A doença da irresponsabilidade
Eugênio
Magno
África, América Central e
América do Sul, incluindo o Brasil, são consideradas áreas com grande potencial
de infecção da febre amarela, em razão da concentração de vetores e reservatórios
responsáveis pela manutenção do ciclo silvestre.
A febre amarela é uma
doença endêmica, gravíssima, que pode evoluir dos primeiros sintomas a lesões
no fígado e insuficiência renal até o óbito. Seus sintomas iniciais incluem
febre, calafrios, perda de apetite, náuseas, vômito, dores de cabeça e dores
musculares. Somente os médicos são capazes de diagnosticar e tratar a doença. E
o seu combate é feito por meio da vacinação, procedimento que garante a
imunização da população.
O preocupante é o grande
número de vítimas fatais da febre amarela no Brasil. No momento em que escrevia
este artigo fiz uma busca no Google, Ministério da Saúde e em vários veículos
de comunicação e só encontrei números desatualizados. Os órgãos de saúde do
país também estão muito cautelosos na divulgação da quantidade exata de mortos
e infectados pela doença para que a população não entre em pânico.
Especialmente por conta do que parece ser a falta de estoque suficiente da
vacina para imunizar toda a população, principalmente os moradores das áreas de
risco que, segundo informações do Ministério da Saúde são: Acre, Amazonas, Amapá, Pará, Rondônia,
Roraima, Tocantins, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso,
Bahia, Maranhão, Piauí, Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Rio
Grande do Sul e Santa Catarina. Além das áreas de risco, com recomendação de
vacinação, também está sendo vacinada a população do Espírito Santo.
Seguindo orientação da Organização Mundial de Saúde (OMS), a vacina no
Brasil é tomada em dose única. Mas em São Paulo e no Rio de Janeiro,
entretanto, por conta do baixo estoque, a vacina está sendo fracionada para que
seja possível uma oferta maior, com a cobertura da totalidade dos municípios
desses Estados.
Os números
encontrados na breve pesquisa que realizei pela internet são de 22 óbitos, no
Rio de Janeiro, 21 em São Paulo e 25 em Minas Gerais, o que totaliza 68 mortes divulgadas
oficialmente somente nesses três Estados brasileiros. Estima-se, todavia, que o
número de casos de febre amarela em todo o país esteja em torno 1.000 e que
mais de 200 pessoas já tenham morrido vítimas da doença. Isso, em pleno Século
XXI, no país do cientista, médico e bacteriologista Oswaldo Cruz que na
primeira metade do século passado já havia erradicado do Brasil essa doença
terrível.
É de causar vergonha o
fato de as autoridades brasileiras só agora – com a febre amarela atingindo
níveis preocupantes –, tomarem medidas mais abrangentes e efetivas no combate à
doença. Ainda assim, é grande o número de brasileiros que não tomaram a vacina.