quarta-feira, 25 de agosto de 2021

POVOS INDÍGENAS PROTESTAM EM BRASÍLIA

 

(Foto: APIB)

Com algo em torno de 6 mil pessoas em Brasília, povos indígenas realizam a maior mobilização após a promulgação da Constituição de 1988.
Vindos de todas as regiões do país, mais de 170 nações indígenas estão mobilizadas na capital federal, desde o último dia 22, pela garantia de seus direitos originários e contra o marco temporal que está em julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF).
O acampamento "Luta pela Vida", está previsto para durar até o próximo dia 28 e é considerado pelo movimento indígena, o processo mais importante do século sobre a vida dos povos indígenas.

sexta-feira, 20 de agosto de 2021

TOLERÂNCIA TEM LIMITES (?)

Caminhando rumo à tolerância

Companheiras constantes nesse caminho em direção à tolerância são as nossas inteligências intelectual, emocional e físico-motora, além do conhecimento e da prática da democracia, de quem a tolerância é irmã siamesa.

É imprescindível compreendermos a necessidade de uma integração desse nosso ser tão fragmentado, para que não fiquemos apenas na intenção. Empreender essa viagem, na compreensão de Bernhard Häring e Valentino Salvoldi, é muito mais do que um trabalhoso processo histórico, mas, fundamentalmente, um desafio cotidiano em que os seres humanos estão totalmente envolvidos nas diferentes esferas do ser e do viver.

O podcast Política com Fé está dedicando uma série de episódios à leitura comentada do  livro “TOLERÂNCIA: Por uma ética de solidariedade e de paz”, de Häring e Salvoldi. O episódio # 19 - Caminhando rumo à tolerância, traz apontamentos sobre o segundo capítulo, intitulado As raízes da intolerância, cujos tópicos são: Premissas a uma ‘antropologia da intolerância’, Elementos biológicos úteis à compreensão da gênese do comportamento intolerante e Medo, simplificação, sentido de pertença.

Ouça o podcast clicando aqui.

 

domingo, 15 de agosto de 2021

IPCC: JÁ NÃO HÁ MAIS TEMPO PARA UMA ECOLOGIA SUTIL


Relatório da ONU aponta: frear a crise climática exigirá novo paradigma ecológico e de bem-estar, que se sobreponha ao cálculo econômico. Um dos entraves será a indústria do cimento, altamente poluidora, que prepara novo boom da construção

Projeto “+1,5ºC Muda Tudo” , entre o Museu do Prado e a WWF, que atualiza obras clássicas sob a catástrofe climática

Nada indica que os mais importantes tomadores de decisão do planeta estejam preparados para enfrentar o horizonte traçado nesta semana pelo relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), que analisa a evolução e as perspectivas da relação entre as sociedades humanas e o sistema climático do qual a vida na Terra depende. Uma das mais importantes e promissoras conclusões do relatório é que ainda existe uma estreita janela de oportunidades para que a temperatura global média não suba além de 1,5ºC até o final do século.

Mas esta janela converte-se numa quase invisível fresta quando o mais importante jornal de economia do mundo, o Financial Times, retrata o entusiasmo de Jan Jenisch, presidente do maior grupo produtor global de cimento (Holcin), com o que ele chama de boom da construção, em função das necessidades de infraestrutura dos países em desenvolvimento. Sua alegria é compartilhada por Fernando Gonzales, o CEO da Cemex mexicana que fala em superciclo da construção.

Para ler a íntegra da matéria de Ricardo Abramovay, na coluna Terra e Antropoceno, do site Outras Palavras, clique aqui.

quarta-feira, 11 de agosto de 2021

PEC DO VOTO IMPRESSO DERROTADA

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Câmara dos Deputados 
rejeita e arquiva proposta de Bolsonaro

A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do voto impresso, em eleições, plebiscitos e referendos, de autoria da deputada, Bia Kicis, do PSL-DF e defendida pelo presidente, Jair Bolsonaro, não passou na Câmara.
Para ser aprovada, a proposta necessitava de, no mínimo, 308 votos, mas o placar geral foi o seguinte:
- 229 votos à favor;
- 218 votos contra;
- 001 abstenção (de Aécio Neves);
- 064 ausências.
Embora a derrota da proposta esteja sendo comemorada - e com razão -, pela oposição, é preciso colocar as barbas de molho com relação às reservas de força de Bolsonaro. Afinal, o resultado traiu as expectativas de quem acreditava que a derrota seria acachapante.
Teria sido o que se configurou depois como vexatória "tanquesseata" o que intimidou os deputados, ou Bolsonaro ainda tem fôlego para outros embates?
A grande mídia e os jornalistas de direita zombam da esquerda dizendo que todos os anos, nessa data, acontece esse desfile de blindados para entregar o tal convite de Exercício Militar da Marinha ao presidente. Dizem que foi uma mera coincidência. Será?
O que não vi, não li, nem ouvi dos comentaristas políticos foi a pergunta da dita coincidência feita por outro ângulo: Porque o presidente da Câmara, Arthur Lira, teria marcado a votação da PEC, justamente nesse dia em que tradicionalmente ocorre o tal desfile?

sábado, 7 de agosto de 2021

POR UMA ÉTICA DE SOLIDARIEDADE E DE PAZ

 


(Capa do livro)

Novo episódio do Podcast "Política com Fé" traz mais apontamentos e reflexões sobre o livro Tolerância

"A história humana é recheada de exemplos de conflitos variados que remontam à antiguidade, ao mesmo tempo em que são registrados, desde tempos remotos, os esforços humanos para administrar de forma pacífica a convivência, todavia incorrendo em equívocos como a exclusão ou a marginalização, tendo em vista controlar determinados grupamentos sociais, definindo-os com base na atividade econômica, na riqueza, na ascendência e/ou na raça."

Esse é um dos trechos do episódio # 18 - As várias faces da intolerância explorando o primeiro capítulo do livro de Bernhard Häring e Valentino Salvoldi, “TOLERÂNCIA: Por uma ética de solidariedade e de paz”, onde os autores identificam a rigidez, a impaciência e o desencontro como algumas das principais características de  manifestação da intolerância.

O episódio traz ainda o quadro "CEFEP Informa", com informações sobre as principais ações do Centro Nacional de Fé e Política.

Para ouvir o podcast, clique aqui.


domingo, 1 de agosto de 2021

MEDO DESESPERO E ANGÚSTIA:

Um retrato das atuais sociedades distópicas



Olgária Matos 
(Foto: FFLCH-USP)

Para a professora Olgária Matos, vivemos no que seria caracterizado como uma anticidade, sob o domínio do medo e da descrença nas instituições que compõem a sociedade.

Simone Lemos
(para o Jornal da USP)

Uma sociedade distópica e sua forma de governo pode ser verificada em vários momentos da nossa história, mas o que caracteriza essa sociedade, seus governantes, forma de convívio e leis? Olgária Matos, professora titular do Departamento de Filosofia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP caracterizou esse tipo de sociedade como “aquela que contrariasse a ideia de cidade que se estabeleceu segundo a tradição aristotélica/grega como um espaço em que os indivíduos se reúnem para viver bem e cada vez melhor com valores comuns compartilhados, segundo o laço de um sentimento afetivo, que auxilia a amizade, indivíduos unidos pela confiança e pela lealdade”.

Arte de Lívia Magalhães - Imagem: Pixabay


Segundo a professora, essa definição, mesmo sendo utópica, constitui a fonte de orientação na vida e no pensamento. Assim, uma sociedade distópica seria aquela em que as instituições que medeiam as relações entre as pessoas — como a escola, a igreja e a família — não mais seriam socializadoras, no sentido em que existem elementos realistas nas utopias e elementos utópicos no realismo. Os valores que dominariam seriam aqueles como a desconfiança, a deslealdade e a injustiça.

O Brasil apresenta algumas características deste tipo de sociedade. “É a tendência em quase todos os países na contemporaneidade, passa por uma desinstitucionalização das instituições. Quer dizer, pela descrença em sua efetividade e capacidade de fazer valer direitos e responsabilidades”, destaca Olgária.

De acordo com ela, há uma grande descrença nas instituições tradicionais do País, como o Parlamento, os partidos políticos, a escola, a família, a justiça, a polícia, entre outros. Vivemos no que seria caracterizado como uma tendência antipólis, ou seja uma anticidade. Segundo Olgária essa anticidade é o contrário de uma cidade, pois se vive sob o domínio do medo, do desemprego, das epidemias, da criminalidade, do autoritarismo, da tirania e da perda dos pertencimentos simbólicos e estruturantes.

A distopia

A distopia produz um sentimento de angústia generalizada e os desenvolvimentos da ciência e das técnicas contrastam com as regressões espirituais da sociedade. Para a professora, uma distopia seria aquela que distribui ameaças por todos os lados, produzindo um sentimento de angústia generalizado, que pode se traduzir num ressentimento e em um desejo de vingança. Principalmente em um mundo de particularismos — sejam eles éticos, religiosos ou sexuais —, que não possuem mais como referência elementos simbólicos externos, permitiriam as mediações entre o sofrimento que os preconceitos provocam e o sentido de uma progressiva resolução e superação deles dada justamente a falência das instituições políticas e a presença do Estado.

“Nesse sentido, o mundo dos distópicos seria aquele em que o princípio de realidade vacila”, afirma a professora e completa: “Uma vez que os extraordinários desenvolvimentos das ciências e das técnicas contrastam com as regressões espirituais da sociedade, uma vez que nos fazem ver o que ganhamos, mas não o que perdemos”.

No perfil de um tipo de governo distópico há elementos antidemocráticos, mesmo nas democracias consideradas como bem avançadas e sólidas em suas instituições. Geralmente se caracteriza por decisões autocráticas, que tendem a não respeitar as instituições vigentes, indo diretamente “ao povo” e daí seu caráter populista e oportunista. Na história mais recente, Olgária cita, como exemplo de governos autoritários, os soviéticos na época do comunismo, o da China durante a Revolução Cultural, o da Alemanha nazista, as ditaduras da América Latina, da África, Oriente Médio e as ditaduras em geral.

A professora acredita que o abandono da educação contribuiu para essa realidade, a partir dela é possível mudar e criar a utopia de um ensino humanista. Essa situação distópica não é produto de poucos anos, mas é algo que vai se estabelecendo e se desenvolvendo ao longo do tempo pelo abandono da importância civilizatória e da educação, tanto formal quanto informal. De acordo com Olgária, progressivamente, as instituições foram destituídas de valor, e da educação, principalmente, a tal ponto que a cultura dos esportes e a indústria da euforia dos megaeventos substituíram os valores formadores das instituições que existem justamente para criar os sentimentos de solidariedade e de compaixão.

Para ela, a educação humanista tem papel fundamental como forma de escapar de tendências distópicas e como meio de renovar a sociedade. Uma educação salientada em uma leitura atenta e concentrada no estudo da literatura nacional e universal, no estudo da história das línguas clássicas e vernáculas, das humanidades em geral, das ciências e das artes. “Utopia de uma educação humanista, que sozinha, é claro, não é capaz de criar o mundo ideal, mas pelo menos permite a uma sociedade ser capaz de se idealizar”, conclui a professora Olgária.

(Fonte: Jornal da USP)