Igrejas se posicionam em defesa da democracia
Rafael Tatemoto
Diversas igrejas cristãs têm se posicionado sobre o atual momento político vivido no país. Apesar de ressaltarem aspectos diferentes em relação à conjuntura, o elemento comum entre as manifestações é a defesa da democracia, das instituições e das regras do Estado de Direito.
A Presidência do Conselho Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) emitiu nota, no dia 10 de março, em que afirma que “as manifestações populares são um direito democrático que deve ser assegurado a todos pelo Estado. Devem ser pacíficas, com o respeito às pessoas e às instituições. É fundamental garantir o Estado democrático de direito”.
O Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (Conic), entidade de caráter ecumênico, lançou manifesto– um dia após a manifestação da CNBB – em que incentiva o povo brasileiro a expressar, “diante da polarização estimulada por uma mídia partidarizada e tendenciosa, pacificamente, sua opinião e posição sobre o momento político que vivemos e evite o incentivo e a prática de qualquer tipo de violência e ilegalidade”.
“Precisamos, antes de tudo, preservar a nossa jovem democracia, o Estado de direito e as conquistas sociais que a sociedade brasileira alcançou nos últimos anos”, diz a nota do Conic.
Os luteranos, por meio do pastor presidente da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, reforçaram o pedido por uma resolução democrática para a crise. “O Brasil conquistou a democracia a duras penas. Um dos componentes imprescindíveis para que a democracia cresça e floresça chama-se diálogo. Em lugar da palavra são colocados gritos, empurrões. Cresce o confronto a qualquer custo. Será que estamos esquecendo o que conquistamos a duras penas?”.
A Igreja Presbiteriana Unida, em manifestação, condenou a cobertura que a imprensa vem realizando sobre a Lava Jato. “Essa espetacularização de atividades meramente investigativas tem criado um caldo de cultura pernicioso, permeado pelo ódio ao que pensa diferente e que, caso não haja cautela da parte daqueles que conduzem tais investigações e da elite política deste país, poderá se degenerar e transformar nossas ruas em palcos de banhos de sangue”, afirmou em nota.
O posicionamento mais contundente veio da Igreja Episcopal e Anglicana do Brasil (IEAB). O texto conclama o povo brasileiro a respeitar democracia, “construída a duras penas e banhada pelo sangue de homens e mulheres que deram a sua vida a serviço das causas libertárias de uma sociedade justa”. A IEAB afirma que investigações para o combate à corrupção “são legítimas somente quando existam provas concretas e quando garantem o direito à ampla defesa. Interesses corporativos de órgãos da grande mídia não podem e não devem ser ideologicamente seletivos e nem condenar a priori ninguém por causa de seu perfil ideológico”.
O documento insere ainda a dinâmica política brasileira no contexto internacional. “Este é um processo global e latino-americano que tem realizado mudanças políticas conservadoras, em prejuízo da ampla maioria do povo”.
Por fim, a nota pede que se “evite qualquer manobra de desconstrução do resultado das urnas” e o rechaço a “qualquer tentativa de retorno ao autoritarismo e a qualquer modelo que represente cerceamento dos direitos individuais e coletivos conquistados".
(Site Brasil de Fato)
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