quarta-feira, 6 de maio de 2009

CARROS, MELHOR NÃO TÊ-LOS...

Eugênio Magno


Possuir um carro, ter licença para dirigi-lo, trafegar com ele nas vias e até estacioná-lo, exige paciência, equilíbrio emocional e muito dinheiro.
Já foi o tempo que ter automóvel de passeio significava status e possibilidade de fazer deslocamentos com maior rapidez, segurança e privacidade. Os veículos particulares nem mesmo necessitavam de grandes confortos, pois as distâncias eram vencidas rapidamente. Na atualidade, entretanto, os veículos precisam ser cada vez mais confortáveis porque se passa muito mais tempo dentro deles. Não demora muito e os automóveis virão equipados com sanitários químicos ou algo parecido.
Enquanto a indústria automobilística a cada ano bate seu próprio recorde e comemora a venda de milhões de veículos, as vias de trânsito permanecem com as mesmas dimensões, salvo pequenas ampliações e modernizações que rapidamente se tornam obsoletas. Os carros que não possuem insul film têm o seu interior devassado pelos ocupantes do vizinho de trânsito que trafega há poucos centímetros vendo e ouvindo o que não deveria ser da sua conta.E como se não bastasse a barbárie que os deslocamentos automobilísticos se tornaram, em razão da violência do trânsito, estacionar se tornou um problema tão complexo como se deslocar. Os estacionamentos particulares das grandes cidades são muito caros e não dão conta de atender toda a demanda. Os poucos locais onde era permitido estacionar foram regulamentados e exigem pagamento. E aí a coisa se complica e muito. Os veículos pagam impostos e taxas anuais para trafegarem e também para estacionarem. Mas os órgãos públicos não devolvem aos proprietários de veículos vias com dimensões e condições adequadas para uma boa fluidez do trânsito, nem tampouco áreas de estacionamento suficientes para atender ao contingente de automóveis emplacados em cada município.
Prefeituras como a de Belo Horizonte, em vez de oferecer ao contribuinte mais e melhores serviços em contra-partida aos impostos já existentes, não param de criar novas taxas e obrigações que oneram ainda mais o cidadão. A atividade dos “flanelinhas” ou “guardadores de carros”, por exemplo, é regulamentada. Eles foram cadastrados pela prefeitura, mas recebem seus honorários – na maioria das vezes abusivos –, dos mesmos proprietários de veículos que pagam para licenciarem seus veículos, pagam pelo estacionamento e pela política populista da prefeitura que loteou as ruas da cidade entre os guardadores de carros. E eles, legalizados, extorquem os motoristas. Agem como agia a máfia em Nova York. São os donos da rua e cada um manda num pedaço.
A solução seria deixar o carro na garagem e utilizar o transporte coletivo. Mas como, se ele é caótico? Os ônibus demoram uma eternidade para passar no ponto, andam superlotados, os motoristas dirigem sem o mínimo de cuidado e respeito para com o passageiro e o nosso metrô é limitadíssimo.

8 comentários:

  1. Ola Eugênio,

    Já que a prefeitura "regulamenta" a função do flanelinha, poderia quem sabe ela mesmo pagar os seus salários e proibí-los de cobrar por conta própria. E fiscalizar a máfia, que reserva vagas para mensalistas, privilegia quem quer e agride quem os contesta. Com o estacionamento rotativo, paga-se em dobro: para a prefeitura e para os flanelinhas que não deixam de cobrar para "dar uma olhada".
    Um bom transporte coletivo seria muito bem vindo nessa confusão, não é ?

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  2. Graande André!
    É isso, meu caro. Esse artigo carecia mesmo dessa sua contribuição. Afinal, nós dois já proseamos muito sobre essa questão...
    Obrigado pela interação.

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  3. Eugênio!Que bom ler o que vc escreve. Adorei a idéia do Blog. Passarei a segui-lo e dar meus pitacos!
    Quanto ao trânsito dos grandes centros, vc falou tudo! Um absurdo. Estou morando em uma cidade do interior, nem tão pequena assim, e que já começa a sentir os efeitos do consumismo automobilístico. Será que um dia terá espaço físico para tudo isso? Porque as ofertas não param de crescer! E a procura também é grande, claro. E assim vamos vivendo, ou ao menos, tentando.
    Um abraço,
    Fabiana

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  4. Olá Eugênio! Fiquei feliz em saber que poderei ler das suas pelo Blog. Já que a distância é grande, a internet nos possibilita o contato, não é mesmo?
    Quando ao seu artigo, concordo plenamente. É triste saber que tanto dinheiro é gasto na roubalheira e nada é feito para que se melhore. O consumismo exagerado da nossa sociedade também é fruto desse caos que vivemos agora. Nem gosto de pensar no futuro. Será que nossos filhos ou netos conseguirão trafegar nas vias terrestres? Ou será que está próximo de ocuparmos os céus também? Porque não podemos ter um transporte público decente? Um dia alguém saberá nos responder? Dúvidas eternas... uma pena.
    Um abraço,
    Fabiana

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  6. Olá, Fabiana! Quer dizer, "mamãe",
    Que bom ter você por aqui também. Seus "pitacos" serão sempre muito bem-vindos (este hífen caiu ou ainda está valendo?)
    Vai ser muito bom tê-la como colaboradora dessa ínfima, mas sincera e honesta, tentativa de contribuir para a liberdade de expressar propostas para a construção de um mundo melhor.
    Obrigado e um abração pra todos aí,

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  7. Ótimo e oportuno seu artigo, Eugênio.
    O que gerou essa situação diagnosticada por você foi a absurda inversão de prioridades no que se refere ao deslocamento de cargas e pessoas.
    O asfalto ganhou dos trilhos. O particular se deu bem contra o coletivo. Se existe alguma "máquina" lobbysta, representando as montadoras e as petroleiras, que causou essa tragédia sócio-demográfica-ambiental, vá saber. O certo é que o resultado é desastroso e a administração pública, sem poder para devolver a lógica ao sistema, participa apenas fiscalizando, taxando e punindo.
    Por fim, uma questão que me tira o sossego: por que sou multado se dirigir sem o cinto, mas posso viajar "tranquilamente" em pé, ao lado de 150 pessoas, em um ônibus que anda a 80km/h ou mais?

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  8. Rodrigo, que bom que você se fez presente com um comentário tão pertinente. Gostei muito das suas observações, especialmente quando faz a relação entre a obrigatoriedade do cinto de segurança e os ônibus lotados. Muuuiiito boa! Um abraço e obrigado. Continue interagindo.

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