Santa Luzia, rogai por nós
Eugênio Magno
Comunicólogo
Comunicólogo
Freqüento Santa Luzia há mais de 20 anos. Em 1989 comprei, em um distrito da cidade, um pequeno terreno que, pretensamente, chamo de sítio, em razão desse viver confinado em apartamento.
Nascido no sertão das Gerais, mas vivendo em BH desde 1981, vendi o apartamento na capital e aluguei um imóvel em Santa Luzia pra ficar mais perto do terreno onde pretendo construir e para lá me mudar. No primeiro sábado na nova moradia, a igreja ao lado, fez um barulho dos infernos. Os fiéis gritavam tanto que eu, afeito à oração meditativa e silenciosa, me perguntei se Deus teria algum problema de audição. Na segunda-feira, me dei conta de que a construtora que edificou o prédio que eu moro, iria construir outro, igualzinho, ao lado. E, tome serra elétrica, marretadas, vergalhões jogados nos madeirames, caminhões de concreto e muita falação, em altos decibéis, a partir de seis e meia da manhã, quando os trabalhadores chegam.
A única operadora de telefonia fixa e internet na cidade é a Oi que, por falta de concorrência, pinta e borda com os clientes. Embora as atendentes do call center da empresa prometessem que em 48 horas o telefone seria ativado, fiquei sem o serviço 28 dias e a internet só foi ativada 55 dias depois do pedido.
Como se não bastasse, dez dias depois de fixar residência na cidade, a ponte da BR-381, sobre o Rio das Velhas caiu, e, Santa Luzia é quem paga o pato. Ônibus, carretas, vans e automóveis de todos os tipos invadiram a cidade e fazem buracos nas ruas, derrubam meios-fios, empoeiram tudo e provocam engarrafamentos quilométricos. A rodovia MG-020 que era horrível, mas foi recuperada nos últimos anos, está sendo literalmente destruída. A agressividade da “3-8-1”, conhecida como rodovia da morte, foi transferida para cá. Caminhões de 30, 40, 50 toneladas, trafegam irresponsavelmente, em alta velocidade, colocando em risco a vida de pedestres, ciclistas e de motoristas de automóveis particulares, impondo aos seus usuários a mesma lógica do tráfego assassino da BR-381.
Já é grande o número de acidentes contabilizados na região, desde que foi feito o tal desvio. E por aqui não se vê nenhum guarda de trânsito militar, nem a Polícia Rodoviária Estadual ou Federal. A precária guarda municipal de uma prefeitura que, a despeito de sua alta arrecadação, mal dá conta da coleta de lixo e de capinar as ruas cobertas de ervas daninhas, é que sofregamente tenta disciplinar o caos em que se transformou o trânsito da pacata cidade histórica mineira.
Esses desmandos todos seriam porque os olhos da santa que dá nome à cidade, foram perversamente arrancados? Se não há governo, municipal, estadual ou federal que enxergue a situação e dê um jeito nela, certamente, Santa Luzia que ouve as preces dos seus devotos, intercederá. Nem que seja inspirando a população a fazer uma manifestação ainda mais impactante do que a queima de pneus que bloqueou a estrada recentemente.
É Eugênio só você mesmo para fazer desta situação difícil, um belo texto.
ResponderExcluirDesse jeito vindo pra bandas de cá, vai acabar chegando em Lajinha.
Muito obrigado pelo retorno.
ResponderExcluirEssa é mais uma tentativa de atuar sobre essas situações absurdas a que os poderes públicos nos submetem, usando as armas que temos.
Abraço
Saúde e Paz!
ResponderExcluirSenhor Eugênico Magno, com relação ao seu artigo "Santa Luzia, rogai pelos moradores de Santa Luzia" (O TEMPO 11/06), eu falo de outra extremidade de Santa Luzia, São Benedito. Em meu bairro há grande pujância econômica, grandes lojas de varejo, grandes empreendedores e micros investido no distrito, moradores construindo ou reformando suas residências, mas não há contrapartida do poder público municipal. Que está perdendo o filão da história: Linha Verde, Centro-Administrativo, Copa etc. Por isso, além da mobilização dos luzienses acrescente como interventor o franciscano São Benedito.
Atenciosamente,
Wanderson Douglas de Almeida Dias
Professor da educação báscia