quarta-feira, 22 de dezembro de 2021

ÚLTIMO EPISÓDIO DO ANO DO PODCAST "POLÍTICA COM FÉ"

Bem Vindo 2022!

Abaixo alguns trechos do último episódio do ano do podcast Política com Fé.

Assim como muitos companheiros, abnegados, temos lutado, na trincheira que nos é própria, sem esmorecimento e assim pretendemos continuar. Afinal, escolher essa luta ou ser escolhido e se ver constantemente nela já se tornou rotina, cotidiano, prática de vida. Entretanto, não podemos deixar de fazer as críticas, as autocríticas e, porque não, falar das decepções, em nossas próprias trincheiras, que são enormes. O corporativismo de alguns grupos é tamanho que fica escancarado o jogo, aético, praticado por seus representantes: atores-autores dessa dramaturgia tragicômica. As instituições que mais criticam e atacam comportamentos, políticas e procedimentos não conseguem mais sustentar, para a plateia, o teatro a que se impuseram. É difícil dizer se é a hipocrisia que cresceu a ponto de fazer grandes sombras sobre seus cultivadores ou se eles realmente passaram a acreditar tanto nos papéis que representam que, presos em jaulas de ouro, autônomos e autômatos, consomem-se entre si e a si mesmos, num banquete de autocanibalismo referencial e narcísico de insignificâncias que é deprimente. O cinismo grassa e qualquer nesga de poder vem se transformando em balcão de troca, espaços para a prática de nepotismos cruzados e diretos.

Apontar e falar contra quem se encontra no outro espectro sempre é mais fácil. Difícil mesmo é cortar na própria carne. Dos neoliberais e da direita ultrarradical, recém saída do armário, nem há o que falar, nem vou gastar minha energia com palavrórios do tipo que topo constantemente nos meios que circulo. Enquanto os capitalistas ricos, mas também os pobres iludidos com a ideia de uberização profissional fazem proselitismos da prosperidade liberal, alguns setores que se autodenominam de esquerda, encarapitados nos sindicatos, nas universidades, nas religiões, na mídia, nas artes e, mesmo nos partidos, usam o discurso de defesa dos pobres para garantir a estabilidade de seus status.

Dois anos de pandemia foi mais do que suficiente para ver a profusão de inutilidades que é produzida, embalada pela lógica produtivista que invadiu o mundo intelectual. Ver e sentir debaixo do nariz todo o odor desse populismo adornado pela razão cínica, com romantização da pobreza, identitarismos que pautam pela defesa de protagonismos e empoderamentos seletivos é nauseante. É imperioso que se recupere a sobriedade progressista, se é que ela já existiu algum dia.

Para ouvir o episódio completo, que está imperdível, # 27 - BEM VINDO 2022!clique aqui.


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