'ArgenChina': por que a China desbancou Brasil como maior parceiro comercial da Argentina
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Steve Bannon estrategista mundial da extrema direita
acaba de ser preso
Pacto pela Educação no Planeta*
Eugênio Magno
Os ataques de que a educação
é vítima não são fatos novos. Ao longo da história, desde sua descoberta como
possibilidade e sistematização como área de conhecimento, sobretudo, a partir
da criação da escola, a educação vive a condição de ser portadora de
contradições: avanços e retrocessos. Por essa e outras razões, tão criticada e,
em certas circunstâncias, vilipendiada. De quando em vez observamos acenos
alvissareiros que logo são sequestrados pelo capital ou dissolvidos por uma
excessiva endogenia acadêmica.
Educação e escola vêm sendo
confundidas, fundidas e amalgamadas de tal forma, por agentes internos e
externos ao seu próprio campo, que no imaginário popular é senso comum
interpretá-las como sinônimas. Apesar dos esforços de teóricos e gestores
comprometidos com a causa educacional, a situação se agrava progressivamente e
a correnteza que arrasta hora uma e hora outra, para o brejo, ofusca conquistas
e achados importantes que poderiam, ao contrário, apoiá-las, reposicionando-as
aos seus devidos e merecidos lócus. Se assim não fosse, mas é possível que esse
quadro venha a se reverter, escola e educação poderiam ser interpeladas uma
pela outra e, provocadas por uma sociedade que as distinguisse, fazer irromper
uma pedagogia capaz de libertar a própria educação, a escola e,
consequentemente, as instituições e seus líderes, dos vícios que as enredaram.
São muitas as práticas sociais que são importantes demais para merecer apenas o
cuidado de governos, de ministérios e dos experts. A educação é um desses campos que não pode
prescindir de uma ampla rede de contribuições, para além da pedagogia
disciplinar, curricular. Carece de aportes que transcendam o universo acadêmico
e contemplem saberes e fazeres – práxis – da ordem do familiar, do comunitário,
do cultural, da terra – nossa casa comum –, da antropologia, da geopolítica,
das artes, da ancestralidade, da ética, dos valores e virtudes e, porque não,
do espiritual.
É, no mínimo, curioso
observar de onde e com que pujança emerge o chamado planetário para repensar a
educação. Ironicamente, ele vem justamente de uma das mais criticadas
instituições mundiais, a Igreja Católica, que carrega ônus e bônus na condução
de processos educativos pelos quatro cantos do mundo. Mas o que pode ser visto
como paradoxal, é providencial e tem como protagonista o mais importante líder
mundial da atualidade, o papa Francisco que, em visita aos países unidos dos
Emirados Árabes assinou um documento sobre Fraternidade Humana, que propõe uma
mudança de mentalidade em escala planetária por meio da educação.
No ano em que se comemora o
quinto aniversário de lançamento da encíclica Laudato Si – documento que trata do consumismo e das questões
climáticas e ambientais –, o sumo pontífice encaminha então mais uma das
grandes ações contempladas no referido documento apostólico de apelo à
unificação global. Neste ponto me refiro, precisamente, ao Pacto Educativo
Global que, discutido em 2019, está sendo difundido mundialmente, pelo
Vaticano, desde maio deste ano, de forma supraconfessional. Seu principal
objetivo é recuperar o humanismo e posicionar a vida de todos os seres
(humanos, animais, minerais e vegetais), da terra, da água, do ar e do céu,
tendo a pessoa humana como centralidade do aprender, do educar, da partilha de
saberes e conhecimentos.
Inspirado pelo provérbio
africano “para educar uma criança é necessária uma aldeia inteira”, o papa
propõe uma educação que permita relações abertas e fraternas, o que expressa a
urgente necessidade de que toda a sociedade renove o compromisso de assegurar
às gerações futuras uma educação voltada para a fraternidade e o diálogo.
Escolas, universidades e a comunidade mundial estão sendo chamadas para
promover estudos e reflexões sobre essa proposta. O Pacto Educativo Global, em
essência, faz mais do que um apelo ou chamado, seu texto convoca e intima cada
pessoa de bem para “se tornar protagonista desta aliança, assumindo compromisso
pessoal e comunitário de cultivar, juntos, o sonho de um humanismo solidário,
que corresponda às expectativas da humanidade e ao desígnio de Deus”.
É em boa hora que o Brasil, nestes tempos sombrios, recebe o anúncio dessa boa nova, para a qual deve abaixar a guarda e atendê-la, sem preconceitos e mi mi mis, mas de peito aberto, com “a mente quieta, a espinha ereta e o coração tranquilo”.
* Este artigo também foi publicado no jornal Pensar a Educação em Pauta.