Como o amor pelos povos e por sua libertação guiou a trajetória andarilha do revolucionário
Foi itinerante, entre cidades, levado pela correnteza incartografável de um rio, que Ernesto "Che" Guevara nasceu há 90 anos. Ainda em deslocamento ininterrupto e com desprezo absoluto pelas fronteiras, Che viveu os 39 anos seguintes, fosse sobre a cinematográfica motocicleta La Poderosa II, com a qual percorreu paisagens e vivências latinoamericanas; à bordo do Granma, embarcação que devolveu a Cuba seus filhos exilados que fariam a Revolução; ou caminhando de vila a vila, na última campanha que faria antes de ser assassinado, na Bolívia.
A natureza errante do Che -- médico, jornalista, escritor, diplomata e líder revolucionário-- estava em perfeita sintonia com os valores e teorias internacionalistas que permeiam suas principais contribuições para a esquerda. Contribuições essas que, justamente por serem tão pautadas em experiências reais, foram ofuscadas, com o tempo e verniz próprio dos mártires, pela imagem única de guerrilheiro. Para muitos, no entanto, a prática intransigente do internacionalismo por parte de Guevara é exatamente o que torna seu legado filosófico tão sólido.
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