quarta-feira, 15 de março de 2017

A POESIA QUEBRA AS CERCAS DA UNIVERSIDADE


Unimontes concederá o título de Doutor

Honoris Causa ao poeta Aroldo Pereira


O Conselho Universitário (Consu) da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes) aprovou a concessão do titulo de Doutor Honoris Causa ao poeta norte-mineiro Aroldo Pereira, autor de vários livros, idealizador e coordenador do Salão Nacional de Poesia Psiu Poético, realizado anualmente em Montes Claros e que completou 30 anos interruptos em 2016. A proposição do titulo foi feita pelos professores e conselheiros Antônio Wagner Rocha e Mônica Maria Teixeira Amorim.
 A entrega ocorrerá em sessão solene do Conselho Universitário, prevista para abril próximo. O título de Doutor Honoris Causa é a mais importante distinção concedida pelas universidades em todo o mundo.
Na proposição, os professores Antônio Wagner Rocha e Mônica Maria Teixeira Amorim ressaltam que o titulo de Doutor Honoris Causa também é concedido a "personalidades que tenham se distinguido pelo saber ou pela atuação em prol das artes, das ciências, da filosofia, das letras, da administração pública, do bem-estar humano ou do melhor entendimento entre os povos".
Desta forma, "ressaltamos, pois, que esse título pode ser dado a quem tenha exercido um importante trabalho não apenas no campo das ciências, mas em outros campos de atuação que também são importantes para a humanidade como a literatura, a arte, a cultura, a política, a promoção da paz, entre outros", enfatizam.
Os proponentes acrescentam: "convém destacar que Aroldo Pereira é uma personalidade merecedora desta importante honraria, pois  trata-se de um poeta de reconhecido destaque com projeção regional e nacional no tocante à sua produção artística e literária".  Citam ainda o "exitoso trabalho" do homenageado na coordenação do Salão Nacional de Poesia Psiu Poético,  "evento caracterizado por um amplo alcance social e que em 2016, completou 30  anos de existência em defesa da educação, da arte, dos direitos humanos e da poesia brasileira".
A obra de Aroldo Pereira é enaltecida pela professora Ivana Ferrante Rebello, doutora em Literaturas de Língua Portuguesa e integrante do Departamento de Comunicação e Letras da Unimontes. "Negro, pobre, poeta”, como se lê em seus versos, ele consegue representar a dor da exceção em inquietude e luminosidade, que são atributos de sua arte. Aroldo Pereira é poeta de muitos livros publicados, músico, performer, ator: onde quer que se veja um espaço de arte, lá está ele, participando, chamando à luz a poesia envergonhada, invadindo de verso, irreverência e cor a cidade que, paulatinamente, se rende ao concreto e ao silêncio", descreve Ivana.
Ao destacar o trabalho do homenageado e o alcance do Psiu Poético, ela salientou: "por essas razões, a Unimontes, cujo papel é promover a cultura, a educação e o saber por meio do ensino, da pesquisa e da extensão, concede-lhe, com justiça, o título de Doutor Honoris Causa". Segundo a professora  Ivana Rebello, "a Unimontes,, com a concessão desse título, evidencia que enxerga além de suas salas e laboratórios".
        "Estou muito agradecido pela iniciativa e pelo o reconhecimento da nossa Universidade Estadual de Montes Claros”, declarou o poeta Aroldo Pereira, ao ser comunicado da concessão da honraria.: “Os reconhecimentos são sempre bem vindos. Acredito que nesse momento em que vivemos com descrédito nas pessoas e nas pequenas coisas, que um reconhecimento imaterial, mas imenso como esse, nos humaniza e engrandece cada vez mais" afirmou ele.

BIOGRAFIA E REFERENCIA DE ESTUDOS
Natural de Coração de Jesus, foi em Montes Claros que João Aroldo Pereira encontrou  inspiração para escrever suas obras, como "Canto de encantar serpente",  "Azul geral", "Hai-kai quem quer" e "Doces pérolas púrpuras", publicadas na década de 1980.
Ele publicou os livros "Cinema bumerangue" (1997), "Parangolivro" (2007), indicado para o Mestrado em Letras/Estudos Literários(em 2008) e para o Processo Seletivo/2011 da Unimontes.
Pereira é também co-autor de “Antologia da moderna poesia brasileira" ( 1992), Signopse – a poesia na virada do século (1995), Cantária (2000), Trinta anos-luz: poetas celebram 30 anos de Psiu poético ( 2016), entre outros. Seu nome consta como verbete da Enciclopédia de Literatura Brasileira, organizada por Afrânio Coutinho e J. Galante de Souza (Fundação Biblioteca Nacional/Academia Brasileira de Letras, 2001).
O legado literário do escritor também se tornou objeto de estudos e pesquisas acadêmicas. Artigo de autoria da professora Ivana Ferrante Rebello, com o título “Versos e parangolés: a poesia marginal de Aroldo Pereira”, foi publicado na revista "Estação Literária" (volume 12) da Universidade Estadual de Londrina (UEL). A tese aborda aspectos fundamentais para a compreensão do exercício criador e inventivo do poeta norte-mineiro.
“Marginal e herói: pintura e música na poesia de Aroldo Pereira” é outro artigo de destaque que foi produzido pelo professor e escritor Gilson Neves, mestre em Estudos Literários pela Unimontes. O texto ressalta  "caráter revolucionário desta escrita que encontra nos acontecimentos da vida comum dos homens a sua possibilidade de reflexão". A Revista Eletrônica do Programa de Pós-Graduação em Letras/Estudos Literários da Unimontes também deu destaque para a obra do poeta Aroldo Pereira, dedicando espaço para resenha escrita pelo professor e compositor Élcio Lucas de Oliveira sobre o conteúdo de Parangolivro.

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