sexta-feira, 25 de junho de 2010

NO NORDESTE É 8 OU 8O: SECA OU ENCHENTE

Rastros da tragédia provocada pelas fortes chuvas
da semana passada, em Branquinha, Alagoas.

(Foto: Edmar Melo / AE)

A REZA DOS BICHOS

Jaculatória
Eugênio Magno
Deixei de ouvir as cigarras.
Um pássaro pousou no galho
mais alto do Fícus
e entoou um canto.
Antes do silêncio,
as cigarras já haviam
retomado o seu mantra.
(Do livro IN GÊ NU(A) IDA DE - versos e prosa, 2005)

segunda-feira, 21 de junho de 2010

REDE KINO SE REÚNE NA CINEOP

Com a presença da maioria dos integrantes do seu núcleo principal, a KINO - Rede Latino Americana de Educação, Cinema e Audiovisual se reuniu na 5ª Mostra de Cinema de Ouro Preto - CINEOP, nos dias 20 e 21.06.2010. Na pauta, a agenda da rede para o segundo semestre de 2010 e para o ano de 2011, além do relato das principais ações desenvolvidas ao longo dos seus dois anos de existência.


Da esq p/ dir.: Adriana Fresquet, Eugênio Magno, Inês Teixiera, Milene Gusmão, Ataídes Braga e Bete Bulara.

Mariza Guerra e Ana Lúcia Azevedo

Vitor, Carol e Lili
(Fotos: Eugênio Magno e Vitor Lino)

FUTEBOL, PAIXÃO GLOBAL

Imagem insólita de duas lagostas que jogam futebol
num aquário de Berlim, especialmente decorado
por ocasião da Copa do Mundo.
(Foto: Bárbara Sax / AFP)

terça-feira, 15 de junho de 2010

FOTOGRAFIA HISTÓRICA DE ESCRAVOS NOS EUA

Procuraram-na por 150 anos e finalmente, de um sótão da Carolina do Norte, nos EUA, surgiu uma foto considerada pelos historiadores como um documento único da era da Guerra Civil norte-americana. Na imagem, que remonta a cerca de 1860, um menino negro de nome John posa sem sapatos e com roupas desgastadas, sentado em um barril junto de outro menino. Os dois, na época, quase certamente eram dois escravos, e a imagem rara em seu gênero testemunha uma página obscura do passado dos EUA. "É uma parte difícil e tocante da história norte-americana", explicou Will Stapp, historiador fotográfico e curador da National Portrait Gallery. "O que vocês veem nesta foto são dois meninos vítimas dessa história". Junto à imagem, foi descoberto o documento de venda do pequeno John: o menino foi cedido por 1.150 dólares.
(Fonte: La Repubblica)

PERSEGUIÇÃO NA PARÓQUIA N. SRA. DO CARMO EM BH

Conflito no Carmo
Eugênio Magno
Os poderosos da terra insistem em perseguir e em querer calar as vozes proféticas em todos os tempos. O recente episódio envolvendo os freis carmelitas Cláudio Van Balen e Gilvander Luís Moreira, da Igreja Nossa Senhora do Carmo, no Bairro Sion, em Belo Horizonte, é mais um dos episódios dessa natureza, envolvendo dois profetas contemporâneos, próximos de nós, no tempo e no espaço.
É justamente devido a essa proximidade que o caso carece, no mínimo, de alguns esclarecimentos. Frei Gilvander e não frei Cláudio, como vem sendo divulgado é que era o pároco da Paróquia Nossa Senhora do Carmo, desde 1º de fevereiro de 2008. Estava em curso uma ação no sentido de se retirar da paróquia os dois freis: Cláudio e Gilvander. Mas a comunidade paroquial se mobilizou e o frei Cláudio continuará no Carmo. Entretanto, a transferência do frei Gilvander Moreira foi mantida. Ele já integra a Comunidade Carmelitana Edith Stein, no bairro do Planalto, em Belo Horizonte, e ficará mais livre para continuar cumprindo sua missão. Gilvander, que, além de lecionar no curso de teologia do Instituto Santo Tomás de Aquino - ISTA, assessora a Comissão Pastoral da Terra, o Centro Ecumênico de Estudos Bíblicos e a Via Campesina, estava causando incômodo a um certo grupo de paroquianos – próximos ao frei Cláudio – que não conseguem compreender a sua opção pastoral pelos pobres, enquanto sujeitos de suas lutas. Desencadeou-se um conflito interno na paróquia e o telefone-sem-fio correu solto. Pessoas deixaram de contribuir com o dízimo alegando “frei Cláudio não é mais o pároco...”, “... frei Gilvander vai levar parte do dinheiro para o MST”, “não concordo com frei Gilvander defender esses movimentos de sem-terra e essas invasões de terra em Belo Horizonte”, “frei Gilvander trouxe sem-terra para vender verduras na porta da Igreja do Carmo...”. O fato é que, o grupo de paroquianos que não concorda com as posições do frei Gilvander, em suas manifestações de defesa do frei Cláudio, aproveitou a crise para ignorá-lo e contribuir com o processo de sua transferência.
Entretanto, paroquianos engajados e militantes dos movimentos e pastorais sociais, apoiadores de frei Gilvander – embora reconheçam que as manifestações em defesa do frei Cláudio tenham sido uma bela manifestação de solidariedade –, estão perplexos com o maquiavelismo com que os paroquianos insatisfeitos com o frei Gilvander trataram-no neste episódio. A afirmação corrente é a seguinte: a Igreja do Carmo, que foi uma trincheira de luta contra a ditadura militar, na defesa dos direitos humanos, deve também ser uma trincheira na luta contra a ditadura econômica, o que passa pelo apoio aos movimentos populares. E se ela não for capaz de abraçar as lutas populares, não estará sendo fiel à sua história de evangelização libertadora. Não basta ação social, é precisão opção pelos pobres que os empodera e os faz sujeitos de lutas libertárias.

Este artigo também foi publicado nas edições impressa e online do jornal O Tempo de 26.06.10. Acesse o jornal, clicando aqui.

A NECESSIDADE DE UM NOVO PARTIDO SOCIALISTA

Movimentos sociais precisam criar
um novo partido contra o Estado
Na entrevista a Nilton Viana, do jornal Brasil de Fato, o jornalista José Arbex Jr. incita os movimentos sociais brasileiros a criar um instrumento político que se organize contra o Estado, galvanizando os excluídos do sistema capitalista e com um programa construído nas bases.
"Em meio à crescente exclusão promovida pelo avanço do capitalismo liberal nas últimas décadas, o jornalista José Arbex Jr. defende que os movimentos sociais formem um novo partido no Brasil. Para ele, essas organizações são as únicas da esquerda que conseguem dialogar com os setores alijados da economia capitalista, como os sem terra e sem teto. Esses grupos tendem ser mais e mais massacrados, uma vez que o neoliberalismo é incapaz de incorporá-los – pelo contrário – na sua dinâmica. Assim, o Estado assume um caráter cada vez mais repressor e segregacionista para poder manter uma certa estabilidade social. O que Arbex propõe, então, é que os movimentos sociais impulsionem um instrumento político que, aglutinando os excluídos, parta do pressuposto de que o Estado brasileiro foi construído contra a nação, e coloque a questão do poder, dando um salto qualitativo em relação à sua condição atual." Leia a entrevista completa clicando aqui.
(Fonte: Jornal Brasil de Fato online)

O MUNDO EM CRISE

Em Gaza, pedreiro constrói cabana
com sacos de terra devido ao bloqueio
que impede chegada de materiais.

(Foto: Ali Ali/Efe)

Este impressionante iceberg se separou
da geleira de Ilulissat, situada na costa oeste
da Groenlândia. Trata-se do maior produtor
de gelo de todo o hemisfério norte.
(Fonte: Reuters)

CORRIDA PRESIDENCIAL

''Eu sou socialista. Serra, Dilma e Marina
são capitalistas''.
(Entrevista especial com Plínio de Arruda Sampaio)


"Aos 80 anos, Plínio de Arruda Sampaio mantém-se plenamente ativo na política brasileira. Atuou na Casa Civil paulista e foi deputado federal pelo Partido Democrata Cristão antes do regime militar, quando se exilou no Chile e, depois, nos EUA. Em 1976, voltou ao Brasil, onde fundou o Centro de Estudos de Cultura Contemporânea (Cedec) e engajou-se na campanha pela abertura do regime militar e pela anistia dos condenados políticos. Participou da fundação do MDB, mas, por divergências com o então amigo Fernando Henrique Cardoso, rompeu sua ligação com o partido e entrou para o recém fundado PT, onde se tornou um dos principais dirigentes. Porém, em 2005, decepcionado com os caminhos que o partido foi tomando com a eleição de Lula, vinculou-se ao PSOL. Agora, em 2010, Plínio tem um novo desafio a sua frente: as eleições presidenciais. Em entrevista à IHU On-Line, realizada por email, o candidato à presidência apresenta suas ideias, avalia sua saída do PT e a política de esquerda atual no Brasil. Plínio fala ainda de temas que têm discutido ao longo da sua trajetória política: a atuação de estrangeiros no Brasil e a Reforma Agrária. O agronegócio deve ser fortemente regulado com um zoneamento agrícola que proteja o pequeno agricultor, que não tem a menor condição de competir com a mecanização altíssima dos agroexportadores, apontou."
Confira a entrevista clicando aqui.
(Fonte: Site do IHU - Instituto Humanitas Unisinos)

OS MALEFÍCIOS DA TEOLOGIA DA PROSPERIDADE


Espiritualidade de Prosperidade
"Os sistemas políticos e econômicos não vivem só de ideologia e dinheiro. Política e economia satisfazem as necessidades básicas do ser humano. Mas deixam em descoberto seu lado espiritual, religioso. Por isso, todo sistema econômico cria sua espiritualidade ou encampa algo já existente, imprimindo-lhe sua marca."
Leia na íntegra o artigo do Padre jesuíta, escritor e teólogo, J. B. Libanio, clicando aqui.

domingo, 6 de junho de 2010

ENERGIA EÓLICA E SOLAR NA ILUMINAÇÃO PÚBLICA

Empresário cearense desenvolve o primeiro poste de iluminação pública 100% alimentado por energia eólica e solar
Não tem mais volta. As tecnologias limpas - aquelas que não queimam combustível fóssil - serão o futuro do planeta quando o assunto for geração de energia elétrica. E, nessa onda, a produção eólica e solar sai na frente, representando importantes fatias na matriz energética de vários países europeus, como Espanha, Alemanha e Portugal, além dos Estados Unidos. Também está na dianteira quem conseguiu vislumbrar essa realidade, quando havia apenas teorias, e preparou-se para produzir energia sem agredir o meio ambiente. No Ceará, um dos locais no mundo com maior potencial energético (limpo), um 'cabeça chata' pretende mostrar que o estado, além de abençoado pela natureza, é capaz de desenvolver tecnologia de ponta.


O professor Pardal cearense é o engenheiro mecânico Fernandes Ximenes, proprietário da Gram-Eollic, empresa que lançou no mercado o primeiro poste de iluminação pública 100% alimentado por energias eólica e solar. Com modelos de 12 e 18 metros de altura (feitos em aço), o que mais chama a atenção no invento, tecnicamente denominado de Produtor Independente de Energia (PIE), é a presença de um avião no topo do poste.
Feito em fibra de carbono e alumínio especial - mesmo material usado em aeronaves comerciais -, a peça tem três metros de comprimento e, na realidade, é a peça-chave do poste híbrido. Ximenes diz que o formato de avião não foi escolhido por acaso. A escolha se deve à sua aerodinâmica, que facilita a captura de raios solares e de vento. "Além disso, em forma de avião, o poste fica mais seguro. São duas fontes de energia alimentando- se ao mesmo tempo, podendo ser instalado em qualquer região e localidade do Brasil e do mundo", esclarece.
Tecnicamente, as asas do avião abrigam células solares que captam raios ultravioletas e infravermelhos por meio do silício (elemento químico que é o principal componente do vidro, cimento, cerâmica, da maioria dos componentes semicondutores e dos silicones), transformando- os em energia elétrica (até 400 watts), que é armazenada em uma bateria afixada alguns metros abaixo. Cumprindo a mesma tarefa de gerar energia, estão as hélices do avião. Assim como as naceles (pás) dos grandes cata-ventos espalhados pelo litoral cearense, a energia (até 1.000 watts) é gerada a partir do giro dessas pás.

Cada poste é capaz de abastecer outros três ao mesmo o tempo. Ou seja, um poste com um "avião" - na verdade um gerador - é capaz de produzir energia para outros dois sem gerador e com seis lâmpadas LEDs (mais eficientes e mais ecológicas, uma vez que não utilizam mercúrio, como as fluorescentes compactas) de 50.000 horas de vida útil dia e noite (cerca de 50 vezes mais que as lâmpadas em operação atualmente; quanto à luminosidade, as LEDs são oito vezes mais potentes que as convencionais) . A captação (da luz e do vento) pelo avião é feita em um eixo com giro de 360 graus, de acordo com a direção do vento.
À prova de apagão
Por meio dessas duas fontes, funcionando paralelamente, o poste tem autonomia de até sete dias, ou seja, é à prova de apagão. Ximenes brinca dizendo que sua tecnologia é mais resistente que o homem: "As baterias do poste híbrido têm autonomia para 70 horas, ou seja, se faltarem vento e sol 70 horas, ou sete noites seguidas, as lâmpadas continuarão ligadas, enquanto a humanidade seria extinta porque não se consegue viver sete dias sem a luz solar".
O inventor explica que a ideia nasceu em 2001, durante o apagão. Naquela época, suas pesquisas mostraram que era possível oferecer alternativas ao caos energético. Ele conta que a caminhada foi difícil, em função da falta de incentivo - o trabalho foi desenvolvido com recursos próprios. Além disso, teve que superar o pessimismo de quem não acreditava que fosse possível desenvolver o invento. "Algumas pessoas acham que só copiamos e adaptamos descobertas de outros. Nossa tecnologia, no entanto, prova que esse pensamento está errado. Somos, sim, capazes de planejar, executar e levar ao mercado um produto feito 100% no Ceará. Precisamos, na verdade, é de pessoas que acreditem em nosso potencial", diz.
Mas esse não parece ser um problema para o inventor. Ele até arranjou um padrinho forte, que apostou na ideia: o governo do estado. O projeto, gestado durante sete anos, pode ser visto no Palácio Iracema, onde passa por testes. De acordo com Ximenes, nos próximos meses deve haver um entendimento entre as partes. Sua intenção é colocar a descoberta em praças, avenidas e rodovias.

O empresário garante que só há benefícios econômicos para o (possível) investidor. Mesmo não divulgando o valor necessário à instalação do equipamento, Ximenes afirma que a economia é de cerca de R$ 21.000 por quilômetro/mês, considerando- se a fatura cheia da energia elétrica. Além disso, o custo de instalação de cada poste é cerca de 10% menor que o convencional, isso porque economiza transmissão, subestação e cabeamento. A alternativa teria, também, um forte impacto no consumo da iluminação pública, que atualmente representa 7% da energia no estado. "Com os novos postes, esse consumo passaria para próximo de 3%", garante, ressaltando que, além das vantagens econômicas, existe ainda o apelo ambiental. "Uma vez que não haverá contaminação do solo, nem refugo de materiais radioativos, não há impacto ambiental", finaliza Fernandes Ximenes.
(Fonte: Site www.patrulhaecologia.org.br)

terça-feira, 1 de junho de 2010

O LUCRO A QUALQUER PREÇO

Pragmatismo mercadológico
Eugênio Magno
Numa sociedade como a nossa, em que o mercado reina absoluto, é preciso que encontremos as digitais dessa coisa chamada “mão invisível”. E se as ciências comerciais são as que lidam com o mercado, talvez seja por aí que encontraremos a saída para o caos em que nos metemos.
O marketing, por exemplo, apesar do seu status de ciência, está sendo tão depreciado em razão de estar a serviço de estratégias perversas e oportunistas que, a expressão a cada dia que passa se torna cada vez mais sinônimo de mentira. Mas não é apenas o marketing que perdeu o rumo não. A extensa cadeia de disciplinas e especialidades responsáveis pelas atividades comerciais, tem se prestado, atualmente, quase que tão somente a produzir e vender produtos supérfluos e descartáveis que elevam à enésima potência a riqueza das elites minoritárias, precarizam a vida e causam enormes feridas no meio ambiente e no tecido social.
Não podemos nos esquecer, entretanto de que, quem faz ciência, ensina disciplinas, governa, negocia, publiciza e informa, são pessoas: homens e mulheres, de carne e osso, como qualquer mortal comum que vive em sociedade e não está imune a absolutamente nada – de bom ou de mal – que aconteça no planeta. Todavia, forjados à base da cultura do lucro a qualquer preço, a grande maioria dos profissionais que atualmente fazem carreira nessas áreas, parecem desconhecer qualquer filosofia humanista e social e adotam práticas totalmente distanciadas de posturas cidadãs. São os novos cavaleiros do pragmatismo mercadológico que teimam em fazer suas apologias absolutistas até mesmo nos ambientes menos adequados para a defesa dessas pseudo-verdades, como as escolas, espaços típicos do debate e da construção do saber, a partir do estudo das várias correntes do pensamento.
Orquestrados pelo senhor mercado, que tem como principais artífices os (ir)responsáveis pelo planejamento e gestão das políticas comerciais dos países ricos, das bolsas de valores, dos grandes conglomerados de mídia, das religiões que aderiram aos encantos da teologia da prosperidade e das empresas transnacionais, esses especialistas fazem de cobaias todos nós e, ironicamente, eles próprios e suas famílias. O que neles sobra em expertise mercantil, falta em consciência ecológica, princípios éticos e humanitários. E o que vemos é a proliferação da cultura do sucesso fácil, o consumismo exacerbado, a obsolescência programada, o desemprego estrutural e a fé no deus das divisas econômicas e da abastança, entre outras aberrações.
Valores como responsabilidade social e ambiental, e respeito ao consumidor, para citar apenas essas poucas propostas de políticas institucionais, que estão mais em moda ultimamente, tem sido usadas muito mais como motes de campanhas publicitárias do que como práticas e compromissos das organizações.
Até quando a sociedade contemporânea se apoiará no desenvolvimento cultural e científico apenas para fazer perpetuar o vale tudo?