Ladrões grandes enforcam os pequenos
Gilvander Moreira
Frei Carmelita e Pároco da
Igreja do Carmo em Belo Horizonte
A descoberta do Mensalão do DEM/PFL-Arruda, em Brasília, gerou uma explosão de indignação nas pessoas de boa vontade. Todos comentam. Uns abominam, outros ironizam, há ainda os que zombam ou propõem impeachment... A senvergoinhice e a cara de pau de políticos profissionais, mais podres que ... me fizeram recordar o padre Antônio Vieira, em um dos seus célebres sermões, onde ele diz: 'Não são ladrões os que cortam bolsas ou espreitam os que se vão banhar, para lhes colher a roupa; os ladrões, que mais própria e dignamente merecem este título, são aqueles a quem os reis encomendam os exércitos e legiões, ou o governo das províncias, ou a administração das cidades, os quais já com manha, já com força, roubam e despojam os povos. Os outros ladrões roubam um homem, estes roubam cidades e reinos; os outros furtam debaixo do seu risco, estes sem temor, nem perigo: os outros, se furtam, são enforcados, estes furtam e enforcam. Diógenes, que tudo via com mais aguda vista que os outros homens, viu que uma grande tropa de varas e ministros de justiça levavam a enforcar uns ladrões, e começou a bradar: LÁ VÃO OS LADRÕES GRANDES ENFORCAR OS PEQUENOS. Ditosa a Grécia, que tinha tal pregador. E mais ditosas as outras nações se nelas não padecera a justiça as mesmas afrontas. Quantas vezes se viu em Roma ir a enforcar um ladrão por ter furtado um carneiro, e no mesmo dia ser levado em triunfo um cônsul, um ditador por ter roubado uma Província. E quantos ladrões teriam enforcado estes mesmos ladrões triunfantes? De um chamado Seronato disse com discreta contraposição Sidônio Apolinário: Seronato está sempre ocupado em duas coisas: em castigar furtos, e em os fazer. Isso não era zelo de justiça, senão inveja. Queria tirar os ladrões do mundo, para roubar ele só.' (VIEIRA, Sermões, Vol. 5, p. 69. Porto, Lello & Irmão Editores, s/d).
Hoje, no Brasil, parodiando Diógenes, podemos dizer que políticos profissionais, como os 'mensaleiros', são grandes ladrões que enforcam os 'pequenos', que não são ladrões, mas são: a) 30 mil jovens assassinados por ano; b) 150 mil famílias sem-terra debaixo da lona preta; c) milhões de desempregados humilhados; d) 500 mil presos enjaulados em prisões que são verdadeiros campos de concentração...
Indignação é imprescindível, mas não basta. Precisamos organizar a indignação e encontrar soluções para problemas reincidentes como o dos Mensalões do PSDB, do PT e, agora, do DEM/PFL. Qual será o próximo? O grande poeta Thiago de Mello nos mostra um facho de luz: 'As colunas da injustiça sei que só vão desabar quando o meu povo, sabendo que existe, souber achar dentro da vida o caminho que leva à libertação! Quando a verdade for chama nos olhos da multidão, o que em nós é palavra no povo será ação!' Urge acordar em nós e no povo a infinita luz e força humano-divina existente em nós. Basta de acreditar que eleições nos salvarão. Devemos investir 5% das nossas energias para elegermos os melhores (ou os menos piores) políticos e 95% das nossas energias na organização do povo empobrecido e excluído. Pobres organizados se transformam em protagonistas de lutas libertárias concretas e constroem saídas verdadeiras de baixo para cima e de dentro para fora. Eis um caminho para evitar novos mensalões."
Hoje, no Brasil, parodiando Diógenes, podemos dizer que políticos profissionais, como os 'mensaleiros', são grandes ladrões que enforcam os 'pequenos', que não são ladrões, mas são: a) 30 mil jovens assassinados por ano; b) 150 mil famílias sem-terra debaixo da lona preta; c) milhões de desempregados humilhados; d) 500 mil presos enjaulados em prisões que são verdadeiros campos de concentração...
Indignação é imprescindível, mas não basta. Precisamos organizar a indignação e encontrar soluções para problemas reincidentes como o dos Mensalões do PSDB, do PT e, agora, do DEM/PFL. Qual será o próximo? O grande poeta Thiago de Mello nos mostra um facho de luz: 'As colunas da injustiça sei que só vão desabar quando o meu povo, sabendo que existe, souber achar dentro da vida o caminho que leva à libertação! Quando a verdade for chama nos olhos da multidão, o que em nós é palavra no povo será ação!' Urge acordar em nós e no povo a infinita luz e força humano-divina existente em nós. Basta de acreditar que eleições nos salvarão. Devemos investir 5% das nossas energias para elegermos os melhores (ou os menos piores) políticos e 95% das nossas energias na organização do povo empobrecido e excluído. Pobres organizados se transformam em protagonistas de lutas libertárias concretas e constroem saídas verdadeiras de baixo para cima e de dentro para fora. Eis um caminho para evitar novos mensalões."
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