Como sair da pauta conservadora?
Desde o início do 2º mandato da Presidenta Dilma, em janeiro de 2015, o debate sobre educação tem sido pautado continuamente pelos setores mais conservadores da sociedade brasileira. Dentre outros aspectos, o anúncio do lema “Pátria Educadora” para o mandato, logo se mostrou uma vazia retórica diante dos sucessivos cortes do orçamento para a área de educação impostos sob o argumento da necessidade do ajuste fiscal, simbolizando a “recuperação”, pela Presidenta, de vários pontos do programa do candidato derrotado nas urnas.
Nada disso, no entanto, se assemelhava ao conservadorismo e à truculência que passaria a tomar conta do debate e das políticas públicas um ano depois, sobretudo após o afastamento da Presidenta e da subida ao poder do governo golpista e ilegítimo de seu vice, e conspirador, Michel Temer.
Um dos mais graves problemas destes últimos meses é que temos sido enredados, continuamente, pela pauta de debates e de políticas impostas pelos grupos mais conservadores que ocuparam o espaço público e o Estado brasileiro. E, sobretudo, não temos conseguido sair dela.
Sabemos, no entanto, que há razões de sobra para isso. O conjunto das medidas já estabelecidas e das políticas propostas pelo governo interino mostram o afã dos grupos que o apoiam no golpe e no governo para dilapidar o Estado brasileiro e para destruir as políticas públicas que buscavam a melhoria de vida dos mais pobres. Contra esse movimento não há alternativa que não seja lutar e resistir, aqui e agora.
Por outro lado, no calor da luta é preciso ir além da luta contra a destruição e avançar na construção. Recentemente o Blog do Pensar a Educação defendeu que retomar o ideário da educação republicana pode ser um bom caminho para sair da defensiva e combater as perspectivas negativas que se abatem sobre a educação pública brasileira. Tal ideário, ampliado e ressignificado, permitiria que nos colocássemos na tradição dos melhores movimentos sociais que, ao longo do último século, lutaram pela ampliação, consolidação e qualificação da escola pública entre nós.
O perigo que nos ronda é enorme e a nossa tarefa maior ainda, como se pode aquilatar pelo recente diagnóstico que nos foi oferecido pelo prof. Luiz Carlos Freitas. Qualquer que seja a alternativa, ou no conjunto delas, somente conseguiremos garantir políticas públicas e avançar em direção àquelas que ainda faltam conquistar, se atuarmos organizada e coletivamente.
(Fonte: Pensar a Educação em Pauta)
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