domingo, 27 de julho de 2014

CINEMA NAS ESCOLAS


Tanto nessa matéria quanto em outra (cuja chamada está postada aqui, mais abaixo), realizada pelo jornal Hoje em Dia, para as quais fui entrevistado, os editores omitiram falas importantes. Por exemplo: que a lei era muito bem-vinda e deveria ser celebrada tanto por cineastas, quanto pelas escolas, alunos e educadores. Falei que sentia muito o fato de que, muitas das vezes, determinados ganhos, no Brasil, terem que surgir por força de leis, como é o caso da lei das cotas nas universidades. Mas que o fato de ser através de lei não tirava o seu mérito. 
Eu não sou candidato a nenhum cargo político e não entendi o enfoque dado ao assunto, tanto pelo Jornal Hoje em Dia, quanto pela TV Canção Nova que se posicionaram claramente contra a lei numa atitude que, ao meu ver, soa como partidarista, com interesses eleitoreiros, de oposição ao governo federal. 
Ao fazer a defesa da lei, chamei a atenção para alguns pontos de análise que julgo importante e me posicionei pelo "Partido da Escola e do Cinema". Entre outras coisas, disse que não podemos cinematizar a escola, assim como não podemos escolarizar o cinema. Que o cinema deve ser recebido como uma alteridade na escola. Falei da importância das escolas se aparelharem e dos educadores se prepararem para receber o cinema nas escolas. Mas disse que isso já está acontecendo, através da capacitação e especialização de muitos profissionais que estão se dedicando ao assunto. Citei a KINO: Rede Latino-americana de educação, cinema e audiovisual, da qual fazem parte diversos profissionais e pesquisadores de vários países e de diversas regiões do Brasil que estão se empenhando para oferecer formação e capacitação aos professores. Perguntado se o cinema brasileiro dava conta de responder com uma cinematografia à altura dessa exigência, eu disse que sim, mas que os bons filmes, de qualquer nacionalidade, desde que de qualidade e de formação, seriam bem-vindos. E, destaquei que nos casos em que não tenhamos filmes que cubram determinados temas, com o enfoque que o professor deseje, poderiam ser usados outros filmes, pois a exigência da lei é que o cinema nacional ocupe, no mínimo, duas horas mensais, de exibição nas escolas. Assim, sobra tempo mais do que suficiente para que outras cinematografias sejam incluídas, como já vem sendo feito livremente pelos educadores.
A Canção Nova teve a ousadia de colocar na boca do apresentador e da repórter que a lei sofreu críticas de alunos, professores e especialistas. Quanto aos professores e alunos, eu não sei quantos eles entrevistaram, quais foram os excluídos e o teor de suas respostas. Todavia, no que diz respeito a mim, o especialista, sei muito bem o que disse. E me senti desrespeitado, até porque sou comunicólogo, jornalista e ficou claro que fui usado, como especialista no assunto, em uma edição irresponsável de um trecho da minha fala, tirada do contexto geral, para reiterar seus interesses. Acesse também a matéria do Jornal Hoje em Dia, clicando aqui.

LEI DA FICHA LIMPA

 
Projeto obriga candidato a informar 
eventual situação de 'ficha suja' na propaganda eleitoral

As restrições impostas às candidaturas a cargos eletivos pela Lei da Ficha Limpa  podem se tornar mais abrangentes. O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) apresentou, na semana passada, projeto que exige a inclusão de aviso na propaganda do candidato incurso em situação de inelegibilidade após o momento de formalização do registro de sua candidatura.
Pela proposta, todas as peças usadas na propaganda eleitoral dos candidatos considerados inelegíveis após o registro da candidatura deverão conter, de maneira perceptível para o eleitor, os seguintes dizeres: “Este candidato foi incurso na Lei Complementar 64/1990 e considerado ficha suja”. A Lei trata de casos de inelegibilidade, prazos de recursos e outros assuntos relacionados à eleição. 
(Agência Senado)

domingo, 20 de julho de 2014

EDUCAÇÃO E CINEMA

Lei torna filmes obrigatórios nas escolas

A lei federal (13.006/14) que pretende levar o cinema nacional para as salas de aula, em vigor desde 26 de junho, ainda não é efetiva em Belo Horizonte. As redes de ensino público municipal, estadual e até mesmo a privada, mesmo equipadas tecnologicamente, ainda não planejaram como se adequar à nova legislação. Segundo especialistas, mais do que tapar buracos na grade curricular e facilitar o ensino, os filmes precisam estar integrados aos conteúdos para complementar o aprendizado.

"(...) antes de pensar em inserir os filmes na grade curricular, é preciso qualificar os educadores para compreensão da linguagem cinematográfica. É fundamental que se analise as questões de linguagem e os formatos de produção. E isso só é possível com a formação do educador nessa área. 

Além disso, outras questões são importantes para que os filmes não sejam usados para preencher a programação das aulas e substituir a explicação do professor. 
A Escola não pode ser cinematizada (nem o cinema escolarizado). Senão, deixa de contribuir com uma formação para usar de instrumentos didáticos que somente facilitam o aprendizado.”

Estas são algumas reflexões do doutorando em Educação e mestre em artes visuais, pela UFMG, Eugênio Magno, que falou sobre o tema em matéria do Jornal Hoje em dia, de 18.07.14. Para ler o texto de Letícia Alves, clique aqui. 
 

terça-feira, 15 de julho de 2014

UM LUGAR PARA SE VÊ


A janela do meu quarto

Eugênio Magno


da janela do meu quarto

não vejo a minha rua


vejo outras ruas


da janela do meu quarto

vejo a minha vizinha nua


vejo as estrelas


da janela do meu quarto

não vejo a lua


pela janela do meu quarto

 não se vê luz


não se vê nada


pela janela do meu quarto

muito menos se vê ______ .

(Do livro IN GÊ NU(A) IDA DE - versos e prosa, 2005)

sábado, 12 de julho de 2014

FUTEBOL, PODER E O IMAGINÁRIO DE UMA JOVEM NAÇÃO

A derrota e a disputa pelo imaginário brasileiro*


A seleção brasileira foi mastigada  até a alma pelas mandíbulas alemãs nesta 3ª feira, na disputa das semifinais da Copa do Mundo.
Depois de tomar quatro gols em seis minutos no primeiro tempo, a equipe montada por Felipe Scolari  tirou o uniforme e vestiu o manto de um zumbi coletivo. Morta, arrastou-se  pelo gramado do Mineirão,  de onde saiu carregando o fardo de  uma goleada histórica por 7 x 1.
A derrota atinge a estrutura do futebol brasileiro. A exemplo  do que ocorreu  na economia nos últimos trinta anos, o futebol viveu um processo de primarização. Clubes que deveriam ser fontes de talentos, com forte investimento em categorias de base,  tornaram-se exportadores  de brotos verdes. Ao ensaiarem seu diferencial nos gramados, garotos  já são monetizados e remetidos a clubes do exterior,  que cuidam de completar sua formação. Alguns, caso de  David Luiz, só para citar um exemplo, voltam depois consagrados, quase desconhecidos aqui, para compor uma seleção que convive mais tempo no avião do que nos gramados. Nas cadeias da globalização da bola, o Brasil se rendeu ao papel de fornecedor de matéria-prima. A dependência financeira dos clubes em relação às cotas de transmissões esportivas dos grandes campeonatos regionais e nacionais é outro torniquete da atrofia que explodiu no Mineirão. As redes de tevê  ficam com a parte do leão da publicidade milionária das transmissões futebolísticas – fonte de uma das maiores audiências da televisão brasileira. Donas do caixa, redes como a Globo, fazem gato e sapato dos clubes, obrigando jogadores a uma ciranda insana de tabelas e competições que se sobrepõem em ritmo alucinante, para servirem à conveniência das grades e da receita publicitária. É praticamente impossível sobreviver fora da ciranda e, dentro dela, impera o imediatismo: não há tempo,  nem recurso,  para investir em formação de atletas nas categorias de base. A pressão brutal por resultados –-se  não ‘subir’  ou, pior, se  ‘cair’, o clube perde a cota da tevê--  obriga dirigentes à caça insaciável por jogadores tarimbados, em detrimento da revelação própria nos quadros juvenis. A reiteração entre audiência e cotas premia os clubes maiores criando um círculo de ferro que condena o grosso das demais agremiações  à marginalização. No triênio 2016/19, por exemplo, a Globo prevê pagar  R$ 4,11 bi por direitos de transmissão no Brasil. Desse total, três clubes, Corinthians, Flamengo e São Paulo ficarão com quase R$ 500 milhões. O restante será rateado pelas agremiações  do resto do país.
No futebol inglês e no alemão, o critério é mais equânime. Na Alemanha a verba é  dividida em cotas iguais entre todos os clubes. Na Inglaterra, 70% do total é dividido em partes iguais, ficando 30% para ‘prêmios’ por classificação e audiência. Na Alemanha, ademais, há uma rede capilarizada de escolas de futebol, que compõe um sistema nacional  de formação de atletas, revelação de talentos, bem como preparação de técnicos e juízes.
Centros de treinamento de alto nível  focados em categorias de base, como o do São Paulo FC, são raros no Brasil, que viu morrer o celeiro do futebol de várzea sem que se pusesse nada no lugar. Adestradas na lógica da mão para a boca, as torcidas se transformam em certificadoras dessa engrenagem sôfrega. Não raro com o uso da violência, cobram resultados e contratações  milionárias  dos cartolas, que usam o álibi das uniformizadas para a rendição incondicional ao mercantilismo esportivo.
Ao contrário da equidistância que seus candidatos cobravam de Dilma ainda há pouco, quando o time de Felipão avançava na classificação, a derrota nacional na Copa do Mundo certamente será explorada pelo conservadorismo. A disputa pelo imaginário brasileiro ganhará decibéis redobrados a partir de agora, na tentação rastejante de  transformar  a humilhação esportiva  na metáfora de um Brasil  corroído pelo ‘desgoverno petista’. O tiro pode sair pela culatra. A tese não é apenas  oportunista. Ela é errada. O que acontece é simplesmente o oposto. A estrutura do futebol brasileiro, na verdade, está aquém dos avanços sociais e políticos assistidos  no país nas últimas décadas. Há um descompasso entre a sociedade e o gramado.
A caixa preta da Fifa  --reafirmada no intercurso entre cambistas e filhos de dirigentes, como se viu em episódio recente no Rio de Janeiro-- é apenas a expressão global do sistema autoritário e nada transparente dominante em várias ligas nacionais. A do Brasil, com a CBF, é um caso superlativo. Dominada por um punhado de coronéis da bola,  requer um corajoso  processo de oxigenação, equivalente à  reforma  preconizada por Dilma para o sistema político brasileiro. Trata-se de democratizar os centros de decisão, bem como as legislações relativas à compra e venda de atletas, evitar sua venda precoce ao exterior, ademais de remodelar os circuitos das competições e libertar o caixa dos clubes da tutela asfixiante das tevês, para que possam, de uma vez por todas, converterem-se, de fato, em  academias de formação e difusão esportiva.
O conjunto atinge diretamente o núcleo duro dos interesses e valores com os quais o conservadorismo compactua  para voltar ao poder. A quem desdenha da necessidade de um planejamento nacional em qualquer esfera – da industrialização, ao direcionamento do crédito, passando pelo controle de capitais e do câmbio -  cabe perguntar: se não temos uma política nacional para o futebol, como se pode pleitear uma seleção nacional à altura das  nossas expectativas?
Enquanto ficamos na dependência de um Neymar, o grupo  da Alemanha joga junto há 10 anos. Pode-se manipular o imaginário da derrota na catarse das próximas horas. Mas será difícil sustentar o oportunismo  se ele for confrontado com uma visão clara e desassombrada das linhas de passagem que podem devolver ao futebol brasileiro o brilho que ele já teve um dia, e ao seu torcedor, a alegria trincada neste sombrio oito de julho de 2014.

* Reprodução do Editorial do site Carta Maior

domingo, 6 de julho de 2014

COPA DO MUNDO E ELEIÇÕES 2014


Disputas acirradas

Sem Neymar e Thiago Silva, a Seleção brasileira enfrenta a poderosa Seleção alemã, valendo uma vaga para a final da Copa do mundo. Enquanto isso, a disputa para as eleições de 2014 
vão tomando corpo e a disputa entre Eduardo Campos e Aécio Neves vão se acirrando 
sob a liderança da candidata à reeleição, Dilma Rousseff.





terça-feira, 1 de julho de 2014

AS REFORMAS NÃO ACONTECEM


Minirreforma eleitoral não se aplica às Eleições 2014, decide TSE

A Minirreforma Eleitoral (Lei nº 12.891/2013) não é aplicável às Eleições Gerais de 2014. O Plenário do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) firmou esse entendimento, ao responder a consulta feita pelo então senador Sérgio de Souza sobre a aplicação total ou parcial da lei para o pleito de outubro.
A maioria do Plenário (4 votos a 3) acompanhou a divergência inaugurada pelo ministro Gilmar Mendes em voto-vista. Segundo o ministro, a nova lei não pode valer para estas eleições por ter sido aprovada em dezembro de 2013, ou seja, menos de um ano antes da data de realização do pleito, que ocorrerá em 5 de outubro. Conforme o artigo 16 da Constituição Federal, “A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data de sua publicação, não se aplicando à eleição que ocorra até um ano da data de sua vigência”. 
(Fonte: Site TSE)

RAMADÃ ISLÂMICO


Em Peshawar, no Paquistão, rapazes lêem o Corão durante o primeiro dia do Ramadã, mês abençoado para os muçulmanos, dedicado à purificação. Nono mês do calendário lunar islâmico, durante o qual os fiéis se devem abster dos alimentos, do fumo, das bebidas e do sexo, desde o amanhecer até o entardecer. O jejum do Ramadã é o quarto dos cinco pilares do Islã.


(Foto: Bilawal Arbab)