Comunicação e economia glogal
Carlos Valle
Comunicador e ex-secretário-geral da
Associação Mundial para as comunicações Cristãs
"A aprovação da esperada lei de Serviços de Comunicação Audiovisual e a busca de sua breve implementação exigem uma séria consideração sobre o amplo contexto econômico e social no qual o nosso mundo moderno está imerso. Para começar, um aspecto a considerar neste novo mundo das ciberculturas é o lugar que os direitos humanos ocupam.
De diversas partes, chamou-se a atenção sobre o fato de que em nenhuma das áreas da comunicação mundial pode-se identificar um forte conteúdo sobre os direitos humanos. Alguma coisa aparece principalmente no que se vincula aos direitos de autor (copyright), à legislação sobre patentes, à liberdade de informação, à cultura, mas não se encontra nada com relação ao comércio dos serviços de telecomunicações, aos direitos de propriedade intelectual, à concentração da propriedade dos meios e à padronização do consumo de eletrônicos.
Para Cees Hamelink: 'Se tomamos o conteúdo dos direitos humanos como um indicador da representação dos interesses das pessoas, temos que concluir que as pessoas não importam nas políticas de comunicação mundial'.
Para Alain Touraine, a reflexão sobre a sociedade contemporânea está governada por duas constatações principais: 'a dissociação crescente do universo instrumental e o universo simbólico, das economias e das culturas, e, em segundo lugar, o poder cada vez mais difuso, em um vazio social e político em aumento, de ações estratégicas cuja meta não é criar uma ordem social, mas sim acelerar a mudança, o movimento, a circulação de capitais, bens, serviços, informações' (Touraine 1997:20).
Alguns efeitos da expansão desse sistema econômico sobre o desenvolvimento da democracia e da comunicação mais evidentes são:
1. O número cada vez maior de decisões que uns poucos tomam em nome de todos, com só uma aparente participação das pessoas. A tomada de decisões passa progressivamente para o âmbito reservado daqueles que ostentam o poder. Eles consideram que sempre estão na frente de situações que requerem 'decisões executivas' que só será preciso justificar mais tarde, se for necessário.
2. A tendência dos meios comerciais de reforçar a despolitização das pessoas. Como alguma vez indicou G. Gerbner, os grandes meios de comunicação 'não têm nada para dizer, mas muito para vender'. A despolitização aumenta por causa da exaltação do individualismo. Isso leva a rejeitar e a combater tudo o que afete os interesses básicos: o país, se afeta o meu grupo; o meu grupo, se afeta os meus bens; e assim sucessivamente. A despolitização consegue que as pessoas meçam as ações dos governos segundo e como elas as afetam individualmente.
3. A tendência desse sistema tende a desmoralizar as pessoas, promovendo o abandono de toda esperança de mudança e da aceitação da realidade. Na selva moderna, a lei principal é: 'Salve-se quem puder!'. Eduardo Galeano comentava: 'O sistema nega aquilo que oferece, objetos mágicos que tornam os sonhos realidade, luxos que a TV promete, as luzes de neon anunciando o paraíso nas noites da cidade, esplendores da riqueza virtual: como bem sabem os donos da riqueza real, não há Valium que possa acalmar tanta ansiedade, nem Prozac capaz de apagar tanto tormento'. (Galeano 1998:21).
4. O aumento do papel que as corporações globais desempenham em todas as esferas da vida, enquanto que o papel dos estados nacionais se reduz cada vez mais.
5. A exaltação da liberdade de informação na vida da sociedade, ao mesmo tempo em que se acentua o controle e a censura.
6. A diminuição e desaparecimento dos centros físicos de poder. Hoje, é difícil determinar onde esses centros residem. Adquiriram uma mobilidade muito particular, ao mesmo tempo em que desenvolvem sua concentração.
7. A acentuação da distância entre ricos e pobres em todos os níveis.
Nesse complexo panorama, será importante indagar como essa concentração de poder dos meios de comunicação foi influenciando nossas sociedades e quais serão os passos que devem ser dados para que se realize uma real democratização da comunicação."
De diversas partes, chamou-se a atenção sobre o fato de que em nenhuma das áreas da comunicação mundial pode-se identificar um forte conteúdo sobre os direitos humanos. Alguma coisa aparece principalmente no que se vincula aos direitos de autor (copyright), à legislação sobre patentes, à liberdade de informação, à cultura, mas não se encontra nada com relação ao comércio dos serviços de telecomunicações, aos direitos de propriedade intelectual, à concentração da propriedade dos meios e à padronização do consumo de eletrônicos.
Para Cees Hamelink: 'Se tomamos o conteúdo dos direitos humanos como um indicador da representação dos interesses das pessoas, temos que concluir que as pessoas não importam nas políticas de comunicação mundial'.
Para Alain Touraine, a reflexão sobre a sociedade contemporânea está governada por duas constatações principais: 'a dissociação crescente do universo instrumental e o universo simbólico, das economias e das culturas, e, em segundo lugar, o poder cada vez mais difuso, em um vazio social e político em aumento, de ações estratégicas cuja meta não é criar uma ordem social, mas sim acelerar a mudança, o movimento, a circulação de capitais, bens, serviços, informações' (Touraine 1997:20).
Alguns efeitos da expansão desse sistema econômico sobre o desenvolvimento da democracia e da comunicação mais evidentes são:
1. O número cada vez maior de decisões que uns poucos tomam em nome de todos, com só uma aparente participação das pessoas. A tomada de decisões passa progressivamente para o âmbito reservado daqueles que ostentam o poder. Eles consideram que sempre estão na frente de situações que requerem 'decisões executivas' que só será preciso justificar mais tarde, se for necessário.
2. A tendência dos meios comerciais de reforçar a despolitização das pessoas. Como alguma vez indicou G. Gerbner, os grandes meios de comunicação 'não têm nada para dizer, mas muito para vender'. A despolitização aumenta por causa da exaltação do individualismo. Isso leva a rejeitar e a combater tudo o que afete os interesses básicos: o país, se afeta o meu grupo; o meu grupo, se afeta os meus bens; e assim sucessivamente. A despolitização consegue que as pessoas meçam as ações dos governos segundo e como elas as afetam individualmente.
3. A tendência desse sistema tende a desmoralizar as pessoas, promovendo o abandono de toda esperança de mudança e da aceitação da realidade. Na selva moderna, a lei principal é: 'Salve-se quem puder!'. Eduardo Galeano comentava: 'O sistema nega aquilo que oferece, objetos mágicos que tornam os sonhos realidade, luxos que a TV promete, as luzes de neon anunciando o paraíso nas noites da cidade, esplendores da riqueza virtual: como bem sabem os donos da riqueza real, não há Valium que possa acalmar tanta ansiedade, nem Prozac capaz de apagar tanto tormento'. (Galeano 1998:21).
4. O aumento do papel que as corporações globais desempenham em todas as esferas da vida, enquanto que o papel dos estados nacionais se reduz cada vez mais.
5. A exaltação da liberdade de informação na vida da sociedade, ao mesmo tempo em que se acentua o controle e a censura.
6. A diminuição e desaparecimento dos centros físicos de poder. Hoje, é difícil determinar onde esses centros residem. Adquiriram uma mobilidade muito particular, ao mesmo tempo em que desenvolvem sua concentração.
7. A acentuação da distância entre ricos e pobres em todos os níveis.
Nesse complexo panorama, será importante indagar como essa concentração de poder dos meios de comunicação foi influenciando nossas sociedades e quais serão os passos que devem ser dados para que se realize uma real democratização da comunicação."
(Fonte: Site do IHU - Instituto Humanitas Unisinos)
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