terça-feira, 26 de outubro de 2010

OLHOS POR OUVIDOS



Habbeas corpus

Eugênio Magno

Então, certa vez, o poeta me disse: Estou voltando para o lugar de onde vim. Tentei brincar de deus, criar lugares, pessoas, situações, mas descobri que a minha vocação não é a de manipulador de marionetes e carcereiro de cenários. Sou um homem de palavra que usa a voz, aprecia a melodia, gosta de silêncio, mas prefere o som. Não quero enclausurar imagens. As paisagens também devem ser livres e terem a cor que escolher a imaginação de quem escuta com os olhos ou os ouvidos, apenas palavras. O cristalino dos meus olhos não é mais o original e não posso confiar tanto assim na minha visão, nem na dos outros. As lentes são estreitas, focadas demais e só apontam para o outro. Não confio no que vejo, muito menos no que me mostram. Minha tarefa é descobrir a mim mesmo. Só assim posso chegar ao outro. Não para desnudá-lo ou vendê-lo na feira de arte (moderna?). Mas para abraçá-lo e cobrir a sua alma nua.

(do livro "Minas em mim", 2005)

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

CONTRIBUIÇÃO DOS LEITORES

Cidadania e Democracia Participativa
José Zanetti e Ronaldo Motta
Ativistas de Fé e Política
No período que antecedeu o primeiro turno das eleições de 2010, diversas vezes, convidamos o povo, em nossas paórquias e comunidades, para exercerem a cidadania, se organizarem e participar da vida social e política do bairro, do município e do estado.
Hoje os convidamos a observar e refletir como alguns órgãos da mídia agem e o quanto a ação desses veículos contribuem para desestimular a organização social e política e a participação popular. Quando a democracia participativa não é exercida e valorizada se dá oportunidade para que poucos, em nome de uma coletividade decidam - muitas das vezes -, em prejuízo da coletividade.
É comum os cidadãos recorrerem aos apresentadores dos programas de rádios e TVs para que eles sejam intermediários e solicitem das administrações públicas municipais ou estaduais ou de órgãos governamentais estaduais providências no sentido de se resolver ora uma, ora outra falta de atendimento de políticas públicas.
Com o avanço tecnológico, um cidadão que dispõem de um aparelho celular que permita filmar, registra situações de esgoto a céu aberto correndo pelas ruas do bairro, ou filmam cenas de ruas intransitáveis por falta de calçamento, unidades de saúde que não oferecem o atendimento necessário e correto por falta de profissionais e/ou de medicamentos, etc.
Também, individualmente ou através de grupos, recorrem a um vereador para que ele exerça a função de corretor de obras e solicite da administração municipal o atendimento de uma determinada política pública. Isto acontece porque os cidadãos desconhecem a real atribuição do vereador, que é a de apresentar projeto de lei, aprová-las e fiscalizar o executivo municipal.
Os exemplos citados anteriormente são freqüentes e acontecem porque ainda não fomos capazes de nos organizar e constituir associações de moradores para discutir e reivindicar nossos direitos e cumprir nossos deveres de cidadãos e contribuintes. Entre eles o de organizadamente exigir dos administradores públicos que cumpram seus deveres, isto é, o de aplicar os recursos públicos, frutos dos impostos que os cidadãos contribuintes pagam para que eles disponham ao município as condições necessárias de atendimento às políticas públicas de educação, saúde, saneamento básico, transporte, lazer, etc.
Reflita, deixe o comodismo e o individualismo de lado. Procure seu vizinho, parente e amigos e participe de uma associação de moradores.
Se no seu bairro ainda não tem uma, procure formar uma associação de moradores e crie o habito de reunirem-se para discutir e agir organizadamente na defesa dos seus direitos de cidadãos.
Vamos resgatar a solidariedade, a partir da nossa rua, do nosso bairro, e construir juntos uma cidade mais digna e humana para todos.
E Lembre-se:
“Quem não gosta de política é governado por quem gosta!”
"A inércia dos bons fomenta a audácia dos maus" (Papa Pio XII).

domingo, 17 de outubro de 2010

INDEPENDÊNCIA É A PALAVRA DE ORDEM

Marina anunciará ''independência''
no segundo turno, dizem aliados
Após duas semanas de queda de braço, aliados da ex-presidenciável Marina Silva dizem que ela fechou acordo com a cúpula do PV para se declarar neutra no segundo turno e evitar um apoio formal do partido ao candidato José Serra (PSDB).
O rumo dos verdes será anunciado hoje, em São Paulo. A votação terá caráter simbólico, já que os filiados serão liberados para aderir ao tucano ou a Dilma Rousseff (PT).
Dois ex-dirigentes da campanha de Marina disseram que ela não pedirá votos para Serra ou Dilma "em hipótese alguma". Pelo combinado, o PV endossaria a opção pela neutralidade, embora uma ala da direção esteja pronta a se engajar na campanha tucana.
A aliados Marina sugeriu trocar o termo "neutralidade" por "independência", numa estratégia para escapar da eventual acusação de que se omitiu no segundo turno.
(Fonte: Site do IHU - Instituto Humanitas Unisinos)

terça-feira, 12 de outubro de 2010

E POR FALAR EM POLÍTICA...

Coronelismo e patrulhamento
Eugênio Magno

As considerações sobre as eleições são tantas que fica difícil saber o que priorizar.
Vejamos o fenômeno Tiririca, deputado federal mais votado do país, eleito pelo PR de São Paulo. Nada contra (e muito menos a favor) Francisco Oliveira. Seria legítimo se fosse ele, Francisco, o candidato. É seu direito, como cidadão. Mas o eleito foi o personagem que, usando o slogan “Vote Tiririca, pior que está não fica”, arrebanhou 1.353.820 votos. Por irresponsabilidade do partido e dos eleitores paulistas que elegeram um personagem para representar não somente a eles, mas a todos nós brasileiros. O pior de tudo é que outros Tiriricas foram eleitos. Vários candidatos sem capital político conseguiram se eleger a custa do capital financeiro de seus padrinhos e do prestígio de “chefes políticos”, numa clara demonstração de que o coronelismo grassa no Brasil do século XXI.
Não compreendo a lógica de certos candidatos que insistem em fazer comunicação de campanha regional, com diretores, redatores, locutores e apresentadores de outras plagas. Por falar em comunicação, o publicitário Almir Sales, em um programa de TV, fez algumas colocações dignas de nota. Falou que todo mundo acha as campanhas políticas muito caras. “Mas é claro que são caras”, afirmou. “Os candidatos não tem programas, nem propostas. Os publicitários é que criam os conteúdos das campanhas”. Disse ainda que, se uma pessoa de um país distante que não conhecesse a realidade brasileira assistisse aos debates entre os presidenciáveis, acharia que vivemos no melhor país do mundo, pois os candidatos não discutem os problemas do país, que são inúmeros. “Dilma afirma que todos os problemas foram resolvidos e Serra garante que, em São Paulo, tudo está na mais perfeita ordem”, ironizou Sales.
Contudo, os brasileiros terão que escolher mesmo é entre Dilma e Serra, quem será o/a presidente do país. Os outros candidatos, juntos, não passaram de 1,30% dos votos válidos. Plínio, com 0,90%, beirou o cômico, não fosse pela seriedade das questões que levantou. Ele conquistou a simpatia dos jovens, mas encerrou a campanha totalmente sem gás.
Apesar de pouco convincente em propostas e, com uma campanha fraca, Marina Silva, fez a diferença e pode fazer muito mais, se souber administrar o prestígio conquistado nessas eleições. Cortejada pelos dois partidos, há quem acredite que o melhor para a ambientalista é não apoiar ninguém no segundo turno. E caso venha a apoiar, é mais natural que apóie o PT, seu partido de origem. Mas com patrulhamentos e insinuações do tipo “Marina, você se pintou...” é querer forçar a barra demais. Até porque, nessa festa à fantasia Marina e Plínio foram os únicos que se apresentaram de cara limpa. À exceção dos que foram barrados no baile. E com os seus quase 20 milhões de votos – a grande maioria de desiludidos com as políticas do PSDB e do PT –, Marina só deve satisfação aos seus eleitores.
(Este artigo também foi publicado nas edições impressa e on-line, de 13.10.2010, do jornal O Tempo, com o título Coronéis e patrulhas e também nas edições impressa e on-line do jornal O Norte de Minas, de 14.10.2010)

terça-feira, 5 de outubro de 2010

CARISMÁTICO APÓIA DILMA

Chalita ajudará PT a avançar entre religiosos


Eleito deputado federal com a segunda maior votação do Estado, Gabriel Chalita (PSB), ex-secretário de Educação de Geraldo Alckmin (PSDB), tornou-se aliado de primeira hora da candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff. Ex-tucano, diz que não admira José Serra (PSDB).
Com 560 mil votos e forte ligação com a ala carismática da Igreja Católica, será uma das armas do PT para avançar entre os religiosos. "Vou me empenhar pessoalmente nisso", afirmou.

A entrevista de Daniela Lima foi publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, 05-10-2010.



O sr. ganhou espaço na campanha de Dilma Rousseff. Como é a sua relação com ela?
Eu respeito muito a Dilma e outros nomes do PT. Dei a ela o que pude de sugestões, principalmente na área da educação. Por outro lado, tenho amizades no PSDB. Torci pela vitória do Antonio Anastasia, em Minas, e creio que o Geraldo Alckmin fará grande governo. Política é construir pontes, e eu fiz isso.


O sr. não falou de José Serra. Qual a sua opinião sobre ele?
O Serra tem qualidades. Mas, pessoalmente, não é um político que eu admire.


Como o sr. avalia a polêmica em torno da posição de Dilma Rousseff sobre o aborto?
A crítica é boa quando baseada em fatos. Mas essa tentativa de desconstruir pessoas com boatos é muito ruim. Dilma nunca disse ser a favor do aborto. Ela se posicionou, abordando o tema como uma questão de saúde pública. Eu particularmente sou contra. Mas a questão central nesse caso é a boataria. Isso aconteceu com o Lula, em 2002. Diziam que ele ia mudar as cores da bandeira e fechar igrejas.


O sr. tem uma relação muito forte com a ala carismática da Igreja Católica. Vai se empenhar para desmentir esses boatos entre os religiosos?
Me empenharei pessoalmente nisso. Não é só uma defesa da Dilma, mas da maturidade no debate político.


O sr. acha que a Igreja contribui para o debate político?
Contribui, mas quando não usa a instituição para influenciar o voto. É importante que a igreja promova o debate, para que os fiéis saibam como pensam os candidatos. Mas o Estado é laico e acho que ele tem que ser laico. Ninguém ouviu o cardeal de São Paulo [dom Odilo Scherer] ou o arcebispo do Rio de Janeiro [dom Orani João Tempesta], declarando votos. Eles foram prudentes.


O sr. é candidato a assumir o Ministério da Educação?
Sou candidato a fazer a lei de responsabilidade da educação, que é uma lei que estabelece sanções a quem não cumpre metas. O que falta no Brasil é continuidade. Temos bons projetos.


Mas o sr. sonha em assumir a pasta?
Não. Não penso nisso. E acho que nem ela [Dilma Rousseff] pensa nisso. Seria indelicado começar a pensar no governo sem estar eleita.
(Fonte: IHU - Instituo Humanitas Unisinos)

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

TENTATIVA DE GOLPE NO EQUADOR

Unasul 'condena energicamente'
a tentativa de golpe contra Correa
(Foto: EPA)

"Os líderes dos países da Unasul - União de Nações Sul-americanas, reunidos em Buenos Aires, aprovaram uma declaração que condena energicamente a tentativa de golpe de Estado e posterior sequestro de Rafael Correa e ressalta a necessidade de que os responsáveis do levante golpista sejam julgados e condenados.
Além disso, o documento adverte que os governos da região não tolerarão sob nenhuma hipótese qualquer novo desafio à autoridade constitucional ou tentativa de golpe ao poder civil legitimamente eleito.
Em caso de novos levantes, serão adotadas medidas concretas e imediatas, tais como fechamentos de fronteiras, suspensão do comércio, tráfego aéreo, fornecimento de energia e serviços, acrescentou a declaração.
Além disso, os líderes decidiram que a agenda da próxima cúpula ordinária da Unasul, prevista para 26 de novembro em Guiana, vai prever a inclusão de uma cláusula democrática ao tratado constitutivo da União.
A reunião de Buenos Aires, convocada com urgência pela presidente argentina, Cristina Fernández, e seu marido, o ex-presidente e atualmente secretário-geral da Unasul, Néstor Kirchner, contou com a presidência dos presidentes da Bolívia, Evo Morales; Uruguai, José Mujica; Venezuela, Hugo Chávez; Peru, Alan García; Colômbia, Juan Manuel Santos, e Chile, Sebastián Piñera.
Os grandes ausentes foram os líderes do Paraguai, Fernando Lugo, internado por uma intoxicação, e Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, envolvido no encerramento da campanha eleitoral."

(Foto: AFP)
(Fonte: Site do IHU - Instituto Humanitas Unisinos)