sexta-feira, 9 de março de 2018

ECONOMIA MAQUIADA


Entenda porque o governo faz propaganda enganosa sobre recuperação da economia

Lula Marques / Agência PT

Após dois anos de queda, com o país acumulando perdas de mais de 7% de sua economia, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) anunciou, na semana passada, que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, índice que mede o desempenho econômico nacional, avançou apenas 1% em 2017.
Rejeitado por mais de 70% da população e praticamente sem nenhuma notícia positiva para comemorar, o governo de Michel Temer, e grande parte da mídia comercial, se apressaram para celebrar o que seria um resultado “extraordinário” e o fim da recessão. Para economistas ouvidos pelo Brasil de Fato, no entanto, por trás da propaganda, o país segue sem oferecer saídas consistentes para enfrentar o desemprego e o crescimento da miséria.
A própria elevação do PIB não foi obra da atual política econômica, explica Márcio Pochmann, professor do Instituto de Economia da Universidade de Campinas (Unicamp). “O resultado do PIB se deve ao desempenho do setor agropecuário, que cresceu 13% no ano passado, em decorrência de uma safra recorde de grãos. O setor industrial apresentou crescimento zero e o setor de serviços só cresceu 0,3%, uma estagnação. Ou seja, esse dado não está associado à política econômica do governo. Pelo contrário, a atual política econômica agravou o quadro do país nos últimos anos”, argumenta.
A recessão do país, que começou em 2015, poderia ter terminado no final de 2016, não fosse a mudança de governo provocada pelo impeachment da presidenta Dilma Rousseff. “A política do 'austericídio' começou ainda no governo Dilma, mas foi aprofundada com Temer, o que prolongou a recessão e contribuiu para uma falência generalizada das empresas. O único setor que obteve lucros foi o financeiro, ou seja, os bancos, que mantiveram seus ganhos. Em algum momento a gente ia bater no fundo do poço e uma recessão tão demorada ia dar um sinal de recuperação, mas trata-se de um crescimento marginal [esse do PIB]”, aponta o economista Paulo Kliass, doutor pela Universidade Paris 10 e especialista em políticas públicas e gestão governamental.
Para continuar a matéria de Pedro Rafael Vilela, clique aqui.

Nenhum comentário:

Postar um comentário