sexta-feira, 24 de maio de 2019

TEATRO EM SANTA LUZIA


Santa Luzia tem Teatro e tem história

A ROUPA NOVA DO IMPERADOR

(Foto: Eugênio Magno)

Há poucos dias tive o privilégio de assistir a pujança do teatro de Santa Luzia com a apresentação, em praça pública, da peça teatral "A Roupa Nova do Imperador", uma produção da Companhia Teatral Solares, para a adaptação livre, inspirada no conto homônimo de Hans Christian Andersen, com texto e direção de Edsel Duarte; Direção Musical: Saimon Rodrigues; Cenário: Arthur Duarte; Figurino e Caracterização Cênica: Edsel Duarte; Produção Executiva: Leticia Araújo; Identidade visual: Arthur Duarte. No elenco, Maiara Lima, Débora Apolinário, José Mateus Soares, Fran Gonçalves, Amara Rubia, Karen Costa, Val Santos, Leila Moraes e Saimon Rodrigues.
Brevemente a peça será encenada na Praça da Juventude, no São Benedito. Vale a pena ver.


TEATRO SÃO FRANCISCO, EM TAQUARAÇU DE BAIXO


(Foto: Eugênio Magno)

Encontra-se em estado de abandono, o Teatro rural São Francisco, em Taquaraçu de Baixo, distrito de Santa Luzia, MG.
O teatro, um dos poucos exemplares do mundo, com tais características, foi tombado pelo município de Santa Luzia, por meio do Decreto nº 2.131/2008 e integra o patrimônio histórico da cidade, todavia sem merecer a devida atenção por parte da administração municipal.
Convidado para dar aulas de música, com o objetivo de formar uma banda em Taquaraçu, o jovem ex-seminarista, Raimundo Nonato da Costa, resolve montar ali uma peça de teatro. E é assim que, em 28 julho de 1954, Raimundo, apelidado de Du, estréia a peça teatral "Mundo Velho sem Quintino", no curral da Fazenda Taquaraçu, adaptando o compartimento dos bezerros para palco e a cocheira como espaço para a platéia.
No mesmo ano, o então dono da fazenda, Nelson Gonçalves Marques, mobilizou a comunidade e, em mutirão, adaptaram o curral e construíram o Teatro São Francisco que foi palco de muitas apresentações teatrais, com texto, direção e atuação dos próprios moradores de Taquaraçu que se revezavam em várias funções.
Uma enchente de grandes proporções, no final dos anos 1990, atingiu o Teatro São Francisco, obrigando-o a ficar fechado por um longo período, até que em 2007 a Prefeitura Municipal de Santa Luzia promoveu a restauração da edificação. Atualmente o teatro se encontra em péssimas condições e necessita de uma nova reforma, urgentemente, sob pena de desaparecer, como já desapareceu a sede da Fazenda Taquaraçu.


 (Foto: Eugênio Magno)

ALGOZES DA EDUCAÇÃO EMANCIPADA


A filosofia e seus coveiros 

Claudio Andrade

O absurdo está se reinventando e procura monstros para justificar sua imbecilidade. Autoridades desautorizadas pelo justo conhecimento enxergaram as Ciências Humanas e, com miopia, acreditam ver a filosofia. O retorno ao primitivismo parece ser a tônica do grupo que acredita dirigir o Ministério da Educação com conselhos de um quase pseudo instrutor de Filosofia que confunde ‘Universidade’ com ‘Perversidade’, a saber, Olavo de Carvalho, que se quer teve condições de ler e compreender o metafísico Étienne Gilson que sentenciou a maior experiência filosófica de todos os tempos: “a filosofia sempre enterra seus coveiros”. Complementaria a máxima, sobretudo quando seus coveiros são leitores de um único autor ou de um único livro. Desde os tempos mais antigos a filosofia sempre preservou a liberdade e a autonomia para construir novas formas de vida e novos olhares sobre os problemas que nos impõe a ordem dominante, gastando energia em novos estilos de vida que sempre considerou um outro mundo em comum. Quem teve o ócio para ler e compreender Platão e Xenofonte sobre a trajetória de Sócrates, o mestre, vai se lembrar da perversa acusação a ele imputada de corromper a juventude que, na verdade, não era outra coisa senão a reflexão sobre a possibilidade de recusar a submissão cega às opiniões estabelecidas. A subversão da filosofia sempre foi a defesa da livre interpretação, afinal apenas a liberdade é a chave para a verdade. 
O que tentam defender os atuais algozes da educação emancipada e propositiva é absurdamente indefensável, pois desconsideram a premissa que antes de sermos técnicos ou profissionais somos seres humanos. Faz tempo que a filosofia e, posteriormente as ciências humanas, tentam qualificar a máxima de que melhorar a si mesmo tem potencialidade para melhorar a sociedade através da arte, da ciência ou da própria política, em declínio neste tempo de obscuridade instrumental e mediocridade. 
Mal sabem “eles” que o atual eclipse político tem sido a alavanca para a vitalidade filosófica, sempre renovada com novos fundamentos. 
A filosofia, incapturável, é sempre um choque diante do triste empobrecimento da sensibilidade humana neste momento de esclerose múltipla de um governo instituído por um ato de raiva e irracionalidade provisória. 
A desintegração está em processo e as pessoas [insensíveis] não percebem os danos irrecuperáveis em curso. Sem a experiência de sentir e estranhar, próprios da filosofia, vive-se o automático e o novo, abrindo espaço para uma legião de desmemoriados que banalizam o mal com justificativas injustificáveis. A filosofia sempre construiu a tensão do ‘como não’, ou seja, nunca fazer do mundo um objeto de propriedade, mas sim de uso e, preferencialmente, de um novo uso que vem ao encontro da essência dos seres humanos. 
Ora, em sua essência, a filosofia é uma arte de viver, um estilo de vida que compromete toda a existência tornando-nos uma versão melhor de nós mesmos. Assim, mais que uma disciplina com instrumentos metodológicos, a filosofia é terapêutica porque permite-nos a compreensão do sentido e da superação do próprio eu, sempre com novas experiências. No tempo em que escrevo, o filósofo Agamben, tem nos provocado com um lampejo a pensar novas formas de vida, em reconhecer o sujeito não mais como substância, mas sim como forma, sendo esta passível de transformação, qualificação e requalificação. Faz tempo que Agamben tem defendido a distinção de vida qualificada em relação à vida nua ou vida comum, assujeitada aos inúmeros dispositivos de dominação. Mais que viver simplesmente, precisamos viver bem. Só a filosofia como um novo suspiro tem potencialidade de nos libertar de prisões invisíveis que o sistema impõe. A filosofia e seu jeito de se colocar no mundo nos emancipa e isto, por si só, atrapalha os muitos dispositivos de dominação em curso. Ora, apenas a filosofia advoga em favor da vida e o que está em jogo [hoje] é a vida. 
É possível uma felicidade diferente, ligada não à realização tão somente profissional ou instrumental, podendo dar corpo a uma novidade no mundo e isto tem incomodado muito. A ideia de que a filosofia veio para deslocar a concepção espontânea tem deixado muitos sem dormir, pois quando mais batem, mais apanham. 

* Doutor em História e Sociedade pela UNESP, Professor Associado do Departamento de Filosofia da UNICENTRO. Assessor do CEFEP/CNBB e Presidente da Academia de Letras, Artes e Ciência de Guarapuava.

segunda-feira, 20 de maio de 2019

O FILME QUE ANTECIPOU O REALISMO SOCIAL DO CINEMA NOVO E A AÇÃO DA LAVA JATO


"Tocaia no Asfalto"



Um pistoleiro é contratado para matar um político corrupto. O contrato é cancelado, mas o matador insiste em executar a empreitada.

"Tocaia no Asfalto", filme de 1962 de Roberto Pires, com Agildo Ribeiro, Araçari de Oliveira, Othon Bastos, Geraldo del Rey e Antônio Pitanga, é o programa do Cinema Falado da próxima terça-feira, 21 de maio, às 19h30, na Sala Geraldo Veloso do MIS Cine Santa Tereza (praça Duque de Caxias, bairro Santa Tereza).
Oportunidade para um encontro com críticos e cineastas para ver este filme e conversar sobre cinema, poesia, política e outros assuntos da cultura brasileira. O filme será apresentado pelo professor e pesquisador Pedro Vaz Perez.
Cinema Falado é um projeto do Centro de Estudos Cinematográficos de Minas Gerais (CEC-MG) e do Instituto Humberto Mauro, em memória do crítico e cineasta Geraldo Veloso, com o apoio do Museu da Imagem e do
Som (MIS), do jornal O TEMPO, da rádio SUPER FM e da Contorno Áudio & Vídeo.

quarta-feira, 15 de maio de 2019

UM PAIS NÃO SE FAZ COM ARMAS, MAS COM LIVROS


Mobilização por educação confronta bolsonaristas nas redes e testa força nas ruas

(Fonte: Camila Svenson)

Os cortes de verbas nas universidades públicas e o cancelamento de mais de 3.000 bolsas de pesquisa anunciados pelo Governo Federal no fim de abril desencadearam intensas manifestações de usuários nas redes sociais e começaram a movimentar as peças de um tabuleiro político virtual até então dominado por bolsonaristas. Desde que o ministro Abraham Weintraub disse que cortaria recursos de universidades que promovessem "balbúrdia" em vez de melhorar o desempenho acadêmico, no dia 30 de abril, o WhatsApp foi infestado por imagens e mensagens que ridicularizavam essas instituições, muitas delas de teor sexual. A ação foi orquestrada por grupos mais alinhados à direita, avaliam pesquisadores que monitoram manifestações políticas nas redes sociais desde as últimas eleições, quando o fenômeno mudou de escala no Brasil. Pela primeira vez, no entanto, essa rede de apoio ao presidente encontrou uma resistência mais forte, a partir de uma contranarrativa da comunidade acadêmica, que começou a compartilhar suas experiências pessoais e produções na universidade, principalmente pelo Twitter. A movimentação em torno do tema rivaliza com um debate mais antigo e também crucial para o Governo: o da reforma da Previdência.
Para os pesquisadores, trata-se de um índice não desprezível do movimento, que começa a confrontar a hegemonia virtual dos bolsonaristas e tem seu teste de força nas ruas nesta quarta-feira, nos diversos protestos marcados para acontecer todo o país em defesa da Educação e contra os cortes de verbas nas universidades federais. São mais de 7 bilhões de reais congelados em todos os níveis educativos, incluindo o não repasse de 30% do orçamento não obrigatório das instituições de ensino superior. A mobilização cresceu na esteira da greve nacional de um dia já convocada por professores contra a reforma previdenciária e a organização das manifestações não está apenas nas redes sociais, mas também nos tradicionais espaços de mobilização, como sindicatos e assembleias universitárias. Os partidos políticos, porém, têm se mantido comedidos até agora, ainda que apoiem os atos, numa tentativa de criar uma rede de coalizão e atrair novos atores em um momento político que segue marcado por uma forte polarização. A movimentação ganhou a esperada adesão da UNE (União Nacional dos Estudantes), mas também endossos menos óbvios, como das principais universidades estaduais de São Paulo (USP, Unicamp e Unesp) e de uma série de colégios particulares da capital paulista, a maior cidade do país.
Um dia antes do ato geral pela educação, o ministro Weintraub ignorava o desgaste do Governo com as ações anunciadas para as universidades e defendia a presença policial nas instituições, que segundo ele não poderiam confundir autonomia com soberania. O Governo ainda veria a mobilização em torno do tema virar uma arma dos parlamentares da Câmara, inclusive governistas, insatisfeitos com a relação do Planalto com o Congresso. De surpresa, a oposição e nomes do Centrão (entre eles PP e MDB), aprovaram por 307 votos a 82 convocar o ministro dar explicações aos 513 deputados nesta própria quarta-feira
Para continuar lendo a matéria de Beatriz Jucá para o El País, clique aqui.

sexta-feira, 10 de maio de 2019

LÁ VEM "TSUNAMI"...


Bolsonaro diz que governo tem enfrentado alguns problemas e talvez tenha "tsunami" na próxima semana


Lisandra Paraguassu


O presidente Jair Bolsonaro reconheceu nesta sexta-feira que o governo vem enfrentando alguns problemas e que pode até ter de encarar “um tsunami” na próxima semana, mas que vencerá os obstáculos e que está sempre em busca de se antecipar aos problemas.
“Alguns problemas, sim, talvez tenha um tsunami na semana que vem, mas a gente vence o obstáculo com toda certeza. Somos humanos, alguns erram, alguns erros são perdoáveis, outros não”, disse Bolsonaro em discurso de improviso ao participar de encontro com gestores da Caixa em Brasília.
O presidente não deixou claro se o “tsunami” se referia a alguma situação específica a ser enfrentada pelo governo.
Na próxima semana o governo tentará aprovar no Congresso a medida provisória 870, que trata da reestruturação administrativa do governo. A MP perderá a validade em 3 de junho caso não tenha sua tramitação concluída até lá.
(Fonte: Reuters Brasil)

domingo, 5 de maio de 2019

AS MINAS DE MINAS E AS MINAS QUE MINAM O BRASIL


A maldição das minas no Brasil: entre o medo do desemprego e o fantasma da impunidade

Bairro residencial de Congonhas, cidade de Minas Gerais, rodeado por 23 barragens 
de resíduos de mineração (Foto Douglas Magno / El País)

As legiões de aventureiros avarentos que penetraram nestas terras do Brasil no século XVIII não pararam para pensar que o ouro não se come. Alguns morreram de fome com pedras brutas no bolso. Não havia comida, estradas nem comércio. Aquela febre do ouro estabeleceu as bases de um Estado que deve quase tudo às minas. Seu nome, seu desenvolvimento, seu patrimônio histórico e sua economia. A paisagem verde de Minas Geraisé pontilhada por enormes lacunas de ocre intenso que a mineração escava na terra e por depósitos descomunais para colocar os resíduos que essa atividade gera. O colapso de uma dessas barragens em Brumadinho matou há cem dias, completados neste domingo, 235 pessoas. Outras 35 − também devoradas em segundos pela avalanche de rejeitos − continuam desaparecidas. A Vale, empresa proprietária da mina e uma das maiores multinacionais brasileiras, é reincidente. A tragédia provocou uma grande onda de indignação popular que levou a algumas poucas mudanças, mas o medo de que se repita está muito presente.
Maria Lourdes Anunciação, de 64 anos, vive tomada pelo medo em uma moradia de tijolos descobertos muito perto de uma barragem quatro vezes maior do que a que se rompeu em 25 de janeiro em Brumadinho. Não é a única. Nada menos que 23 depósitos de resíduos rodeiam Congonhas, uma cidade turística de 50.000 habitantes. Só uma colina separa a família Anunciação da mais próxima. Eles contam depois do desastre as autoridades fecharam a escola, e ficou nisso. “Depois de Brumadinho, não fizeram nenhuma simulação. Só a sirene, que tocou uma vez. Eram quase nove da manhã e quase ninguém ouviu. Tocou muito baixo”, recorda Maria. As vítimas de Brumadinho também não a ouviram, porque não tocou. “As pessoas têm mais medo das barragens agora, mas do desemprego também”, aponta sua filha Tatiane. Elas, como tantos na área, têm parentes que trabalham no setor.
As minas são a grande fonte de emprego local. E um potente motor da economia nacional, tanto que a mineração em Minas Gerais contribui com 8% das exportações brasileiras, que mesmo em épocas de crise é um gigante econômico. E, no setor, reina a Vale. Fundada em 1942 e privatizada em 1997, é a maior produtora de minério de ferro do mundo. Seu poder é enorme. A proclamação “Mariana nunca mais”, adotada por seu presidente, o agora substituído Fabio Schvartsman, depois de uma tragédia escandalosamente similar em 2015, ficou sepultada sob toneladas de ferro em Brumadinho. O rompimento da barragem de Mariana matou 19 pessoas, e causou o maior desastre ecológico do Brasil.
Para ler na íntegra a matéria de Naiara Galarraga Gortázar para o El País, clique aqui.

quarta-feira, 1 de maio de 2019

MEDO DO SABER


'Ciências humanas são tão importantes quanto exatas e biológicas', diz professora de Harvard

(Foto: Melissa Blackhall / Hutchins Center) 

Sem os conhecimentos das ciências humanas "não é possível entender a sociedade", diz a cientista política Danielle Allen, professora da Universidade Harvard, nos Estados Unidos.
Em entrevista à BBC News Brasil, Allen disse ver como "um erro" o plano do governo brasileiro de reduzir investimentos em faculdades de ciências humanas - como filosofia e ciências sociais - e se concentrar, segundo um tuíte do presidente, Jair Bolsonaro, em "áreas que gerem retorno imediato ao contribuinte, como veterinária, engenharia e medicina".
O presidente escreveu que "a função do governo é respeitar o dinheiro do contribuinte, ensinando para os jovens a leitura, escrita e a fazer conta e depois um ofício que gere renda para a pessoa e bem-estar para a família, que melhore a sociedade em sua volta".
Para Allen, que dirige o Centro de Ética Edmond J. Safra de Harvard, a capacidade de uma sociedade de alcançar uma boa governança depende de ciências humanas como ciência social e filosofia, "porque são estas disciplinas que fazem esse tipo de trabalho".
"Você não cria leis para ter uma boa governança com os conhecimentos de Engenharia e de Física. Sem os conhecimentos das ciências humanas não é possível entender a sociedade."
Para continuar lendo a matéria de Rafael Barifouse para a BBC News Brasil, clique aqui.