Nota do Pensar a Educação, Pensar o Brasil sobre o incêndio
no Museu Nacional
O Projeto Pensar a Educação, Pensar o Brasil (1822/2022), em sintonia e solidariedade com toda a comunidade científica brasileira, lamenta profundamente a tragédia anunciada ocorrida na noite de 02 de setembro de 2018, que levou à destruição do monumental acervo do Museu Nacional do Rio de Janeiro, patrimônio histórico do povo brasileiro, construído e organizado por gerações e gerações de pessoas que a ele dedicaram suas vidas, desde sua criação há 200 anos, em 1818.
Perda irreparável para o Brasil, e para o mundo. Mais um crime de lesa-pátria contra a ciência e a educação brasileiras.
Muito da riqueza de nossa história até aqui, e também de nosso futuro como País, se foram no fogo. Fogo ateado pela incúria e pelo descaso do governo federal com as Universidades públicas e seu patrimônio científico e cultural.
Em um País que se encontra em processos de auto-destruição permanente, esse é mais um ato criminoso, que se segue a outros tantos cometidos contra a população e seus direitos.
É já um resultado perverso – e previsto – do congelamento imposto por esse governo ilegítimo a investimentos em áreas fundamentais para o desenvolvimento do País, como são a educação, a cultura, a ciência, a pesquisa e a tecnologia. Por inacreditáveis 20 anos! O que mais sucederá conosco até lá, se essa política de ‘austeridade’ continuar? 200 anos de trabalhos destruídos em quatro horas. As consequências são tantas e tão dolorosas, que se tornam mesmo indizíveis.
Como Projeto que se ocupa da história, do presente e do futuro do país, o PEPB considera essa tragédia um ato criminoso. Já eram do conhecimento do governo federal todas as precárias condições em que se encontrava o Museu Nacional. Sua destruição poderia ter sido evitada. Mas não se importaram com os inúmeros gritos de socorro vindos do Museu. Sequer compareceram às celebrações de seus 200 anos, em junho passado.
O Museu Nacional é da UFRJ. Como todas as universidades federais, ela também teve seu orçamento reduzido nos últimos anos. A verba para o Museu vem caindo desde 2013, chegando a um valor irrisório para este ano. Até “vaquinha” pública estava sendo feita para a população ajudar em sua manutenção. Vergonha nacional.
Agora, cabe perguntar: quantos museus mais precisarão ir à ruína para que se valorize a preservação de nosso passado, condição para a construção de nosso futuro?
A luta pela memória e pela história de nosso povo sofreu um grande golpe, ontem.
Mas, é tempo de reunir forças para seguir adiante, e colocar novamente o Museu Nacional de pé.
Essa luta para trazê-lo de volta é a maior homenagem que podemos prestar àqueles e àquelas que o fizeram ser a maior entidade científica do País.
Pensar a Educação, Pensar o Brasil
Belo Horizonte, 03 de setembro de 2018
(Fonte: Boletim Pensar a Educação em Pauta, Ano 6, Nº 212, 6 de setembro de 2018)
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