terça-feira, 6 de outubro de 2020

ECONOMISTAS COMPLICAM A ECONOMIA PARA QUE NÓS NÃO A ENTENDAMOS

(Imagem do Google)

Economia a serviço da vida

por Eugênio Magno


Na "Economia de Francisco" - o santo (São Francisco) - proposta por Francisco (Jorge Mario Bergoglio), o papa, é urgente que haja uma reordenação de valores. É imprescindível que a economia esteja a serviço da vida e não a vida a serviço da economia, como vem acontecendo no mundo.

Desenvolvimento sem democracia econômica é um contrassenso do capitalismo ultraliberal rentista e excessivamente financeirizado, para o qual os maiores gênios da economia mundial vêm se empenhando no sentido de encontrar uma alternativa que o substitua. E nesse momento caótico em que vivemos é o papa Francisco, reconhecido por várias autoridades como o maior líder mundial dos tempos atuais, quem articula os principais movimentos globais sugerindo iniciativas de estudos, debates e ações com uma Igreja em saída - se encontrando com os leigos, intelectuais e com a sociedade -, na busca de soluções para garantir a vida no planeta.

Os números dão muito o que pensar. Para ficar com um único exemplo, basta saber que 3 milhões de crianças morreram de fome no ano passado. Isso, enquanto produzimos o equivalente a 1,5 kg de alimento por habitante da terra e que a riqueza total produzida no mundo, se dividida de forma igualitária para toda a população mundial, daria uma renda, em moeda brasileira, de algo em torno de R$18.000,00, mensais, para cada família de quatro pessoas. Isso para não falar da devastação do planeta, da falta de preservação de nossos biomas, e do total descuido com a água, a terra , o ar e para com a vida silvestre e os povos das florestas, nativos, quilombolas e ribeirinhos. 

(Logo da 6ª Semana Social Brasileira)

Foi dada a largada, em nosso país, para a 6ª Semana Social Brasileira - Mutirão pela vida: Por Terra, Teto e Trabalho, inspirada pelos diálogos do papa Francisco com os movimentos populares. Tendo como eixos, democracia, soberania e economia, as ações da Semana Social Brasileira (SSB), visam debater, compreender e formular soluções para as questões sociais mais urgentes que impactam especialmente os setores excluídos e marginalizados da sociedade. 

Sábado passado (dia 4.10.2020), aconteceram vários eventos de lançamento da Semana Social Brasileira, articulando forças populares e intelectuais para o debate de questões sociopolíticas de interesse público com o propósito de entender a conjuntura atual e traçar perspectivas para o presente e o futuro. Como era difícil acompanhar tudo, elegi a live "Lançamento da 6ª Semana Social Brasileira", promovida pelo Movimento Igreja em Saída, do Regional Nordeste 1 (Ceará) e da Escola Regional de Fé e Política Dom Helder Câmara. O evento contou com a participação do bispo da diocese de Itapipoca, Dom Antônio Roberto Cavuto, do padre e teólogo Francisco Aquino Júnior, do economista e escritor Ladislau Dowbor e de Reginha, da Cáritas e da Articlação das Pastorais Sociais do Ceará, mediadora da live que teve ainda a participação de membros da Escola Regional de Fé e Política, com cantos e declamações e contaria também com a presença do filósofo Manfredo Oliveira que, em razão de problemas técnicos, não pode participar.

(Foto: Janaína Abreu)

O mestre, Ladislau Dowbor, apesar do tempo restrito, fez uma brilhante apresentação. Ancorado em pesquisas e análises de vários estudiosos e usando uma linguagem de fácil compreensão ele mostrou como funciona a economia e incentivou a todos, para que, independentemente de conhecimentos prévios de economia, buscassem entendê-la para multiplicar sua compreensão. Segundo Dowbor, "a economia não tem nada de complicado, os economistas é que a complicam para que o povo não possa compreendê-la". E para auxiliar a todos nessa compreensão ele disponibiliza todos os seus livros, artigos e estudos, gratuitamente, em seu site na internet (www.dowbor.org).

O padre, Francisco de Aquino Júnior, chamou a atenção para o fato de que a Igreja apesar de não possuir meios técnicos e instrumentos de análise econômica é rica em parâmetros éticos e espirituais para iluminar e mostrar caminhos em que a economia pode ser colocada a serviço da humanidade. Seus argumentos, se ancoram na Doutrina Social da Igreja e nos vários documentos papais que, desde fins do século XIX, com Leão XIII e a Rerum Novarum, até Francisco, na atualidade, com as encíclicas Laudatto Si e a novíssima Fratelli Tutti, mostra sua preocupação com a vida social.

Embora chamada de "semana", a 6ª Semana Social Brasileira Mutirão pela vida: Por Terra, Teto e Trabalho, tem como vigência o período 2020-2022. Ela é convocada pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e promovida conjuntamente com as pastorais sociais e movimentos populares. É realizada em mutirão, na pluralidade cultural e étnica do Brasil, assim como no ecumenismo e diálogo inter-religioso. Até o seu encerramento, muitos eventos, presenciais e online acontecerão. Para acompanhar tudo sobre a Semana Social Brasileira, acesse o site ssb.org.br.

(Print de tela da live)

A live "Lançamento da 6ª Semana Social Brasileira", promovido pelo Movimento Igreja em Saída, do Regional Nordeste 1 (Ceará) e da Escola Regional de Fé e Política Dom Helder Câmara ainda está disponível no YouTube e pode ser acessada em: https://www.youtube.com/watch?v=btQyQvIf9Ek.



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