Convite do Facebbok para o lançamento do livro “Mulheres e Economia Popular Solidária”
(Foto: Carlúcia Maria Silva)
Economia Popular Solidária
Eugênio Magno
Os movimentos populares, cansados de
medidas paliativas dos poderes públicos têm se organizando em torno de
propostas arrojadas de cooperação para enfrentar o sistema capitalista neoliberal
competitivo e excludente, fundamentado no individualismo e na livre
concorrência sem princípios. Está em franco crescimento no país a Economia
Popular Solidária, cuja proposta é a criação de um mundo mais justo, onde as
relações comerciais e de desenvolvimento pessoal e ambiental possam se
estabelecer de forma sustentável, respeitosa e harmônica. Nessa perspectiva, o
movimento pretende, entre outras coisas, inverter a lógica das relações de
trabalho: de patrão / empregado, para um modelo produtivo coletivo, onde todos
tenham poder de decisão.
Uma das maneiras que a Economia
Solidária encontrou para vencer a máxima do capitalismo “cada um por si, que
vença o melhor” foi trabalhar de forma conjunta, num sistema cooperativo,
compartilhando os dons da natureza e os bens socialmente produzidos. Para ampliar a capacidade política e de articulação dos
setores populares na esfera econômica, estão sendo criadas diversas redes de
solidariedade. As redes de produtores, por exemplo, têm como propósito a
industrialização de produtos, o beneficiamento de matérias-primas e a cultura
da lavoura. Já as redes de comercialização, organizam centrais de abastecimento
e distribuição dos produtos agrícolas, industrializados e beneficiados.
Paralelamente ao trabalho de comercialização, os grupos estão estudando
alternativas sustentáveis de produção, buscando novas formas de convivência com
a terra e com a água. Existem ainda as redes de organizações com vistas à
intervenção nas políticas públicas e as redes de consumidores, ainda em fase
inicial no Brasil, que têm como objetivo favorecer o acesso a produtos naturais
confiáveis a preços justos, eliminando o atravessador e valorizando socialmente
os produtores das mercadorias.
Já faz algum tempo que venho
observando o movimento em nosso país e sempre tive a impressão de que tinha
algo que empacava o seu desenvolvimento. Em visita a algumas feiras de Economia
Solidária, pude confirmar as minhas suspeitas de que o composto mercadológico Preço era o grande vilão dessa história.
Explico: embora o produto típico da Economia Solidária tenha muitos valores
agregados, seu preço não me parecia compatível com o público para o qual ele
era dirigido (classes média baixa e média média).
Este aparentemente, pequeno, erro de
marketing, gerava uma série de outros equívocos estratégicos, em razão do seu
efeito dominó, que estavam atrapalhando consideravelmente o posicionamento
desse importante movimento econômico. Tratava-se de um problema mercadológico
que brecava o escoamento de toda uma cadeia de produtos que, para conquistar o
mercado precisam ser solidários também e, principalmente, no preço ao
consumidor final. Chamei a atenção para esse fator em vários eventos de
formação popular dos quais participei ao longo dos últimos 10 anos. Hoje
percebo que alguma coisa mudou no mercado da economia solidária e que os
gargalos da atualidade são de outras ordens.
A boa notícia é que os coletivos que
lidam com trabalho, inclusão socioprodutiva, cidadania, economia e renda
continuam na luta e têm encontrado o apoio de intelectuais orgânicos que se
colocam em linha com as suas bandeiras. Exemplo disso é a pesquisa que se
materializou também no livro “Mulheres e Economia Popular Solidária”, de
autoria da Doutora em Sociologia, Carlúcia Maria Silva, professora da Universidade
do Estado de Minas Gerais (UEMG). O lançamento da publicação, editada pela
Appris, acontece na próxima quarta-feira, dia 11 de dezembro, às 18h30min no
Auditório Paulo Portugal, da Câmara Municipal de Belo Horizonte, que fica na
Avenida dos Andradas, 3100, bairro Santa Efigênia.
O texto também foi publicado no jornal Pensar a Educação em Pauta.
O texto também foi publicado no jornal Pensar a Educação em Pauta.
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