sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

UM POUCO DE PROSA

O irmão de Erpídio
Eugênio Magno
– Cadê o homem das pedras?
– Ele é meio bilolado. O povo anda caçoando dele, por conta das coisas que ele fala.
– Eu não acho que ele é doido não.
– O juízo dele é fraco mesmo. Eu sou mais novo que ele e desde quando eu me entendo por gente que escuto o pessoal dizer que ele não bate muito bem.
– Tem muito tempo que eu não encontro com ele.
– Ah, ele levanta cedo, monta na égua e sai por aí. Vai p’a manga do Rodrigo. Tem dia que ele sai de bicicleta e vai fazer algum biscate. Outra hora some por essas grotas aí, que ninguém acha ele.
– Será que ele está por aí hoje? Vamos lá na casa dele ver se ele está por lá?
– Ele hoje saiu foi cedo. Quando eu estava indo p’a roça, de manhãzinha, eu cruzei com ele, montado na égua. O sol não tinha nem saído ainda e ele lá ia campear.
– Fala com ele que eu quero conversar com ele.
– O senhor não deve se iludir com as histórias dele não.
– Eu gosto muito dele.
– Ele não regula bem, não. E aquelas pedras não valem nada. É tudo cascalho.
– Mas a prosa é boa. Avisa a ele que domingo eu venho cá pra nós prosear.
(Inédito)

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