sábado, 25 de abril de 2020

BOLSONARO E MORO TROCAM GRAVES ACUSAÇÕES


Bolsonaro nega interferência na PF e 
acusa Moro de negociar troca de comando por vaga no STF

(Foto: Adriano Machado/Reuters)

BRASÍLIA (Reuters) - Cercado por seus ministros, o presidente Jair Bolsonaro rebateu nesta sexta-feira as acusações do agora ex-ministro da Justiça Sergio Moro de que deseja interferir politicamente na Polícia Federal, e afirmou que o ex-juiz tentou negociar a troca no comando da PF por sua própria indicação a uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF).
“Mais de uma vez o senhor Sergio Moro disse para mim: ‘Você pode trocar o (Maurício) Valeixo, mas em novembro, depois que você me indicar para o Supremo Tribunal Federal’”, disse Bolsonaro em pronunciamento com 45 minutos de duração, no Palácio do Planalto, citando o agora ex-diretor-geral da PF.
Bolsonaro decidiu no início da tarde responder à fala de Moro depois de discutir o assunto com seus ministros mais próximos. O ex-juiz da Lava Jato pediu demissão pela manhã e acusou o ex-chefe de tentar interferir na PF e em inquéritos que tramitam no Supremo ao exonerar Valeixo.
O presidente assistiu ao pedido de demissão de Moro em seu gabinete com os ministros palacianos Walter Braga Neto (Casa Civil), Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo) e Jorge Oliveira (Secretaria-Geral), e se manteve reunido com eles, de acordo com uma fonte, até a hora de fazer seu próprio pronunciamento.
Inicialmente previstos para se reunirem no Planalto para discutir o programa Pró-Brasil, os demais ministros, além do vice-presidente Hamilton Mourão, foram convocados para comparecer ao pronunciamento com Bolsonaro. Só não estavam presentes Ricardo Salles, do Meio Ambiente, e Marcelo Álvaro Antônio, do Turismo.
Três deputados também compareceram para prestar apoio ao presidente: Eduardo Bolsonaro, Carla Zambelli e Helio Lopes, todos da ala do PSL ainda aliada a Bolsonaro.
Em seu pronunciamento, Bolsonaro negou ter a intenção de interferir na PF, mas reconheceu que solicitou informações a respeito de determinadas investigações, incluindo os inquéritos sobre a morte da vereadora Marielle Franco e da facada que ele próprio sofreu durante a campanha presidencial de 2018.
O presidente admitiu que pediu à PF que interrogasse um ex-sargento da Polícia Militar do Rio de Janeiro acusado de envolvimento no assassinato de Marielle, cuja filha teria namorado seu filho mais novo, Jair Renan, e revelou ter consigo uma cópia do depoimento.
“Eu fiz um pedido para a Polícia Federal, quase com um por favor: chegue em Mossoró e interrogue o ex-sargento. Foram lá, a PF fez o seu trabalho, interrogou e está comigo a cópia do interrogatório”, disse o presidente. “Mas eu é que tenho que correr atrás disso? Ou é o ministro? Não é a Polícia Federal que tem que se interessar?”.
Para ler, na íntegra a matéria de Lisandra Paraguassu, para a agência Reuters, clique aqui.

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