quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

HISTÓRIA DE LUTA EM FAVOR DOS DESFAVORECIDOS


 Filme sobre dom Pedro Casaldáliga


Em breve poderemos ver no cinema o filme "Descalço sobre a terra vermelha", que conta a história de dom Pedro Casaldáliga, bispo emérito da Prelazia de São Félix do Araguaia.
Dirigido pelo cineasta catalão Oriol Ferrer, o filme ganhou os prêmios de melhor ator (Eduard Fernández que interpreta dom Pedro) e melhor trilha sonora original na 27ª edição do Festival Internacional de Programas Audiovisuais (Fipa), na França. A película também foi premiada no New York International TV & Film Awards. "Descalço sobre a terra vermelha" é uma coprodução da TV Brasil com a televisão espanhola TVE e a catalã TVC.


quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

A C A B O U (! ! ! OU ? ? ?) . . . ?


Reconhecer a hora de terminar um romance
é o máximo da sabedoria amorosa
 
         Fabio Hernandez
 
Li outro dia trechos do livro de memórias escrito por Napoleão quando, miseravelmente abatido e doente, aguardava a morte na Ilha de Santa Helena. Napoleão me impressiona não pela genialidade militar ou pela grandeza histórica. O que realmente me admira em Napoleão são suas observações pessoais e amorosas.
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Napoleão, quando estava voltando de alguma campanha no exterior, mandava avisar Josefina. O libidinoso general queria que ela parasse de tomar banho para recebê-lo com cheiro de mulher. Cheiro mulher. Não há essência que se compare remotamente em poder de arrebatamento ao cheiro de mulher. Napoleão tinha toda a razão.
A sorte da multibilionária indústria de perfumes femininos é que as mulheres não concordam com Napoleão. E gastam muito dinheiro para alterar o melhor cheiro do mundo. (Em italiano a frase soa ainda melhor. Profumo di donna, nome de um filme italiano do qual lembro apenas isso, o nome. Há alguns anos Al Pacino foi o protagonista de uma refilmagem.)
De um modo geral, quanto menos a mulher se afasta dela mesma, tanto melhor. Seios naturais, de qualquer tamanho, são melhores que seios com silicone. Cabelos naturais são melhores que cabelos mentirosos. O cheiro pessoal e intransferível de cada mulher é melhor que o melhor perfume.
Mas o que mais me tocou na leitura do memorial de Napoleão foi uma frase que li no prefácio. Não era exatamente uma reflexão amorosa, mas se presta com perfeição às histórias de amor. Acho que o prefácio era de Malraux, mas não estou certo. Como vocês sabem muito bem, minhas certezas são raras. Cada vez mais raras.
A frase dizia mais ou menos o seguinte: tudo que restava a Napoleão, quando decidiu escrever seu relato em Santa Helena, era lutar pela posteridade. Era sua luta mais importante. Mais que Waterloo, mais que Austerlitz, mais que qualquer outra. A luta pela posteridade. As palavras poderiam fazer por Napoleão o que a espada não conseguiria. E fizeram. Napoleão venceu a luta pela posteridade. A imagem do grande corso é ensolarada como certas manhãs de dezembro na Vila Mar.
Lutar pela posteridade. Às vezes não restam mais opções que essa para o homem e a mulher. É uma situação típica dos finais de caso. O amor já foi derrotado, inapelavelmente derrotado, como Napoleão em Waterloo, e mesmo assim a gente segue cegamente em frente num caminho de sofrimento, angústia, agressões, humilhações. E então perdemos a luta pela posteridade. A imagem que guardamos de um caso de amor que teve tantas coisas sublimes fica irremediavelmente danificada como uma fotografia cortada por uma tesoura.
É preciso ter coragem para reconhecer quando não resta mais que a luta pela posteridade num romance. Somos sempre tentados a ir adiante, na esperança caótica e vã de ressuscitar o que está morto. Eu perdi algumas lutas pela posteridade. Tenho derrotas doídas em história. Lamento o erro histórico de não ter me recolhido a minha Santa Helena particular em certas ocasiões. Lembranças que poderiam me aquecer nos momentos de frio pela vida afora foram destruídas em finais de caso que se estenderam além do que seria razoável. Saber a hora de terminar o romance em nome da posteridade talvez seja a forma mais sublime, e mais difícil, de sabedoria amorosa.
Admitir que o único porto que resta é Santa Helena exige uma coragem de Napoleão. 
 
 
(Fonte: diariodocentrodomundo.com.br)

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

SÓ QUEM JÁ TEVE SABE O QUE É...


Depressão

Eugênio Magno


eu estive na colônia penal

cumpri pena até por crimes

que não cometi. Meu carcereiro

era uma gralha

[ou seria "O Corvo", de Poe!?]

a serviço de desequilibradas 

emoções conscientes e inconscientes

que me impediam de ir

(Do livro IN GÊ NU(A) IDA DE - Versos e prosa, 2005)

sábado, 10 de janeiro de 2015

SOMOS SÓS


Conte apenas com uma pessoa: você mesmo

Fabio Hernandez

Uma cena de Beleza Americana me impressionou particularmente. O filme todo me fascinou, aliás. Tenho que vê-lo de novo. Acho sublime, comovedora aquela busca desesperada e vã do homem pela juventude perdida. Mandar para o lixo a carreira bem-comportada depois de uma conversa franca com o chefe dilbertiano e ir trabalhar numa lanchonete, sem metas e cobranças que fossem além de entregar com um sorriso o hambúrguer para o freguês. Comprar um carrão imprestavelmente lindo de 20 anos atrás apenas para realizar um sonho que ficara lá longe num mundo que se perdera. E correr atrás de uma garota como se fosse, ele próprio, um garoto, e não um homem vencido pelo correr dos dias. Braços remando contra a correnteza, como escreveu Fitzgerald no final de Gatsby.
Somos condenados a remar contra a correnteza, e só não encerro esta digressão aqui porque me ocorre uma frase cortante como a espada de Musachi, o maior dos samurais: o tempo nos tira as certezas que temos na juventude e, ao perdê-las, vai com elas uma ousadia petulante que é maravilhosa por ser ingênua. E essa é a maior das maldades do tempo, ainda que as certezas fossem, todas elas, erradas. Mas era sobre a cena da primeira sentença que eu queria falar.
A mãe frustrada, que imagina encontrar a resposta para um casamento miserável nos braços de um amante rico e engomado, diz para a filha depois de uma briga conjugal que terminou com pratos lançados na parede: “Você aprendeu a maior de todas as lições. Você aprendeu que tem que contar apenas com você mesma”. Quando narrei esse episódio a tio Fábio, ele, com sua voz estentórea de imperador romano, disse: “Sócrates não teria falado nada melhor. Talvez Sêneca, mas mesmo assim não tenho certeza”. (Sêneca era o filósofo predileto de tio Fábio.)
Temos que contar com nós mesmos, e no entanto quase sempre depositamos nossa felicidade (ou nossa infelicidade) nos outros. Ninguém pode nos ajudar se nós próprios não nos ajudamos. Ninguém mesmo: nem a mãe, o pai, o amigo, o irmão, a namorada ou a mulher. Ninguém. Vivemos num mundo em que a solidão é tratada como um anátema, um estigma, um mal a evitar. Um grande homem da Roma Antiga disse que jamais estava menos só do que quando estava só, entregue às reflexões.
E no entanto poucas coisas nos enchem de tamanho horror quanto a solidão. É porque não contamos com nós mesmos. E assim – e lá vou eu para mais uma de minhas citações favoritas – estamos sempre fugindo de nós mesmos. A única coisa que temos sob nosso controle somos nós. Nossa mente e nossas ações. O resto, não. Sua namorada deixou você? É triste, se você gosta dela, mas, se você tem presente que deve contar mesmo é com você próprio, esse é um episódio de tranqüila superação.
Não está no seu controle obrigá-la a amá-lo até o último dia. Sob seu controle está você mesmo. É com você mesmo que você deve contar. Não pode haver mais sólido refúgio do que esse contra as adversidades e incertezas da vida. Foi isso que, naquela cena de Beleza Americana, a mãe disse à filha. Era uma mulher histérica, descontrolada, falsa. Mas, vale a repetição, nem Sócrates poderia ter dito uma coisa mais sábia à garota arrasada.
(Fonte: DCM: diariodocentrodomundo.com.br)

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

PERSPECTIVAS EM POLÍTICAS PÚBLICAS


Letramento comunicacional como princípio ético 
para o aprendizado da cidadania e construção da democracia

"Tão importante quanto a inteligência emocional é a inteligência social. É ela que proporciona as relações eficazes dos indivíduos nos grupos, promove a sociabilidade e alicerça as bases de sedimentação da cidadania. No mundo individualista e competitivo em que vivemos, é vital a socialização de conhecimentos que permitam oportunidades mais equânimes, minimizando as discrepâncias sociais e intelectuais entre as classes. A compressão cultural ocasionada pela overdose informativa e a força dos formatos da comunicação contemporânea – cada vez mais persuasivas e retóricas – carecem de análises e propostas que re-hierarquizem seus elementos, reposicionando e requalificando a informação. Pois que esta tem se configurado atualmente como produto – fim –, em pelo menos dois sentidos: como elemento catalisador de atenção para a “venda” direta e subliminar de produtos, serviços, ideias e comportamentos, utilizando-se de um modelo comunicacional empático, com apelos lúdicos e emocionais. E numa perspectiva nem tanto mercadológica, mas nem por isso menos valorizada como ativo da sociedade contemporânea." 
Esse é um trecho do artigo "Letramento comunicacional como princípio ético para o aprendizado da cidadania e construção da democracia", de autoria de Eugênio Magno para a Revista PERSPECTIVAS EM POLÍTICAS PÚBLICAS, Nº 14, uma publicação da Faculdade de Políticas Públicas"Tancredo Neves" (FaPP/CBH/UEMG). Para ler o artigo na íntegra, clique aqui.