O Brasil não é nenhuma Shangri-La
A insistência em basear
a saúde econômica do país na manutenção do superávit primário, cumprimento do
teto de gastos, defesa intransigente do famigerado arcabouço fiscal e a fantasia da alta do PIB e do
crescimento da economia não se sustentam.
Em poucos minutos de
caminhada pela principal avenida do centro comercial de Belo Horizonte, uma das
mais importantes capitais brasileiras, é possível deparar com uma realidade estarrecedora.
O número de pessoas em situação de rua cresceu assustadoramente e o comércio de
rua se mostra em franco declínio, para dizer o mínimo. Este quadro não é
exclusividade da capital mineira, tampouco do estado de Minas Gerais. O país
inteiro sofre as consequências do aprofundamento das políticas econômicas
neoliberais que não se mostram diferenciadas, tanto em governos de direita,
quanto de esquerda.
Com exceção dos muito
ricos, do alto escalão do governo, da classe média alta e de alguns setores da
burocracia estatal, os brasileiros da média classe média para baixo estão em queda-livre,
abandonados à própria sorte.
Há mais de duas décadas
quem tem juízo e consciência crítica alerta para o perigo do pragmatismo
excessivo e dos projetos de poder a qualquer preço.
Palavras, mesmo as mais carregadas de significado e imagens não têm sido ouvidas, muito menos lidas. Ainda que, também, desgastadas pelo seu uso indiscriminado, esta matéria se completa com instantâneos de uma crua e ignorada realidade, reiteradamente falseada pelos donos do poder.