Magali Cunha (Foto: Iser Assessoria) |
Fundamentalismo religioso galvaniza massa de apoio de católicos e evangélicos ao governo Bolsonaro e coloca democracia em Crise
Embora nossa tendência seja a de pensar a democracia como uma constante, ao menos na América Latina isso não ocorre de forma contínua, mas sempre por meio de uma tensão por parte dos setores conservadores. “Importa demarcar que ‘democracia’ não é regra na América do Sul, mostra-se sempre como intervalos de predomínios de governos autoritários. Isto decorre da estrutura de sociedade estabelecida na América Latina, assentada em três forças impostas pelo colonialismo: patriarcalismo, latifúndio e escravização, concretizadas na autoridade do homem branco, na grande propriedade e no racismo”, pondera a professora doutora e pesquisadora Magali Cunha, em entrevista ao Instituto Humanitas Unisinos - IHU.
Neste contexto, grupos religiosos cristãos passaram a ocupar progressivamente um espaço mais ostensivo nas instâncias de poder de Estado. “Observa-se o fortalecimento da articulação entre lideranças políticas evangélicas, lideranças evangélicas midiáticas, lideranças católicas e políticos/as não religiosos/as, empresários/as e ruralistas, afinados com as pautas reacionárias, formando um conglomerado de lideranças que compõem um quadro de reverberação de pautas conservadoras, com amplo apoio do eleitorado”, complementa.
Ocorre, no entanto, que o fundamentalismo político não é, nenhum pouco, exclusividade de grupos religiosos. “A intolerância e o fanatismo que podem manifestar-se nos fundamentalismos também estão presentes na mentalidade e ações dos grupos políticos de esquerda e de centro”, afirma a pesquisadora. Nesse sentido, ao propor alternativas ao atual cenário, projeta que um “desafio específico para igrejas é a criação de novos programas de leitura popular da Bíblia contextualizada e ecumênica, colocando as Escrituras Sagradas no centro de projetos de formação de lideranças cristãs que superem a lógica dos fundamentalismos no manejo do texto bíblico”.
Para acessar a entrevista realizada por Ricardo Machado, para o IHU, clique aqui.
(Fonte: Instituto Humanitas Unisinos - IHU)
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