quinta-feira, 27 de outubro de 2016

A JUDICIARIZAÇÃO NO BRASIL ATINGE A TUDO E A TODOS


É duro de admitir, dado o conjunto da obra, 
mas Renan Calheiros está certo

Kiko Nogueira

(Foto: BFFs)

É duro admitir, dada a folha corrida do cidadão e o papel desprezível no golpe, mas Renan Calheiros está certo.
Em sua refrega com Carmen Lúcia, a ministra perdeu uma excelente oportunidade de discutir de maneira elevada a questão da batida no Senado e preferiu um corporativismo com poesia (“Onde um juiz for destratado, eu também sou” etc).
Ele, que havia chamado Vallisney de Souza Oliveira, o homem que autorizou a prisão dos agentes da Casa, de “juizeco de 1ª instância”, não se acoelhou.
“Enquanto esse juiz ou qualquer juiz continuar a usurpar a competência do Supremo Tribunal Federal contra o Legislativo, eu sinceramente não posso chamá-lo no aumentativo”, apontou.
Para Renan, “faltou reprimenda” de Carmen a Oliveira. Faltou, mesmo. Por que ela não adota esse mesmo tom quando o colega Gilmar Mendes acusa juízes de fazer chantagem, por exemplo?
Renan avisou que vai recomendar a Rodrigo Maia a votação da PEC que acaba com a aposentadoria compulsória com recebimento dos vencimentos para magistrados e membros do Ministério Público acusados de delitos graves.
Anunciou que entrará com uma reclamação contra Vallisney. “Lá, no Conselho Nacional de Justiça, ele terá uma oportunidade para dizer as razões pelas quais, através de um mandado de prisão, suprimiu prerrogativas do Congresso Nacional”, afirmou.
Para o ex-ministro Eugênio Aragão, num excelente artigo, Calheiros “expressou nada mais que seu protesto institucional contra aquilo que entendeu ser um abuso de magistrado incompetente para tanto, pois o alvo da diligência da polícia judiciária eram agentes da polícia legislativa que tinham procedido a varreduras eletromagnéticas em locais de trabalho e residência de senadores que seriam alvos de investigação criminal”.
O impeachment nos atirou no Paraguai. A maior piada nacional é o mantra “as instituições estão funcionando”. Funcionando para quem? O Judiciário não pode virar um monstro maior do que já é.
(Fonte: site do DCM)

sábado, 22 de outubro de 2016

E VAMOS DE CULTURA


Assisti ao ensaio aberto da peça e já gostei muito, imagine agora, na terceira semana de temporada, a beleza que deve estar este espetáculo de Pedro Paulo Cava...
Prestigie


EDUCAÇÃO É O MANTRA


Formação Docente na UFMG: história e memória


Luciano Mendes de Faria Filho
João Valdir Alves de Souza
Nelma Marçal Lacerda Fonseca

Esta publicação é resultado do projeto integrado de pesquisa “Formação de Professores para a Educação Básica na Universidade Federal Minas Gerais: história, memória e modelos atuais”, financiando pela FAPEMIG e pelo CNPq. O objetivo central foi investigar o processo pelo qual a UFMG se constituiu como instituição formadora de professores para a educação bá­sica, bem como os modelos de formação debatidos, elaborados e operacionalizados pela instituição ao longo de sua história.
O vetor para a elaboração do projeto foi a inquietação acadêmica sobre as graves questões existentes no campo da educação básica brasileira, tomando como variável importante de investigação e intervenção aquela que toca diretamente à uni­versidade em sua relação com a escola básica: a formação inicial de professores. Há na atualidade o consenso de que tanto essa formação quanto o nível básico de ensino no Brasil estão muito aquém do desejado pelas famílias, do merecido pelos alunos e do necessário à consolidação do processo de desenvolvimento sustentável nos dias que correm, de modo a forjar o país que se quer democrático e responsável pela edu­cação de cidadãos preparados para atuarem no mundo moderno globalizado. Nesse sentido, o projeto que está na origem deste livro buscou compreender também os elementos que devem estar presentes na (re) organização dos cursos de licenciatura, responsáveis pela formação de professores na atualidade, condizentes com a necessi­dade de elevação da qualidade da escola pública no Brasil.
O projeto foi integrado por subprojetos delimitados em temas e marcos temporais significativos na trajetória da formação de professores na UFMG de modo a favorecer uma análise longitudinal dada a abrangência do tema. Proce­deu-se a uma ampla investigação desde os primórdios da Universidade de Minas Gerais (UMG/1927), com ênfase na criação da Faculdade de Filosofia de Minas Gerais, em Belo Horizonte (1939), sua incorporação à UMG (1948), até a fe­deralização desta em 1949. Outro marco temporal importante foi referente ao Curso de Pedagogia da Faculdade de Filosofia de Minas Gerais, seus currículos e programas, as sucessivas legislações que lhe ditaram novas estruturas. A Refor­ma Universitária de 1968, os movimentos sociais e políticos que a antecederam, sua implantação na UFMG no período da ditadura civil-militar, a extinção da Faculdade de Filosofia, a criação da Faculdade de Educação (FaE/UFMG) e sua nova estrutura foram amplamente pesquisados. O Curso de Pedagogia na FaE, a questão das licenciaturas e suas configurações modeladas pelas Leis de Diretri­zes e Bases da Educação Nacional (LDB) foram alvo de profundas análises dos processos históricos de formação docente.
O desenvolvimento do projeto teve como sede o Centro de Memória e Docu­mentação (CEDOC) da FaE/UFMG, que fez parte de um intenso movimento para transformá-lo no Centro de Pesquisa, Memória e Documentação em seu sentido pleno. Foram constituídas duas equipes formadas por historiadores da educação, professores da FaE e de outras Escolas da UFMG, graduandos e bolsistas em duas frentes de ação. Uma equipe se responsabilizou pela pesquisa a partir do extenso levantamento bibliográfico, busca em arquivos da UFMG e de outras instituições, seleção de documentos e realização de sessões de conversas gravadas em áudio com professores aposentados da UFMG, atuantes em períodos diversos da história da universidade. Outra equipe cuidou do acervo do CEDOC, sua reorganização com base nos preceitos da arquivologia, seu novo arranjo, tratamento e armaze­namento. Essa equipe realizou um magnífico trabalho, não apenas higienizando e reorganizando todos os fundos pessoais e coleções que constituem o acervo, mas também realizando várias exposições temáticas e seminários de discussão da espe­cificidade dos acervos acadêmico-científicos. Parte desse trabalho foi publicado no livro Universidade, memória e patrimônio, organizado pelos professores da UFMG, Andrea Moreno e Adalson Nascimento (Editora Mazza, 2015).
Importante registrar que a pesquisa significou uma tarefa de fôlego para a equipe por ser uma história institucional de grande monta, envolvendo volume enor­me de documentos, registros de fatos e eventos com informações muitas vezes con­troversas, o que promoveu entre nós uma instigante busca pelo entendimento do que veio sendo agregado durante esses 4 anos de trabalho. Nesse período, consolidamos a ideia da grande relevância histórica, acadêmica e político-pedagógica da UFMG que, em setembro de 2017, completará 90 anos, uma instituição não só testemunha da passagem de quase um século, mas protagonista nas profundas mudanças sociais e políticas ocorridas em Minas Gerais e no Brasil.

* Esse texto foi publicado como Introdução ao livro.
(Fonte: Pensar a Educação em Pauta)

terça-feira, 18 de outubro de 2016

SOBRE O TEMPO E AS ESTAÇÕES



Outono
 Eugênio Magno

No tempo da colheita,
o arbusto se desnuda
para trocar de roupas.

As folhas que caem,
alimentam o chão.
E a terra dá a luz.

Para se engravidar,
novamente.

De mudas e brotos,
que farão os frutos e as flores
de uma outra estação.

(Do Livro Minas em Mim, 2005, pág. 34)

terça-feira, 11 de outubro de 2016

A IGREJA SE MOVIMENTA CONTRA MEDIDAS NEOLIBERAIS DO DESGOVERNO TEMER


Dom Angélico faz duras críticas ao capitalismo e a retirada de direitos dos trabalhadores brasileiros


Dom Angélico Sândalo Bernardino, bispo emérito da Diocese de Blumenau, fez um sermão, no dia 7 de setembro, em defesa dos trabalhadores e repleto de críticas ao sistema capitalista, que classificou como “explorador e sem vergonha, responsável pela miséria de milhões no mundo”. Durante missa no Santuário Nacional de Aparecida, em São Paulo, ele chamou a atenção para a desigualdade de renda no país e o quadro que se delineia de ataque aos direitos trabalhistas e previdenciários no país.
“Jesus quer que a gente tenha vida, vida de gente, em plenitude. (...) isso significa casa, comida, trabalho e salário digno. É uma vergonha que os executivos ganhem 30, 40 mil por mês e, além disso tenham mordomias, e o salário mínimo nem chegue a 900 por mês. Dá para dormir diante da injustiça? ”, questionou.
Sem citar nomes, ele disse ainda que os que agora ocupam cargos de poder sinalizam mudanças prejudiciais aos trabalhadores. “[querem] até que leis trabalhistas, conquistadas com suor e sangue através dos anos, sejam deixadas de lado para favorecer aqueles que detêm o poder econômico. E tem mais: cuidado com aquilo que vão fazer com a Previdência.
Que peguem os privilegiados, e não os que já sofrem no dia a dia! ”, defendeu, diante de centenas de fiéis.
Assista a homilia completa neste link.

(Fonte: Boletim Informativo do Centro Nacional de Fé e Política "Dom Helder Câmara" - CEFEP-DF)


quinta-feira, 6 de outubro de 2016

O DESMEDIMENTO DA HIPOCRISIA


Temer diz não se preocupar com popularidade 
enquanto faz campanha milionária para justificar fiasco

Kiko Nogueira



Perguntar a Michel Temer sobre o que ele acha de sua falta de popularidade é tão inútil quando questionar o papa sobre a existência da Santíssima Trindade.
Michel tem um texto padrão para seu fiasco. À Jovem Pan, ele disse que não leva em conta os resultados. O Ibope aponta aprovação de 14% do cidadão.
Para uma rádio de Salvador, garantiu que considera “natural” o baixo índice. “Você sabe que de vez em quando eu falo de brincadeira que se eu chegar no final do governo e tiver 2% de popularidade, mas o povo brasileiro estiver satisfeito, eu me dou por satisfeito”, afirmou.
Na semana passada, num evento da Exame, quando desfiou a tese da herança maldita, contou que “troca popularidade por crescimento econômico” e que não se importa com isso desde que o Brasil volte a crescer.
Temer e sua gente acham que ele está sendo humilde, sincero ou algo que o valha. Na verdade, está admitindo que não precisa ser aprovado pela maioria dos brasileiros porque não foi assim que chegou ao poder e não é assim que sairá de lá.
Um sujeito que assume montado num impeachment fraudulento, chancelado pelo Congresso e pelo STF, que nunca foi campeão de votos na vida deveria se preocupar? Vocês, otários, que se danem.
O cinismo fica mais explícito diante dos gastos em publicidade num momento em que o governo alardeia a necessidade de cortes e ajustes.
A campanha “Vamos tirar o Brasil do vermelho para voltar a crescer”, veiculada maciçamente na mídia amiga, elenca as causas e consequências da crise.
Como sugere o título, a responsabilidade é do “lulodilmismo”, como se o PMDB tivesse sido oposição nos últimos catorze anos. As desgraças vão de obras públicas inacabadas por falta de recursos a prejuízos de empresa estatais.
agência Lupa listou algumas das falácias do anúncio. O gasto do Ministério da Educação não é aquele (“subiu 285% acima da inflação entre 2004 e 2014”), a extinção de cargos de confiança está sob suspeita, entre outras.
Se o chefe do bando se declara tão blasé com a impopularidade e o fato de viver clandestino, por que uma campanha milionária para se justificar?
Quanto custou? Por quanto tempo ela será veiculada?
Não faz sentido cobrar de Temer considerações acerca de sua impopularidade porque ele carrega uma mentira de bolso. Melhor se preocupar com o dinheiro que você está pagando para que ele diga isso enquanto seu governo tenta salvar o golpe que ele deu.
(Fonte: Site DCM)

sábado, 1 de outubro de 2016

O POVO TEM O LÍDER QUE MERECE???


BH terá João Leite e Kalil 
no segundo turno, apontam pesquisas

Na véspera do dia das eleições municipais, pesquisas divulgadas neste sábado (1º) apontam para um segundo turno entre o tucano João Leite, que vem mantendo a liderança na corrida pela Prefeitura de Belo Horizonte desde agosto, e Alexandre Kalil (PHS). 
Na pesquisa Datafolha, o candidato do PSDB aparece com 39% dos votos válidos, seguido pelo ex-presidente do Atlético, que tem 23%. Na pesquisa de votos válidos, não são contabilizados os eleitores que dizem votar em branco, nulo ou os indecisos. Levando em conta esta parcela dos eleitores, João Leite ficaria com 31% e Kalil com 19%. Já na Ibope, Leite apareceu com 41% dos votos válidos e Kalil com 29%. 
No caso da Datafolha, o candidato do PSDB aparecia com 32% das intenções de voto na pesquisa anterior, enquanto o ex-presidente do Atlético vinha com 18%. Os dois se mantiveram na liderança desde a primeira pesquisa, feita em agosto, com uma boa distância dos outros nove candidatos. Mais atacado entre os candidatos, Kalil aparece como o mais rejeitado (37%), seguido de João Leite (26%). 
Essa é a matéria de capa do Jornal O Tempo. Você pode conferir clicando aqui
Agora, leitor, venhamos e convenhamos, eleição não é futebol e, no caso, não se trata de João Leite contra Kalil. O eleitor não é obrigado a votar somente em um deles. Até porque, temos muitas opções. E, mesmo em termos futebolísticos, os dois candidatos são ligados a um único time, o Atlético Mineiro e, Belo Horizonte não tem só eleitores atleticanos. Vale destacar ainda que as eleições de amanhã não é para eleger o melhor goleiro do Atlético de todos os tempos, nem tampouco seu melhor presidente. Inclusive, porque, tenho dúvidas se algum dos dois ganharia um desses títulos.
Devemos ter cuidado com a indução que a divulgação dessas pesquisas representam, especialmente nas vésperas do sufrágio, e votar a partir de nossas convicções, independentemente do nosso candidato estar entre os favoritos apontados por tal ou qual pesquisa.