(Imagem: Site Uol Notícias)
Balanço do primeiro ano
do terceiro Governo Lula
O
primeiro ano de um governo – qualquer governo –, é um período de créditos e
crendices. Dá-se crédito para que o novo governante tome pé da situação,
estruture a governança, trace a rota, abasteça a máquina e coloque o trem para
andar na direção traçada e esperada. A população põe fé, acredita. Cruza os
dedos, cada um reza para o seu santo e aguarda a partida. No nosso caso, a
arrancada foi tumultuada, lenta e obstaculizada.
Embora muitos tenham ficado na plataforma e outros nem tenham chegado à estação, o trem partiu, apinhado de gente e com uma parte da tripulação nada confiável. A paisagem não era e continua não sendo das mais agradáveis de se ver. São muitos túneis e precipícios. E o trem parece se mover em slow motion.
Embora muitos tenham ficado na plataforma e outros nem tenham chegado à estação, o trem partiu, apinhado de gente e com uma parte da tripulação nada confiável. A paisagem não era e continua não sendo das mais agradáveis de se ver. São muitos túneis e precipícios. E o trem parece se mover em slow motion.
O
economista que exerceu a função de porta-voz da presidência da república no primeiro
mandato de Luiz Inácio Lula da Silva, André Singer, professor titular do
Departamento de Ciência Política da USP e autor do livro, O lulismo em crise e Fernando Rugistsky, professor de economia da
University of the West of England, em Bristol, onde também é codiretor de
pesquisa em economia, fizeram um balanço do primeiro ano do Governo Lula, no site
A Terra é Redonda.
Eles analisam a situação por dentro e assim também procedo na leitura do artigo e dessa nossa realidade sofrível. Abaixo, um breve trecho do artigo, escrito por dois progressistas (reitero), setor com o qual também estou alinhado, que nos ajuda a compreender a situação:
Após ter vencido à
frente de um heterogêneo ajuntamento de salvação democrática, o presidente
decidiu entoar a melodia lulista clássica: fazer, no atacado, concessões à
burguesia e, no varejo, buscar as brechas por meio das quais consiga
beneficiar, em alguma medida, os segmentos populares. Só que o tema vem se
desenvolvendo em andamento lentíssimo, tornando duvidosos os movimentos
previstos para os períodos eleitorais de 2024 e 2026.*
Nunca
é demais lembrar que, apesar de uma breve descontinuidade medonha, este é o
terceiro mandato de Lula e lá se vão 15 anos de PT no comando do país. Portanto,
falta de experiência política não é. Será que nada foi apreendido ou teremos que “esperar
momento mais propício”, mais uma eleição geral para elegermos um parlamento comprometido
com as urgentes reformas pelas quais o país grita? Como dizia o doutor Ulysses
Guimarães, “se acham esse parlamento ruim, espere para ver o próximo”.
No primeiro mandato de Lula não era tão diferente. Lembram do mensalão? Pois é, ele vem de anos, com nomes diferentes.
No primeiro mandato de Lula não era tão diferente. Lembram do mensalão? Pois é, ele vem de anos, com nomes diferentes.
Se
Lula em 1993 denunciou o toma lá dá cá do congresso que virou até música dos
Paralamas do Sucesso – “Luíz Inácio (300 picaretas)”, do LP Vamo batê lata / 1995 –, a maracutaia já era braba imagine agora com 513 e entre eles representantes
de milicos e milícias, tráfico, setor financeiro, fisiologismos, populismos e
bancadas do boi, da bala e da bíblia?
Em 2024 o governo necessita de apoio irrestrito da população, mas também de muitas críticas, cobranças e povo na rua.
Muito informativa sua postagem, Eugênio, ao repercutir as preocupações do André Singer e do Fernando Rugistsky. Obrigada por compartilhar e por nos brindar também com seu ponto de vista particular. Isso me parece ser mais uma prova de que o campo progressista é crítico e sempre terá muito a contribuir para a consolidação de nossa democracia, no que se refere a planejamento, execução e fiscalização de políticas públicas. Como adendo, permito-me estar alinhada com o governo no que os autores chamam de "debate aberto por Lula sobre o resultado primário para o próximo ano". Digo isso, pois o imposto de renda progressivo é uma vitória histórica da ciência econômica. Deveria estar acompanhado da tributação sobre grandes fortunas, do combate à sonegação (esboçado de forma capenga, como nos demonstrou o Eduardo Moreira) e do fim dos subsídios a setores consolidados da economia (que está novamente em discussão, pela tentativa do Executivo de vencer a resistência do Legislativo em relação a uma pauta que também é manifestação do fisiologismo, pois sempre beneficiou historicamente os lucrativos negócios dos potentados locais), para que pudéssemos chamar as medidas de Reforma Tributária. Mesmo assim, foi um passo adiante na função pública do Estado de garantir transferência de renda sem onerar a classe média. Os passos adiante, a meu ver, dependem de a economia reagir a contento no que se refere à criação de concorrência e de novos negócios, o que naturalmente será traduzido em mais emprego e mais arrecadação. Os gargalos percentuais podem ser negociados mais à frente, daí a importância da avaliação indignada do artigo em referência: para termos o parâmetro do quão pouco foi feito em relação ao que deveria ser... O trem definitivamente não tá bão, mas há trilhos e há condutor. Na pandemia, não havia nem um nem outro. Prossigamos atentos, indignados e manifestando nosso amor pátrio não ufanista. A coisa vai melhorar...
ResponderExcluirOlá, Márcia! Agradeço sua interação e as contribuições que aporta, especialmente ao manifestar uma esperança lúcida. Valeu!
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