terça-feira, 29 de dezembro de 2009

ERA UMA VEZ UM VERÃO NA FLORESTA

Cabelos de ouro

Eugênio Magno

A minha maior lembrança era a do sol
se misturando àqueles cabelos de ouro

Nunca mais a vi
Não consigo me lembrar do seu rosto
Nem sei se o vi

Só sei que o seu caminhar era
de uma formosura sem par

Dos seus olhos não sei a cor
Na sua boca não vi sorriso

Só tive olhos para a sua pele alva
vestida de um branco translúcido

Para aqueles cabelos de ouro penetrados pelo sol
E eu, de longe, era só olhar e encantamento
(Inédito)

OS CAMINHOS DA MISÉRIA

Criança pede esmola perto de Teixeira de Freitas (BA), na BR-101, que corta o litoral de 12 Estados e é a 2ª maior rota rodoviária do país.

Fotografia: Fernando Donasci/Folha Imagem - Folha de S. Paulo, 21-12-2009.

(Fonte: Centro de Pesquisa e Apoio aos Trabalhadores - CEPAT - Curitiba, PR)

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

A CRISE DA GLOBALIZAÇÃO



A desglobalização começou. Não voltaremos para o velho regime
"A desglobalização já começou", assegura o sociólogo Richard Sennett (Chicago, 1943). A saída da crise será lenta, e de jeito nenhum voltaremos ao "ancient régime", à espumosa paisagens das duas últimas décadas, nas quais o sistema estava criando seu próprio colapso porque tinha "abandonado a economia real, que se nutre de trabalhadores qualificados, de artesãos".
Para ler na íntegra a reportagem de J. M. Martí Font, publicada no jornal El País, 22-12-2009, com tradução de Moisés Sbardelotto, clique aqui.
(Fonte: Site do IHU - Instituto Humanitas Unisinos)

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

A FESTA DO NATAL E O ANIVERSARIANTE ESQUECIDO

Um presépio exemplar

Eugênio Magno
Num domingo desses de dezembro, participando de uma celebração eucarística na Igreja de Santa Efigênia, me flagrei como que hipnotizado, olhando para um belo presépio, cujas luzes brilhavam a poucos metros de onde estava sentado.
Imediatamente após aquele alumbramento momentâneo me dei conta de que eu sempre gostei de presépios. Desde a infância que eu fico inebriado com essa representação celebrativa do cenário de nascimento do menino Jesus. A manjedoura e todos os personagens que compõem aquele quadro sempre me seduziram. Ainda lembro bem que era uma verdadeira viagem pelo mundo do sagrado ficar horas a fio com os amigos da vizinhança, em Montes Claros, a contemplar o presépio feito por dona Lózinha e depois por dona Júlia, que seguiu a mesma devoção de sua mãe.
Já vi muitos presépios, de todos os tipos: de traquitanas artesanais, como o famoso Pipiripau, a modelos mais modernosos, de concepção hi-tech. Mas dias atrás, um presépio me chamou a atenção. Foi numa tarde qualquer de um dia de semana comum que, por obra do acaso, entrei na capela do Colégio Santo Antônio, na Savassi, para meditar um pouco. E lá, em meio a caixas de leite longa vida, garrafas de óleo, sabonetes, dentifrícios e cestas básicas, havia uma pequena manjedoura com as imagens de Jesus, Maria, José e outros personagens.
A princípio, aquela estética me causou estranheza, mas numa questão de segundos, quando compreendi a proposta, o estranhamento se transformou em deleite. Estava diante de um presépio exemplar. Visite-o, se puder, caro leitor, e verá que ele nos desinstala e convoca-nos à participação, exigindo uma atitude concreta. Diante desse presépio, não temos outra alternativa, a não ser agir como os reis magos: Gaspar, Baltazar e Belchior e doar um pouco do muito que temos aos que como o Cristo, nada têm.
Todas as igrejas deveriam ter um presépio como este e, as pessoas, especialmente as mais aquinhoadas, bem que podiam encarnar o papel de reis magos e encher esses templos de mantimentos, roupas, agasalhos e também doces, brinquedos, quem sabe até mesmo garrafas de vinho... Porque não? Afinal de contas, Natal é celebração de nascimento e merece comemoração. Não nos esqueçamos, porém que, a festa é de Jesus Cristo, pobrezinho, nascido em Belém (num curral) e filho de pais refugiados. Entretanto, as luzes em torno do Papai Noel são muito maiores e mais brilhantes. E fica muito fácil esquecer do aniversariante e do grande contingente de refugiados da seca ou das enchentes, da falta de emprego, da fome e de tantas outras mazelas de nosso tempo, que nasceram e estão a se multiplicar, dia após dia em aglomerados, ou pior, às margens dos esgotos, sob as marquises e debaixo dos viadutos.
Que o Natal seja de mesa farta, muitos brindes, árvore cheia de presentes, saúde, paz, amor, harmonia, sucesso, dinheiro, e de todas as coisas que todo mundo diz desejar nessas ocasiões, acrescidas de dignidade, afeto, generosidade, solidariedade e justiça. Para todos... sem distinção de qualquer espécie.
Fotografias: Geovana R. Martins

DOIS BICUDOS NÃO SE BEIJAM

Aécio depende da derrota de Serra para viabilizar seu projeto nacional
Serra poderá ser visto como mais um paulista que veio tirar o espaço dos mineiros, afirma Rudá Ricci, diretor do Instituto Cultiva, ao analisar a desistência de Aécio Neves em concorrer à presidência da República.
A entrevista foi feita por César Felício e publicada pelo jornal Valor, 21-12-2009. Confira:
"A candidatura de José Serra à Presidência sofrerá um abalo com a desistência de Aécio Neves em concorrer?
Sem dúvida, em razão da forma como Aécio preparou sua saída. Ele a fez causando um profundo desgaste na imagem de Serra, ao menos em Minas Gerais. Procurou-se transmitir a sensação de que Serra é um homem que empurrou Aécio para fora da disputa de forma maquiavélica, sem tomar uma decisão. O Aécio poderia esperar até janeiro, conforme as lideranças tucanas pediram, mas preferiu fazer na semana passada, na sequência das definições locais e do fortalecimento da candidatura de Ciro Gomes no PSB.
Como isso se traduzirá em termos eleitorais em Minas? Até que ponto o sentimento de frustração regional pesa para o eleitor?
Em Minas Gerais pesa muito. Ao contrário de São Paulo e Rio, aqui não é um Estado fundamentalmente de migrantes. Serra poderá ser visto como mais um paulista que veio tirar o espaço dos mineiros.
Mas uma recente pesquisa mostrou Serra com 40% dos votos em Minas. Como isso se dissiparia de uma outra para outra?
Por mais que Aécio tenha negado, sempre se partia da perspectiva de que poderia haver uma chapa Serra/Aécio para a Presidência da República. Na medida em que ficar claro que isso não vai ocorrer, Serra tende a cair aqui e Dilma (Rousseff, ministra da Casa Civil) a subir. Ou Ciro (Gomes, deputado federal do PSB), se tiver o apoio de Aécio nos bastidores.
Por que Aécio não vai sair de vice de Serra?
Aécio já anunciou a possibilidade de se colocar como uma espécie de conciliador nacional. Ele tentará ser senador para forjar uma nova aliança, diferente do alinhamento partidário atual, com o PT de um lado e o PSDB do outro. Ele não depende da vitória do candidato a governador dele aqui para isso e duvido que se empenhe muito para eleger (Antonio) Anastasia (vice governador). Mas ele depende da derrota de Serra para tal. Com Serra na Presidência, Aécio não tem como propor uma nova aliança.
Por que então ele não procurou fazer isso saindo do PSDB ao perceber que não tinha como concorrer com Serra?
Porque ele tinha que recompor suas bases no interior de Minas. Diferente do que a vitória dele em Belo Horizonte pode indicar, Aécio fragilizou-se no Estado como um todo. Precisava refazer sua liderança, abalada em 2008. Além disso, o PSDB é parte essencial do projeto de Aécio. O problema dele são os tucanos paulistas.
Ou seja, na visão do senhor, se o Serra tornar-se presidente, nascerá aqui em Minas um foco de oposição..
Na verdade, Aécio hoje talvez seja um obstáculo para Serra chegar à Presidência. Como Ciro Gomes é um obstáculo para a Dilma nesse mesmo sentido.
E porque a vitória de Anastasia não seria importante para o projeto conciliador de Aécio?
Evidentemente que a vitória de Anastasia fortaleceria Aécio, mas ele joga com mais de um cenário. Ele sabe que seu projeto não estará comprometido caso o PT ganhe em Minas, se o candidato petista for Fernando Pimentel, e o ex-prefeito ganhou as eleições internas do PT uma semana antes de Aécio retirar a candidatura. Ele sabe que o projeto também sobrevive com Hélio Costa, e o ministro das Comunicações ganhou as eleições internas do PMDB dois dias antes da retirada. Observe que trata-se de uma sequência. Houve um método. Mesmo se o próximo governador de São Paulo for (Geraldo) Alckmin, o projeto da conciliação nacional sobrevive. Ele só não sobrevive com Serra na Presidência.
Um dos propósitos de Aécio é tornar-se uma figura nacional, como era o avô Tancredo Neves pouco antes de eleger-se presidente no Colégio Eleitoral em 1985. O senhor acha que Aécio conseguiu?
Tancredo cresceu politicamente e tornou-se o que se tornou em seus dois últimos anos de vida. Mas antes disso ele era uma figura sem tanto impacto nacional, sem tanta presença no imaginário como a que Ulysses Guimarães tinha dentro do PMDB. Ulysses era paulista, controlava o partido e parecia vocacionado para chegar à Presidência. Tancredo era uma figura do conchavo político, estava em Minas Gerais, fora do palco. Há semelhanças entre a estaturas dos personagens do passado e dos de hoje."
(Fonte: Site do IHU - Instituto Humanitas Unisinos)

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

PROTESTO EM COPENHAGUE

Um mulher, caracterizada como a morte, fez protesto na praça do Parlamento, em Copenhague, na última segunda-feira, dia 14.12.2009 e ganhou destaque na midia internacional.
(Fonte: Site do IHU - Instituto Humanitas Unisinos)

domingo, 13 de dezembro de 2009

A ESCRITA É CURATIVA




O filósofo romeno, teórico do declínio da civilização, místico, cínico e cético, Emil Mihai Cioran (1911 - 1995), dizia que sua obra nasceu simplesmente por razões médicas e terapêuticas. É de sua lavra a frase abaixo:


"O escritor utiliza as palavras para se curar...
Escrever é desfazer-se de seus remorsos e rancores, vomitar seus segredos...
Quantas angústias venci graças a esses remédios insubstanciais!..."

sábado, 12 de dezembro de 2009

QUANDO O MUNDO DA INTERNET SE TORNA MOVIMENTO POLÍTICO

Com a difusão da web no mundo, um bilhão e 700 milhões de usuários (¼ da população mundial), certamente existem hoje mais instrumentos para resistir ao poder. Valores e interesses alternativos podem ser melhor defendidos diante daqueles que prevalecem. Entre poder e contrapoder, para usar a expressão de Manuel Castells, o jogo está em aberto (e não fechado em vantagem do primeiro), graças às redes sociais, às comunidades virtuais, ao Facebook, MySpace, Twitter, ao e-mail, a toda forma de Internet móvel e à autocomunicação individual de massa, que caracteriza a paisagem tecnológica contemporânea. A barreira da porta de ingresso para a cena pública se levantou.
Para ler na íntegra a reportagem de Giancarlo Bosetti, publicada no jornal La Repubblica, 10-12-2009, com tradução de Moisés Sbardelotto, clique AQUI.

(Fonte: Site do IHU - Instituto Humanitas Unisinos)

CPI DA REFORMA AGRÁRIA (OU DO MST?)



Eis a CPI contra a Reforma Agrária

Carlos Bandeira
Jornalista

"A vontade de um grupelho de parlamentares do DEM foi realizada na tarde desta quarta-feira (9/12), com a instalação da CPI contra a Reforma Agrária. O sorridente deputado federal Onyx Lorenzoni conseguiu colocar seus planos em marcha e conquistou a vice-presidência da comissão. O presidente da comissão será o senador Almeida Lima (PMDB-SE), que indicou o deputado federal Jilmar Tatto (PT-SP) para a responsabilidade de fazer o relatório final.
Os demos Katia Abreu e Ronaldo Caiado, parceiros de Lorenzoni no esforço para levantar as assinaturas para instalar uma CPI contra as políticas públicas para assentamentos, não estavam presentes na primeira sessão. Quem sabe, estivessem dedicados a temas mais importantes para o país.
Os parlamentares que criaram a CPI garantiram em seus pronunciamentos o compromisso com a reforma agrária e que não pretendem criminalizar os movimentos sociais. Tomara que não seja apenas discurso. A CPI da Terra durou três anos e concluiu apenas que ocupação de terra é 'crime hediondo' e 'atendado terrorista'.
Os tópicos para investigação que apareceram na primeira sessão são muitos e de diferentes naturezas.
Há preocupações com o desvio de dinheiro público. Pelo que aparece nos jornais e na televisão há uma semana, o melhor lugar para achar é no Palácio dos Buritis ou na Câmara do Distrito Federal.
Outros querem investigar se as famílias assentadas têm aptidão para trabalhar na terra e se abandonaram o lote. Poderiam investigar também se as famílias expulsas do campo pelo agronegócio têm “aptidão” para morar nas periferias das grandes cidades e enfrentar o caos urbano.
Um deputado quer saber mesmo da 'interferência externa' nos movimentos sociais do campo. Não é necessário mesmo investigar a 'interferência externa' no território brasileiro das grandes empresas da agricultura, como Monsanto, Cargill, ADM, Dreyfus, Bunge e Syngenta. São todas estrangeiras.
Descobrimos também que ali estavam parlamentares responsáveis pela realização da Reforma Agrária no Paraná, no Mato Grosso e no Piauí. Estranho é que o índice Gini, que mede a concentração de terras, estão na média de 0,8 nesses estados e não variaram substancialmente de 1985 pra cá.
O consenso geral dos parlamentares se encontra na necessidade de o país encontrar, de uma vez por todas, uma solução para a questão agrária.
É um perigo e não pode continuar um bando de sem-terra nas beiras de estradas. O governo não pode reproduzir um modelo de assentamento sem assistência técnica, crédito agrícola e infra-estrutura. As famílias assentadas têm de gerar renda.
Tudo bem. O país precisa de fato assentar as famílias acampadas e implementar um novo modelo de Reforma Agrária. A democratização massiva de latifúndios deve estar casada com um amplo programa de agroindústrias, gerando renda para os trabalhadores rurais.
No primeiro round, os discursos foram bem bonitos. No entanto, até agora não apareceu nenhum requerimento no sentido da resolução dos problemas apontados.
Só quebra de sigilo das entidades sociais que atuam em assentamentos."


CIBERCULTURA E DIREITOS HUMANOS

Comunicação e economia glogal
Carlos Valle
Comunicador e ex-secretário-geral da
Associação Mundial para as comunicações Cristãs
"A aprovação da esperada lei de Serviços de Comunicação Audiovisual e a busca de sua breve implementação exigem uma séria consideração sobre o amplo contexto econômico e social no qual o nosso mundo moderno está imerso. Para começar, um aspecto a considerar neste novo mundo das ciberculturas é o lugar que os direitos humanos ocupam.
De diversas partes, chamou-se a atenção sobre o fato de que em nenhuma das áreas da comunicação mundial pode-se identificar um forte conteúdo sobre os direitos humanos. Alguma coisa aparece principalmente no que se vincula aos direitos de autor (copyright), à legislação sobre patentes, à liberdade de informação, à cultura, mas não se encontra nada com relação ao comércio dos serviços de telecomunicações, aos direitos de propriedade intelectual, à concentração da propriedade dos meios e à padronização do consumo de eletrônicos.
Para Cees Hamelink: 'Se tomamos o conteúdo dos direitos humanos como um indicador da representação dos interesses das pessoas, temos que concluir que as pessoas não importam nas políticas de comunicação mundial'.
Para Alain Touraine, a reflexão sobre a sociedade contemporânea está governada por duas constatações principais: 'a dissociação crescente do universo instrumental e o universo simbólico, das economias e das culturas, e, em segundo lugar, o poder cada vez mais difuso, em um vazio social e político em aumento, de ações estratégicas cuja meta não é criar uma ordem social, mas sim acelerar a mudança, o movimento, a circulação de capitais, bens, serviços, informações' (Touraine 1997:20).
Alguns efeitos da expansão desse sistema econômico sobre o desenvolvimento da democracia e da comunicação mais evidentes são:
1. O número cada vez maior de decisões que uns poucos tomam em nome de todos, com só uma aparente participação das pessoas. A tomada de decisões passa progressivamente para o âmbito reservado daqueles que ostentam o poder. Eles consideram que sempre estão na frente de situações que requerem 'decisões executivas' que só será preciso justificar mais tarde, se for necessário.
2. A tendência dos meios comerciais de reforçar a despolitização das pessoas. Como alguma vez indicou G. Gerbner, os grandes meios de comunicação 'não têm nada para dizer, mas muito para vender'. A despolitização aumenta por causa da exaltação do individualismo. Isso leva a rejeitar e a combater tudo o que afete os interesses básicos: o país, se afeta o meu grupo; o meu grupo, se afeta os meus bens; e assim sucessivamente. A despolitização consegue que as pessoas meçam as ações dos governos segundo e como elas as afetam individualmente.
3. A tendência desse sistema tende a desmoralizar as pessoas, promovendo o abandono de toda esperança de mudança e da aceitação da realidade. Na selva moderna, a lei principal é: 'Salve-se quem puder!'. Eduardo Galeano comentava: 'O sistema nega aquilo que oferece, objetos mágicos que tornam os sonhos realidade, luxos que a TV promete, as luzes de neon anunciando o paraíso nas noites da cidade, esplendores da riqueza virtual: como bem sabem os donos da riqueza real, não há Valium que possa acalmar tanta ansiedade, nem Prozac capaz de apagar tanto tormento'. (Galeano 1998:21).
4. O aumento do papel que as corporações globais desempenham em todas as esferas da vida, enquanto que o papel dos estados nacionais se reduz cada vez mais.
5. A exaltação da liberdade de informação na vida da sociedade, ao mesmo tempo em que se acentua o controle e a censura.
6. A diminuição e desaparecimento dos centros físicos de poder. Hoje, é difícil determinar onde esses centros residem. Adquiriram uma mobilidade muito particular, ao mesmo tempo em que desenvolvem sua concentração.
7. A acentuação da distância entre ricos e pobres em todos os níveis.
Nesse complexo panorama, será importante indagar como essa concentração de poder dos meios de comunicação foi influenciando nossas sociedades e quais serão os passos que devem ser dados para que se realize uma real democratização da comunicação."
(Fonte: Site do IHU - Instituto Humanitas Unisinos)

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

QUEREM DIZIMAR 1/3 DA POPULAÇÃO MUNDIAL

No vídeo abaixo, que está sendo divulgado pela internet (hospedado no site do Youtube), a "ex-ministra da Saúde da Finlândia", Dra. Rauni Kilde, fala sobre a Gripe Influenza H1N1 e a indústria farmacêutica e sobre as drásticas consequências do uso dos celulares e da ingestão de alimentos geneticamente modificados. Ela faz ainda uma revelação bombástica: "querem dizimar 1/3 da população mundial". Outras fontes dizem que ela se autoproclama ex-ministra da Finlândia, mas que é lunática, etc. De qualquer forma, vale à pena conferir.

A CORRUPÇÃO CORRÓI O SENTIMENTO PÁTRIO


sábado, 5 de dezembro de 2009

VAI FALTAR ÉTICA NAS ELEIÇÕES DE 2010

E a ética não poderá subir nos palanques de 2010
"Acostumados a subir nos palanques para exaltar suas qualidades e bater nos pontos fracos dos adversários, os candidatos à Presidência da República e a governador terão que pensar em outra estratégia para as eleições de 2010, depois das denúncias de mensalão tanto no PT como no PSDB de Minas e no DEM do Distrito Federal. “O roto não pode falar do esfarrapado”, diz Roberto Romano, professor de Ética e Política da Unicamp:
— Como PT, DEM e PSDB têm seu mensalão, acredito que as campanhas serão baseadas nas grandes obras já realizadas. Dilma (a ministra Dilma Rousseff, do PT) não deve abrir mão do PAC, e o Serra (o governador tucano de São Paulo) vai aproveitar para relembrar o que fez quando era ministro da Saúde e as mudanças no governo de São Paulo. Para ler a matéria na íntegra clique aqui. (Fonte: Site do IHU - Instituto Humanitas Unisinos)

LADRÃO (PEQUENO) QUE ROUBA DE LADRÃO (GRANDE) - DEVERIA TER - CEM ANOS DE PERDÃO

Ladrões grandes enforcam os pequenos

Gilvander Moreira
Frei Carmelita e Pároco da
Igreja do Carmo em Belo Horizonte


A descoberta do Mensalão do DEM/PFL-Arruda, em Brasília, gerou uma explosão de indignação nas pessoas de boa vontade. Todos comentam. Uns abominam, outros ironizam, há ainda os que zombam ou propõem impeachment... A senvergoinhice e a cara de pau de políticos profissionais, mais podres que ... me fizeram recordar o padre Antônio Vieira, em um dos seus célebres sermões, onde ele diz: 'Não são ladrões os que cortam bolsas ou espreitam os que se vão banhar, para lhes colher a roupa; os ladrões, que mais própria e dignamente merecem este título, são aqueles a quem os reis encomendam os exércitos e legiões, ou o governo das províncias, ou a administração das cidades, os quais já com manha, já com força, roubam e despojam os povos. Os outros ladrões roubam um homem, estes roubam cidades e reinos; os outros furtam debaixo do seu risco, estes sem temor, nem perigo: os outros, se furtam, são enforcados, estes furtam e enforcam. Diógenes, que tudo via com mais aguda vista que os outros homens, viu que uma grande tropa de varas e ministros de justiça levavam a enforcar uns ladrões, e começou a bradar: LÁ VÃO OS LADRÕES GRANDES ENFORCAR OS PEQUENOS. Ditosa a Grécia, que tinha tal pregador. E mais ditosas as outras nações se nelas não padecera a justiça as mesmas afrontas. Quantas vezes se viu em Roma ir a enforcar um ladrão por ter furtado um carneiro, e no mesmo dia ser levado em triunfo um cônsul, um ditador por ter roubado uma Província. E quantos ladrões teriam enforcado estes mesmos ladrões triunfantes? De um chamado Seronato disse com discreta contraposição Sidônio Apolinário: Seronato está sempre ocupado em duas coisas: em castigar furtos, e em os fazer. Isso não era zelo de justiça, senão inveja. Queria tirar os ladrões do mundo, para roubar ele só.' (VIEIRA, Sermões, Vol. 5, p. 69. Porto, Lello & Irmão Editores, s/d).
Hoje, no Brasil, parodiando Diógenes, podemos dizer que políticos profissionais, como os 'mensaleiros', são grandes ladrões que enforcam os 'pequenos', que não são ladrões, mas são: a) 30 mil jovens assassinados por ano; b) 150 mil famílias sem-terra debaixo da lona preta; c) milhões de desempregados humilhados; d) 500 mil presos enjaulados em prisões que são verdadeiros campos de concentração...
Indignação é imprescindível, mas não basta. Precisamos organizar a indignação e encontrar soluções para problemas reincidentes como o dos Mensalões do PSDB, do PT e, agora, do DEM/PFL. Qual será o próximo? O grande poeta Thiago de Mello nos mostra um facho de luz: 'As colunas da injustiça sei que só vão desabar quando o meu povo, sabendo que existe, souber achar dentro da vida o caminho que leva à libertação! Quando a verdade for chama nos olhos da multidão, o que em nós é palavra no povo será ação!' Urge acordar em nós e no povo a infinita luz e força humano-divina existente em nós. Basta de acreditar que eleições nos salvarão. Devemos investir 5% das nossas energias para elegermos os melhores (ou os menos piores) políticos e 95% das nossas energias na organização do povo empobrecido e excluído. Pobres organizados se transformam em protagonistas de lutas libertárias concretas e constroem saídas verdadeiras de baixo para cima e de dentro para fora. Eis um caminho para evitar novos mensalões."

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

A PÓS-REVOLUÇÃO TECNOLÓGICA

Tecnologias que mudarão o mundo: entrevistas IHU
"Vivemos em uma sociedade cada vez mais globalizada e tecnológica. Por isso precisamos refletir a respeito das contribuições e conseqüências que as novidades técnicas e científicas trazem para nossas realidades. Pensando nisso o sítio do IHU está realizando uma série de entrevistas sobre tecnologia, na sessão “Entrevista do dia”. Da computação pensada ecologicamente às mobilidades possibilitadas pela web, as entrevistas abordam temas relevantes e polêmicos sobre as transformações da internet na vida das pessoas e a revolução de seus recursos.
O professor de informática, Sílvio Cazella concedeu uma entrevista a respeito da Computação verde, que consiste no trabalho de reaproveitamento e reciclagem de dispositivos informáticos como hardwares, por exemplo. Segundo Cazella 'as mudanças já estão ocorrendo, tanto com a conscientização de quem produz como de quem consome e até da legislação'. Confira a entrevista.
Sobre as possibilidades da web semântica, a professora e engenheira eletrônica, Karin Breitman, falou em entrevista ao IHU, sobre a capacidade de computadores processarem, interpretarem e concatenarem conceitos, além da contribuição da web semântica em contextos sociais. Confira a entrevista.
O coordenador do curso de Jogos Digitais da Unisinos, João Bittencourt, concedeu uma entrevista sobre as revoluções tecnológicas na internet. Ele explicou como os novos recursos da web podem modificar nosso mundo cotidiano. Segundo Bittencourt 'o século XXI irá tornar-se um caos caso se mantiver por mais alguns anos com esta mentalidade analógica'. Confira a entrevista.
Sobre um dos mais aparelhos mais utilizados na atualidade, o celular, o professor de comunicação digital, Tiago Lopes, concedeu sua entrevista. Ele destaca a mobilidade e as possibilidades das novas interfaces do aparelho. Confira a entrevista.
O pesquisador Luli Radfahrer conversou com o IHU sobre um conceito que vem mudando de forma significativa o mundo: a computação em nuvem. Na entrevista ele fala sobre a tecnologia, que consiste em compartilhar ferramentas computacionais pela interligação dos sistemas. Confira a entrevista."
(Fonte: Site IHU - Instituto Humanitas Unisinos)

sábado, 28 de novembro de 2009

UM LIVRO QUE VAI ENTRAR PARA A HISTÓRIA

O tempo presente entre a história e o jornalismo – A máquina da memória, livro do professor de História da UFOP (Universidade Federal de Ouro Preto), Mateus Henrique de Faria Pereira, será lançado dia 04 de dezembro, a partir das 18h30, na Quixote Livraria e Café. – Rua Fernandes Tourinho, 274, Bairro Funcionários.
O livro percorre a história do Almanaque Abril, o mais longevo e bem-sucedido produto editorial do gênero em circulação no Brasil Lançado em 1974 pela Editora Abril, o Almanaque é certamente mais bem sucedido empreendimento editorial do ramo, com recordes sucessivos de tiragem e boa aceitação junto ao seu público.
Como compreender e explicar o feito dessa obra que, em sua campanha publicitária de 1984, definiu-se como uma Máquina da Memória? O que era lembrado e o que era esquecido por esse livro-máquina? No livro o autor sugere como as mudanças editoriais do Almanaque pode ter interferido no modo de pensar de seus leitores. O Almanaque Abril é um almanaque? Como jornalistas e historiadores usam o passado, abusam dele e o representam? Os historiadores detêm o monopólio do passado? Por quais razões uma história dita factual, tradicional e cronológica é desejada e solicitada pelos leitores de textos históricos? A história singular coletivo ainda faz (e produz) sentido? Estas são algumas das respostas que Mateus Pereira procura responder com sua obra.
“A máquina da memória” narra com riqueza de detalhes as estratégias editorias adotadas pelo Grupo Abril. As pesquisas realizadas por Mateus Pereira abrangeram as edições de 1974 a 2006 e procuram mostrar, numa análise densa, mas de leitura estimulante o que o autor chama de “tempo presente” a partir da leitura das páginas do Almanaque Abril.
Mateus Pereira acredita que a obra despertará especial interesse entre profissionais de jornalismo e acadêmicos, em particular professores de História.
Detalhe da capa do livro:

terça-feira, 24 de novembro de 2009

COMER A COMIDA OU SER COMIDO POR ELA

Terra madre. Come non farci mangiare dal cibo [Terra Mãe. Como não sermos comidos pela comida, em tradução livre], da Editora Giunti, 173 páginas, é o novo livro de Carlo Petrini, cozinheiro italiano fundador do movimento Slow Food. O texto foi publicado no jornal La Repubblica, de 20.11.09 e vamos reproduzí-lo aqui com a tradução livre de Moisés Sbardelotto.
Antigos saberes agrícolas podem nos levar para o futuro

Carlo Petrini

"Se quisermos começar a pensar sobre a comida com bom senso, sem preconceitos, e tentar de algum modo corrigir o sistema global industrial agroalimentar, devemos desfazer absolutamente um lugar comum: a rejeição a priori do passado e de tudo aquilo que tem sabor de passado. Assim como as economias das comunidades são consideradas marginais, e a busca do prazer alimentar, um coisa elitista, também a tradição, os saberes antigos, os estilos de vida mais sóbrios são investidos de um preconceito enraizado e são pontualmente marcados como nostálgicos e fora da realidade. Isso faz com que se liquidifiquem como superados séculos de cultura popular, e que, portanto, grande parte do saber próprio das comunidades do alimento – ou ainda mais as suas origens – não sejam nem levados em consideração.
É paradoxal que a maioria das pessoas reconheça a superioridade – embora, talvez, considerando-a uma prerrogativa elitista – de muitos produtos tradicionais, artesanais, tirados de ingredientes frescos e da estação, produzidos e consumidos localmente, mas depois não reconheça o importante valor das culturas e das competências que os criaram. Quase dizendo: 'Sim, são melhores, mas estão fora do mundo, só existem em pequenos nichos, é a mesma coisa que comer mal'.
Não acredito que seja o caso de renunciar assim, sem se perguntar se existem alternativas possíveis. Estamos convictos de que, justamente sobre esses saberes, as comunidades fundarão o seu papel de protagonistas da terceira revolução industrial. Não é provocação, mas consciência de que, se o mundo pede energias limpas, produções sustentáveis, reuso e reciclagem, abatimento do desperdício, prolongamento da durabilidade dos bens, alimentos salutares, frescos e de qualidade, as comunidades do alimento não estão apenas em linha, mas já estão até na vanguarda. Seja por causa das técnicas utilizadas, mas ainda mais por causa da mentalidade que as apoia.
De fato, é lógico que não é possível replicar os seus métodos em todo o lugar, fundamentados talvez sobre tecnologias muito limitadas. É normal que esses aspectos da sua existência não sejam exportáveis para todos os lugares – embora em alguns casos não seja impossível – porque são filhos de uma adaptação local, e, no local, funcionam muito bem. Ao invés, é fundamental estudar sua sistematicidade, entendida como harmonização em um sistema complexo, e compreender os seus motivos.
Não se pode continuar considerando os saberes tradicionais e populares como um degrau abaixo dos da ciência que sai das universidades ou da pesquisa financiada por grupos privados. Pelo contrário, eles têm a mesma dignidade. O 'savoir faire' agrícola é filho de uma experiência secular, e pouco importa que a sua praticidade seja demonstrada ou demonstrável cientificamente. Assim como também seria errado desejar uma supremacia desses conhecimentos, que eu defini como saberes lentos. É preciso que se instaure um diálogo em que os preconceitos sejam colocados à parte, em que a pesquisa esteja também ao seu serviço, e em que pesquisa e ciência colaborem sobre o mesmo plano paritário.
À tradição, muitas vezes, associa-se também o erro de vê-la como uma dimensão imóvel, que pertence ao passado. Até quem se refere a ela, a relata e a honra corre muitas vezes o risco de cometer o erro de vivê-la como um 'unicum' que não evolui, que se interrompeu em um certo ponto. Essa é uma visão que acaba nos separando das nossas raízes, que nos tira a memória daquilo que fomos, da história dos nossos povos.
As comunidades sabem bem disso. Para elas, a tradição não é uma repetição monótona de gestos, ritos e produções. São abertas às novidades e a tudo o que, no sulco da tradição, pode lhes fazer progredir, sabem que é verdadeira aquela frase (da qual se abusa um pouco) que entende a tradição como "uma inovação bem sucedida" e a colocam em prática. Não abandonam o velho pelo novo, ao invés, inserem o novo no sistema complexo que forjou a sua identidade. Sabem de onde provêm e tem muito claro quais são os seus objetivos.
Não devemos decidir se é melhor a tradição ou o progresso, o passado ou o futuro, mas sim rejeitar generalizações, reducionismos e a separação desses conceitos, a sua contraposição. As comunidades existem para a continuidade da tradição, levam-na no coração e protegem a sua memória justamente porque lhes dá identidade em um mundo que tende à homologação, mas sabem bem que cometeriam um grave erro se não quisessem aproveitar os meios que a globalização e a tecnologia lhes oferecem. Querem apenas poder fazer isso de maneira responsável, com bom senso. Querem comer, e não ser comidos." (Fonte: Site IHU - Instituto Humanitas Unisinos)

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

MILITANTES DO PT PREFEREM PATRUS

O ministro Patrus Ananias seria o candidato ao governo de Minas pelo Partido dos Trabalhadores se as prévias do partido fossem hoje. Este é o resultado de pesquisas recentes entre os filiados do PT em Minas Gerais.



(fonte: Blog do Carlão Pereira)

terça-feira, 17 de novembro de 2009

POEMA PRA MEDITAR

Bíblico
Eugênio Magno
Do barro
fez-se o homem
e o homem
barro se fez.
(do livro IN GÊ NU(A) IDA DE - versos e prosa, 2005)

CUIDAR DO ESPÍRITO

Em meio a tantas mentiras, desmandos, promessas não cumpridas, decepções, descrença e dúvidas é preciso dar atenção à parte não corruptível do ser: o espírito. Cuidemos dele. Veja o convite abaixo e atenda-o se puder.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

A BHTRANS NÃO PODERÁ MAIS MULTAR

A partir de pedido do Ministério Público, o Superior Tribunal de Justiça decidiu que a BHTRANS, em razão de ser empresa que visa lucro, não poderá mais aplicar multas por infrações de trânsito. Uma grande discussão foi aberta com a decisão. Discute-se até se os motoristas que foram autuados poderão recorrer para serem ressarcidos dos valores pagos. Para maiores detalhes, clique aqui. (fonte: O Tempo)

A ERA DA INVOLUÇÃO

As fotos abaixo estão circulando na internet. O e-mail, diz tratar-se do Rio Citarum, situado na região oeste da ilha de Java, na Indonésia. Segundo as informações, esse rio era usado para a pesca e a irrigação, mas devido a instalação de fábricas na região, o rio se transformou em um imenso lixão e, atualmente, é considerado o rio mais sujo do mundo.






segunda-feira, 9 de novembro de 2009

REFLEXÕES DE FIDEL CASTRO



A anexação da Colombia aos Estados Unidos
"Qualquer pessoa medianamente informada compreende de imediato que o adoçado 'Acordo Complementar para a Cooperação e a Assistência Técnica em Defesa e Segurança entre os governos da Colômbia e dos Estados Unidos', assinado em 30 de outubro e publicado na tarde do dia 2 de novembro equivale a anexação da Colômbia aos Estados Unidos.
O acordo põe em dificuldades a teóricos e políticos. Não é honesto guardar silêncio agora e falar depois sobre soberania, democracia, direitos humanos, liberdade de opinião e outras delicias, quando um país é devorado pelo império com a mesma facilidade com que um lagarto captura uma mosca. Trata-se do povo colombiano, abnegado, trabalhador e lutador. Procurei no longo calhamaço uma justificação digerível e não encontrei razão alguma.
Nas 48 páginas de 21 linhas, cinco são dedicadas a filosofar sobre os antecedentes da vergonhosa absorção que torna a Colômbia em território de ultramar. Todas se baseiam nos acordos assinados com os Estados Unidos após o assassinato do prestigioso líder progressista Jorge Eliécer Gaitán no dia 9 de abril de 1948 e a criação da Organização de Estados Americanos em 30 de abril de 1948, discutida pelos Chanceleres do hemisfério, reunidos em Bogotá sob a batuta dos Estados Unidos nos dias trágicos em que a oligarquia colombiana truncou a vida daquele dirigente e desatou a luta armada nesse país.
O Acordo de Assistência Militar entre a República da Colômbia e os Estados Unidos, no mês de abril de 1952; o vinculado à “uma Missão do Exército, uma Missão Naval e uma Missão Aérea das Forças Militares dos Estados Unidos”, assinado no dia 7 de outubro de 1974; a Convenção das Nações Unidas contra o Tráfico Ilícito de Entorpecentes e Substâncias Psicotrópicas, de 1988; a Convenção das Nações Unidas contra a Criminalidade Organizada Multinacional, de 2000; a Resolução 1373 do Conselho de Segurança de 2001 e a Carta Democrática Interamericana; a de Política de Defesa e Segurança Democrática, e outras que são invocadas no referido documento. Nenhuma justifica transformar um país de 1.141.748 quilômetros quadrados, situado no coração da América do Sul, em uma base militar dos Estados Unidos. A Colômbia tem 1,6 vezes o território de Texas, segundo Estado da União em extensão territorial, arrebatado ao México, e que mais tarde serviu de base para conquistar a sangue e fogo mais da metade desse irmão país.
Por outro lado, transcorreram já 59 anos desde que soldados colombianos foram enviados até a longínqua Ásia para combaterem junto às tropas ianques contra chineses e coreanos no outubro de 1950. O que o império tenta agora é enviá-los a lutar contra seus irmãos venezuelanos, equatorianos e outros povos bolivarianos e da ALBA para destruir a Revolução Venezuelana, como tentaram fazer com a Revolução Cubana no mês de abril de 1961.
Durante mais de um ano e meio, antes da invasão, o governo ianque promoveu, armou e utilizou os bandos contra-revolucionários do Escambray, como hoje utiliza os paramilitares colombianos contra a Venezuela.
Quando o ataque de Bahia dos Porcos, os B-26 ianques tripulados por mercenários que operaram desde a Nicarágua, seus aviões de combate eram transportados para a zona das operações num porta-aviões e os invasores de origem cubana que desembarcaram naquele ponto vinham escoltados por navios de guerra e pela infantaria de marinha dos Estados Unidos. Hoje seus meios de guerra e suas tropas estarão na Colômbia não apenas como uma ameaça para a Venezuela senão para todos os Estados da América Central e da América do Sul.
É verdadeiramente cínico proclamar que o infame acordo é uma necessidade de combate ao tráfico de drogas e ao terrorismo internacional. Cuba tem demonstrado que não é preciso a presença de tropas estrangeiras para evitar a cultura e o tráfico de drogas e para manter a ordem interna, apesar de que os Estados Unidos, a potência mais poderosa da terra, promoveu, financiou e armou durante dezenas de anos as ações terroristas contra a Revolução Cubana.
A paz interna é uma prerrogativa elementar de cada Estado; a presença de tropas ianques em qualquer país da América Latina visando esse objetivo é uma descarada intervenção estrangeira em seus assuntos internos, que inevitavelmente provocará a rejeição de sua população.
A leitura do documento demonstra que não apenas as bases aéreas colombianas são postas nas mãos dos ianques, mas também os aeroportos civis e no fim das contas, qualquer instalação útil a suas forças armadas. O espaço radioelétrico fica também à disposição desse país portador doutra cultura e de outros interesses que não têm nada a ver com os da população colombiana.
As Forças Armadas norte-americanas gozarão de prerrogativas excepcionais.
Em qualquer parte de Colômbia os ocupantes podem cometer crimes contra as famílias, os bens e as leis colombianas, sem ter que responder perante as autoridades do país; a não poucos lugares levaram os escândalos e as doenças, como o fizeram com a base militar de Palmerola, nas Honduras. Em Cuba, quando visitavam a neocolônia, sentaram-se escarranchados sobre o colo da estátua de José Martí no Parque Central da capital. A limitação vinculada ao número total de soldados pode ser alterada a pedido dos Estados Unidos, sem restrição alguma. Os porta-aviões e navios de guerra que visitem as bases navais concedidas terão quantos tripulantes precisarem, e podem ser milhares em um só de seus grandes porta-aviões.
O Acordo será prorrogado por períodos sucessivos de 10 anos e ninguém pode alterá-lo senão no fim de cada período, comunicando-o com um ano de antecedência. O que farão os Estados Unidos se um governo como o de Johnson, Nixon, Reagan, Bush pai ou Bush filho e outros semelhantes recebesse a solicitação de abandonar Colômbia? Os ianques foram capazes de derrocar dezenas de governos em nosso hemisfério. Quanto duraria um governo na Colômbia se anunciasse tais propósitos?
Os políticos da América Latina têm agora perante si um delicado problema: o dever elementar de explicar seus pontos de vista sobre o documento de anexação. Compreendo que o que acontece neste instante decisivo das Honduras ocupe a atenção dos meios de divulgação e dos Ministros das relações Exteriores deste hemisfério, mas o gravíssimo e transcendente problema que acontece na Colômbia não pode passar inadvertido para os governos latino-americanos.
Não tenho a menor dúvida sobre a reação dos povos; sentirão o punhal que se crava no mais profundo de seus sentimentos, especialmente no profundo da Colômbia: eles opor-se-ão, jamais se resignarão a essa infâmia!
O mundo encara hoje graves e urgentes problemas. A mudança climática ameaça a toda a humanidade. Líderes da Europa quase imploram de joelhos algum acordo em Copenhague que evite a catástrofe. Apresentam como realidade que na Cúpula não se alcançará o objetivo de um convênio que reduza drasticamente a emissão de gases estufa. Prometem continuar a luta por consegui-lo antes de 2012; existe o risco real de que não se possa conseguir antes que seja demasiado tarde.
Os países do Terceiro Mundo reclamam com razão dos mais desenvolvidos e ricos centenas de milhares de milhões de dólares anuais para custear as despesas da batalha climática.
Tem algum sentido que o governo dos Estados Unidos dedique tempo e dinheiro na construção de bases militares na Colômbia para impor aos nossos povos sua odiosa tirania? Por esse caminho, se um desastre ameaça o mundo, um desastre maior e mais rápido ameaça o império e tudo seria resultado do mesmo sistema de exploração e saqueio do planeta."

Fidel Castro Ruz
6 de novembro de 2009, 10h39
(fonte: Agência Cubana de Notícias - http://www.cubanoticias.ain.cu/)

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

JOVINO MACHADO LANÇA NOVO LIVRO DE POEMAS

O poeta Jovino Machado lança seu décimo segundo trabalho poético no próximo sábado, dia 07 de novembro, a partir de 11 horas, no R'omers Bar: rua Fernandes Tourinho, 105, Savassi, ao lado da Livraria Scriptun.
Amar é abanar o rabo é o título do novo livro que apresenta uma seleção de poemas publicados inicialmente em jornais, revistas e blogs, além de alguns outros inéditos produzidos especialmente para o pocket livro.
Nessa publicação, Machado conta com as participações especiais de Adelaide do Julinho, Adriana versiani, Ana Elisa Ribeiro, Brenda Marques, Flávia Almeida, Jana Lauxen, Luciana Tonelli, Mima Carfer, Patricia Giseli,Safo, Silvana Guimarães, Simone Neves, Stela do Patrocinio e Valquíria Rabelo.

domingo, 1 de novembro de 2009

REFORMA AGRÁRIA GANHA NOVOS SIMPATIZANTES

Cutrale devolve terras griladas
Roberto Malvezzi (Gogó)
Agente da Comissão Pastoral da Terra
"Num gesto único na história brasileira, a Cutrale vai devolver as terras públicas que grilou para plantar laranja. Segundo uma pessoa que ocupa cargo decisivo, 'mais importante que 7 mil pés de laranja derrubados, são as cem mil famílias de brasileiros que estão na beira das estradas'. O único condicionante da empresa é que as terras sejam destinadas à reforma agrária, dando preferência às famílias que ocuparam o lugar dias atrás.
Para maior surpresa, admitiu que é inconcebível que, 'num país de 8,5 milhões de Km2, haja tantas pessoas sem um lugar para trabalhar e até mesmo para morar'.
Com esse gesto, continuou, 'contribuiremos para fazer uma justiça histórica nesse país, já que desde a chegada dos portugueses, a terra tornou-se um pesadelo para nossos índios, negros e pequenos camponeses. Queremos, de uma vez por todas, superar essa injustiça histórica, criar a paz no campo e que essa paz se estenda também por nossas cidades'.
Para concluir, afirmou que 'espero que todas as pessoas e empresas que grilaram terras públicas, como aquelas do Pontal do Paranapanema, ou na Amazônia, ou em qualquer outro canto do Brasil, repliquem o nosso gesto, devolvendo ao país o que é do país. Afinal, todos os brasileiros têm direito a um lugar digno para viver, sem precisar de favores governamentais. Além do mais, uma vez feita a justiça no campo, não vamos mais precisar de ocupações de terras'.
O gesto da Cutrale, sem dúvida, é histórico e pegou de surpresa todos aqueles que querem criar uma CPI para investigar o MST. Afinal, ao reconhecer que o primeiro crime cometido foi a grilagem das terras, não há mais porque buscar culpados onde eles não existem." (fonte: Rodrigo Castelo, por e-mail)

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

OS SINOS DOBRARAM EM BARRA CONTRA A TRANSPOSIÇÃO DO RIO SÃO FRANCISCO


Réquiem para a transposição do São Francisco
Dom Tomás Balduino*
É NATURAL que chefes de Estado tenham o sonho de vincular sua memória a uma grande obra perene. Brasília é o monumento que imortalizou Juscelino Kubitschek. Imagino que Lula, nordestino que passou sede no semiárido, carregou pote d'água na cabeça, possa estar sonhando em se ligar pessoalmente com o nordestino rio São Francisco, símbolo da integração nacional, transformando o grande sertão da seca num abençoado oásis graças a um gigantesco projeto de transposição de suas águas. O projeto nada deveria à Transamazônica nem a Itaipu. Isso explica, quem sabe, sua apaixonada tenacidade em querer levar adiante essa obra apesar das inúmeras reações contrárias de parte do Judiciário, do Ministério Público, da mídia, dos cientistas, do episcopado católico, das organizações sociais, dos atingidos pelas obras: camponeses, quilombolas, grupos indígenas.
Na sua excursão ao longo do projetado canal, levando aos palanques Ciro Gomes, além da candidata Dilma Rousseff, não faltou, da parte do presidente, o irado recado para os que ele considera obstáculos à transposição. Enquanto isso, chamou a atenção de muitos o gesto do bispo da Barra, dom Luiz Cappio, ordenando o dobre de finados na catedral enquanto Lula perambulava por aquela cidade.
Os sinos são a secular e inconfundível marca da cultura cristã nos templos das grandes metrópoles e nas pequeninas capelas do interior. Acompanham alegrias e esperanças, tristezas e angústias da comunidade nos eventos maiores do lugar ou marcam, com seu toque lúgubre, a morte dos entes queridos e o Dia de Finados. Conhecendo pessoalmente os sentimentos desse homem, que não hesitou em colocar a sua vida pelo povo ribeirinho, bem como pela revitalização do rio, posso dizer que esse gesto, o do dobre dos sinos, bem como o do jejum, tem o peso de uma profecia. Esses símbolos querem dizer que a transposição do São Francisco não se concluirá. Morrerá. Descansará em paz. Réquiem, então, para ela! Muita gente está convencida da inviabilidade desse megaprojeto. Eis as razões. A transposição pretende guindar continuamente, em um desnível de 300 metros, 2,1 bilhões de m3 da água mais cara do mundo para o Nordeste, que, por sua vez, já acumula 37 bilhões de m3 a custo zero. Se o problema da seca do Nordeste não se resolve com esses 37 bilhões de m3 armazenados, irá ser resolvido com 2,1 bilhões de m3 da transposição? Uma certeza muitos têm: os 70 mil açudes do Nordeste construídos nesses cem anos demonstram que lá não falta água. O que falta é a distribuição dessa água. Basta implantar um vigoroso sistema de adutoras, como o proposto pela Agência Nacional de Águas, por meio do "Atlas do Nordeste", que foi abafado pelo governo. Trata-se de levar água por meio de uma malha de tubos e adutoras a toda a população difusa do semiárido para o abastecimento humano, sem a transposição. Enquanto a transposição atenderia 12 milhões de pessoas em quatro Estados, segundo dados oficiais, o projeto alternativo atenderia 44 milhões em dez Estados. Custo: metade do preço da transposição. Nesse emaranhado de conflitos, existe um esperançoso toque de sino. Enquanto, de um lado, ainda prevalece a indústria da seca (a transposição aí se inscreve), que rende uma fortuna para os políticos e empresários e mantém o povo na situação do flagelado retirante, segundo a expressão lírica de Luiz Gonzaga, de Portinari, de Graciliano Ramos, de João Cabral de Melo Neto etc., do outro lado está surgindo uma nova consciência nas comunidades populares carregada de esperança libertadora.
Trata-se da convivência com o semiárido. Como os povos do gelo, das ilhas e do deserto vivem bem na convivência com seu habitat, assim esse povo começa a descobrir a extraordinária riqueza de vida do Nordeste. A questão não é "acabar com a seca", mas de se adaptar ao ambiente de forma inteligente. Nessa linha, um pedreiro sergipano inventou a tecnologia revolucionária das chamadas cisternas familiares de captação da água de chuva para o consumo humano. Em mutirão já foram construídas 290 mil cisternas como parte de um projeto de 1,3 milhão de cisternas para captação de água da chuva. Está chegando, pois, a transfiguração do povo e da terra construída de baixo para cima, no respeito e na convivência, libertando-se dos projetos faraônicos devastadores, impostos autoritariamente de cima para baixo. Esse humilde toque de sino, alegre e festivo, já se pode ouvir com nitidez, pois essa mudança, cheia de vida e esperança, é um fato no grande sertão nordestino.
* Mestre em teologia e pós-graduado em antropologia e linguística, é bispo emérito de Goiás e ex-presidente da Comissão da Pastoral da Terra. (fonte: Folha de São Paulo, 25.10.09)

terça-feira, 27 de outubro de 2009

ELEIÇÕES 2010

Tudo acertado para 2010
Eugênio Magno
Lideranças de uma das tendências (correntes) do Partido dos Trabalhadores em Minas acreditam que já está tudo acertado para as eleições de 2010.
A hipótese é a seguinte: Lula, com a popularidade em alta, vai fazer todo o esforço possível para transferir o seu prestígio político para Dilma Rousseff que, se tiver 25% das intenções de voto no start da campanha, ganha no primeiro turno, segundo teriam profetizado os assessores de marketing do PT que agora contam com o reforço de Ben Self, marqueteiro digital de Obama. Aécio Neves deixará o campo aberto para José Serra disputar a presidência, e irá para o senado, onde será o presidente da casa no governo da Dilma. E Fernando Pimentel vai ser o próximo Governador de Minas Gerais.
Diante de tamanha euforia chegamos a pensar que nem vale à pena votar. Afinal, as favas já estão contadas. Será? Está tudo acertado, mas falta combinar com os cerca de 14 milhões de eleitores em Minas e os mais de 130 milhões de eleitores brasileiros.
Apesar da grande aliança que o PT está costurando, com partidos de várias cores – até com Judas –, como exemplificou o presidente Lula, quem vai segurar aqui em Minas, líderes como Patrus Ananias, Hélio Costa e Itamar Franco? Antônio Anastasia vai topar ir para o sacrifício? Na sucessão presidencial, a coisa também não é tão simples como parecia, ou como querem nos fazer crer os mais otimistas. Ainda é uma incógnita se Aécio realmente vai abrir mão da sua candidatura à presidente para disputar uma vaga no senado. Serra é o preferido da maioria dos cardeais do seu partido, só que não tem carisma. Mas onde está o líder carismático do PSDB? Essa pergunta, definitivamente, não tem resposta. O Ciro Gomes que a princípio todo mundo espera que seja apenas degrau para Dilma, se emplacar, pode gostar do jogo e virar a mesa. Heloísa Helena, certamente, vai estar bem armada nessa campanha. Ela não é de meias palavras. É bom não esquecer que o cenário político dos últimos anos deu a ela muita munição. E a grande novidade no quadro sucessório de 2010, Marina Silva, não deixou o PT para brincar de alface no PV. Apesar de tudo que se diz ao contrário, na atual conjuntura nenhum partido brasileiro de expressão pode se dá ao luxo de criticar a fragilidade e as contradições do Partido Verde. A ex-ministra do meio ambiente não só mudou de legenda, o que ela quer mesmo é politizar e ampliar a discussão ecológica, sob o paradigma do socioambientalismo.
Mais do que uma eleição plebiscitária, onde pode imperar o chamado voto útil e os caciques dos partidos irão insistir com os eleitores para que votem no menos pior dos candidatos, tem gente apostando que a questão de gênero será uma forte condicionante em 2010. Dilma Rousseff, Marina Silva e Heloisa Helena, três mulheres e três formas diferentes de fazer política. Aécio Neves ou José Serra e Ciro Gomes, e suas semelhanças. Homem ou mulher, quem entre os(as) presidenciáveis tem o melhor projeto? A campanha começou e os acordos já vêm sendo feitos desde as eleições de 2006. A sorte está lançada...

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

REDE DE ASSESSORES DO CEFEP SE REUNIU EM BRASÍLIA

Os assessores do Centro Nacional de Fé e Política Dom Helder Câmara - CEFEP-DF, estiveram reunidos por dois dias em Brasília, na última semana, no Centro Cultural de Brasília. No seminário, além de fazerem uma análise da conjuntura política brasileira, foram apresentados os textos das publicações que estão sendo produzidas pela instituição. Democracia, Igreja e Cidadania, cujo assessor referencial e organizador dos textos é o sociólogo Ivo Lesbaupin, tem seu lançamento previsto para janeiro de 2010; Opção pelos pobres hoje, organizado pelo economista Pedro Ribeiro, será lançado em meados de julho e Cultura, Transformação Social e Evangelização, organizado pelo teólogo Paulo Fernando, deverá ser lançado no final do ano de 2010.

Da esquerda para a direita, em pé: César Sanson, Izalene Tiene, Durval Ângelo, Antônio Geraldo, Paulo Fernando, Manfredo Araújo e Eugênio Magno. Agachados(as): Laudelino Augusto, Áurea Emília, Antônio Aparecido, pe. Ernanne Pinheiro, Ivo Lesbaupin, Sarah Telles, Pedro Ribeiro, Degislando Nóbrega e Márcio Tangerino. (Foto: Sidney Sabino)


A Rede de assessores em reunião

Assessores assistem a uma exposição temática.

O QUE O PROGRAMA "BOLSA FAMÍLIA" REPRESENTA

O bolsa ou a vida
Juremir Machado da Silva
"Dizem que Bolsa-Família é coisa de país atrasado. Concordo. Todo país europeu desenvolvido e com algum senso de responsabilidade social tem Bolsa-Família. Sem esse nome, claro. A Alemanha tem. A França tem. Os países escandinavos têm. Até a Inglaterra tem. Os europeus são dinossauros. Na França, o Bolsa-Família atende pelo nome de 'aides sociales' (ajudas sociais). A França é totalmente insensível aos novos tempos. O seguro-desemprego francês pode durar até 36 meses. Depois disso, se a vida continua dura, o sujeito pode ter acesso ao RMI (renda mínima de inserção): 447 euros para uma pessoa só, 671 euros para quem tiver um filho. Quase 2,5 milhões de franceses recebem o RMI (nome válido até este ano). A partir dos 59 anos de idade, a pessoa pode receber o RMI sem sequer ter a obrigação de procurar trabalho. Não dá!As famílias francesas recebem ajuda financeira conforme o número de filhos. O Estado ajuda a alugar apartamento e até a tirar férias. O sistema de saúde é universal e gratuito, inclusive os medicamentos. Que atraso! Um estudante estrangeiro em situação regular na França pode receber ajuda do Estado para ter onde morar. É muita mamata. Lembrete: o governo francês atual é, como eles dizem, de direita. Mas o Estado francês é republicano. A concepção de Estado dos europeus é muito esquisita: uma instituição para ajudar a todos e proteger os interesses da coletividade, devendo estimular a livre iniciativa e dar condições de vida digna aos mais desfavorecidos. Agricultores recebem subsídios. Empresas ganham incentivos. A universidade é gratuita para todos os aprovados no BAC, o Enem deles. Há vagas para todos. Obviamente não há necessidade de cotas. Que loucura!
Existem instituições privadas de ensino cujos salários dos professores são, em geral, pagos pelo Estado, pois se trata de um serviço de utilidade pública. Aí os nossos liberais adoram dizer: 'É por isso que a França está quebrada'. Tive a impressão de que a crise mundial mostrou os Estados Unidos mais quebrados do que a França. Os mesmos liberais contradizem-se e afirmam: 'A França é rica e pode se dar esse luxo...'. É rica ou está quebrada? Quase 30% do PIB francês é distribuído em ajudas sociais. O modelo francês enfurece os capitalistas tupiniquins, leitores de revistas como a Veja, cujas páginas pingam ideologia. Visto que dá mau exemplo de proteção social, o Estado francês é chamado de anacrônico, ultrapassado, assistencialista e outros termos do mesmo quilate usados na guerra midiática. Está certo. Moderno é ajudar a turma dos camarotes e mandar a plebe se virar. Acontece que a plebe do Primeiro Mundo não aceita esse tipo de modernidade tão avançada.
É plebe rude. Se precisa, quebra tudo, mas não cede. Os ruralistas de lá são mestres em incendiar prefeituras quando falam em cortar-lhes os subsídios estatais. Nas cidades, a turma adora queimar uns carros para fazer valer seus direitos. Na Europa, pelo jeito, não se melhora o Estado piorando a sociedade. A França tem muito a aprender com o Brasil. Somos arcaicamente modernos. Numa pesquisa recente, a França tem a melhor qualidade de vida da Europa. Nada, claro, que possa nos superar." (fonte: Jornal Correio do Povo, Porto Alegre)

A PRAGA DOS TRANSGÊNICOS

O mundo segundo a Monsanto é o livro de Marie-Monique Robin, lançado no Brasil pela Editora Radical Livros, São Paulo. O livro tem tido uma impressionante repercussão internacional.




Ivo Lesbaupin, doutor em Sociologia pela Université de Toulouse-Le-Mirail, na França, professor na Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ e assessor do Centro Nacional de Fé e Política Dom Helder Câmara - CEFEP-DF comenta o livro em artigo, cuja íntegra pode ser lida clicando aqui. (fonte: Portal EcoDebate)

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

DISCURSO DE UM INDÍGENA SOBRE A DÍVIDA EXTERNA DA AMÉRICA LATINA

Um discurso feito pelo embaixador Guaicaípuro Cuatemoc, de descendência indígena, sobre o pagamento da dívida externa do seu país, o México, embasbacou os principais chefes de Estado da Comunidade Européia. A conferência dos chefes de Estado da União Européia, Mercosul e Caribe, em Madri, viveu um momento revelador e surpreendente: os chefes de Estado europeus ouviram perplexos e calados um discurso irônico, cáustico e de grande exatidão histórica. Guaicaípuro Guatemoc não sabia que estava expondo uma tese de Direito Internacional para determinar a verdadeira Dívida Externa. Confira o texto na íntegra.
Guaicaípuro Cuatemoc
"Aqui estou eu, descendente dos que povoaram a América há 40 mil anos, para encontrar os que a "descobriram" só há 500 anos.. O irmão europeu da aduana me pediu um papel escrito, um visto, para poder descobrir os que me descobriram. O irmão financista europeu me pede o pagamento - ao meu país - , com juros, de uma dívida contraída por Judas, a quem nunca autorizei que me vendesse. Outro irmão europeu me explica que toda dívida se paga com juros, mesmo que para isso sejam vendidos seres humanos e países inteiros sem pedir-lhes consentimento. Eu também posso reclamar pagamento e juros. Consta no "Arquivo da Cia. das Índias Ocidentais" que, somente entre os anos 1503 e 1660, chegaram a São Lucas de Barrameda 185 mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos de prata provenientes da América.
Teria sido isso um saque? Não acredito, porque seria pensar que os irmãos cristãos faltaram ao sétimo mandamento!
Teria sido espoliação? Guarda-me Tanatzin de me convencer que os europeus, como Caim, matam e negam o sangue do irmão.
Teria sido genocídio? Isso seria dar crédito aos caluniadores, como Bartolomeu de Las Casas ou Arturo Uslar Pietri, que afirmam que a arrancada do capitalismo e a atual civilização européia se devem à inundação de metais preciosos tirados das Américas.
Não, esses 185 mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos de prata foram o primeiro de tantos empréstimos amigáveis da América destinados ao desenvolvimento da Europa. O contrário disso seria presumir a existência de crimes de guerra, o que daria direito a exigir não apenas a devolução, mas indenização por perdas e danos.
Prefiro pensar na hipótese menos ofensiva.
Tão fabulosa exportação de capitais não foi mais do que o início de um plano "MARSHALL MONTEZUMA", para garantir a reconstrução da Europa arruinada por suas deploráveis guerras contra os muçulmanos, criadores da álgebra e de outras conquistas da civilização.
Para celebrar o quinto centenário desse empréstimo, podemos perguntar: Os irmãos europeus fizeram uso racional, responsável, ou pelo menos produtivo, desses fundos?
Não. No aspecto estratégico, o dilapidaram nas batalhas de Lepanto, em navios invencíveis, em terceiros reichs e várias formas de extermínio mútuo.
No aspecto financeiro, foram incapazes, depois de uma moratória de 500 anos, tanto de amortizar o capital e seus juros quanto independerem das rendas líquidas, das matérias-primas e da energia barata que lhes exporta e provê todo o Terceiro Mundo.
Este quadro corrobora a afirmação de Milton Friedman, segundo a qual uma economia subsidiada jamais pode funcionar e nos obriga a reclamar-lhes, para seu próprio bem, o pagamento do capital e dos juros que, tão generosamente, temos demorado todos estes séculos em cobrar. Ao dizer isto, esclarecemos que não nos rebaixaremos a cobrar de nossos irmãos europeus, as mesmas vis e sanguinárias taxas de 20% e até 30% de juros ao ano que os irmãos europeus cobram dos povos do Terceiro Mundo.
Nos limitaremos a exigir a devolução dos metais preciosos, acrescida de um módico juro de 10%, acumulado apenas durante os últimos 300 anos, com 200 anos de graça. Sobre esta base e aplicando a fórmula européia de juros compostos, informamos aos descobridores que eles nos devem 185 mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos de prata, ambas as cifras elevadas à potência de 300, isso quer dizer um número para cuja expressão total será necessário expandir o planeta Terra.
Muito peso em ouro e prata... quanto pesariam se calculados em sangue?
Admitir que a Europa, em meio milênio, não conseguiu gerar riquezas suficientes para esses módicos juros, seria como admitir seu absoluto fracasso financeiro e a demência e irracionalidade dos conceitos capitalistas.
Tais questões metafísicas, desde já, não inquietam a nós, índios da América. Porém, exigimos assinatura de uma carta de intenções que enquadre os povos devedores do Velho Continente e que os obriguem a cumpri-la, sob pena de uma privatização ou conversão da Europa, de forma que lhes permitam entregar suas terras, como primeira prestação de dívida histórica..."