terça-feira, 24 de dezembro de 2019

PARA QUE TENHAMOS UM FELIZ NATAL


O que Jesus pensaria de Greta Thumberg neste Natal?

A menina sueca com síndrome de Asperger, Greta Thumberg, que com somente 16 anos está provocando os grandes da Terra por sua falta de compromisso com a defesa do planeta, está sendo insultada pelos poderosos até com expressões grosseiras. No Brasil, o presidente Jair Bolsonaro a chamou de “pirralha”. O presidente americano, Donald Trump, aconselhou com tosca ironia que vá ver um filme antigo com uma amiga e fez uma brincadeira de péssimo gosto com sua síndrome psíquica para dizer que a vê “com um rosto muito feliz”. Em minha Espanha não foram mais respeitosos com a menina que curiosamente desperta tanto medo e ódio. Foi chamada de “falsa”, “puta” e “arrogante”. Por que Greta, sempre séria e segura de sua missão, desperta os instintos mais baixos do machismo? Houve até quem a aconselhasse a “usar sua sexualidade” para se acalmar.
Estamos em mais um Natal da História e cada vez mais cristãos sérios estão convencidos de que essa festa, que anuncia o nascimento de uma criança, também difícil, que veio ao mundo provocar os hipócritas e exaltar os puros de coração, está perdendo seu significado e força originais.
Seria preciso perguntar, na análise dos símbolos e dos presságios do mundo cada vez mais dividido e insatisfeito, o que significa a chegada dessa garota sueca, que não sei se é cristã, mas que certamente se entenderia com o profeta judeu de Nazaré, que, como ela, foi um inconformista e um inimigo da hipocrisia.
O Natal vai além, com seus símbolos e história, de seu simples significado do nascimento de Jesus, que veio anunciar um novo Reino não somente de paz e amor, de esperança e de perdão. Não é, de fato, somente a festa universal que ultrapassa o mundo cristão, em que todos cabem, porque Jesus foi um judeu agregador e o mataram justamente porque pregava um amor universal, sem distinções. Possivelmente com a preferência para tudo o que o mundo descarta, como os diferentes física e espiritualmente.

Para ler na íntegra a matéria de Juan Arias para o El país, clique aqui.

quinta-feira, 19 de dezembro de 2019

SEGUE PROCESSO PARA IMPEACHMENT DE TRUMP


Democratas subirão ao palco para debate presidencial após Câmara aprovar impeachment

Pré-candidatos presidenciais democratas durante debate em Atlanta 20/11/2019 
(Foto: REUTERS/Brendan McDermid)

Um grupo relativamente pequeno de sete pré-candidatos presidenciais democratas subirá ao palco de um debate nesta quinta-feira, um dia depois de Donald Trump se tornar o terceiro presidente dos Estados Unidos a ter um impeachment aprovado pela Câmara dos Deputados.
O sexto debate na corrida para decidir o desafiante democrata de Trump na eleição de novembro de 2020 terá o menor número de participantes desde que os debates começaram, o que pode dar a cada um deles um espaço maior e mais tempo para interagir com os outros.
O debate também oferecerá a Pete Buttigieg, prefeito de South Bend, em Indiana, e à senadora Elizabeth Warren uma chance de renovar sua rivalidade de campanha crescente sobre a transparência na arrecadação de fundos e seu trabalho passado no setor privado.

Para ler na íntegra a matéria de Susan Cornwell e Richard Cowan e David Morgan para a Reuters, clique aqui.

domingo, 15 de dezembro de 2019

AS BESTAS DO APOCALIPSE


Você mataria o bebê Hitler?

Este é o tema do vídeo dublado do Sadhguru, postado no youtube. Vale a pena conferir, especialmente em tempos como os nossos em que é preciso pensar o mundo, as lideranças e a nossa militância, de forma desapaixonada, sem sectarismos. Observando de forma profunda nossas convicções equivocadas e autoenganos que insistimos em carregar por toda a vida. Sadhguru chama a atenção para a nossa responsabilidade frente a todo este estado de coisas que nos afeta para, no mínimo, entendermos a diferença entre causas e consequências.
Trata-se de algo muito polêmico, sério e profundo, portanto escute até o fim e deixe isso reverberar em você. Por uma cultura de paz e de vida para todos e todas.



terça-feira, 10 de dezembro de 2019

ALTERNATIVA ECONÔMICA


Convite do Facebbok para o lançamento do livro “Mulheres e Economia Popular Solidária” 
(Foto: Carlúcia Maria Silva)



Economia Popular Solidária

Eugênio Magno


            Os movimentos populares, cansados de medidas paliativas dos poderes públicos têm se organizando em torno de propostas arrojadas de cooperação para enfrentar o sistema capitalista neoliberal competitivo e excludente, fundamentado no individualismo e na livre concorrência sem princípios. Está em franco crescimento no país a Economia Popular Solidária, cuja proposta é a criação de um mundo mais justo, onde as relações comerciais e de desenvolvimento pessoal e ambiental possam se estabelecer de forma sustentável, respeitosa e harmônica. Nessa perspectiva, o movimento pretende, entre outras coisas, inverter a lógica das relações de trabalho: de patrão / empregado, para um modelo produtivo coletivo, onde todos tenham poder de decisão.
            Uma das maneiras que a Economia Solidária encontrou para vencer a máxima do capitalismo “cada um por si, que vença o melhor” foi trabalhar de forma conjunta, num sistema cooperativo, compartilhando os dons da natureza e os bens socialmente produzidos. Para ampliar a capacidade política e de articulação dos setores populares na esfera econômica, estão sendo criadas diversas redes de solidariedade. As redes de produtores, por exemplo, têm como propósito a industrialização de produtos, o beneficiamento de matérias-primas e a cultura da lavoura. Já as redes de comercialização, organizam centrais de abastecimento e distribuição dos produtos agrícolas, industrializados e beneficiados. Paralelamente ao trabalho de comercialização, os grupos estão estudando alternativas sustentáveis de produção, buscando novas formas de convivência com a terra e com a água. Existem ainda as redes de organizações com vistas à intervenção nas políticas públicas e as redes de consumidores, ainda em fase inicial no Brasil, que têm como objetivo favorecer o acesso a produtos naturais confiáveis a preços justos, eliminando o atravessador e valorizando socialmente os produtores das mercadorias.
            Já faz algum tempo que venho observando o movimento em nosso país e sempre tive a impressão de que tinha algo que empacava o seu desenvolvimento. Em visita a algumas feiras de Economia Solidária, pude confirmar as minhas suspeitas de que o composto mercadológico Preço era o grande vilão dessa história. Explico: embora o produto típico da Economia Solidária tenha muitos valores agregados, seu preço não me parecia compatível com o público para o qual ele era dirigido (classes média baixa e média média).
            Este aparentemente, pequeno, erro de marketing, gerava uma série de outros equívocos estratégicos, em razão do seu efeito dominó, que estavam atrapalhando consideravelmente o posicionamento desse importante movimento econômico. Tratava-se de um problema mercadológico que brecava o escoamento de toda uma cadeia de produtos que, para conquistar o mercado precisam ser solidários também e, principalmente, no preço ao consumidor final. Chamei a atenção para esse fator em vários eventos de formação popular dos quais participei ao longo dos últimos 10 anos. Hoje percebo que alguma coisa mudou no mercado da economia solidária e que os gargalos da atualidade são de outras ordens.
            A boa notícia é que os coletivos que lidam com trabalho, inclusão socioprodutiva, cidadania, economia e renda continuam na luta e têm encontrado o apoio de intelectuais orgânicos que se colocam em linha com as suas bandeiras. Exemplo disso é a pesquisa que se materializou também no livro “Mulheres e Economia Popular Solidária”, de autoria da Doutora em Sociologia, Carlúcia Maria Silva, professora da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG). O lançamento da publicação, editada pela Appris, acontece na próxima quarta-feira, dia 11 de dezembro, às 18h30min no Auditório Paulo Portugal, da Câmara Municipal de Belo Horizonte, que fica na Avenida dos Andradas, 3100, bairro Santa Efigênia.

O texto também foi publicado no jornal Pensar a Educação em Pauta.


quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

PLANALTO NÃO ABRE SUAS CONTAS


Apesar de decisão do STF, Planalto mantém sob sigilo gastos com cartão corporativo

(Foto: Getty Images)

No dia 7 de novembro, os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiram derrubar o sigilo de alguns gastos do presidente da República, inclusive aqueles feitos por meio de cartão corporativo.
Mas quase um mês depois da decisão do Supremo, nada mudou: parte relevante dos gastos da Presidência e da vice-presidência com o cartão continuam sob sigilo.
Pelo menos até esta quarta-feira (04), o Portal da Transparência mantinha em segredo a forma como foram gastos R$ 9,8 milhões do cartão corporativo na Presidência da República e em órgãos como o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e a Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
Na vice-presidência, outros R$ 468,5 mil continuavam em sigilo.
Procurado pela reportagem, o STF reafirmou que a decisão está em vigor desde o dia 11 de novembro — quando a ata do julgamento foi publicada. Além disso, o Planalto confirmou que foi notificado da decisão do Supremo no dia 20 de novembro.
Para ler, na íntegra a matéria de André Shalders para a BBC News Brasil, clique aqui.

domingo, 1 de dezembro de 2019

MANIFESTAÇÕES SOCIAIS POPULARES PROLIFERAM EM TODO O MUNDO

Um protesto em Santiago do Chile (Foto: Alberto Valdés / EFE)

O que há de comum nos protestos?

Eles envolvem um leque muito amplo e diverso de assuntos, que têm a ver com a economia, a distribuição de renda, uma institucionalidade pública questionada e uma ampla percepção de exclusão
Em não menos de 20 países, a principal notícia das últimas semanas são as manifestações sociais. Há motivos variados, situações nacionais diferentes e uma diversidade de agendas nos protestos, mas a explosão globalizada que se vê é imparável. Em todos os continentes.
Numa edição recente, a revista The Economist enumera algumas das mais notáveis em andamento: Argélia, Bolívia, Cazaquistão, Catalunha, Chile, Equador, França, Guiné, Haiti, Honduras, Hong Kong, Iraque, Líbano, Paquistão e Reino Unido. Mas a lista vai além. Inclui países como o Irã, com semanas de protestos sociais por causa do preço dos combustíveis, e outros que, como a Colômbia, explodiram recentemente. As principais características comuns a esse processo globalizado podem a ajudar a entendê-lo e a imaginar suas projeções, possíveis resultados e riscos de saídas autoritárias ou populistas. Deixo de lado as teorias da conspiração que pretendem explicar tudo; a mão invisível de Maduro ou de quem quer que seja, que não pode ser fundamentada com provas. Isso não nega, obviamente, que em toda situação de convulsão haverá aqueles que desejam se aproveitar da situação de caos e desordem.
Considerando todas as particularidades e diferenças de fundo, três aspectos comuns se destacam. A partir deles, podemos vislumbrar o curso dos acontecimentos e as respostas necessárias.
Para ler na íntegra a matéria de Diego García Sayan para o El País, clique aqui.

terça-feira, 26 de novembro de 2019

EDUCAÇÃO E CINEMA


(Cena do filme Nas terras do bem-virá/reprodução)

Livro e filmes sobre Educação do Campo

Eugênio Magno

O que é bom e potente precisa de difusão constante. Falo de um livro sobre Educação do Campo que coloca o cinema em primeiro plano. Com o belo e sugestivo título, Outras terras à vista, Aracy Alves Martins, Inês Assunção de Castro Teixeira, Mônica Castagna Molina e Rafael Letvin Villas Bôas, organizaram em 2010 essa instigante publicação da coleção Caminhos da Educação do Campo, pela Editora Autêntica.
O livro, no dizer de seus organizadores, se articula partindo, em princípio, de olhares cuja experiência é incontestável, em primeiro lugar, sobre Educação e sobre o Campo e seus sujeitos; em segundo lugar, sobre Cinema e Educação. São olhares diferenciados, tangenciando várias dimensões: históricas, políticas, ecológicas, poético-literárias e educacionais; tendo sempre como foco os sujeitos do campo, seus textos e contextos, trazidos da terra às telas.
Os filmes: Vidas Secas, Deus e o diabo na terra do sol, Narradores de Javé, Cabra marcado para morrer e Nas terras do bem-virá, estão entre as dez obras cinematográficas analisadas em Outras terras à vista. Além de textos dos organizadores, o livro tem prefácio e posfácio dos professores eméritos da Faculdade de Educação (FaE/UFMG), Carlos Roberto Jamil Cury e Miguel González Arroyo, respectivamente. Conta ainda com a participação dos professores e pesquisadores, Ana Lúcia Azevedo e Ataídes Braga, entre outros; inclusive, deste articulista.
Senti-me honrado em participar do livro, não só pela importância de sua destinação, como pela satisfação em poder afirmar A teimosia da esperança: “Nas terras do bem-virá”**, juntamente com os autores e personagens do filme em questão. No capítulo 11 – o último do livro –, acompanho Alexandre Rampazzo, Tatiana Polastri e Fernando Dourado que, contando apenas com uma pequena ajuda de custo para cobrir os gastos com transporte, alimentação e manutenção da base de produção, empreenderam uma jornada de 26 meses entre pesquisa, produção e finalização do referido documentário.
Nas terras do bem-virá aborda o modelo de colonização da Amazônia, o massacre de Eldorado do Carajás, o assassinato da missionária Dorothy Stang e o ciclo do trabalho escravo. Histórias de um povo que cansou de migrar em busca da sobrevivência e decidiu lutar para conseguir um pedaço de terra, deixar de ser escravo e manter viva a última grande floresta tropical do planeta. Com uma equipe super-reduzida e uma câmera digital portátil, o diretor, a produtora e o cinegrafista, entrevistaram cerca de 200 pessoas em 29 cidades dos estados do Maranhão, Mato Grosso, Minas Gerais, Pará, Piauí, Rio de Janeiro, São Paulo e Tocantins.
Miguel Arroyo em um dos seus mais recentes livros, Passageiros da noite (Vozes, 2017), indica o filme e a nossa análise como material de trabalho didático em EJA, no capítulo 7 – Itinerários por direito a uma vida humana justa.
O documentário Nas terras do bem-virá é um ato de amor de um povo que não perdeu a esperança e sonha com a terra prometida, além de ser mais um ato de fé de seus obstinados realizadores (o premiado documentário Ato de fé, de 2004, também foi realizado por eles). Outras terras à vista: cinema e educação do campo, Belo Horizonte: Autêntica, 2010, o livro que contém uma análise do filme, está no catálogo da editora. Ele tem despertado a atenção não só dos educadores do campo, como também de interessados pela questão da terra e pelo cinema. Leia o livro e veja o(s) filme(s).

A teimosia da esperança: “Nas terras do bem-virá”, de autoria de Eugênio Magno, é o capítulo 11 do livro Outras terras à vista: cinema e educação do campo (Autêntica, 2010).

Este texto também foi publicado jornal Pensar a Educação, Pensar o Brasil.

terça-feira, 19 de novembro de 2019

REFORMA DA PREVIDÊNCIA


Senado conclui votação da PEC Paralela em dois turnos


O plenário do Senado concluiu a votação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) Paralela, alternativa criada por parlamentares para promover mudanças na reforma da Previdência —como possibilidade de Estados e municípios adotarem as novas regras de aposentadoria—, sem alterar a proposta principal sobre o tema, o que atrasaria sua tramitação.
O acordo fechado entre os senadores permitiu a quebra dos intervalos exigidos entre as duas rodadas de votação. Os senadores analisaram emendas pendentes do primeiro turno e já emendaram no segundo turno na noite desta terça-feira.
Para ler a matéria de Maria Carolina Marcello para a Reuters clique aqui.

quinta-feira, 14 de novembro de 2019

"TEMPORADA", DE ANDRÉ NOVAES, NA SALA DE CINEMA VICTOR DE ALMEIDA



Cinema de graça em Mateus Leme

O Cineclube Palmares promove no próximo domingo, dia 17, às 17h30, na Sala de Cinema Victor de Almeida da Casa de Cássia de Mateus Leme, o lançamento do filme "Temporada", produzido pela Filmes de Plástico, de Contagem, e premiado no último festival de Brasília.
Realizado uma vez por ano, em novembro, o Cineclube Palmares procura destacar o papel do negro na sociedade brasileira, dando preferência à apresentação de obras de autores dessa etnia. Com a atriz Grace Passô, "Temporada" foi dirigido por André Novaes de Oliveira e é interpretado por Renato Novaes; os dois estarão presentes à apresentação. Este lançamento é uma iniciativa do produtor cultural e escritor Matheus Antônio.
O filme será reapresentado no mesmo horário e lugar nos dias 23, sábado, e 24, domingo, mediante a distribuição prévia de ingressos. No dia 30, sábado, será exibido o filme "Ela Volta na Quinta", também de André Novaes de Oliveira, com ingressos distribuídos previamente. A sala tem 30 lugares e a Casa de Cássia fica na antiga Estação Ferroviária de Mateus Leme. Chegue ao local com 30 minutos de antecedência e retire o seu ingresso.

sábado, 9 de novembro de 2019

CORINGA E BACURAU: O CINEMA IMITA A VIDA



(Nota de 1 Dólar – Foto: Eugênio Magno)


Bacurau e Coringa, duas faces de uma mesma moeda

Eugênio Magno

                   Bacurau e Coringa, duas recentes produções cinematográficas do continente americano – do sul e do norte, respectivamente –, vêm sendo analisadas dos pontos de vista fílmico, político, filosófico, sociológico, psicanalítico, etc. Sem pretensão quanto a fazer reflexões sobre qualquer um dos filmes que se enquadre nesta ou naquela categoria analítica, nem tampouco traçar um panorama geral comparado, atento-me aqui para possíveis aproximações entre eles e a nossa realidade. Tais aproximações são apresentadas pelas assimetrias no tempo e no espaço, como também pelo que encerram suas narrativas e caracterizam seus personagens que se fazem presentes e coincidentes com a atual conjuntura econômica e sociocultural dos países em que as duas histórias acontecem e/ou em quaisquer outras localidades do mundo.
                   O filme dirigido pela dupla de cineastas Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles se passa no minúsculo povoado de Bacurau que dá nome ao filme, situado no oeste do estado de Pernambuco, nordeste brasileiro. Já o antagonista do Batman, Coringa, protagonista da película de Todd Phillips, que também intitula o filme, é um personagem de Gotham City (Nova York), o centro do império capitalista, a metrópole mais cosmopolita do mundo. Embora Coringa seja projetado para um passado não muito distante e Bacurau para um futuro próximo, as duas películas se encontram no presente, na atualidade. Tanto Bacurau quanto Gotham City ou Nova York podem muito bem representar vários locais em qualquer país do globo. Os bolsões de pobreza e miséria social, fome e desemprego se multiplicam pelos quatro cantos do planeta, enquanto uma minoria de endinheirados aumenta em percentuais gigantescos seus lucros, bens, poder e capital. No campo, vilas e cidades – médias e grandes –, portanto, em micro e macro territórios, o descarte humano tornou-se prática corriqueira. Até mesmo uns poucos assistidos pelos programas sociais de natureza compensatória sofrem o engodo da inclusão subalterna, viciada e selvagem que maquia a realidade, enquanto aprofunda as desigualdades e escamoteia privilégios de forma abjeta. Coringa e Bacurau expõem as vísceras da sociedade capitalista e do avanço impiedoso do neoliberalismo ao retratar a diversidade e as diferenças e divergências cada vez mais tensionadas pelas muitas formas de desigualdades, principalmente as econômico-financeiras, sociais e de direitos (incluindo a falta do direito a ter direitos).
                   Os dois abordam a forma bárbara como os mais pobres são oprimidos, roubados de suas humanidades e massacrados pelos tentáculos visíveis da encarniçada glutonia do capital. As promessas da modernidade e da revolução tecnológica e cibernética não se cumpriram e a mundialização capitalista globalizou a miséria e transnacionalizou a degradação do ambiente, de nossas reservas, mananciais e de toda a vida no planeta. Mas como diria Fernando Birri, para citar o pai do nuevo cine latinoamericano, “a vida quer viver” e os oprimidos, excluídos e invisibilizados sempre encontram formas de sobrevivência, lutam e, como as árvores, ainda que sucumbam, morrem de pé. As duas narrativas fílmicas nos mostram do que os mais fragilizados são capazes quando perdem a esperança no tal “futuro melhor”, sempre prometido e, recorrentemente adiado. A urgência da vida faz com que os sujeitos coletivos de Bacurau, um lugarejo na periferia do mundo que, vistos como desumanizados pelo olhar do colonizador, tendo suas pacatas vidas dizimadas, ao serem caçados e mortos como animais (num jogo de “entretenimento” de estrangeiros brancos) recorram a um banido de sua comunidade para lhes fazer justiça. Em Coringa, um homem sofrido que ganha a vida como palhaço propagandista, marcado pela tristeza, depressão e um grande drama existencial e familiar, reage de forma independente e individual contra o establishment. Sua atitude mobiliza a massa nova-iorquina que assume a máscara de palhaço coletivo e desencadeia um intenso movimento de insurgência contra o sistema que os esmaga em suas humanidades.
                   O temido criminoso, Lunga e seus comparsas, assumem a condição de vingadores na defesa de seus conterrâneos de Bacurau. E o aparentemente inofensivo palhaço, Arthur Fleck, de Joker, enfurecido por ter sua existência e dignidade negadas se rebela e faz despertar uma cidade inteira contra um sistema excludente e perverso em que os privilégios de poucos são garantidos à custa do sacrifício da grande maioria da população. A novidade nos dois filmes é a explosão de violência vingativa dos mais fracos e dos que sempre foram apresentados como vilões a serem combatidos violentamente pelos heróis justiceiros, numa total inversão de empatia do espectador que passa a vestir a pele do vingador. É exatamente aí que mora o perigo que nos espreita. Há muito temos recebido sinais de como e para quais fronteiras as novas convulsões sociais têm evoluído. Se as elites, o capital, o Estado, a sociedade organizada e os guardiões da moral e dos bons costumes criminalizam a selvageria da vingança há que se repudiar também de forma veemente a brutalidade e a barbárie imposta aos desvalidos, à força de uma justiça socialmente parcial e seletiva.
                   Jocker, o palhaço triste que sorri por força de um distúrbio psicológico, sem a menor pretensão de articular qualquer movimento social, vira contra seu inimigo a arma que lhe é apontada. Ele dispara contra os verdadeiros vilões que pousam de heróis e roubam a vida dos oprimidos que, ao assumirem a máscara dos palhaços de que são feitos cotidianamente, criam o caos no coração do mundo capitalista – Nova York –, outrora jurisdição do super-herói de preto, Batman, o justiceiro e cão de guarda dos interesses das classes dominantes.
                   Enquanto a população de Bacurau é plugada e a tecnologia digital desfila pelo filme tanto contra como a favor dos interesses coletivos, em Coringa nos é apresentada uma Nova York suja e decadente. O metrô, a TV e as ruas são os principais cenários das ações de Arthur Fleck que necessita de alta exposição midiática para ferir com a mesma arma com que é ferido. Já aqui, nas brenhas do sertão, a selvageria é praticada com requintes cibernéticos, como a invisibilização territorial feita pelos gringos, que retira o lugarejo do Google Maps, para a livre ação brutal dos ditos civilizados contra os “selvagens”, moradores de Bacurau. Os oponentes no filme brasileiro se enfrentam com armas de alto calibre e longo alcance, de última geração, coletivamente, ao contrário de Joker que, sem o uso de qualquer parafernália tecnológica, com apenas um velho revólver de cano curto, num ato solitário, extermina à queima roupa seus opressores e deflagra uma manifestação de massa. Lunga, o bandido alijado de Bacurau é convocado pela população para defender a comunidade da barbárie e com extrema violência lhes devolver a paz.
                   Guardados os limites da conceituação, Coringa e Bacurau revelam outros deflagradores dos movimentos sociais da atualidade que obedecendo a uma dinâmica que lhe é própria, não se prende no tempo, nem a conceitos monolíticos. Toma novas feições e incorpora bandeiras de luta contra as ações mais danosas ao convívio humano na produção da vida e nas relações sociais praticadas em cada momento histórico. O insucesso de uma possível transformação social negociada com base na relação capital/trabalho e divisão de renda, de forma justa e organizada com o protagonismo do proletariado, sindicatos e partidos políticos gestou uma grande diversidade de coletivos e formas peculiares das pessoas se juntarem para lutar contra a opressão, uma delas é o terror e o revide da violência. Já disseram que se a revolução social não viesse da classe trabalhadora organizada, viria das periferias, dos excluídos e marginalizados, de forma desorganizada e brutal.
                   Bacurau e Coringa são dois filmes proféticos, denunciam e anunciam o leviatã da hipermodernidade. Coringa homenageia uma plêiade de super-heróis da ficção e Bacurau faz memória a vários mártires da história recente de nosso país. Qualquer semelhança com pessoas e fatos da atualidade, certamente não terá sido mera coincidência.

Este texto também foi publicado no jornal Pensar a Educação em Pauta.

terça-feira, 5 de novembro de 2019

PRIVATIZAÇÕES EM CURSO


Eletrobras diz que Bolsonaro assinará projeto de lei de desestatização; ministro levará PL ao Congresso


A Eletrobras (ELET6.SA) relatou que recebeu ofício enviado pelo Ministério de Minas e Energia informando que o presidente Jair Bolsonaro deverá assinar nesta terça-feira projeto de lei que permitirá a desestatização da elétrica.
Segundo fato relevante divulgado na noite da véspera, o projeto de lei deverá cumprir todo rito legislativo até a sua promulgação.
Em entrevista à Globonews nesta terça-feira, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, afirmou que o governo quer capitalizar a empresa, que, segundo ele, está perdendo participação no mercado de geração e transmissão.
Se nada for feito, disse o ministro, a Eletrobras terá só 15% de geração de energia e 35% na transmissão em dez anos.
Para ler, na íntegra, a matéria de Roberto Samora (SP) e Pedro Fonseca (RJ), para Reuters Brasil, clique aqui.

sexta-feira, 1 de novembro de 2019

TRUMP PODERÁ SOFRER IMPEACHMENT


Congresso aprova investigação para impeachment de Trump sob a oposição dos republicanos

(Foto: Reuters/Joshua Roberts)

Maioria democrata da Câmara valida as normas para começar o julgamento parlamentar do presidente, acusado de pressionar mandatário da Ucrânia para obter informações contra seu rival Joe Biden

A Câmara de Representantes dos Estados Unidos aprovou nesta quinta-feira, graças à maioria democrata, as regras do jogo pelas quais vão levar adiante a investigação para um possível impeachment ou destituição do presidente, Donald Trump. O processo entra agora em um estágio formal, com os ritos próprios de um julgamento parlamentar: com algumas audiências em aberto, direito de defesa para o mandatário, a quem se acusa de ter pressionado a Ucrânia para prejudicar seu rival político Joe Biden.
A sessão desta manhã marca o primeiro voto formal sobre este processo excepcional e serviu para evidenciar o partidarismo deste processo: 231 democratas e um independente votaram a favor da investigação, enquanto 194 republicanos votaram contra.
Para continuar lendo a matéria de Amanda Mars para o El País, clique aqui.

sexta-feira, 25 de outubro de 2019

PROFESSOR É PROFISSÃO


(Estande da CONAPE 2018, Expominas, BH, MG – Foto: Eugênio Magno)


Aos mestres e mestras, com carinho:
NÃO SE DEIXEM ENGANAR

Eugênio Magno

Na véspera das comemorações do Dia dos/as Professores/as, andando pela rua, dei de cara com um jornal, em uma banca, que estampava na primeira página a seguinte manchete: “Só dois em cada cem professores têm mestrado”. 
Acostumado aos constantes achincalhes, dirigidos aos professores, me flagrei fazendo todo o tipo de ilação sobre aquela declaração, mesmo sem a ter lido na íntegra. Não houve tempo para que eu lesse a chamada completa. Fiquei indignado e prometi a mim mesmo que iria apurar a notícia. Queria compreender do que se tratava, ainda que fosse para constatar uma triste e irrefutável realidade. Os transeuntes certamente ficaram com a degradante impressão de que 98% dos professores são desqualificados e ponto. As consequências dessa impressão? Por falta de reflexões fundamentadas e criteriosas, chega-se a conclusões apequenadas do tipo “quem não tem qualificação não merece melhores salários”, “a educação pública não presta”. E a recorrente defesa da privatização do ensino e a aposta nas escolas cívico-militares como panaceia para os problemas educacionais dentre outros de ordem geral. 
No dia seguinte, ao lembrar-me da notícia que tanto havia me perturbado, fui à caça do jornal para checar a matéria. Recordei minha indignação e me autocensurei pela precipitação do julgamento. Torci para que estivesse enganado. Era o Dia das Professoras e dos Professores e ponderei que talvez não tivesse enxergado bem a manchete. Conjecturei ser impossível que, de véspera, as aves de mau agouro já estivessem grasnando contra a nossa permanentemente difamada profissão. Ponderei sobre o número de profissionais das mais variadas áreas que exercem o magistério, em razão da enorme demanda por educação e do crescente déficit educacional do Brasil. Pensei também nos profissionais para os quais basta o bacharelado para que sejam tratados como doutores e, ao consultar o Conselho Federal de Medicina, me dei conta de que 93,2% dos médicos brasileiros não possuem doutorado. Continuei com as indagações: ...mas o professor não é tratado como mestre? O sinônimo de professor em vários dicionários é mestre e os bacharéis, médicos e advogados, mesmo sem nenhuma licenciatura, têm status de “doutores”. Coisas do império... 
No intervalo desta escrita, visitando as redes sociais, uma postagem no Facebook interpelou-me: a fotografia de uma sala de aula improvisada, em uma barraca de zinco e chão arenoso, onde um homem negro, calçando sandálias de dedo, escreve na lousa, enquanto uma única criança, também negra e nua é vista de costas, sentada em um tosco banco escolar. O título da postagem: “Professor é professor”. O post teve muitas curtidas, joinhas coraçõezinhos e nos comentários frases do tipo “é o amor”, “coisa mais linda”, “bravo”, etc. Segui com a minha reflexão sobre o quanto essa ideia romantizada do professor herói, vocacionado, que tem a profissão como sacerdócio, está introjetada em nós e é reproduzida ad nauseam pelos governantes, pela imprensa e o que é pior, por nós professores, tanto no espaço escolar, quanto nas relações extraclasse. Deixei um comentário no post: É bonito, mas é terrível! Até quando a educação tem que ser um ato de heroísmo e abnegação por parte de educadores e educandos? Quando os agentes educacionais serão tratados como gente, como humanos e a dignidade do processo ensino-aprendizagem (que inclui condições de trabalho, possibilidades de formação de excelência, bons salários e renda para alunos e professores, dentre otras cositas más) serão defendidos radicalmente? A minha amiga, professora e conterrânea, autora do post, concordou. Outros internautas também manifestaram, dando apoio à reflexão. 
Mas enfim, ao acessar o jornal, observei que não estava equivocado. A chamada de capa para o setor Educação informava em letras pequenas: “Na rede pública no Estado, nem 0,2% é doutor”, acompanhada do título, cujas letras eram as maiores entre todas as demais manchetes do dia: “Só dois em cada cem professores têm mestrado” e, na sequência, em letras com corpo menor, um subtítulo declaratório: “Remuneração desestimula qualificação, afirma sindicato”, seguido de um pequeno texto que chama para a matéria: “Apenas 1.224 (2% dos 59.153 professores das escolas estaduais mineiras têm mestrado e 74 (0,12%), doutorado.” Ao ler a tal notícia na página interna do jornal me surpreendi com a ambiguidade do conteúdo, no estilo bate e assopra. A matéria rasa e pouco analítica, quantitativamente era grande (de uma página, com direito a várias fotos), mas ia pouco além da reprodução de trechos de entrevistas realizadas com uma sindicalista, duas professoras e um professor da Educação Básica. Os professores foram tratados como “heróis” e adjetivados de “gabaritados”, em razão de possuírem mestrado, de o professor ter cumprido inclusive estágio pós-doutoral e de uma das professoras está se preparando para o doutoramento. Não deixa de ser louvável a qualificação dos professores ouvidos e o amor que eles declaram ter pelo ofício é notório. Todavia, essa não é a questão, a matéria é superficial, não dá conta, por exemplo, da quantidade de mestres e doutores existentes na rede privada de ensino, em Minas Gerais, para que se pudesse estabelecer um comparativo justo. Sequer toca na quantidade de mão de obra altamente qualificada (mestres e doutores) desempregada ou subempregada em Minas e no Brasil, país que tanto desprestigia a escola pública e a carreira de professor e, cujas lideranças, demagogicamente, usam a narrativa de reputar a educação como solução para todos os males. Vale salientar que os últimos concursos para professor universitário não têm dado menos do que cinquenta candidatos por vaga, em média. Alguns concursos chegam a ter cem professores na disputa por uma única vaga. Mas nossas autoridades e setores das classes dominantes desse país estão de costas para a pesquisa, a ciência e a tecnologia, as artes, a cultura e para o que Paulo Freire chamou de professor-pesquisador. O que está em voga hoje no país são credenciais como a toga, a patente militar, o porte de arma, a militância neopentecostal e, claro, títulos e ações de investimentos, não a qualificação acadêmica. Em nenhum momento a reportagem questiona o oportunismo de grande parte do empresariado e dos homens públicos brasileiros – da direita à esquerda –, que usam a educação como adágio de seus projetos mercantis, populistas e eleitoreiros, entre outras políticas de dependência e condicionalidades.
Estupefato com a perversidade do estilo jornalístico adotado, logo confirmei minhas suspeitas do dia anterior: a maldade da manchete que chamava a atenção para uma realidade não considerada em seu conjunto, tratando-a de maneira aligeirada, sem nenhuma análise filosófica, sociológica e/ou econômica e cultural que pudesse explicar ou justificar a notícia. Excetuando a boa intenção dos entrevistados, o que pude observar foi mais uma manifestação do jornalismo convenientemente declaratório que tem sido adotado por grande parte dos veículos de comunicação na atualidade. Até a fala da representante de um dos sindicatos da categoria foi citada de forma a corroborar com a malfadada tese da reportagem em questão. 
Diante do quadro apresentado me vi às voltas com uma dúvida e um suposto. A dúvida, a seguinte: qual era a notícia afinal? A matéria começa bem, informando que segundo estudos da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a educação básica tem melhores resultados e a média de notas dos alunos é maior em países que investem na formação continuada dos professores, como é o caso de nações da Ásia e da Europa. Depois o texto descamba, sem rumo e sem prumo. Ao confrontar dados, sujeitos, elementos e fatos, presentes na própria notícia, o suposto é de que o jornal tinha material para uma excelente reportagem, mas perdeu a oportunidade de fazê-la. Infelizmente, o complexo de vira-lata venceu e a escolha foi pela canhestra imprecisão.

Este texto também foi publicado no jornal Pensar a Educação, Pensar o Brasil.

SÍNODO DA AMAZÔNIA




domingo, 20 de outubro de 2019

O APOGEU DA VILANIA




Onde estão os nossos heróis?

Geovana Ramos Martins
 (Cientista Social pela Universidade Federal de Minas Gerais,
professora da rede pública do Estado de MG)

Mahatma Gandhi, Martin Luther King, Madre Teresa de Calcutá (Santa Teresa de Calcutá, canonizada no dia 4 de setembro de 2016, pelo papa Francisco). Na minha memória tenho uma lembrança viva de quem foram, o que fizeram e o que representam. Gandhi: a revolução sem armas, sem violência, por ideais de paz e liberdade. Martin Luther King: o direito civil dos negros e uma campanha que não pregava o ódio. Madre Teresa: mulher, que embora pequena e frágil, só queria saciar a sede do Cristo no irmão necessitado.
Quem são os heróis hoje? Onde estão? Em quem se pode espelhar? Onde deve se buscar a verdade? Como encontrar respostas? O que é a vida? Não a vida virtual, resposta programada pelo Google, verdade que aliena e aprisiona, reflexo narcísico de desejos e satisfações. As pessoas estão adoecendo, as clínicas psicoterápicas estão lotadas, a cada dia novas doenças são descobertas, transtornos afetam crianças em todo o mundo, lares de idosos aumentam em proporção assustadora, consumo excessivo de álcool, drogas e sexo desenfreado, uma caçada obsessiva por emoção, aventura, prazer, excitação...
Busca-se em vão preencher o vazio: trocamos crianças por pets, os pais e a família pela carreira, podcasts pela leitura de um bom livro, o encontro com os amigos pela vida virtual (Facebook, Whatsapp, Instagram, Twitter), eximimo-nos da responsabilidade de educar as crianças. O que era apenas meio (objeto utilizado para diferenciar os valores das coisas) tornou-se o fim em si mesmo. Queremos possuir cada vez mais, bens materiais: a casa maior, o carro do ano – só um não basta –, a última geração de smartphone, os óculos da moda. Enganamo-nos acreditando que isso nos trará felicidade e irá preencher o vazio da existência. Praticamos ações sociais para ser cool; nossa privacidade é hackeada. Tornamo-nos suscetíveis a diferentes formas de invasão e alienação. Vivemos fatigados com o transporte público, o trânsito, os telemarketings, os hospitais e escolas, a indigência, os nossos governantes, a violência, a política, a xenofobia, as igrejas... Quais são os valores e virtudes de um homem e uma mulher de bem?
Temos um presidente eleito por menos da metade do eleitorado brasileiro. Será que no imaginário dessas pessoas havia a crença de que Bolsonaro poderia ser um herói? Se não somos capazes de pensar por nós mesmos, ao menos, vejamos o que o mundo – digo o mundo e, não os Estados Unidos – dizem sobre o nosso presidente (?). Olhem as ações racistas e neoliberais de um governo subserviente aos interesses estadunidenses que a todo instante põe em risco a soberania nacional, liquidando todo o patrimônio público brasileiro. A privatização das estatais e a desindustrialização do Brasil gera o caos: desemprego, miséria e fome. O que deveria ser “um governo para todos”, revelou-se uma organização que torna ainda mais ricos os ricos e cada vez mais pobres os mais pobres. Vivemos o apogeu do capital improdutivo. Praticamente, só os rentistas ganham. A nós cabe apenas pagar, cada vez mais caro, combustível, vida na cidade, plano de saúde com cobertura mínima e valores exorbitantes, educação dos filhos, impostos, luz, água, telefone e alimentos contaminados (enxertados de hormônios e empesteados de agrotóxicos e transgênicos) que são empurrados goela a baixo, em razão da falta de opções para a aquisição de algo mais natural.
É “terapêutico” ir aos shoppings e aos grandes mercados, e nos iludir com a possibilidade de que a posse de determinado produto irá nos trazer a tão almejada felicidade, quando na realidade estamos contribuindo para o aumento do consumo e, consequentemente, dessa lógica irracional de produção à custa da depredação do meio ambiente. Desmatamos, produzimos uma quantidade absurda de lixo, que acreditamos estar sendo reciclados quando na verdade não sabemos verdadeiramente qual será o seu destino. Não nos preocupamos com o consumo desarrazoado de água, com as queimadas, a poluição... e o nosso planeta, chora e geme, em dores de parto, na espera de um novo dia. Da primavera, ou seria, de outros natimortos? Os animais expulsos das florestas invadem as cidades e em uníssono clamam a nós por socorro. Tempestades, trovões, terremotos, maremotos, tsunamis... o que mais esperar? Quando isso tudo vai parar?
Na contramão da lógica produtivista pequenos grupos se mobilizam, na busca de formas alternativas de vida no planeta. Ambientalistas, autoridades religiosas, estudantes, populações indígenas e ribeirinhas unem-se em defesa da vida na Terra. A juventude bravamente desponta no noticiário mundial, denunciando os abusos das autoridades governamentais e empresariais, retrógadas e autoritárias. Novas escolas e pensadores se insurgem contra a barbárie.
Eu, aposto sempre nas crianças. Na necessidade urgente que temos de olhar para as crianças e zelar pelo seu devir. Elas têm a capacidade transformar o mundo, se forem educadas por meio de valores e virtudes: humanos, sociais, ambientais, culturais e espirituais.
Já é tempo de unirmo-nos em prol dessa causa, encontrando-nos com nós mesmos em nossa humanidade e descobrir a palavra que cada um de nós veio dar ao mundo. E que a nossa palavra seja plena de vida, amor e paz. Abramos nossos olhos, rasguemos os nossos corações e despertemo-nos enquanto há tempo.
O artigo também foi publicado no Jornal Pensar a Educação, Pensar o Brasil.

quarta-feira, 16 de outubro de 2019

OS DESDOBRAMENTOS DA VAZA JATO NO SUPREMO


STF julga prisão após 2ª instância: entenda impacto sobre 
Lava Jato, Lula e milhares de outros presos

(Foto: Gil Ferreira/SCO/STF)

O Supremo Tribunal Federal caminha para colocar o ponto final numa controvérsia que se arrasta desde 2016: condenados em segunda instância devem começar a cumprir pena ou é necessário aguardar o fim de todos os recursos nas cortes superiores?
A questão deve ser definitivamente respondida pelo Supremo a partir desta quinta-feira, quando os onze ministros julgarão ações sobre o tema. É possível que o julgamento se prolongue até a próxima semana.
Desde fevereiro de 2016, em placar apertado, o STF permite que presos condenados em segunda instância comecem a cumprir pena. Mas as decisões que deram essa autorização tinham caráter provisório e podem ser revistas. Como os ministros Dias Toffoli e Gilmar Mendes mudaram de posição, a expectativa é que o Supremo volte a proibir a prisão antes do trânsito em julgado (quando se esgotam os recursos) dos processos criminais.
A decisão tem potencial de libertar milhares de presos, entre eles o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Mas nem todos os condenados da Operação Lava Jato seriam afetados - o ex-governador Sérgio Cabral e o ex-deputado Eduardo Cunha, por exemplo, não seriam soltos porque cumprem prisão preventiva (quando o réu fica preso mesmo antes de qualquer condenação para evitar que continue cometendo crimes, fuja ou atrapalhe investigações).
Para continuar lendo a matéria de Mariana Schreiber para a BBC News Brasil, clique aqui.

sexta-feira, 11 de outubro de 2019

EDUCAÇÃO EM MOVIMENTO: UFMG, A MELHOR UNIVERSIDADE DO PAÍS


(Imagens: Site FaE/UFMG)

EDUCAÇÃO EM MOVIMENTOS, 
PROJETOS e RANKINGS:
FaE e UFMG EM PRIMEIRO LUGAR

Eugênio Magno

O que é óbvio costuma passar despercebido pelo senso comum, especialmente em tempos obscuros como os atuais. Como não pensar o Brasil, ao se propor a pensar a Educação? O inverso também pode ser formulado. Afinal, como não se pensar a Educação, ao pensar o Brasil?
Dizer o óbvio é relativamente fácil. Entretanto, a afirmação de obviedades baseada em ações concretas é outro papo. E não é só papo, ainda que seja aquele papo, das noites de segunda-feira, transmitido pela Rádio UFMG Educativa (ancorado por Yolanda Assunção e conduzido por Tatá), programa do qual tenho muito orgulho de ter participado, como produtor e apresentador do quadro Cinema Falado, no período de 2013 a 2015, sob a coordenação da professora Inês Teixeira.
Pensar a Educação, Pensar o Brasil – 1822-2022 (PEPB) vem articulando desde a sua criação, em 2007, diversas atividades que estimulam atitudes concretas, fazendo memória das contribuições da Educação para a formação do povo brasileiro e projetando seus contínuos aportes para a construção de um país, justo, igualitário e democrático. Este projeto é fruto da ousadia dos seus inventores, os professores, Luciano Mendes de Faria Filho e Tarcísio Mauro Vago (Tatá), coordenadores gerais do PEPB.
A partir da capacidade técnica e científica, gregarismo e articulação dos dois professores e de outras competências discentes, docentes, técnico-administrativas, de servidores e de dezenas de colaboradores internos e externos à UFMG, que se juntaram ao projeto, ele vai se consolidando como lócus comprometido com uma práxis de permanente ação-reflexão-ação. Seu nome e sua proposta são e dão, a cada dia, novas provas, respostas e reverberações inequívocas do porque veio – em constantes movimentos –, no ir vir de saberes, pensares e práticas coletivas.
No primeiro dia deste mês de outubro, para citar um exemplo próximo, o Pensar apresentou ao público que lotou o Auditório Luiz Pompeu, da Faculdade de Educação (FaE/UFMG), a sua filha caçula: a série documental, O pão nosso de cada dia, sobre desafios e cotidianos de professoras de Educação Básica. Uma ação da Revista Brasileira de Educação Básica, que tem como editora responsável a professora Libéria Neves e o professor Eliezer Costa e é coordenada por Vanessa Costa de Macêdo (editora executiva da revista) e corroteirista das narrativas professorais, juntamente com Thiago Rosa que dirigiu os quatro episódios da série. O evento contou com a participação da professora e cineasta Edileuza Penha de Souza, da Universidade de Brasília (UnB), que mediou uma mesa de debates após a exibição dos depoimentos fílmicos com a presença das personagens da série, Angélica Ferreira, que leciona Português; Isabela Assis, recém-formada professora de Teatro; Wanderléa Assis e Hélder Junio de Souza, os dois últimos, professores de História.
Mas o Pensar vai muito além do vídeo, da revista, do rádio e do jornal, Pensar a Educação em Pauta, coordenado por Priscilla Bahiense. No campo da Pesquisa, além da FaE/UFMG, o projeto integra, em rede, outras onze instituições universitárias abordando a história da educação brasileira; edita a publicação Pensar a Educação em Revista, periódico de revisão bibliográfica sobre os principais temas da educação e, através do seu Observatório, desenvolve pesquisas e monitora diversos canais de divulgação científica do país. O PEPB organiza Seminários e conferências temáticas; abastece e abriga o Centro Virtual de Multimídia em Educação (CEVIME), que sistematiza e referencia produções nacionais e estrangeiras em torno de temas da educação; realiza Produções Audiovisuais e se ocupa da Gestão de Mídias, mobilizando e articulando diferentes dispositivos midiáticos para a divulgação dos conteúdos produzidos pelo projeto. Na área do ensino oferece estágios e oferta disciplinas na graduação e na pós-graduação. A Coleção de Livros do PEPB com suas séries: Ensaios, Seminários, Estudos Históricos e Clássicos da Educação Brasileira, já se aproxima de cinquenta títulos lançados.
Neste breve levantamento aqui apresentado dá para se ter uma ideia da envergadura do Pensar a Educação, Pensar o Brasil, que interage e proporciona a visibilização de tantos outros projetos, grupos de pesquisa e extensão, departamentos e ações afirmativas e inclusivas da FaE, devido as suas características, arquitetura em rede (ou teias) e o seu marco temporal definido.
Na trincheira deste importante enfrentamento da disputa de sentidos e narrativas históricas do Brasil contemporâneo, tendo em vista as comemorações do bicentenário da nossa independência, o protagonismo da educação brasileira – cuja atuação nos processos emancipatórios tem sido notadamente decisivo – é imprescindível. A força dos sujeitos coletivos da educação é notória, tanto em macro, quanto em micro territórios. Prova disso é a vitalidade e potência da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais, uma das unidades mais pulsantes do Campus Pampulha.
Criada em 1968 e vivendo, portanto, a sua plena maturidade, a FaE, aos 51 anos, é muito mais que uma instituição formadora de educadores, pedagogos e professores (pesquisadores e extensionistas), fundada na indissociabilidade dos pilares Educação, Pesquisa e Extensão. A diversidade de projetos gestados, sediados, apoiados, difundidos e acolhidos pela FaE, fazem desta faculdade uma grande rede conectada a outras hiper-redes. As reflexões geradas em seu espaço provocam ondas propulsoras de engajamento. Deflagram manifestações, têm grande capilaridade e proporcionam o indispensável abrigo institucional às várias ações colocadas em movimento pelos múltiplos agentes do processo educacional que se fazem presentes, em permanente conexão neste território, de forma física (presencial) e online.
Não é à toa que a UFMG foi considerada a melhor universidade do país e o curso de Pedagogia – da nossa FaE – ocupa o primeiríssimo lugar no ranking universitário brasileiro, divulgado no início desta semana.
Este texto foi publicado no jornal Pensar a Educação em Pauta e também no Facebook.

sábado, 5 de outubro de 2019

CATÓLICOS E EVANGÉLICOS EM DISPUTA NAS ELEIÇÕES PARA O CONSELHO TUTELAR


Eleições para o Conselho Tutelar tornam-se o novo campo de batalha do Brasil polarizado:
Pleito deste domingo coloca católicos e evangélicos em disputa para ocupar organismo de apoio a políticas sobre juventude 


O Brasil mal saiu de umas conturbadas eleições gerais e já vive, neste ano, outra campanha eleitoral igualmente polarizada: a dos Conselhos Tutelares, organismos presentes em praticamente todas as cidades brasileiras e responsáveis por zelar pela proteção de crianças e adolescentes. Neste domingo, 6 de outubro, de 8h às 17h, pessoas a partir de 16 anos com título de eleitor e em situação regular com a Justiça Eleitoral poderão escolher até cinco candidatos do conselho mais próximo de sua residência. A lei que criou o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) prevê que a escolha de novos conselheiros, que possuem mandato de quatro anos, devem acontecer simultaneamente em todos os municípios do país um ano depois do comício presidencial. As eleições são abertas a todos os eleitores, mas o voto não é obrigatório.
Para ler na íntegra a matéria de Felipe Betin para o El País e saber como participar da votação que é aberta a todos os eleitores do país, clique aqui.

terça-feira, 1 de outubro de 2019

LULA NÃO VAI SAIR DA CADEIA


Carta de Lula "Ao Povo Brasileiro
Não troco minha dignidade, 
pela minha Liberdade"

(Foto: Divulgação)

Na carta, escrita à mão (abaixo), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva diz que não vai sair da prisão enquanto seu processo não for considerado nulo. 

(Imagem: Instituo Lula

Lula ganhou o direito de pedir a mudança para o regime semiaberto, no último dia 23 deste mês, mas não pretende deixar a prisão nessas condições.


sábado, 28 de setembro de 2019

SETEMBRO: ANIVERSÁRIO DO PATRONO DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA



Mural da Escola Municipal Paulo Freire, do bairro Cidade Nova, Caxias do Sul 
(Foto: Claudia Velho/reprodução)

Quem tem medo de Paulo Freire?

por Eugênio Magno

Nem mesmo as universidades brasileiras que nunca deram muita bola para Paulo Freire têm medo dele. Ao contrário, gritam a seu favor, especialmente nesses tempos em que a educação é medida pela régua dos desescolarizados que vão dos influenciadores aos aboletados no poder em nosso país e os que gravitam em seu entorno. Tampouco meninas e meninos temem Freire. Afinal, ele não era comunista, não comia criancinhas.
              É certo que jamais temeram ou temeriam Paulo Freire os envolvidos no Movimento de Cultura Popular (MCP) em que Freire tomou parte como um dos seus fundadores juntamente com outros intelectuais e estudantes. O projeto do MCP foi um sucesso absoluto e os números de suas realizações surpreendentes: 19.646 alunos, 452 professores e 174 monitores em 626 turmas, com 201 escolas participantes; uma rede de escolas radiofônicas, centros de artes plásticas e artesanato, entre outras atividades e formas lúdicas de promover a cultura, o aprendizado e a alfabetização de crianças, jovens e adultos, somente na cidade de Recife (PE), no período de 1960 a 1962. Também não se amedrontam com Freire os 300 trabalhadores alfabetizados em 45 dias na localidade de Angicos (RN), projeto que conquistou a simpatia do então presidente da república João Goulart que, através de portaria do Ministério da Educação e Cultura (MEC), determinou a criação da Comissão de Cultura Popular, tendo Freire como presidente. Muito menos teriam medo do Patrono da Educação Brasileira os intelectuais Herbert José de Souza (Betinho), Júlio Furquim Sambaquy, Luiz Alberto Gomes de Souza e Roberto Saturnino Braga, membros dessa comissão presidida por Freire, responsável pelo nascimento do Programa Nacional de Alfabetização (PNA), que através do “Método Paulo Freire”, tinha como objetivo alfabetizar politizando 5 milhões de adultos. Somente no ano de 1964, 2 milhões de alunos seriam formados pelos 20 mil Círculos de Cultura a serem instalados no ano do golpe.
Desde Angicos, os militares aquartelados na caserna – em especial o general Castelo Branco – estavam desconfiados do caráter “subversivo” do método adotado por Paulo Freire. Os movimentos de educação popular constituíam uma grande ameaça para o sustento da antiga situação do país e a direita nunca ocultou sua hostilidade em relação a essas iniciativas. Eles não compreendiam porque, Paulo Freire, um educador católico, teria se tornado um representante dos oprimidos. Nesse período era muito forte o ódio ao comunismo e a campanha contra esse regime ou a qualquer ideia ou movimento que fosse libertador, mesmo que de caráter exclusivamente humanista e, ainda que não tivesse qualquer relação ideológico-partidária direta. Assim, os setores conservadores passaram a atacar o movimento de democratização da cultura, ao perceberem que ali – numa pedagogia da liberdade – estaria o germe da rebelião e passaram a acusar Freire de “comunista”, “subversivo internacional” e “traidor de Cristo e do povo brasileiro”. Neste cenário, o golpe de Estado de 1964 não só interrompeu os esforços envidados no campo da educação popular de adultos, assim como levou Paulo Freire à prisão e depois ao exílio por mais de 15 anos.
Paulo Reglus Neves Freire nasceu às 9 horas da manhã, do dia 19 setembro de 1921, em Recife, no Estado de Pernambuco. Na semana passada, muitas das homenagens dirigidas a Freire ressaltavam que se vivo estivesse estaria completando 98 anos de idade. Todavia, deve-se advertir que Paulo Freire não morreu. Ele está mais vivo do que nunca. A maior prova disso é o medo de Freire que paira sobre seus detratores e perseguidores – do passado e do presente. Estes são, na verdade, quem mais o homenageiam. Estaria, essa gente, assombrada com o seu fantasma (?); ou seria do seu legado de um projeto educacional humanista reconhecido em todo o mundo que os seus antagonistas têm tanto pavor? 
Eles continuarão a se borrar de medo. Pois, Freire não está mais entre nós, corporeamente, para ser preso, exilado ou coisa que o valha. E, no Brasil desse bolsonarismo torpe, a “Pedagogia do oprimido” é uma arma letal para interromper esta ópera-bufa encenada no centro do poder nacional. Para usar mais uma expressão típica desse tempo de truculência sociocultural e linguagem policialesca, para matar Freire seria necessário eliminar seu lugar – definitivamente – já assegurado na história: títulos de Doutor Honoris Causa e outras honrarias acadêmicas em centenas de universidades pelo mundo afora; títulos de cidadão honorário de várias cidades brasileiras; prêmios e homenagens diversas: estátuas, monumentos, pinturas, letra de música e até enredo de escola de samba. Presidente honorário de várias instituições nacionais e internacionais. Auditórios, teatros, salas, bibliotecas, diretórios e centros acadêmicos e ainda, praças, avenidas, ruas, conjuntos habitacionais e estabelecimentos de ensino no Brasil e no exterior, batizados com seu nome. Bolsas de pesquisa de pós-graduação, medalhas, condecorações e diversos prêmios receberam o nome de Paulo Freire, fora os centros de pesquisa, documentação, informação, divulgação e estudos sobre ele em várias nações.
              Nada do que Freire representa pode ser apagado. Muito menos suas ideias que – ultrapassaram continentes, atravessaram décadas, fronteiras e gerações –, continuam presentes e, na atualidade, ganham cada vez mais corpo, diante dessa urgente necessidade de escolarização de um grande contingente de brasileiros, inclusive de parte da classe dominante chamada, equivocadamente, de elite (só se for do atraso). Mas pode-se supor, pela sua vida e sua obra, que tudo isso para Freire era insignificante frente a seu radical e permanente compromisso com os explorados e oprimidos do mundo, onde e quando estivessem.

Este texto foi publicado no jornal  Pensar a Educação em Pauta e no Facebook.

REFERÊNCIA:
OLIVEIRA, Eugênio Magno Martins de. Fernando Birri e Paulo Freire: educação e cinema em diálogo como práticas da liberdade / Eugênio Magno Martins de Oliveira. Tese de doutorado. Belo Horizonte: Faculdade de Educação – FaE / UFMG, 2017.

Imagem de destaque: XXI Fórum de Estudos sobre Paulo Freire UCS-Sinpro Caxias do Sul – 2019. Disponível em: <https://www.sinprocaxias.com.br/noticias/sinpro/sinprocaxias-apoia-xxi-forum-de-estudos-sobre-paulo-freire-na-ucs.html>. Acesso em: 21.09.2019.