domingo, 20 de abril de 2025

FELIZ PÁSCOA!

Tradição centenária em celebração religiosa milenar


Texto e fotos de Eugênio Magno



A antiga tradição dos tapetes que decoram o piso das ruas na festa da páscoa ainda se mantém em muitas localidades brasileiras.
Em Pinhões, comunidade quilombola, localizada a 10 km do centro histórico de Santa Luzia, município integrante da Grande BH, essa tradição centenária continua viva. Vem sendo passada de geração para geração e se faz presente em várias celebrações religiosas. Nesta páscoa de 2025 não foi diferente, a principal via de acesso à capela de Nossa Senhora do Rosário foi toda tapetada para a passagem da procissão do Santíssimo Sacramento - Jesus ressuscitado.




O tema da Campanha da Fraternidade 2025 mereceu destaque





Os tapetes são feitos sobre a pavimentação das ruas com serragem seca colorida, areia, borra de café, farinha de trigo vencida, folhas e flores secas, por voluntários, moradores das comunidades que mantêm o rito. A inspiração para a decoração das ruas vem da festa que o povo fez para Jesus Cristo quando de sua entrada em Jerusalém no chamado Domingo de Ramos. Esta tradição é uma herança dos portugueses e data do século XVIII.  




O verdadeiro sentido da Páscoa

Para muito além de ovos de chocolate e manifestações exteriores, páscoa é passagem, renascimento.

Para reflexão e meditação leia abaixo o texto de Jean-Ives Leloup, teólogo e escritor francês, batizado como ortodoxo na República Monástica do Monte Athos: 

Este tema da passagem é o tema da Páscoa.

Pessach em hebraico, quer dizer passagem.

A passagem, no rio, de uma margem à outra margem, a passagem de um pensamento a outro pensamento, a passagem de um estado de consciência a outro estado de consciência. A passagem de um modo de vida a um outro modo de vida.

Somos passageiros.

A vida é uma ponte e, como diziam os antigos, não se constrói sua casa sobre uma ponte. Temos que manter, ao mesmo tempo, as duas margens do rio, a matéria e o espírito, o céu e a terra, o masculino e o feminino e fazer a ponte entre estas nossas partes, sabendo que estamos de passagem.

É importante lembrar-se do carácter passageiro de nossa existência, da impermanência de todas as coisas, pois o sofrimento geralmente é de querermos fazer durar o que não foi feito para durar.

A grande páscoa é a passagem desta vida mortal para a vida eterna, é a abertura do coração humano ao coração divino. É a passagem da escravidão para a liberdade, passagem que é simbolizada pela migração dos hebreus, do Egito para a Terra Prometida.

Mas não é preciso temer o Mar Vermelho. O mar de nossas memórias, de nossos medos, de nossas reações. Temos que atravessar todas as ondas, todas estas tempestades, para tocar a terra da liberdade, o espaço da liberdade que existe dentro de nós.

Sede passantes.

Creio que esta palavra é verdadeiramente um convite para continuarmos nosso caminho a partir do lugar onde algumas vezes paramos.

Observemos o que para a vida em nós, o que impede o amor e o perdão, onde localiza o medo dentro de nós. É por lá que é preciso passar, é lá o nosso Mar Vermelho.

Mas, ao mesmo tempo, não esqueçamos a luz, não esqueçamos a liberdade, a terra que nos foi prometida.

8 comentários:

  1. Belo texto ! Feliz Páscoa!

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  2. Não sabia dessa comunidade quilombola tão perto de BH. Obrigada por compartilhar tão ricas informações acompanhadas das fotos. O texto também nos impele à reflexões do 'sentido' da Páscoa! Feliz Páscoa pra vc tb, querido! Abraço

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  3. Pois tem. Mais de uma, inclusive. Valeu! Obrigado.

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  4. Belo texto! E o Papa também fez a sua passagem, coincidentemente na msm época do símbolo religioso. Deixou um belo legado, que ele siga caminhando eternamente! Tomara que isso seja um bom sinal para o próximo Papa que está para chegar!

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    1. Obrigado pelo retorno, Laly. Vamos torcer para que os cardeais do Vaticano não interrompam o caminho iniciado pelo papa Francisco. Abraço,

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  5. Excelente Eugenio, es cierto somos pasajeros…

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