terça-feira, 20 de agosto de 2019

GUERRA COMERCIAL À VISTA


Governos e bancos centrais preparam estímulos ante o risco de nova crise econômica

Jens Weidmann, presidente do Bundesbank
(Foto: Picture Alliance/Getty Images)

Riscos de guerra comercial e de Brexit sem acordo deterioram o cenário. Alemanha avalia injetar cerca de 50 bilhões de euros em sua economia. BCE, EUA e China também já planejam medidas.

Os tambores da crise começaram a ressoar. Os investidores tentam decifrar se o tam tam tam é apenas uma ameaça passageira ou o prelúdio de algo pior. O Bundesbank admitiu nesta segunda-feira que a Alemanha pode entrar em recessão a partir do terceiro trimestre. A anemia da primeira economia europeia ameaça infectar o restante do continente. Ao mesmo tempo, o comércio mundial se deteriora por causa dos riscos da guerra comercial e do Brexit. Nesse cenário, a Alemanha admite que está preparada para injetar 50 bilhões de euros (226 bilhões de reais) em sua economia e assessores do Banco Central Europeu (BCE) discutem um novo pacote de estímulo para setembro. Enquanto isso, a China e os EUA também planejam medidas para contornar a desaceleração.
Os riscos estão se materializando. O Banco Central alemão, o Bundesbank, admitiu nesta segunda-feira que o país está caminhando para uma recessão técnica — quando a economia recua por pelo menos dois trimestres consecutivos. "O desempenho da economia poderia voltar a cair levemente", admitiu a instituição presidida por Jens Weidmann em seu último boletim mensal. Nuvens escuras pairam sobre o país, cujo setor manufatureiro, especialmente a indústria automobilística, sofre uma forte ressaca. As novas restrições sobre o uso de motores a diesel, a crise de reputação nesse setor, o impacto da tensão comercial entre os EUA e a China no comércio e o medo do Brexit enfraqueceram a outrora poderosa indústria alemã, muito dependente das exportações. No último trimestre, a economia alemã já caiu um décimo (-0,1%).
Para enfrentar o risco de recessão, os países e os bancos centrais estão preparando planos de estímulo fiscal. O Governo de coalizão de Angela Merkel planeja uma injeção de até 50 bilhões de euros para combater a perda de dinamismo da economia. Isso foi confirmado no domingo pelo ministro das Finanças alemão, Olaf Scholz, que admitiu que o Executivo poderia lançar um pacote de estímulo semelhante ao adotado durante a crise financeira de 2008. Scholz lembrou que a Alemanha tem margem fiscal para esse plano, já que sua dívida pública é de 58%, abaixo do limite de 60% fixado nas metas de estabilidade da União Europeia.
Para ler na íntegra a matéria de Jesús-sérvulo González Moreno (de Madri) e Ana Carbajosa Vicente (de Berlim), para o El País, clique aqui.

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