sábado, 2 de julho de 2011

A CONVERSÃO DE UM PINTOR AGNÓSTICO


Matisse convertido por uma freira


Foi uma irmã que abriu o coração de Henri Matisse às temáticas da fé, até lhe permitir criar "um dos tesouros mais preciosos que existem no mundo: o conjunto de desenhos, objetos e projetos que, nos anos que vão do final da década de 1940 ao início da década de 1950, ele forneceu para a Capela do Rosário de Vence", revela o diretor dos Museus Vaticanos, professor Antonio Paolucci, por ocasião da inauguração de uma "Sala Matisse", que enriquece agora a partir de hoje o percurso dos visitantes entre os tesouros artísticos contidos na Palácio Apostólico e nos edifícios adjacentes.
A nota é de Giacomo Galeazzi, publicada em seu blog, Oltretevere, 24-06-2011, com tradução de Moisés Sbardelotto.
"Primeiro, lembra o professor Paolucci aos microfones da Rádio do Vaticano, esse grande artista que havia atravessado todas as vanguardas do século XIX, era um homem agnóstico, pelo que se sabe, em matéria de fé. E, depois, encontrou uma freira dominicana, madre Agnes de Jesus. Entre esse homem e essa mulher, se estabeleceu uma relação afetuosa, de estima recíproca entre uma irmã e um artista que já está no crepúsculo da vida – morrerá poucos anos depois – e quer fazer essa homenagem à religião.
Segundo o ex-ministro dos Bens Culturais, o fato mais significativo dessa coleção de cartões preparatórios, é a atenção de um grande artista moderno aos valores da Igreja Católica e à representação visual do drama da Missa.
Esses maravilhosos cartões pintados foram depois doados – reconstrói Paolucci – pelo herdeiro de Matisse, seu filho Pierre, em 1980, aos Museus Vaticanos, porque, alguns anos antes, em 1973, aquele grande intelectual do século XX que responde ao nome de Paulo VI quisera reabrir o diálogo com a arte moderna e contemporânea e, em 1973, abriu o Departamento de Arte Religiosa Moderna e Contemporânea, que ainda existe.
Assim, depois de um trabalho que durou anos, pode-se hoje visitar a exposição dessas fragilíssimas pinturas feitas de papelão". "E vem visita, vê expostos os desenhos preparatórios coloridos para os vitrais, vê expostas as casulas, que parecem prados floridos na primavera, e são muito bonitas, porque – conclui o diretor dos Museus Vaticanos – o gênio de Henri Matisse é justamente este: a sua alegria de viver, a sua capacidade de se admirar, como faz uma criança perante a iridescente beleza do mundo. Vê-se aquele Cristo filiforme, destinado ao altar da Capela, vê-se esse pauperismo feliz. Além disso, ele mesmo chegou a dizer e também a escrever que considerava este adorno da Capela de Vence a sua obra-prima".


(Fonte: Site do IHU - Instituto Humanitas Unisinos)

2 comentários:

  1. Mestre Eugênio, estou lendo Conversa sobre a Fé e a Ciência, um papo entre Frei Betto e Marcelo Gleiser mediado por Waldemar Falcão. A questão central passa tembém pela relação fé+arte+ciência.
    Trecho para degustação: "Não existe incompatibilidade entre espiritualidade e ciência.(...)o cientista é uma pessoa que dedica toda uma vida ao estudo da natureza, porque é apaixonado por ela. Essa relação é espiritual (...)esse estudo é uma coisa profundamente humana (...), porque por trás de toda máquina existe tem uma arte.
    Abraço, Rodrigo

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  2. É isso, Rodrigo.
    Se uma só dessas grandezas já é muito. As três juntas então...
    Abração,
    Eugênio

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