quinta-feira, 25 de março de 2021

VACINA TEM DE SER GRATUITA E UNIVERSAL

(Foto: Reprodução/Unsplash)

Empresários e políticos tomam vacina contra Covid-19 às escondidas, diz revista


Um grupo de políticos e empresários, a maioria ligada ao setor de transporte de Minas Gerais, e seus familiares, tomou na terça-feira (23) a primeira das duas doses da vacina da Pfizer contra a Covid-19, em Belo Horizonte. Eles compraram o imunizante por iniciativa própria e não repassaram ao Sistema Único de Saúde (SUS).
A segunda dose está prevista para ser aplicada nas cerca de cinquenta pessoas daqui a trinta dias. As duas doses custaram a cada pessoa 600 reais. A informação foi publicada nesta quarta-feira (24) pela revista Piauí.
Segundo pessoas ouvidas pela revista que se vacinaram na ocasião, os organizadores foram os irmãos Rômulo e Robson Lessa, donos da viação Saritur. Uma garagem de uma empresa do grupo foi improvisada como posto de vacinação. A Piauí telefonou e mandou mensagem para Rômulo Lessa, que não respondeu.
Para ler a matéria no site Piaui.Folha.Uol , clique aqui.


sábado, 20 de março de 2021

ECONOMIA DE FRANCISCO NA PAUTA



Assessores do CEFEP  refletem sobre a 6ª Semana Social Brasileira 

A Rede de Assessores do Centro Nacional de Fé e Política dom Helder Câmara reuniu-se, virtualmente, sábado, dia 20 de março, de 15:00 às 18:00 horas para refletir sobre 6ª Semana Social Brasileira: Mutirão pela Vida: por Terra, Teto e Trabalho (6ª SSB). 
As reflexões sobre o tema foram pautadas em torno de um dos eixos transversais da 6ª SSB, a Economia. A questão econômica foi tratada a partir da Encíclica do papa Francisco, Fratelli Tutti. 


(Professora Sandra Quintella)

O tema foi abordado na perspectiva da política econômica, pela professora Sandra Quintella, sob a ótica da ética filosófica, pelo filósofo, Manfredo Oliveira e do ponto de vista teológico pelo padre Aquino Júnior.
A mística esteve à cargo de Fernando Barbosa. Luiz Henrique Ferfoglia mediou as apresentações e intervenções do evento que foi coordenado pelo secretário executivo do CEFEP, padre Paulo Adolfo.

(As imagens em destaque são prints de tela do encontro realizados por pe. Paulo Adolfo)


segunda-feira, 15 de março de 2021

ESQUERDA X DIREITA, O EMBATE NECESSÁRIO

 

(Polaridade Química: Wikiwand)

Não existe avanço sem polaridades

Eugênio Magno

A vida é prodigiosa em nos mostrar, nas várias situações do passado ou do presente que não podemos prescindir de polaridades. 

Masculino/Feminino, Sim/Não, Tese/Antítese, Claro/Escuro, Positivo/Negativo, Esquerda/Direita, etc. São elas, as polaridades, as geradoras da energia, do torque que impulsiona o motor do desenvolvimento, a fricção que cria e nos empurra pra frente, pra cima, gera o novo, nos tira da letargia. Ou seja, não existe avanço sem polaridades.

Se não, vejamos: na atualidade pandêmica brasileira, tem certas coisas que é preciso dizer. Por exemplo: é preciso dizer, lembrar e relembrar que o presidente da república, Jair Messias Bolsonaro, desde janeiro de 2020, quando o mundo inteiro tocou a sirene de alerta para os perigos e a letalidade do coronavírus, ignorou as autoridades mundiais responsáveis pela saúde e não tomou as providências cabíveis, devidas a um chefe de estado. E, pior, fez troça da doença, chamando-a de "gripezinha", usou de sarcasmo quando interrogado sobre o número de mortes por covid-19, foi garoto-propaganda de medicamentos que a ciência não aprovou como sendo eficaz no combate ao corona. E mais, incentivou, com seus constantes maus exemplos, os seus seguidores e os menos esclarecidos a não cumprirem os protocolos preventivos propostos pelos cientistas e ainda ridicularizou os brasileiros que usam máscaras. Fez churrascos, foi à praia, promoveu aglomerações e por aí vai... Poderia enumerar muitas outras ações negacionistas do presidente brasileiro, em relação às formas mais recomendadas para enfrentar o coronavírus. 

Com tudo isso e, apesar de estarmos próximos de 300 mil mortes no Brasil por covid-19, do maior índice de desemprego da história, da nossa economia estar em frangalhos, de uma equipe de governo de péssima qualidade, dos constantes escândalos envolvendo a família Bolsonaro, de uma séria crise institucional, entre os poderes da república, patrocinada pela falta de espírito republicano do bolsonarismo e dos 74 documentos enviados à presidência da câmara dos deputados, por quase 500 organizações da sociedade civil e mais de 1.500 pessoas físicas, pedindo seu impeachment , Jair Bolsonaro, ainda mantinha índices de popularidade significativos.

Até uma semana atrás, todas as pesquisas eleitorais, com vistas às eleições presidenciais de 2022, davam Jair Bolsonaro como candidato eleito, com o maior percentual de intenção de votos, vencendo qualquer candidato que disputasse com ele as eleições.

Mas eis que surgem dois fatos na linha das polaridades que aqui aponto, como uma necessidade para que haja avanços em qualquer setor da vida, privada ou pública. Um dos fatos foi a pesquisa eleitoral publicada no último dia 11 de março, na qual Bolsonaro ficou muito mal na fita. Segundo a pesquisa, Jair Bolsonaro perde as eleições na disputa com quatro dos possíveis candidatos à presidência da república em 2022. Tanto Ciro Gomes, como Fernando Haddad, Luiz Henrique Mandetta ou Lula venceriam Bolsonaro, segundo a pesquisa. E o outro fato foi a entrevista coletiva do ex-presidente, Lula depois de o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin ter decidido anular todas as decisões processuais tomadas contra ele pela Justiça Federal do Paraná dentro da Operação Lava Jato. Com isso, ficaram derrubadas as condenações de Lula nos casos do Triplex do Guarujá e do Sítio de Atibaia, o que reestabeleceu os direitos políticos do petista. Ou seja, se ele não sofrer condenações em segunda instância novamente até as eleições de 2022, não estará impedido de concorrer à Presidência da República. Na entrevista, Lula, com toda a empatia que lhe é peculiar, falou como um presidente deve se dirigir ao povo de uma nação, em situações como a que estamos vivendo. O ex-presidente falou da importância da vacina em caráter de urgência, condenou a liberação de armas para a população, fez críticas à política econômica do governo e à falta de habilidade diplomática do Brasil no campo das relações internacionais. O mais interessante nesse episódio é que Lula, imediatamente, após a entrevista na qual falou sobre a POS-SI-BI-LI-DA-DE de se candidatar em 2022, passou a pautar o comportamento de Jair Bolsonaro que, até então, permanecia impassível diante de todos os ataques sofridos de setores da sociedade e mesmo aos da oposição.

Nessa nossa análise o que menos importa é se Lula será realmente candidato à presidência ou não. Se ele continuará elegível até as eleições de 2022 ou se a Procuradoria Geral da República (PGR) irá ou não recorrer da decisão do STF. Mas, no mínimo, duas das reações do clã Bolsonaro dão provas de que somente a polarização, no caso uma oposição forte, com apoio popular e capacidade de enfrentar o governo, em um debate franco e democrático, pode mudar o rumo das coisas, até que cheguemos às eleições ou que haja mobilizações suficientes para se iniciar um processo de impeachment (o que tem poucas chances de acontecer).

As duas maiores provas do pavor dos Bolsonaro depois da fala do Lula e da divulgação da pesquisa eleitoral foram: um dia após a entrevista coletiva de Lula, Jair Bolsonaro apareceu para o público usando máscara e os filhos do presidente apelando para as redes sociais pedindo aos seguidores do pai que divulgassem foto do presidente, juntamente com texto a favor da vacinação: “nossa arma é a vacina”.

Política não é como futebol. Quem governa tem que governar para todos, mas para que todos ganhem, a nação seja vencedora e o povo vitorioso, é necessário que haja dois lados. Somente a polaridade e os contrapesos podem gerar o equilíbrio tão sonhado, mas pouco batalhado na arena da vida, das lutas, das mobilizações e das disputas de narrativas.


quarta-feira, 10 de março de 2021

RELAÇÕES EUA - AMÉRICA LATINA

 

(Foto: Patrick Semansky / AP)

Biden promove um complicado giro na política dos Estados Unidos em relação à América Latina


O status de proteção temporária que a Administração de Joe Biden concedeu aos cidadãos venezuelanos que se encontram nos Estados Unidos devido à crise de seu país constitui o primeiro grande sinal factual de uma mudança de rumo de Washington em relação à América Latina. A guinada parece lenta e complicada diante dos dois conflitos mais imediatos na região, Venezuela e Cuba. A Casa Branca destaca que a modificação da estratégia em relação ao regime castrista “não figura entre as principais prioridades de Biden” e que, embora não compartilhe da estratégia de sanções do Governo republicano em relação a Caracas e vá recuperar a cooperação internacional, tampouco tem pressa para amenizar as punições. A mensagem serve para manter a pressão em qualquer negociação futura, mas também constata as dificuldades. As últimas decisões tomadas por Donald Trump, aliás, aumentaram a tensão internacional.
Para ler, na íntegra, a matéria de Amanda Mars para o el País, clique aqui.

sexta-feira, 5 de março de 2021

O BRASIL NÃO CONSEGUE CONTROLAR A PROLIFERAÇÃO DA COVID

 

(Foto: Reuters/Ricardo Moraes)

Coronavírus: Por que vacinação sem lockdown pode tornar Brasil 'fábrica' de variantes superpotentes


Nathalia Passarinho
da BBC News Brasil em Londres


Pesquisadores britânicos apontam que contato em larga escala entre vacinados e variante de Manaus pode gerar mutações capazes de driblar totalmente a eficácia das vacinas.
O cenário atual no Brasil, que combina início da vacinação com transmissão descontrolada da covid-19, pode tornar o país uma "fábrica" de variantes potencialmente capazes de escapar por completo da eficácia das vacinas. Esta é a avaliação de cientistas britânicos diretamente envolvidos em algumas das principais pesquisas sobre mutações do coronavírus.
Pesquisadores da universidade Imperial College London e da Universidade de Leicester ouvidos pela BBC News Brasil afirmam que lockdowns e outras medidas de contenção são particularmente necessários durante a vacinação de uma população.
Eles explicam que é justamente o contato entre vacinados e variantes que propicia o aparecimento de mutações "superpotentes", capazes de driblar totalmente a ação do imunizante.
E, no Brasil, há uma combinação explosiva para que isso ocorra: vacinação ainda em ritmo lento, variante com a mutação E484k (que dribla anticorpos) e altas taxas de infecção.
(Fonte: BBC News)


segunda-feira, 1 de março de 2021

CAMPANHA DA FRATERNIDADE ECUMÊNICA DE 2021

 


A importância do diálogo fraterno

Eugênio Magno

Fraternidade, Amor, Paz, Unidade (ainda que na diversidade) são pressupostos básicos do cristianismo. Num país como o nosso em que, algo em torno de 80% da população se declara cristã, porque é necessário que as verdadeiras Igrejas Cristãs tenham que fazer campanha para estimular e promover, justamente a fraternidade?

Queria poder responder de outra forma, mas, meio a contragosto, digo que é simplesmente porque não sabemos o que é ser cristão e é fundamental que sejamos lembrados permanentemente. Existe todo um ensinamento dado pelo próprio Cristo é claro e, pelos verdadeiros cristãos ao longo da história do cristianismo pelos Evangelhos, segundo vários apóstolos. Cada um dos batizados que se dizem cristãos, também já deveriam estar cientes do que é ser cristão. Sendo simplista, diria que ser cristão é seguir o Cristo, é ter a intenção e o desejo de, ao menos, aprender a segui-lo. E para segui-lo é fundamental que tenhamos, ainda que somente como horizonte, o seu principal mandamento: “Amar a Deus sobre todas as coisas e amar ao próximo como a si mesmo”.

Então qual é o problema? Porque algumas seitas exploradoras da credulidade popular faz tanto escarcéu contra a Campanha da Fraternidade de 2021. E, mais grave ainda, porque setores conservadores da Igreja Católica e de outras Igrejas pertencentes ao Conselho Nacional das Igrejas Cristãs insistem em dividir ainda mais o que deveria estar unido e incentivam boicotes e fazem críticas à campanha?

Na abertura do tempo da Quaresma, do Missal Dominical, tem um texto “O Jejum que salva”, que nos ajuda a argumentar sobre a importância da campanha da fraternidade.

Na quaresma se pede ao fiel que renuncie das refeições importantes do dia em sinal de disponibilidade e solidariedade. Disponibilidade à escuta de Deus, demonstrando dar mais valor à sua palavra que ao bem-estar imediato, sinal de conversão do coração; isto é que significa o jejum dos cristãos, como o do Mestre no início de sua missão. Um jejum mais sensível por todo o tempo da Quaresma, com outras iniciativas pessoais de desapego, renúncia às comodidades e satisfações mesmo legítimas, para maior liberdade interior. Assim o jejum ritual, feito com interioridade e não por mero formalismo, se torna sinal de fé e caminho de salvação para todo o nosso ser. Por outro lado, sofrendo um pouco de privação, saibamos unir-nos de algum modo aos homens para os quais é habitual a privação de alimento, de meios econômicos, de bens culturais e de possibilidades concretas de desenvolvimento: o jejum se torna um gesto simbólico, denúncia profética da injustiça que nasce do egoísmo, solidariedade com os mais pobres. Assim, a preparação para a Páscoa se torna ‘Campanha da Fraternidade’, e a ceia do Senhor um gesto de pobreza, contrição, esperança, anúncio. Quem participa seriamente da paixão do Senhor, ainda hoje viva, nos pobres da terra, sabe que a volta ao pai (tanto a sua como a da comunidade) já começou, e que na mortificação da carne pode florescer o Espírito da ressurreição e da vida. (Missal Cotidiano, Paulus, pág. 140) 

Na quarta-feira de cinzas, 17 de fevereiro, foi lançada a Campanha da Fraternidade Ecumênica de 2021 com o tema “Fraternidade e Diálogo: compromisso de amor” e o lema: “Cristo é a nossa paz: do que era dividido, fez uma unidade”. Neste ano, a campanha é ecumênica e, portanto organizada pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e pelo Conselho Nacional das Igrejas Cristãs (CONIC).

Para quem não sabe, a Campanha da Fraternidade acontece no Brasil desde 1964 e, a partir do ano 2000 ela assumiu o compromisso de ser ecumênica a cada cinco anos.

Os principais objetivos da Igreja Católica, representada em nosso país pela CNBB, em criar, manter e promover anualmente as Campanhas da Fraternidade são os seguintes:

Educar para a vida em fraternidade, com base na justiça e no amor, exigências centrais do Evangelho e Renovar a consciência da responsabilidade de todos pela ação da Igreja Católica na evangelização e na promoção humana, tendo em vista uma sociedade justa e solidária.

A campanha deste ano está voltada para a superação das polarizações e das violências que marcam o mundo atual, em especial no contexto da política e da pandemia da covid-19. A CNBB chama a atenção para o fato do vírus que já é letal em si mesmo, ter encontrado aliados na indiferença, no negacionismo, no obscurantismo e no desprezo pela vida e na ocasião do lançamento virtual da campanha, conclamou os cristãos a serem aliados na responsabilidade, na lucidez e na fraternidade. A proposta da CNBB que encontrou plena ressonância no Conselho Nacional das Igrejas Cristãs foi dar continuidade à campanha do ano passado, sobre a necessidade do cuidado mútuo entre as pessoas, independentemente de sua cor, raça, etnia, gênero, cultura e condição social e econômica. Os organizadores da campanha ressaltam que essa proposta ecumênica não é de imposição, no sentido de que todos pensem e ajam da mesma maneira e sim de sensibilização sobre a importância do diálogo, especialmente frente às diferenças. CNBB e CONIC identificaram nesse tema a mensagem pela qual o nosso tempo clama. É voz corrente entre os cristãos que, verdadeiramente, abraçam o Evangelho de Jesus Cristo, saberem-se conscientes de como é triste ver o que vem acontecendo em nossa sociedade, marcada pela radicalização, polarizações e desrespeito às pessoas, especialmente as mais simples e as vulnerabilizadas, sem fazer nada a respeito.

As campanhas da fraternidade são formas concretas de expressarmos a dimensão social e porque não dizer política da nossa fé. E isso não tem nada a ver com simpatias ou antipatias partidárias. Muito embora hajam muitos partidos políticos e partidários de determinados partidos negacionistas que, mais preocupados em dividir ou se afirmarem, equivocadamente, negam o amor e a fraternidade entre os humanos.

A proposta aqui é incentivar e apelar às pessoas de bem, independentemente do credo que professem, no sentido de contribuir como puder para o sucesso da Campanha da Fraternidade Ecumênica de 2021: “Fraternidade e Diálogo: compromisso de amor” – “Cristo é a nossa paz: do que era dividido, fez uma unidade”.