ensino superior. A rápida expansão propiciada pelo Reuni e, agora, o corte de verbas para a educação - que a crise econômica, os problemas da Petrobrás e a queda do preço do petróleo no mercado internacional, dentre outros, deixam entrever que não será passageiro - criam um barril de pólvora a ameaçar a manutenção dos níveis de qualidade das universidades federais, as principais responsáveis, ao lado das estaduais paulistas, pela produção de conhecimentos científicos e tecnológicos no país.
Mas não menos importante será, também, que o Ministro volte seu olhar para a rede de Institutos Federais de Educação Tecnológica criada recentemente e ainda em implantação no país. Assegurar a sua efetiva operacionalização é um grande desafio. Mas será desafiador para o ministério assegurar que tais Institutos venham a cumprir a sua missão institucional de formação técnico-científica e não sejam capturados, seja pelo seu corpo docente em direção à cultura acadêmica das universidades, seja pelas classes médias locais em direção à preparação de seus filhos para prestar o ENEM em condições mais favoráveis do que o conjunto da população brasileira.
Pensamos, ainda, que o Ministro deveria cuidar mais do que seus antecessores da constituição de Redes e Programas de Pesquisa que tenham uma vinculação direta com as necessidades de conhecimentos postas pelas práticas dos professores e pela gestão das políticas educacionais. Um sistema e um serviço de tamanha extensão e complexidade não podem ser geridos e praticados amadoristicamente. Essa articulação entre a pesquisa e a escola básica e os impactos positivos que dela se espera, não se faz com editais erráticos e sem diálogo com o que já se sabe e com o que já se conhece da realidade educacional brasileira.
Finalmente, mas não menos importante, é preciso que o Ministro enfrente o desafio de repactuar a relação do Estado brasileiro com a iniciativa privada, no campo da educação.  Não é mais possível tolerar o repasse de recursos públicos para a iniciativa privada em educação no montante em que se faz no Brasil e, ademais, sem que as mantenedoras e/ou empresas privadas que se ocupam do setor demonstrem maior preocupação com a qualidade do ensino ofertado às nossas crianças e à juventude.
Diante desses desafios e de muitos outros que não foram aqui elencados, resta saber se o novo Ministro terá a humildade para aprender com aqueles que sabem sobre a educação, se conseguirá frear o ímpeto de “criação de novidades” que assalta a quase todos que passam pelo ministério, se terá capacidade e disponibilidade para dialogar franca e abertamente com os ocupantes das próprias estruturas de Estado e com os movimentos sociais diversos que disputam a educação, se conseguirá mobilizar as estruturas de Estado e a sociedade civil brasileira em torno de um tema que há muito os setores mais ricos e de classe média brasileiros renegaram: a qualidade da escola pública como um direito social e uma condição para a vida democrática. Se conseguir isso, certamente estaremos criando as condições para uma efetiva contribuição da educação pública ao desenvolvimento científico, cultural, econômico e social dos brasileiros e das brasileiras.
(Fonte: Informativo do Projeto Pensar a Educação, Pensar o Brasil)

quarta-feira, 1 de abril de 2015

CRIANÇA SÍRIA SE "RENDE" À MÁQUINA FOTOGRÁFICA


Milhares de pessoas compartilharam a imagem de uma criança síria com as mãos para cima, 
como se estivesse se entregando, ao confundir 
câmera fotográfica com o cano de uma arma


A imagem - foto tirada pelo fotógrafo turco, Osman Sağırlı, em 2014 - começou a viralizar no Twitter na terça-feira da semana passada, quando foi tuitada por Nadia Abu Shaban, uma fotógrafa baseada em Gaza.
A mensagem original foi retuitada mais de 11 mil vezes. "Estou chorando", "muito triste" e "a humanidade fracassou" foram alguns dos comentários.
Na sexta-feira, a imagem foi compartilhada no Reddit, onde recebeu mais de 5 mil votos positivos e 1,6 mil comentários.
Não demorou para que surgissem acusações de que a foto era falsa. Muitos no Twitter questionaram quem seria o autor da foto e porque a imagem havia sido postada sem crédito.
Nadia confirmou que não tinha tirado a foto, mas não sabia explicar quem havia feito a imagem.
No Imgur, um site de compartilhamento de imagens, um usuário pesquisou a origem da fotografia - um clipping de um jornal - e disse que ela era real, mas tirada "por volta de 2012". A mensagem também nomeou o fotógrafo: o turco Osman Sağırlı.
A BBC conversou com Sağırl, que agora trabalha na Tanzânia, e desvendou o mistério.
A criança é uma menina, Hudea, de 4 anos. A imagem foi tirada no campo de refugiados de Atmeh na Síria, em dezembro do ano passado. Hudea viajou ao campo - a cerca de 10 km da fronteira turca - com a mãe e dois irmãos, a 150 km da cidade deles, Hama.
"Eu usei uma lente de telefoto e ela pensou que fosse uma arma", disse Sağırlı.
"Depois que eu tirei eu olhei (para a foto) e percebi que ela (a criança) estava assustada, porque ela mordeu os lábios e levantou as mãos. Normalmente, crianças correm, escondem os rostos ou sorriem quando veem uma câmera", disse.
Ele diz que fotos de crianças dos campos de refugiados são especialmente reveladoras.
"Você sabe que há pessoas que foram desalojadas nos campos. Faz mais sentido ver o que elas sofreram através das crianças e não dos adultos. São as crianças que refletem os sentimentos com a inocência que têm".
A imagem foi publicada inicialmente no jornal Türkiye em janeiro e foi amplamente compartilhada pelas redes sociais em turco, mas só na semana passada tornou-se viral em mídias na língua inglesa.
(Fonte: Site da BBC Brasil)