Ficção sertaneja
Eugênio Magno
O sol inda tava era quente quando eu
plantei ali de junto do morão da cancela. De vez em quando vinha um ventinho e
balançava as fôia do pasto de bengo misturado com colonhão que ficava do outro
lado, de frente da estrada.
Eu alembro bem, era num sábado,
véspera de domingo; o segundo dia de aragem depois das águas de março. E eu lá,
plantado, amuado, qui nem burro brabo quando impaca.
Coitada de Sá Rufina, passô, deu
bastarde, e eu lá, igual estaca, nem banei o rabo. Também, o sol já tava
bachano e era d’oje qui eu tava alí...
Num há de sê nada, quem espera sempre
alcança, e óia qu’eu esperei... viu essa menina! Suóro? Hum... escorria por
tudo enquanto era lado.
Daí a pouco, começo a ouvir um
trac-a-troac... trac-a-troac... trac-a-troac, de galope compassado vindo do
lado da Mutuca. Êta coração que bateu ligeiro! Lá vinha ele, deichano p’a trás
a puêra, o bafo da pinga da venda de Sô Candim e os trocado que tinha levado no
bolso, no comérço de Dona Calú.
Apeou, tirô o bornal de riba da cela e
mandô qu’eu fosse banhá o corpo.
Quando voltei, já sem suadeira, só cum
batimento forte no coração, tava lá a danada, toda vincada in riba da mesa.
Fiquei muito besta... viu essa menina;
igual jacú do mato quando vê gente. Também, já tava era passando de hora, viu!?
Eu tinha somado naquele dia quinze ano e era a primeira calça cumprida (dessas
de loja), qui eu ia vistir...
( Do livro IN GÊ NU(A) IDA DE - Versos e prosa, 2005)
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